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quinta-feira, abril 06, 2017

UEPA elege hoje seu novo reitor. Saiba quem é quem, como foi a campanha e o nosso apoio



Por Diógenes Brandão

A campanha eleitoral para a escolha dos novos gestores da UEPA, termina nesta quinta-feira (06) e hoje mesmo saberemos quem será o futuro reitor e o vice-reitor eleito pela maioria. Muitas das coisas que acompanhei nos bastidores da disputa pela direção desta universidade, poderia ter dito antes, mas venho admitir que nesta reta final, não tenho mais o direito de esconder a realidade dos fatos que vivenciei.

Das três chapas inscritas, duas saíram do grupo político do atual reitor, o Profº Juarez. Eleito em 2013, sucedendo a ex-reitora Marília Brasil, eleita depois de um mandato como pro tempore, após o resultado eleitoral ter ido parar nas barras da justiça, o que teve a decisão da ex-governadora Ana Júlia, de não nomear o professor Silvio Gusmão, eleito com a maioria dos votos, e nem do segundo colocado, o professor Bira Rodrigues

Com a casa mais ou menos arrumada, a gestão do atual reitor quase nada fez daquilo que prometeu, tendo ao seu lado o vice que agora tenta lhe suceder e terminam juntos a gestão, com uma rejeição que assemelha-se a de Michel Temer e Eduardo Cunha, tal como comenta-se pelos corredores da UEPA. 

Para piorar, um racha interno, expôs os diferentes interesses existentes na composição imaginada por Juarez. A falta de consenso entre partidários do PT, PCdoB, PMDB e uma ala governista, que gira em torno do chefe da casa civil da governadoria, fizeram com que outra chapa surgisse, ficando então duas chapas da atual gestão em disputa visceral: A comandada por Rubens e a outra comanda por Cesar

Rubens é arrogante, boçal e mente que nem se sente, mas está com a “caneta” ou como queira, com a “máquina” a seu favor e além da boa retórica, sabe usar o que tem em mãos, mesmo que desfavorecido pela empatia que nutre na maioria da comunidade universitária. Pessoas ligadas à sua chapa dizem serem apoiadas por assessores de Jatene, mas ninguém próximo ao governador confirma.

Cesar tem propostas frágeis e fez uma campanha como sendo de oposição, mas foi delatado por Rubens, logo no primeiro debate, tanto por ter feito parte do grupo que estava na formação da chapa da gestão, quanto por responder a um processo administrativo de quase meio milhão de reais, que segundo o próprio vice-reitor, deveriam ser usados no Ginásio de Educação Física, de onde licenciou-se do cargo de vice-diretor para poder concorrer à reitoria. A atual secretária de educação do estado, que concorreu à eleição passada e foi derrotada, seria a financiadora e madrinha da chapa.

Com essas fragilidades das duas chapas do atual reitor, diversas denúncias de mal uso dos recursos públicos que sumiram, deixan-do a UEPA com bibliotecas desatualizadas, sem laboratórios de pesquisas e bolsas de estudo sendo usadas de forma política, afim de atender interesses de partidos políticos e parlamentares, professores, estudantes e técnicos-administrativos construíram de forma independente, a chapa dos professores Augusto Carvalho e Altem Pontes, ambos sem filiação ou qualquer vínculo partidário, mas que souberam dialogar com os mais variados atores, afim de conquistarem aprovação de projetos, equipamentos e recursos para a UEPA, durante todos esses anos em que estão na universidade.

Voltados aos interesses acadêmicos, a chapa 10 representada por Augusto e Altem, diferencia-se das demais, não só pela forma democrática, ilibada e propositiva com que se apresenta, mostrando ser a mais preparada para os futuros desafios que se impõem já no presente da UEPA, mas sobretudo por trazer dois professores que conhecem profundamente a universidade que se propõem a administrar e com suas personalidades fortes e visão de futuro, mantiveram-se trabalhando em prol da coletividade, acreditando que esta precisa ter sua autonomia político-administrativa e distanciar-se de toda e qualquer força partidária, que por acaso venha tentar tirar proveito, para fins que não sejam lícitos e de benefício da comunidade acadêmica.

Mesmo com o devido respeito aos componentes das chapas 20 e 80, encabeçadas por Rubens e Cesar, que travam uma disputa visceral para permanecerem no poder institucional, ignorando os apelos de professores, técnicos e estudantes, que exigem melhorias na estrutura física e administrativa da UEPA, mas se deparam com uma mistura de diferentes matrizes partidárias, que giram em torno destas duas chapas, que como já foi dito, são oriundas do mesmo grupo político que há anos dirige a UEPA, mantendo a universidade sucateada, isolada e sem o diálogo propositivo com os poderes executivos (governo do estado e prefeituras), legislativos (ALEPA e câmaras de vereadores, onde estão os 15 campi) e do judiciário, já que a academia é formadora de agentes públicos e deve prestar serviços e oferecer produtos e colaboradores ao Estado como um todo.

Entre os diversos fatos que vivenciei nesta campanha, destaco:

A falta de pulso da Comissão Eleitoral para com as duas chapas da atual gestão, já que diversas atividades que foram proibidas no regimento eleitoral, acabaram sendo praticadas, como a fixação de material de propaganda no interior da universidade;

A abuso de poder econômico, da estrutura, de cargos e até de bolsas estudantis para beneficiarem com voto e apoio político de alunos e servidores; 

O descaso com a estrutura física dos campi, como o da Escola de Educação Física que foi denunciado e noticiado pela imprensa paraense, envergonhando a instituição tal o abandono que atravessa e mesmo assim foi negado pelos atuais responsáveis pelo status quo;

A pressão e o assédio moral contra servidores temporários para que estes fizessem campanha de forma quase obrigatória em seus locais de trabalho e até nas redes sociais;

O uso de imagens de reuniões promovidas em salas de aulas, passando a ideia deturpada de que todos os apoiam;

O uso de perfis falsos na internet, bem como o patrocínio de postagens das redes sociais, o que a lei eleitoral restringe, assim como a tentativa de desqualificar apoiadores da chapa oposicionista; 

E por fim, a luta dos professores Augusto, Altem e todos os demais docentes, estudantes e técnicos-administrativos que de forma voluntária deram todo o seu melhor para estarem juntos até o fim, acreditando que é possível reerguer a UEPA, com honestidade, austeridade, diálogo e democracia permanente. Assim como fizeram e continuarão fazendo, independente do resultado eleitoral, todos e todas desta chapa, estão convencidos da necessidade de transformar a Universidade do Estado do Pará, em uma das principais formadoras de mão de obra qualificadas em todos os 15 municípios onde está consolidada, expandindo seus cursos e formando novos profissionais para o mercado de trabalho, e acadêmicos para o ensino, a pesquisa e a extensão.

Por isso, venho a público declarar meu apoio à chapa 10, denominada “Renova UEPA” e conclamar a comunidade universitária uepiana, para que não se deixe enganar e reaja caso venha presenciar ou souber de alguma irregularidade e manobra que altere esse dia de votação, tal como acontece com as disputas onde certos partidos participam.

Clique no cartaz e visite a fanpage que foi a mais acessada, curtida e compartilhada nesta campanha e conheças as propostas de Augusto e Altem para renovar a UEPA.


quinta-feira, janeiro 01, 2009

José Varella: gapuiando a História

O basilar verbo 'gapuiar', da amazonidade mais antiga, entrou de contrabando na língua de Camões pelas criativas mãos do pescador original da boca do Amazonas e astúcia do caboco (kaa bok) comedor de peixe moqueado e farinha d'água. Que nem garimpeiro revira lama à cata de ouro, há mil e tontos (sic) anos o nômade das marés gapuiava a sorte em busca de peixe do mato pra matar a fome e, por necessidade e acaso, foi promovido tardiamente a engenheiro e alquimista de afortunados sítios arqueológicos da cultura Marajoara sob a ordem da Jararaca (Bothropos marajoensis). Conferir com a arqueóloga marajoara Denise Schaan, vindo ela diretamente dos Pampas para os campos do Marajó traduzir para gente analfabetizada, a peso de escravatura e palmatória, o que fora escrito na cerâmica dos princípios deste mundo estúrdio, já fazia tempo demais. Chance agora do ruidoso e avoado povo do Fórum Social Mundial não sair da Amazônia como quem foi a Roma e não viu o Papa. Iniciar-se com Denise Shaan e visitar o Museu do Marajó como se fosse a Meca descobrir qual é a peça mais recente da coleção nativa da Ilha dos Marajós. Quem avisa é amigo: uma nova ordem mundial depende de sintonia entre o novo e o velho mundos. Para isto o pescador de águas turvas carece gapuiar sobre a necessidade da Fome e o acaso da Diáspora... Depois da queda, debaixo de patas de boi e cavalo caboverdianos o rico senhor das várzeas nas Ilhas filhas da Cobragrande acabou sendo caboco ribeirinho sem eira nem beira, mero atravessador ou marreteiro da feira do Ver o Peso. Mas foi o intruso bom selvagem quem emprestou a palavra chave que representa a pesca primitiva com tapagem de barro a fim de esgotar água e pegar peixe à mão na baixamar. Assunto primordial de trocas culturais à margem da História pelas beiras do grandioso Nilo neotropical, comércio indígena anterior ao nascimento do Menino Jesus e da vinda dos três Reis Magos a Belém. Onde, novamente por necessidade e acaso, se levantou Belém do Grão Pará, aliás Belém da Amazônia; com empréstimo do nome da "casa do pão" nosso de cada dia: Belém de Judá, aliás Belém da Palestina desde menina. Disse o fundador da Cidade do Pará, "esta não será menor que aquela"... Belém d'aquém e Belém d'além. Mas, na pressa da guerra em vista do herege holandês o cristão novo português levantou o Presépio ajudado pelo tremendão tupinambá àvido de sangue nheengaíba. Aí nicou o ovo da serpente com marcas de sangue e fogo: cujo coroamento parece ser a devastação da Floresta Amazônica empatada apenas por uns poucos brasileiros da estirpe de Chico Mendes e quixotes outros do resto do mundo. Diverso do parto da paz universal sob a luz da Estrela de Belém, num estábulo compartilhado com animais de trabalho, no teatro amazônico fizeram papel de magos uns calvinistas e católicos da França Equinocial cujo feito mais notável fora diabolizar o espírito Jurupari. Esta invenção supimpa da América do Sol, que precede a psicanálise um par de tempos... Os doutores da Amazônia, salvo exceção de praxe, enquanto sábios em geologia, ecologia e outras ciências práticas para explorar a terra; são ignorantes em conservação da humanidade das regiões amazônicas e analfabetos em amazonidade geral: não sabem ler a escrita da cerâmica marajoara nem foram iniciados ao conhecimento secreto da lenda do Jurupari. Embora de forma alguma sem mitos e lendas não se inventaria nunca a História das nações. Nas ilhas remotas que levam nome do espírito nativo, na boca do maior rio da Terra, ainda há temerosos encontros ocasionais entre cabocos e o espirito ancestral que vaga pelo limbo da História. Tal qual outrora, na Mesopotâmia, Javé trovejava e cospia fogo querendo dizer alguma coisa aos viventes, cujos descendentes dispersos pela Terra terminaram seus dias em busca do El Dorado e do país de Ofir, aliás das Amazonas... A pressa é inimiga da perfeição: por isto o bom caboco toma mingau quente pelas bordas... Se branco não sabe estória de índio e de preto, vendo defeito em tudo que vem da parte destes dois, pior para o metido a besta quando se trata de navegar nestas águas turvas.

A misteriosa mudança de OLiberal em relação às denúncias sobre o Hangar



Do blog do Jornal Pessoal de Lúcio Flávio Pinto e no Observatório da Imprensa

Por que O Liberal publicou matéria de um blog 10 dias depois que ela foi colocada na internet por sua própria repórter? Por que, num primeiro momento, a matéria não interessava e, depois, se tornou manchete de primeira página? E por que o assunto foi esquecido? Com as respostas, desvenda-se mais um lance no jogo do poder.

No dia 19, a repórter Ana Célia Pinheiro entregou ao diretor de redação de O Liberal, Walmir Botelho d’Oliveira, matéria denunciando relação promíscua que haveria entre o governo do Estado e a organização social Via Amazônia na gestão do Hangar - Centro de Convenções. Como a matéria não interessou para publicação no jornal, a repórter a divulgou no dia seguinte no seu blog, A Perereca da Vizinha. Dois dias depois a diretora do Hangar, Joana Pessoa, enviou uma carta de esclarecimento, que Ana Célia imediatamente postou, com rápidos comentários. Os dias transcorreram com mensagens de leitores, enviadas através da internet, mas sem nova manifestação das partes. A questão parecia encerrada quando a edição dominical de O Liberal do dia 30, que começou a circular na véspera, abriu a manchete de capa e uma página inteira dentro do jornal para a mesma matéria, reescrita e enriquecida, de Ana Célia Pinheiro.
No dia seguinte a direção do Hangar reagiu com uma “nota de esclarecimento”, que também ocupou uma página interna de O Liberal. Era a reprodução da nota enviada ao blog, ligeiramente modificada. As alterações foram introduzidas para lamentar a “falta de ética jornalística por parte da senhora Ana Célia Pinheiro, que fugiu à premissa básica do jornalismo que é dar voz a todos os lados envolvidos em uma matéria”. Também foi criticada a má-fé da repórter, “a partir do momento em que a matéria foi publicada originalmente em um blog para o qual, mesmo não sendo procurado pela jornalista, o Hangar democraticamente já havia tomado a iniciativa de encaminhar esclarecimentos”. A direção da OS informou também ter convidado a repórter para visitar o centro de convenções “e, in loco, ter acesso às prestações de contas, mas ela não compareceu no dia e horário marcados”.
A direção do Hangar manifestou na nota indignação pelo fato de que a repórter, “mesmo de posse dos dados e com o convite para obter mais informações” no próprio local, ter republicado a matéria em O Liberal “sem o esclarecimento prestado pelo centro de convenções, o que demonstra, no mínimo, falta de escrúpulos, com interesse de levar à [a] público informações inverídicas e, portanto, direcionar o leitor para uma versão errônea e irresponsável”. Atitude que, segundo a nota, “abre caminho para se questionar: quem se beneficia e a quem pode interessar tamanha leviandade?”
Ao invés de dirigir a pergunta apenas à repórter, a direção do centro de convenções tinha a obrigação de partilhá-la com quem, no jornal, tem todo poder decisório: os seus proprietários. No jornalismo dos nossos dias no Pará se pode ver de tudo, até o inconcebível. Daí, talvez, as pessoas deixarem de questionar sobre os seus pressupostos. Certamente porque, ao ir às raízes, compram briga com antagonistas muito mais poderosos do que uma repórter.
Tudo que foi lançado sobre Ana Célia Pinheiro cabe, na verdade, e multiplicado, aos donos de O Liberal. Por que o diretor de redação, detentor do mais alto cargo editorial na empresa, não quis publicar uma matéria que, 10 dias depois, seria a manchete principal da edição do jornal? Ele tomou a primeira decisão em caráter pessoal e depois, reconhecendo o erro cometido no exercício profissional do seu ofício, voltou atrás, no âmbito da sua autonomia, ou tanto no primeiro quanto no segundo momento apenas cumpriu ordens superiores? Na segunda hipótese, o Maiorana que lhe deu a primeira ordem foi o autor da segunda determinação? Ou um Maiorana vetou a publicação da matéria, quando de sua apresentação original pela repórter, e outro a liberou depois? Qual a primeira razão? E qual a segunda?
Esse ziguezague inquisitorial não cabe num manual de jornalismo, mas faz parte da rotina do comportamento das empresas jornalísticas paraenses. O que determina a publicação de matérias polêmicas e sensíveis não é a redação, mas o setor comercial da empresa. A palavra final não pertence ao responsável pela redação, que, freqüentemente, pela mecânica das decisões (agravada pelas características pessoais do profissional), nem poder de mediação possui. Recebe ordens categóricas e limita-se a cumpri-las.
O critério meramente editorial foi deixado de lado porque a matéria de Ana Célia não interessou à empresa, quando de sua apresentação. O interesse jornalístico foi acatado no segundo momento, mas em função de outro interesse comercial, que às vezes nem é o interesse da empresa de comunicação: atende a um desejo pessoal de um dos seus donos.
O “melhor jornal do Norte e Nordeste”, segundo sua nunca provada propaganda, desceu das suas tamancas para reproduzir matéria de um blog 10 dias depois da sua divulgação original. Não foi o mesmo texto, claro: se fosse, seria a completa desmoralização. Duas novas informações foram acrescidas ao texto da internet, ambas anônimas ou apócrifas. A primeira suscitava a possibilidade de o Tribunal de Contas instaurar tomada especial de contas do Hangar, sem fonte identificada dessa informação. A segunda incorporava declarações de dois promotores não identificados, situação anômala o suficiente, por qualquer critério jornalístico, para motivar a observação: se um promotor, com todas as garantias e prerrogativas de função, não se sente em condições de assumir a própria opinião, mas a externa à larga, melhor não levá-lo em consideração. Para não suscitar suspeitas no leitor nem endossar covardia no exercício de função pública.
Publicada a matéria de denúncia no domingo e a latifundiária nota de esclarecimento na segunda, O Liberal esqueceu o assunto na terça. A repórter, atirada do lado do mar para o lado da rocha (e vice-versa), não teve o direito de resposta em relação à manifestação da direção do Hangar. O jornal não se sentiu atingido pelas críticas da OS nem obrigado a apurar o anunciado procedimento do TCE, ou checar as econômicas informações do Hangar. A matéria gerara seus efeitos e cumprira seu ciclo de existência. Não para o leitor, é claro, abandonado com a brocha na parede, mas para algum Maiorana. Qual deles?
Segundo foi possível apurar, Ronaldo Maiorana não foi consultado sobre a publicação da reportagem, embora seja, em tese, o responsável pelo conteúdo do jornal e o Maiorana que atua na área de entretenimento, com sua Bis (a promotora do Pará Folia). Ele só soube da matéria ao lê-la na edição dominical de O Liberal. Mas teria sido ele o intermediário para a saída da nota de esclarecimento do Hangar, que uma fonte disse ter sido feita gratuitamente (o que é, no mínimo, de duvidar, dada a dimensão excessiva do anúncio, com texto em tamanho grande e abuso de espaço em branco). Se a inserção foi risonha e franca, ela indica uma (mais uma) luta interna em O Liberal. Se foi paga, registra mais uma vitória do principal comandante do jornal, Romulo Maiorana Júnior.
Vitória de qual natureza, com que propósito? Ainda não se sabe. Mas se a segunda hipótese é a verdadeira, O Liberal saiu da mal ensaiada polêmica ganhando anúncio caro. E a OS pagou um preço exagerado por seus esclarecimentos.
A Via Amazônia retificou alguns erros secundários da reportagem, mas passou ao largo do que ela sugere de essencial, com base nos termos da relação entre o governo estadual e essa Organização Social, fundada com o deliberado propósito de administrar o centro de convenções: de que há superfaturamento (ou, no mínimo, exagero) no volume das transações entre as partes. O Estado gasta em demasia no Hangar enquanto cliente do centro, abusando do seu uso e aceitando preços que podiam ser menores. Não bastasse essa enorme generosidade, o governo ainda subvenciona a OS, não só repassando-lhe recursos certos a cada mês como abstraindo o fato de que 105 milhões de reais saíram dos cofres públicos para a construção do centro, ainda na administração do PSDB. Pelas duas vias (sem trocadilho), a soma é de R$ 25 milhões até agora. Mas pode chegar a mais.
A direção da OS retruca que, por ser instituição sem fins lucrativos, o lucro crescente que tem registrado nos seus 18 meses de funcionamento é reinvestido em suas próprias instalações ou repassado ao Estado. Graças ao seu crescente faturamento, a OS vem reduzindo o montante do repasse estatal (de R$ 2 milhões em 2007 e de R$ 3,5 milhões no exercício atual), que será ainda menor no próximo ano. Tudo bem.
No entanto, permanece o questionamento: o Estado drena recursos em excesso para uma instituição difusamente híbrida (privada, mas sujeita a contrato de gestão com o governo) e que também funciona comercialmente, com clientes particulares. Com um caixa abastado, a Via Amazônia pode se permitir ao luxo de não economizar, de gastar com fartura, de funcionar com desenvoltura. E, em assim sendo, se tornar um agente político, da mesma maneira como outras instituições sem fins lucrativos pularam da filantropia para a pilantropia (sem precisar distribuir lucros aos acionistas, mas remunerando-os nababescamente enquanto seus dirigentes).
De um centro de convenções, o Hangar pode se tornar um centro de poder (inclusive eleitoral), com caixa fluente (que nem precisa ser dois). Algo como os hospitais regionais na administração tucana de Simão Jatene, segundo as acusações que os próprios petistas fizeram. Os seis hospitais representaram tal investimento que sobraria dinheiro para outros usos, considerando-se o porte dos recursos. O que não conseguiram provar na suspeição apresentada em relação aos tucanos, os petistas agora querem que não seja provocado em relação a eles. Estão suscetíveis à acusação, mas, ao que parece, o primeiro round desta pugna será cancelado antes que os lutadores subam ao ringue. Graças ao jornalismo que se pratica atualmente no Pará. O cifrão antes das palavras.
LFP @ dezembro 15, 2008

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