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sexta-feira, janeiro 01, 2016

"Aécio da Argentina" altera leis para pagar "Globo Argentina"



No blog do Miro, sob o título "Macri presenteia a Globo da Argentina".

O presidente argentino Mauricio Macri, que governa por decretos como um velho ditador, retribuiu o enorme apoio dado à sua eleição pelo Grupo Clarín – um império midiático similar ao da Globo no Brasil. Na véspera da virada do ano, ele extinguiu os dois órgãos responsáveis pela democratização da mídia no país vizinho: a Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (AFSCA) e a Autoridade Federal de Tecnologias de Informação e Comunicação (AFTIC). Em êxtase, O Globo desta quinta-feira (31) festejou: “Dando sequência à revisão e extinção de uma série de políticas e condutas adotadas durante os 12 anos de kirchnerismo na Argentina, o presidente Mauricio Macri eliminou, por decreto, os dois órgãos que regulavam os monopólios nos meios de comunicação”. 

As duas entidades reguladoras foram criadas em decorrência da “Ley de Medios”, aprovada pela Assembleia Nacional e sacramentada pela Corte Suprema após longos anos de debates no país e de confrontos com os conglomerados, em especial com o Grupo Clarín. Em seu lugar, o presidente mafioso criou a “Entidade Nacional de Comunicação” (Enacom), que eliminará a participação da sociedade civil e será hegemonizada pelos barões da mídia. Marcos Peña, chefe do gabinete presidencial, também já anunciou que “o governo impulsionará uma nova lei conjunta dos meios de comunicação para pôr fim à Lei de Meios, que limita as licenças no país” – aplaude, novamente, o jornal da famiglia Marinho, que goza de tantas concessões ilegais de rádio e tevê no Brasil.

No maior cinismo, o aspone do ditador justificou as medidas truculentas que servem ao Grupo Clarín. “Há mais ou menos sete anos, iniciou-se uma guerra contra o jornalismo, sempre motivada por uma visão fechada e autoritária da democracia. Aquele que não se submetesse às vontades do Estado deveria ser combatido, marginalizado e perseguido de várias maneiras. Começa agora uma política do século XXI. Hoje, por decisão de Macri, termina a guerra contra o jornalismo na Argentina. Acreditamos que o jornalismo deve ser crítico. Não haverá, agora, veículos amigos e inimigos. Não acreditamos nos monopólios da economia”, esbravejou Marcos Peña, chefe de gabinete de um governo controlado pelos rentistas e monopólios argentinos. Pausa para as gargalhadas!

Na semana passada, Mauricio Macri já havia determinado, também por decreto, a remoção dos diretores das duas agências. Como eles se recusaram a deixar seus postos, forças policiais executaram a ordem de despejo. Mas o novo presidente argentino – também batizado de “presidente do Clarín” – deve enfrentar resistências na sua ação em favor dos monopólios midiáticos. Na semana retrasada, mais de 15 mil pessoas realizaram um primeiro ato em defesa da “Ley de Medios” em Buenos Aires. Como denunciou Martín Sabbatella, da extinta AFSCA, “Macri odeia a democracia e as instituições. Por isso ignora o Congresso e governa com DNU (decreto de necessidade e urgência), decisões judiciais cúmplices e blindagem midiática... A Casa Rosada é o bunker das corporações”. 

Os argentinos, mesmo os que votaram iludidos no presidente mafioso, não aceitarão passivamente as suas investidas contra a democracia. A temperatura da luta de classes no país deverá esquentar nos próximos meses. Nem a blindagem do Clarín garantirá paz e tranquilidade a Mauricio Macri. O jornal O Globo e o restante da mídia nativa, que vibraram com o revés do kirchnerismo – como se ele fosse, inclusive, uma prévia da derrota do chamado lulopetismo –, também terão muitas dificuldades para defender o novo ditador da Argentina. A conferir!

sexta-feira, fevereiro 20, 2015

Golpes na Argentina, Venezuela e Brasil?

Os três países têm vários traços em comum. Em todos eles, a direita partidária sofreu duras derrotas eleitorais nos últimos anos.

Por Altamiro Borges, em seu combativo blog do Miro.

Há algo muito estranho ocorrendo em três países decisivos na geopolítica da América do Sul. A Venezuela, rica em petróleo, enfrenta uma onda permanente de desestabilização – com sabotagem no abastecimento de produtos básicos, choques violentos nas ruas e ameaças de golpes militares contra o presidente Nicolás Maduro. Na Argentina, segunda economia da região, está em curso um processo de judicialização da política que pode desembocar na cassação da presidenta Cristina Kirchner. Já no Brasil, a principal força no tabuleiro político do subcontinente, a direita mais suja do que pau de galinheiro se traveste de vestal da ética, bravateia a tese do impeachment e incentiva as marchas dos grupelhos fascistas. O que explica esta sinistra coincidência? Os EUA, que sempre trataram a região como o seu quintal, têm algo a ver com esta onda nitidamente golpista?

Os três países têm vários traços em comum. Em todos eles, a direita partidária sofreu duras derrotas eleitorais nos últimos anos. Forças contrárias ao neoliberalismo, com suas nuances e ritmos diferenciados, chegaram ao governo – e não ao poder. Fragilizada, a elite colonizada foi substituída no seu ódio ao campo popular pela mídia monopolista e manipuladora. Na Venezuela, Argentina e Brasil, os jornalões, as revistonas e as emissoras de rádio e tevê fazem oposição diariamente – jogam no pessimismo da sociedade, difundem a visão fascista da negação da política, tentam impor sua agenda neoliberal derrotada nas urnas e apostam na desestabilização dos governos progressistas. Nos três países, os barões da mídia hoje lideram as forças golpistas e estão cada dia mais agressivos. Nada mais contém a sua sanha conservadora e entreguista, pró-império.

Além da mídia monopolista, outros aparatos de disputa de hegemonia também servem aos interesses das oligarquias nativas e alienígenas. Na Argentina e no Brasil, boa parte do corrompido poder Judiciário está nas mãos das elites. O suspeito caso da morte do promotor Alberto Nisman, responsável pelo inquérito sobre o atentado terrorista a um centro judaico em Buenos Aires, tem servido para atiçar a campanha pela deposição da presidenta Cristina Kirchner. Já o escândalo da Petrobras, com vazamentos seletivos e técnicas de tortura do Ministério Público e da Polícia Federal – outros dois aparatos de hegemonia –, alimenta o sonho da oposição demotucana de sangrar e, se possível, de derrubar a presidenta Dilma Rousseff. Na Venezuela, focos golpistas voltaram a aparecer nas Forças Armadas e se unem aos empresários sabotadores da economia.

Diante desta onda reacionária, os governantes dos três países são chamados a enfrentar a “guerra da comunicação” e derrotar os aparatos de hegemonia da elite colonizada. Na semana passada, o chefe de gabinete da Casa Rosada, Jorge Capitanich, acusou explicitamente a mídia e a Justiça de tramarem um golpe. “É uma estratégia de golpismo judicial ativo. No mundo, a disputa é entre democracia e grupos obscuros vinculados a poderes econômicos”. Ele inclusive citou o Brasil, no qual “Dilma Rousseff sofre ataques com pedidos de julgamento político”. Já o secretário-geral da Presidência da República, Aníbal Fernández, falou em “manobra de desestabilização democrática” e conclamou os setores populares a irem às ruas para defender a continuidade do mandato de Cristina Kirchner.

Também na semana passada, o presidente Nicolás Maduro acusou novamente o governo dos EUA de orquestrar um golpe na Venezuela. Na última quinta-feira (12), ele anunciou a prisão de 14 civis e militares, entre eles de um general da reserva. Segundo as investigações, o grupo pretendia causar tumultos e mortes num ato agendado pela direita local. Em rede de televisão, o líder bolivariano afirmou que “os EUA pagaram [os sabotadores] em dólares e lhes deram vistos com data de 3 de fevereiro. A Embaixada dos EUA lhes disse que, em caso de fracasso, poderiam entrar no território americano”. A grave denúncia foi, como sempre, ridicularizada pela mídia venezuelana e mundial – a mesma que apoiou efusivamente o golpe fracassado de abril de 2002. Já a Casa Branca considerou as acusações “ridículas”. Afinal, o império nunca apoiou golpes e ditaduras!

Já no Brasil, a “guerra da comunicação” anunciada por Dilma Rousseff na primeira reunião ministerial, no início de janeiro, ainda não saiu do papel. Nenhum ministro teve a coragem de denunciar “a estratégia de golpismo judicial ativo” – que deverá ficar ainda mais agressiva no pós-Carnaval com a nova fase da midiática Operação Lava-Jato. A presidenta Dilma Rousseff também ainda não ocupou a rede nacional de rádio e televisão para criticar os setores que pretendem destruir a Petrobras e entregar o Pré-Sal – um antigo desejo dos EUA. Num contexto bastante explosivo na região, aonde as coincidências golpistas são estranhas e os interesses imperiais são violentos, é preciso reagir rapidamente! O fantasma do retrocesso assombra a América do Sul.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...