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quarta-feira, agosto 14, 2013

Casa Fora do Eixo: Um modelo de negócios



 
Por Carlos Henrique Machado Freitas no Trezentos.

Antes de qualquer coisa, acho que vale sublinhar um dado importante, os coletivos culturais são uma ideia extraordinária, e digo isso porque, graças ao progresso fulminante da informação, outras formas colaborativas ajudarão a renovar a produção cultural brasileira, o que nada tem a ver com a pretensão e a cobiça do modelo de negócios da casa Fora do Eixo. Portanto, atribuir aos coletivos de cultura a lógica triunfalista exposta pelo conceito de marca que vem sendo construído pelos líderes do Fora do Eixo, é perder o sentido do valor e da natureza das novas soluções que ousadamente estão se desenvolvendo no espírito das várias formas da produção coletivada. Porque não há como negar que a experiência de um coletivo verdadeiramente determinado a propor mudanças dentro de um tempo empírico, com novas ações, relações e ideias, não seja a grande mutação contemporânea. E isso é benditamente irreversível, provocado justo pela grande mutação tecnológica onde a utilização da informação é cada vez mais democratizada.

FORA DO EIXO INSIGTHS – UM PROJETO DA DIREITA

Basta ter um contato direto com o Itaú Insigths para nos permitir entender como se materializa a visão de marca da casa Fora do Eixo. É verdade que o foco é a inovação, mas é bom diferenciar o modelo coletivado, descentralizado com o que pratica como segredo de marca a casa Fora do Eixo.

A questão de atitude sempre foi um dos co-editores da cultura de massa e este conceito patriarcal foi adotado pelo FdE como se fosse o representante legal de todos os coletivos, uma espécie de agência personalité, o que é uma estrambótica mentira. O FdE tem sim o foco na inovação, mas para definir bem definido como estratégia de relacionamento político, digo em todos os quadrantes da vida política nacional. Daí vende a todos uma diretriz de futuro com uma pretensa ideia de que promove a construção de uma performance sustentável.

Nesse mesmo contexto de informação onde organiza seus espaços como franquia por todo o Brasil com "colaboradores", até a informação que nos chega, com seus trabalhos precarizados, é a própria visão de máquina do tempo que está sendo gerida pela augusta lógica da gestão corporativa, sobretudo nos grandes eventos e com patrocínios via renúncia fiscal para a construção de um circuito comercial.

É preciso entender que o Fora do Eixo não é um coletivo, mas apenas um point cultural com efeito multiplicador dentro das regras de um voluntariado de trainees com o objetivo único de se tornarem líderes num futuro próximo dentro de um slogan de "mudar o mundo". É verdade que as grandes marcas e mitos fazem parte da história da humanidade, mas, no caso do Fora do Eixo, foi criada uma imagem como uma espécie de majestic, alguém que pensa diferente e estimula as pessoas a pensarem "fora da caixa".

A grande novidade nesse novo espaço do empreendedorismo simbólico é que a publicidade e todo um sistema na áreas de tecnologia se fundem num vácuo deixado pela velha indústria cultural para dar lugar a um projeto de uma outra história do capitalismo cultural, que pode ser considerado como um novo ciclo do capitalismo se utilizando dos bens simbólicos.

É bom lembrar que o grande portfólio do líder do Fora do Eixo, Pablo Capilé, é personificar a marca em sua imagem, alinhando-a a todas as formas de inovação como se ele próprio fosse a encarnação da nova geração de ideias. E como toda ideia precisa de um começo, além dos truques e técnicas, a capacidade de estabelecer contato com todas as lideranças políticas e empresariais, é questão sine qua non. Por isso o próprio Capilé, no Roda Viva, pinçou com uma plástica bastante translúcida como faz suas trocas de relacionamento, "ninguém nos convida, nós nos impomos".

E foi assim que Pablo Capilé, um bicão profissional, foi se instalando nos lugares, festas, encontros políticos, empresariais, manifestações de rua e construindo uma espécie de catarse coletiva, não arrecadando recursos para financiamento de sua máquina do tempo, mas arrecadando imagens e postando-as em redes sociais, numa espécie de cópia do "ache o Wally". E assim, ele criou uma espécie de cadastro de investimento de imagem, gerando a ideia de que sua interação com as pessoas (medalhões) era um satélite colocado em órbita em todos os lugares numa troca constante de conhecimetos. Assim Capilé construiu uma mega rampa de um projeto de exposição da casa Fora do Eixo.

Na verdade Capilé desenvolveu um equipamento publicitário que, quanto mais ele se movimenta, mais valor agregado ele produz para a marca Fora do Eixo e, para tal oferece consultorias espontâneas para políticos, artistas e empresários, como um Platão pós-rancor que sabe transformar uma carroça em uma ferrari, aproveitando um "desenvolvimento sustentável".

Mas o que mais simboliza esse modelo de serviço diferenciado é sua estratégia de marketing, e isso precisa ser ressaltado, foi no Roda Viva, onde Capilé apareceu usando uma camiseta preta com uma estampa de desenho aprimorado em branco, com a seguinte frase: "cadê o Amarildo?", como sinal de engajamento às questões de ordem polítca e social. Poderia usar o mesmo banco do Roda Viva para fazer frente a um cenário escabroso, utilizando a mesma camiseta com o mesmo conceito gráfico, escrito em branco luminoso a seguinte frase: "cadê o Fleury Filho?". Sim, esta pergunta deveria ser feita, mas parece que esse desenho não está e moda e, portanto, está fora de sua estratégia, justo na semana em que são julgados e condenados vários PMs de São Paulo por conta do massacre de 111 presos do Carandiru, em que o governador na época, Freury Filho, sequer foi citado pela justiça.

Capilé, quando sentou naquele banco diante de representantes de uma mídia que já não se sustenta em cima das próprias pernas, jogou para a torcida de esquerda. O que ele fez exatamente? Qual a novidade de seu discurso? Dizer que a mídia corporativa edita suas manchetes e artigos para atacar adversários ou salvar aliados? Quem já não disse isso no Brasil? Mas Capilé apareceu como um grande domador dando estalos com seu chicote e pisando na cabeça de um leão, hoje, completamente sem dentes.

Mas não foi só isso, vimos o líder do Fora do Eixo, no mesmo Roda Viva, dar exemplo de eficiência, inovação sobre educação financeira, tudo, absolutamente tudo, sem um mínimo de transparência, mas com uma inegável capacidade de sugestionar, principalmente uma esquerda embotada por uma rivalidade infantil entre a mídia tradicional e a mídia alternativa. E é assim que a casa Fora do Eixo vem vendendo seus produtos, serviços, com maior "agilidade e simplicidade" dentro do mais absoluto conceito de "soluções adequadas". O que rigorosamente quer dizer nada.

Mas lembremos, a performance dele é em prol da marca. Por isso não se viu uma ideia a exemplo do seu banco de sustentabilidade. E agora os líderes do FdE dizem aos críticos do seu castelo de cartas, Fora do Eixo… "Quem quiser conhecer o nosso trabalho, tem que ir a uma das casas", sentir o ambiente, e também entender como funciona a escola de conteúdo.

Então, pergunto sobre o projeto do "novo": todos os seus shows pirotécnicos nas manifestações de rua, nas "conferências" não se transformam em um grande auditório em tempo real na internet? Por que agora na hora de encontrar a tal "cultura de excelência" tem que voltar ao tempo chucro do século XVII, como tropeiros cavalgando até a uma das casas do Fora do Eixo?

Na verdade, não se pode negar que o protagonista da casa Fora do Eixo, Pablo Capilé, tem força de linguagem capaz de transformar pó em ouro tão somente com sua oratória. E assim celebrar junto com seus grandes patrocinadores, um projeto completamente contrário aos coletivos sociais da cultura aonde o foco é, ao contrário das relações sociais, o pior dos símbolos do capitalismo, uma logomarca em estado puro para ser usada num futuro próximo em qualquer tipo de mercadoria.

Lembrando que o que sustenta hoje o Fora do Eixo, é sim, uma mega-estrutura financeira com um grande número de técnicos em cada estabelecimento para não deixar passar um único edital de forma direta ou via leis de incentivo à cultura. O que permite isso é um sistema neoliberal adotado no Brasil há mais de vinte anos, no período FHC quando lançou sua cartilha para as grandes corporações, "Cultura é um bom negócio". Provavelmente Capilé seja o melhor aluno de FHC, pois a casa Fora do Eixo é o próprio retrato do neoliberalismo cultural sonhado pelos tucanos.

sábado, julho 20, 2013

"Precisamos de mais médicos imediatamente", diz Padilha




O "Diagnóstico da realidade médica no País”, informa que 700 municípios brasileiros enfrentam “altos índices de insegurança por escassez de médicos.


Por Kátia Figueira*

Em entrevista a CartaCapital, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, defende o programa Mais Médicos, lançado pelo governo federal para sanar a falta de profissionais. “Todos passarão por uma avaliação pelas universidades públicas, mas não ganharão o direito pleno de exercer a medicina no País, para não disputar o mercado de trabalho com médicos brasileiros”, afirma. Confira, abaixo, os principais trechos da conversa.
CartaCapital: O maior problema é a falta de médicos ou a má distribuição deles? Adianta recrutar estrangeiros?
Alexandre Padilha: Um primeiro problema é a infraestrutura e a manutenção dos serviços. O Ministério da Saúde está investindo 13 bilhões de reais em mais de 16 mil unidades básicas de saúde, quase 900 unidades de pronto-atendimento e mais de 800 hospitais. Outro problema crítico: Precisamos de mais médicos e mais perto da população. Isso exige enfrentamento imediato. Quando você cria vagas de medicina, essa formação demora de 6 a 10 anos. E é preciso distribuir estimular a distribuição dos médicos. Para que os profissionais tenham mais segurança, o ministério pagará a renumeração, vai garantir o salário, isso não ficará a cargo das prefeituras ou dos estados. Haverá acompanhamento das universidades. E, caso as vagas não sejam preenchidas por brasileiros, o ministério vai fazer como outros países: atrair médicos estrangeiros para trabalhar exclusivamente na periferia das grandes cidades e nos municípios do interior.
CC: EUA e Inglaterra têm um porcentual maior de médicos estrangeiros. Mas eles exigem a revalidação do diploma, não?

Nos últimos dez anos o Brasil gerou 146.867 postos de trabalho, mas só formou 93.156 médicos.



AP: Tais países têm duas formas de atração do médico estrangeiro. Uma por meio da revalidação do diploma. Só que quando se faz isso, esse profissional pode atuar em qualquer lugar e disputar mercado de trabalho com o médico brasileiro. Queremos um programa que não leve a perda de emprego de nenhum médico brasileiro. A ideia é trazer estrangeiros para atender nos municípios do interior, na periferia, nas vagas não preenchidas por médicos brasileiros. Esses países também têm mecanismos de atração de médicos dando autorização exclusiva para trabalhar em algumas regiões após uma avaliação.
CC: Quem adota?
AP: Portugal, que tem 4 médicos por mil habitantes, tem um programa de atração de médicos cubanos, hondurenhos e costa-riquenhos para atender nas regiões rurais. Dezessete por cento dos médicos que atuam no Canadá são estrangeiros, e em algumas províncias o número é de 60%. Lá se atrai o médico sem a validação do diploma. Aqui se dará o mesmo. Todos passarão por uma avaliação pelas universidades públicas, mas não ganham o direito pleno de exercer a medicina no País.
CC: As entidades médicas acusam o governo de instituir uma forma de trabalho civil compulsório com esses dois anos a mais de formação, dedicados à prestação de serviços no SUS.
AP: Esse debate vem sendo feito no governo desde 2011, inspirado pelo professor Adib Jatene. Mas uma coisa tem que ficar claro: não tem paralelo com serviço social obrigatório, quando o Estado pega profissionais e leva para regiões distantes do seu local de formação, para que ele trabalhe e devolva à população o serviço que fez. Há um debate sobre isso no Congresso. Teremos um treinamento em serviço por dois anos como parte da formação, exclusivamente na atenção básica e na urgência e emergência. O estudante vai ficar ligado à instituição onde ele cursa medicina. Inclusive na região que essa faculdade acompanha. Haverá, por exemplo, estágios no SAMU. Porque muitos estudantes se formam sem nunca ter entrado num SAMU, sem nunca ter entrado numa unidade de urgência e emergência. É como se fosse a residência médica hoje.
CC: É uma resposta à especialização médica precoce?
AP: Também. Não queremos médicos que olhem o paciente em pedaços. Queremos um médico que olhe o paciente como um todo. Às vezes, o estudante de medicina só tem contato com o paciente dentro do hospital de altíssima complexidade. Não conhece aquele paciente onde ele vive. Não tem a experiência. Imagine como vai ser bom para um médico, para a nossa população, se ele tiver a experiência de acompanhar por dois anos uma pessoa hipertensa, os nove meses toda gestação de uma mulher. Uma atenção básica bem feita resolve 80% dos problemas de saúde. Nós precisamos mudar a mentalidade do SUS para termos um sistema menos doente.


22 dos 27 estados brasileiros estão abaixo da média nacional de 1,8 médico por mil habitantes,


CC: Parece justo exigir que o estudante de uma universidade pública preste serviços ao SUS, até pelo investimento que o Estado fez na sua formação. Mas a medida também vale para alunos de instituições particulares. Não seria mais conveniente criar uma forma baseada no incentivo e não na obrigatoriedade, por exemplo, com bônus na disputa para residência médica?
AP: Esse treinamento é justo com a população. E o profissional será remunerado. Não pagará mensalidade se estiver em uma faculdade particular. Será supervisionado por preceptores e supervisores da instituição em que se formou. E esses preceptores serão remunerados pelo Ministério da Saúde também. Estamos falando de formar um médico. Todo mundo defende residência médica. O que nós estamos propondo com o treinamento em serviços? É que ele faça os dois anos não para adquirir uma superespecialidade. Antes de se tornar um especialista, ele será treinado em serviço para ver o paciente como um todo.
CC: Esse é o grande nó da saúde hoje? Muitos especialistas insistem que o problema continua sendo o subfinanciamento do SUS. O Brasil universalizou o acesso à saúde há 25 anos, mas parece ainda não ter resolvido o problema do custeio.
AP: Temos quatro grandes desafios para a saúde no País. Um, muito importante, é o financiamento. Aumentamos quatro vezes os recursos per capita nos últimos 10 anos na saúde, mas ainda estamos muito atrás de outros países. Precisamos discutir com a sociedade, com o Congresso, como garantir um financiamento crescente para a saúde. Dois: temos problemas graves de gestão. Precisamos aprimorar, combater o desperdício. Recentemente divulgamos um relatório no qual identificamos graves irregularidades e crimes. Em Campo Grande, por exemplo, havia desvio de recursos públicos na compra de medicamentos para tratar o câncer. Então precisamos aprimorar muito a gestão. Terceiro: não se cumpre o objetivo ousado que o Brasil tem de possuir um sistema de saúde único, público, universal e gratuito sem construir no nosso País uma forte base de produção em inovação tecnológica, produção de medicamentos. Exemplo: a introdução da vacina contra o HPV. Isso só foi possível porque conseguimos a transferência de tecnologia de um laboratório internacional para um laboratório público nacional [o Instituto Butantã]. Vamos colocar para a população de graça, uma vacina que custa cerca de mil reais nas clínicas privadas hoje. E outro desafio é termos profissionais com formação humanizada em quantidade suficiente, bem distribuídos pelo País, para dar conta do SUS.
CC: Inicialmente, o governo defendia a destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação. Agora, admite reservar 25% para a saúde? É justo? É o suficiente?
AP: Foi um passo importante, precisamos de mais recursos para a saúde. Vamos continuar discutindo. Primeiro, como investir melhor os recursos que temos, como fazer mais com o que há disponível. Mas precisamos de mais recursos. Sabemos que nós temos um longo caminho ainda para garantir um financiamento sustentável para os desafios que temos na saúde pública.
CC: O senhor é apontado como pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. O programa Mais Médicos gerou forte repercussão nas últimas semanas. Nesse momento, este debate mais contribui ou atrapalha para esse projeto de 2014?
AP: Quem estiver pensando em 2014 agora está fora da casinha. Não está compreendendo a importância de melhorar os serviços públicos no País. É nisso que eu estou concentrado, estou muito animado por estar no Ministério da Saúde. Esse tema da formação médica, de como o País planejar melhor o número de médicos, aonde formar esses médicos, a formação desses médicos é um tema que me apaixona há mais de 20 anos. Desde quando se criou a primeira comissão nacional de avaliação do ensino médico. O Brasil está vivendo um momento histórico, de muito debate, e isso é bom. Debate democrático, com diálogo respeitoso. E a proposta que encaminhamos ao Congresso está pautada única e exclusivamente pelas necessidades de saúde da população.
Kátia Figueira é  Ativista Digital de São Vicente (SP) e escreve no Blog Militância Interativa.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...