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quinta-feira, junho 07, 2018

Antes da grande mídia, DCM já havia revelado: Lava Jato ignora e-mail em que FHC pede doação à Odebrecht

Sérgio Moro: Para FHC e o PSDB, doação de empreiteiras é legal e normal. Para Lula e PT é ilegal e punida com prisão.

Por Joaquim de Carvalho, no DCM em 05 de Maio de 2018.

Desde que Lula começou a ser investigado, não se encontrou com o ex-presidente uma mensagem, gravação, documento ou qualquer coisa que lembre remotamente prova que o incrimine. É tudo ilação, delação premiada ou depoimento de réu.  

No entanto, ele foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão e, ainda que tenha direito a novos recursos, já se encontra na cadeia.  

Mas bastou ao empresário Marcelo Odebrecht apresentar os e-mails que tinha arquivados para aparecer mensagens comprometedoras de Fernando Henrique Cardoso.  

Entre os emails, existem duas mensagens que, se tivessem a assinatura de Lula, o Ministério Publico Federal pediria a sua prisão perpétua — se houvesse esse tipo de pena no Brasil.  

Em uma das mensagens, Fernando Henrique Cardoso solicita diretamente a Marcelo Odebrecht doação para seu instituto.  

Em outra, Fernando Henrique indica um candidato a deputado federal para receber recursos da empreiteira.  

Os e-mails foram relacionados em um pedido da defesa do ex-presidente Lula para que sejam juntados no processo do sítio de Atibaia.  

Pela decisão de Moro, os advogados puderam ter acesso aos e-mails de Marcelo Odebrecht, como queriam, mas deveriam apenas indicar as mensagens. Foi o que fizeram.  

A Moro, caberá decidir se esses e-mails devem ou não ser incluídos no processo.  

Até agora, Moro não decidiu.  

O objetivo da defesa é mostrar que, no caso de institutos, não há crime algum solicitar doação.  

Pelo jeito, o Ministério Público Federal pensa assim.  

Mas apenas quando o destinatário da doação é do PSDB. Se pensasse diferente, não teria ignorado os e-mails de Fernando Henrique.  

A Lava Jato trabalha com duas balanças — uma é para Lula e o PT. A outra é para os tucanos.  

E no Brasil essa prática de dois pesos e duas medidas por parte de setores do Ministério Público e do Judiciário se tornou normal.  

Como disse o relator do recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal da 4a. Região, João Pedro Gebran Neto, em que Lula teve a condenação confirmada, processos por corrupção devem ser analisados “caso a caso”.  

Disse ele:  

“As corrupções envolvendo agentes políticos ganham contornos próprios, e a solução deve ser buscada caso a caso. Não há como definir, portanto, uma fórmula de ouro aplicada a todo e qualquer processo, pois a atividade política transborda muitas vezes os estritos limites do cargo, inclusive temporais, podendo interferir nos mais variados órgãos da administração pública direta ou indireta.”  

Em outra palavras, o que vale para Lula não vale para Fernando Henrique.  

Ou vice-versa.

O nome do deputado a quem Fernando Henrique Cardoso solicita doação está sendo mantido em sigilo, mas não é ninguém do primeiro time dos tucanos.

Lava Jato chega a pedido de dinheiro de FHC à Odebrecht para campanha do senador Flexa Ribeiro (PSDB)

Senador paraense é citado em pedido de dinheiro de FHC à Odebrecht, para sua campanha em 2010.

Por Diógenes Brandão

Ao investigarem o ex-presidente Lula, peritos da Polícia Federal descobriram emails onde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pedia e insistia no pedido de dinheiro a Marcelo Odebrecht

As "doações" teriam sido para as campanhas de tucanos em 2010. As provas foram localizadas pela PF nos discos rígidos do computador do empresário preso no escândalo que acabou no impeachment da ex-presidente Dilma Rouseff e na prisão de Lula e de diversos parlamentares e empresários.

A informação foi revelada pela revista Veja e confirmada pela Folha e segundo as reportagens, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recorreu a Marcelo Odebrecht para angariar fundos para a campanha ao Senado de dois tucanos em 2010: Antero Paes de Barros (MT) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

As investigações de esquemas de propina e caixa 2 praticados pela Odebrecht, já levaram diversos outros políticos e empresários para a cadeia. No caso destes pedidos de FHC ao mato-grossense Antero Paes,  Já o senador paraense Flexa Ribeiro conseguiu eleger-se senador em 2010 e tenta a reeleição em Outubro.

Os emails revelam que como presidente de honra do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso continuou fazendo lobby, junto à principal empreiteira e a que mais lucrou com a corrupção brasileira. Em seus pedidos ele fala em SOS e aquilo que chama de "o de sempre".

O que dizem os citados?  

Para a Folha de São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que pode ter feito o pedido para Marcelo Odebrecht, mas reforçou que eram legais. Fernando Henrique disse ainda que não se recorda se as doações (aos dois tucanos, de dois estados) foram feitas, mas que elas não se deram em troca de nenhuma decisão dele, já que na época não ocupava cargo no governo.

O senador Flexa Ribeiro e Antero Paes de Barros, atualmente sem partido, disseram que desconhecem a troca de e-mails e que as campanhas deles em 2010 não receberam qualquer contribuição da Odebrecht.   

A Odebrecht voltou a declarar que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua, e implantou um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes.   Segundo a defesa de Marcelo Odebrecht, os e-mails são autoexplicativos e se referem a pedidos que sempre foram normais e comuns por parte de políticos.   A direção do PSDB Nacional diz que desconhece os supostos pedidos e defende rigor no cumprimento da legislação eleitoral.

Leia na Folha, VejaEstadão, GGN e Globo.



terça-feira, janeiro 23, 2018

Lula errou e deve ser condenado a pagar o que deve ao povo brasileiro



Por Diógenes Brandão*

Passam os anos e a história se repete: Nesse país os poderosos nunca pagam pelos seus crimes.

Afinal de contas, Fernando Henrique Cardoso que aprovou a lei da reeleição e por isso foi presidente por oito (08), privatizou o que bem entendeu e impediu a abertura de dezenas de CPIs que  poderia ter investigado o seu governo, que deixou o país de joelhos ao FMI e ao Banco Mundial, com desemprego e juros de 45%, mesmo assim quando deixou a presidência pôde comprar um apartamento de luxo em Paris. Da mesma forma que Joaquim Barbosa depois de julgar e condenar diversos políticos no "Mensalão", abriu empresas offshore em paraíso fiscal, para comprar um apartamento em Miami, livrando-se assim de pagar os impostos que qualquer cidadão comum pagaria ao realizar tal compra.

Mas isso jamais os fez serem investigados e nem há algum brasileiro sóbrio que imagine que isso seja possível acontecer. Por que? São deuses? Ou gozam de imunidade por não serem petistas ou aliados de Lula?  

E a riqueza e impunidade dos juízes? E as outras lideranças políticas, como José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, o que os torna acima da lei e nenhuma investigação de diversas denúncias vai em frente? Isso só para citar aqueles com quem Lula disputou as eleições presidenciais. Até Fernando Collor, que após o impeachment que sofreu - hoje ostenta mansões e carros de luxo - jamais foi condenado por seu vasto patrimônio e pela riqueza que acumulou e tem dito que será candidato novamente

Mas ele, o nordestino que chegou a São Paulo em um pau de arara e tornou-se operário e lá perdeu um dedo de uma mão - em uma fábrica de automóveis onde trabalhava no ABC paulista - não gostava de política, mas logo tornou-se líder sindical, não pode. 


Depois de disputar e perder 03 eleições, tornou-se presidente do Brasil em 2002 e foi reeleito em 2006, batendo recorde histórico de popularidade durante seu mandato. Mesmo com sua vida revirada de cabeça pra baixo, a verdade é que nunca encontraram provas materiais de que seja dele qualquer propriedade ou recurso adquirido de forma ilegal.   

Mas Lula errou. E pelos erros de Lula, eu também o condeno. 

Condeno-o principalmente por não ter feito o que deveria enquanto pode e agora promete fazer caso seja reeleito pela 3º vez: Regular a mídia brasileira.


José Sarney, Jader Barbalho, ACM e tantos outros políticos se tornaram poderosos ao se apropriarem de concessões de rádios e TVs e desde então, nunca mais suas famílias deixaram o poder. Com isso, políticos se tornaram empresários e empresários se tornaram políticos, num ciclo que nos escraviza e mantém a corrupção viva, ascendente e no controle inclusive do poder legislativo, executivo e judiciário.    

Por nunca ter feito questão de enfrentar essa chaga, em seus 08 anos enquanto presidente do Brasil, Lula errou e precisa pagar pelo seu erro! Para tal, se disputar as próximas eleições e for eleito, precisa pagar sua dívida para com o povo brasileiro.  

E antes que algum acéfalo venha dizer que a regulação da mídia é para cercear a liberdade de imprensa, ou implantar uma ditadura socialista, saibam que países capitalistas como os EUA, França e Inglaterra regulamentaram os seus meios de comunicação e colocaram ordem na casa, onde alguns empresários fazia o que bem entendiam, em nome da tal liberdade de empresas e não de imprensa. 

O link acima leva ao site da BBC Brasil, filiada à BBC de Londres, TV estatal Inglesa, berço do capitalismo mundial.

*Diógenes Brandão é redator publicitário e membro da Comissão Organizadora do Encontro Nacional de Blogueiros e Ativistas Digitais.

terça-feira, maio 16, 2017

Diálogo FHC/Lula, para devolver a esperança

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visita Luiz Inácio Lula da Silva, em fevereiro.

Na Folha

No dia 2 de fevereiro, como todos os jornais noticiaram, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visitou seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, no hospital em que a mulher de Lula, Marisa Letícia, agonizava.

FHC estava acompanhando de José Gregori, que fora seu ministro da Justiça e sempre teve destacado papel na defesa dos direitos humanos. Lula, por sua vez, chamou para a conversa o seu ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.

Falaram sobre muitos assuntos, sobre a vida, sobre o papel das mulheres e, inevitavelmente, sobre política.

A certa altura, Amorim soltou uma frase que é corretíssima e deveria ter desdobramentos:

"Vocês dois têm a obrigação de devolver a esperança ao Brasil", rememorou o ex-chanceler à Folha nesta segunda-feira (15).

Amorim defendeu que ambos dialogassem, daí em diante, em torno de um único tema, a reforma política, com o objetivo precípuo de diminuir drasticamente a influência do poder econômico sobre as votações.

"Se não foi assim, haverá caixa 2, caixa 3, caixa 4", suspeita o ex-chanceler.

Gregori pegou à unha a sugestão do diplomata e até ofereceu a sua residência como local de um encontro entre os dois ex-presidentes.

"Já abriguei conversas desse gênero antes", lembrou o ex-ministro à Folha, após um jantar na semana passada.

O diálogo, sempre segundo Amorim, deveria levar em conta como chegar à reforma política, posto que, com o descrédito em que estão os congressistas em funções, até propostas positivas que deles saíssem estariam cercadas de desconfiança.

Amorim cita, por exemplo, a posição oficial do PT que é a de voto em lista (o eleitor vota em uma lista definida pelo partidos, em vez de fazê-lo em um candidato individualmente, como é hoje).

Trata-se de uma ideia positiva, para Amorim, mas que, no atual cenário, passaria a impressão de que os partidos estariam apenas tentando esconder seus candidatos com problemas judiciais.

Amorim não participou de nenhuma nova articulação que desse sequência ao diálogo no hospital, mas a Folha apurou que há conversas, muito incipientes, em torno da convergência das duas principais lideranças políticas do país.

São conversas, que não envolvem diretamente nem Lula nem FHC, em torno do fortalecimento da democracia, o que inexoravelmente passa pelo fortalecimento dos partidos.

Se chegarão a algum lugar, seja qual for, não está à vista, mas a ideia de "devolver a esperança ao Brasil", cobrada por Amorim, é essencial.

E, para fazê-lo, parece indispensável que FHC e Lula tenham algum tipo de entendimento, porque, como diz o ex-chanceler, "cada um deles tem liderança que vai muito além de seus respectivos partidos".

Um diálogo nesse nível seria essencial para um primeiro passo, o de reduzir o nível de crispação política entre tucanos e petistas –crispação estéril e histérica.

Permitiria que o cérebro prevalecesse sobre o fígado no debate político. 

quinta-feira, fevereiro 02, 2017

FHC visita Lula no Sírio para expressar condolências por Marisa Letícia

FHC visita Lula no hospital Sírio Libanês, em SP, para prestar condolências pela morte de Marisa Letícia. 
Via UOL

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tarde desta quinta-feira (2) no hospital Sírio Libanês, na região central de São Paulo, para expressar condolências pela ex-primeira dama Marisa Letícia. Ela teve a morte cerebral declarada hoje de manhã depois de quase dez dias internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por conta de um AVC (acidente vascular cerebral) do tipo hemorrágico.

A agenda de Fernando Henrique não foi divulgada para a imprensa do hospital, mas foi confirmada pela assessoria do Instituto FHC e por fontes ligadas ao Partido dos Trabalhadores.



Em 2008, então em seu segundo mandato, Lula  decretou luto oficial de três dias pela morte da ex-primeira-dama Ruth Cardoso, então mulher do ex-presidente FHC.

À época, Lula modificou a agenda oficial para ir ao velório de Ruth, que morreu aos 77 anos em decorrência de problemas cardíacos. Devido ao luto oficial, o Congresso Nacional suspendeu todas as suas atividades durante a semana.

domingo, dezembro 11, 2016

Amazônia: colônia



Os militares se embeveciam quando comparavam a conquista da Amazônia, que eles promoviam com intensidade desde 1966, com a corrida especial entre americanos e russos. Quando os primeiros cosmonautas contornaram a Terra, dizia-se que lá do alto, de uma distância inimaginável até pouco tempo, eles só conseguiam contemplar duas obras humanas: a muralha da China e a Transamazônica.

A estrada, com mais de dois mil quilômetros de extensão na sua primeira fase, era como um novo abrir do mar Vermelho da mitologia bíblica. Rasgando uma linha de terra batida no meio de uma floresta fechada e até então não penetrada pelo homem, que não se aventurava muito além dos cursos d’água, milhares e milhares de brasileiros desfavorecidos pela sorte, teriam acesso, finalmente, ao sonhado pedaço de terra.

Em um lote de mil por mil metros, ele ingressaria na até então inatingível classe média rural. A Amazônia era o Éden, a Terra Prometida, a Bandeira Verde do imaginário do nordestino, o principal dos imigrantes.

Em 1975, porém, a colonização oficial dirigida pelo governo federal, que aproximaria os homens sem terra da região mais pobre do país à terra sem homens da sua maior fronteira, seria substituída por uma nova diretriz. A Amazônia, ocupando dois terços do território brasileiro, podia abrigar quantos parta ela se deslocassem – não mais, porém, com subsídio estatal. O que Brasília queria era fazer da Amazônia uma usina de dólares.

Seus recursos naturais teriam que se converter em dólares, com os quais o regime militar, finalmente, tornaria realidade seu projeto geopolítico do Brasil Grande, salvaguardado pela doutrina de segurança nacional contra estrangeiros ameaçadores e, sobretudo, maus brasileiros – os críticos, os subversivos, os terroristas.

O “modelo de ocupação” foi definido de forma bem clara no II PDA, um plano de desenvolvimento quinquenal, executado com rigor e conforme a letra do texto, um documento colonialista sem qualquer veleidade de pudor e tergiversação. Era um enunciado tão categórico que continua a ser seguido até hoje, 31 anos depois do fim da ditadura, sob sete presidentes da república democraticamente eleitos, de diversas tendências políticas e ideológicas.

Aquele que era o inimigo do regime ditatorial, o líder operário Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, foi o que mais enalteceu o rigor e eficiência do planejamento tecnocrático dos militares – e o que mais fielmente o seguiu. Secundado por sua sucessora, Dilma Rousseff.

Eles se empenharam em realizar obras semelhantes às apoiadas pelos militares, como as hidrelétricas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, que, juntas, representam investimento de mais de 60 bilhões de reais, passando por cima de críticos e oponentes com uma determinação que deixaria admirado o principal dos formuladores da estratégia dos militares, o general Ernesto Geisel, citado pessoalmente por Lula com certa reverência.

De fato, desde 1975, as exportações da Amazônia se multiplicaram 15 vezes. O Pará se tornou o sétimo maior exportador do Brasil (já foi o 5º, caindo por causa da brutal queda do principal produto de exportação do país, o minério de ferro, do qual é o vice-líder, abaixo apenas de Minas Gerais) e o terceiro que mais fornece divisas (diferença entre o valor do que exporta e do que importa).

São produtos de baixo valor agregado: matérias primas, commodities. Os mais intensivos, porém, em energia, como alumínio, alumina, minério e a própria energia bruta. O II PDA impôs à Amazônia dupla penalidade: o efeito multiplicador dos produtos que exporta vai ocorrer no país que os importa; além disso, a receita tributária é baixa, impedindo a melhor distribuição dos efeitos econômicos da exploração dos seus vastos recursos naturais.

Em 1996, um golpe profundo foi dado pelo deputado federal (de São Paulo) Antonio Kandir, que integrara como ministro o governo Collor e se bandeara para o PSDB. Ele propôs e conseguiu transformar em lei a isenção completa do principal imposto para Estados e municípios, o ICMS das exportações de matérias primas e produtos semi-elaborados. Por acaso, no ano seguinte o governo Fernando Henrique Cardoso privatizaria a antiga Companhia Vale do Rio Doce, a principal beneficiada pela lei Kandir.

Estados e municípios perderam desde então bilhões de reais. A compensação prevista pela lei nunca foi completa. O pior é que a lei sequer foi regulamentada. No final do mês passado, por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal mandou o Congresso Nacional cumprir uma omissão de quase 13 anos.

O descaso do legislativo era – e continua a ser – com a determinação constitucional de editar lei “fixando critérios, prazos e condições nas quais se dará a compensação aos Estados e ao Distrito Federal da isenção de ICMS sobre as exportações de produtos primários e semi-elaborados”.

Para obrigar o Congresso a assumir sua responsabilidade, o governo do Pará ajuizou no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão, que teve a adesão de mais 15 dos 27 Estados da Federação. Por 11 votos a zero, o plenário do Supremo julgou procedente a ação, acolhendo o voto vencedor do relator, Gilmar Mendes.

A corte fixou prazo de 12 meses para que o Congresso editar lei complementar regulamentando os repasses de recursos da União para os Estados e o Distrito federal em decorrência da desoneração das exportações do ICMS.

Até para lhe diminuir o prejuízo, a Amazônia é tratada pelo poder central como é de verdade, retóricas à parte: uma colônia.

sábado, novembro 26, 2016

Os coxinhas vão pirar: FHC lamenta a morte de Fidel Castro



Por Fernando Henrique, em sua fanpage

A morte de Fidel faz recordar, especialmente a minha geração, o papel que ele e a revolução cubana tiveram na difusão do sentimento latino-americano e na importância para os países da região de se sentirem capazes de afirmar seus interesses.

A luta simbolizada por Fidel dos ‘pequenos’ contra os poderosos teve uma função dinamizadora na vida política no Continente. O governo brasileiro se opôs a todas as medidas de cerceamento econômico da Ilha e, desde o governo Sarney até hoje as relações econômicas e políticas entre o Brasil e Cuba fluíram com normalidade.

Estive várias vezes com Fidel, no Brasil, no Chile, em Portugal, na Argentina, em Costa Rica etc. O Fidel que eu conheci, dos anos noventa em diante, era um homem pessoalmente gentil, convicto de suas ideias, curioso e bom interlocutor.

Os tempos são outros hoje. Do desprezo altaneiro aos Estados Unidos, Cuba passou a sentir que com Obama poderia romper seu isolamento. As nuvens carregadas de Trump não serão presenciadas por Fidel. Sua morte marca o fim de um ciclo, no qual, há que se dizer que, se Cuba conseguiu ampliar a inclusão social, não teve o mesmo sucesso para assegurar a tolerância política e as liberdades democráticas.

Junto com meu pesar ao povo cubano pela morte de seu líder, quero expressar meus votos para que a transição pela qual a Ilha passa permita que a prosperidade aumente, mas que se preserve, num ambiente de liberdade, o sentimento de igualdade que ampliou acesso à educação e à saúde.

terça-feira, novembro 08, 2016

A crise conjuntural pode aprofundar e tornar-se cancerosa



Por Raimundo Favacho*

A dívida pública: FHC 60,38%, LULA: 33,60%

A PEC 55, que tramitou na Câmara como PEC 241, impõem sacrifícios aos mais pobres para “engordar os mais ricos”. 

Digo isto porque os argumentos em defesa dessa lei são falaciosos e fazem uma inversão dos conceitos público/privado, quando se trata de investimentos versos resultados, considerando que nos últimos 14 anos, a economia cresceu com investimentos públicos nas grandes obras efetivadas pelo setor privado e que, consequentemente, tivemos melhores resultados em relação ao que se praticava nos 8 anos do governo do PSDB de Fernando Henrique. Todavia, isso se deu com o controle do Estado que é guardião da sociedade.

Estão transformando a crise conjuntural em crise “cancerosa” e o reflexo da intensificação da crise política intencional, ajudou aprofundá-la. As medidas amargas de “austeridade” fiscal vai retomar o desastre do governo tucano, já que essas medidas têm a mesma dosagem que eles adotaram de 1994 a 2002, pondo em risco um projeto de inclusão social e econômico que daria ao país a condição de estar inserido entre as seis maiores economias do mundo. 

Nunca em nossa História, o Brasil foi protagonista dos debates econômico-político e social como nos últimos 14 anos e o novo rumo adotado pode mudar, negativamente, esse protagonismo.

Há um cenário teatral armado que enterrou Aécio Neves, vai sepultar Temer e, talvez, ressuscitar FHC para ser o “ator principal dessa peça, já articulado por alguns interlocutores do tucanato e veiculado nas mídias esse desejo insano para a consolidação de um segundo ato da implementação do neoliberalismo, começado por Collor e continuado na era FHC. 

Como vão explicar ao povo o desastre por terem quebrado o país três vezes?

Como diz Chico Buarque “quando chegar o momento esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro”. 

Não é difícil demonstrar que eles estão tentando inverter os fatos. É só consultar os dados oficiais, através do banco central e DIEESE, por exemplo, que chagamos à verdade.

Com FHC, a paridade do real diante do dólar “explodiu” e o salário mínimo não chegou a US$100.  “A dívida pública era de R$ 153,162 bilhões, em 1995, atingiu R$ 208,460 bilhões (29,54% do PIB), sete anos depois, em 2002, no final do mandato do tucano, saltou para R$ 892,291 bilhões (60,38% do PIB). 

Ou seja, a dívida pública cresceu na era FHC 482% em termos nominais e mais que dobrou, enquanto percentual do PIB (crescimento de 104,40%)”. Não há registro na história brasileira de um processo de endividamento público como no governo Fernando Henrique. Lula baixou os juros, reduziu significativamente a dívida e deixou de se curvar ao FMI.

Se aprovada a PEC, os “tubarões da educação mercantilista terão recursos públicos garantidos via parcerias público/privada e a concepção do ensino médio enquanto educação básica será convertida substancialmente a formar o aluno “cliente” para o mercado de trabalho em oposição aos preceitos constitucionais que objetiva, fundamentalmente, a formação do cidadão e preparo para o mundo do trabalho. 

Sem investimentos, o governo Temer vai atacar a CLT , intensificar esforços para reforma previdenciária e reduzir a investidura ao funcionalismo público através dos concursos, o que possibilitará a volta aos tempos do apadrinhamento.

É preciso, portanto, compreender que o país é maior que esse grupelho retrógado que quer, mais uma vez, inviabilizar as conquistas alcançadas pela sociedade brasileira e impor um modelo fracassado em muitos países europeus. Da mesma forma, o Estado brasileiro não pode ser reduzido a um mero repassador de recursos financeiros ao setor privado através de suas instituições financeiras com o aval dos poderes da República.

*Raimundo Favacho é professor da rede estadual de ensino do Pará.

quarta-feira, fevereiro 17, 2016

Jornalista da Globo que teve um filho como FHC diz duvidar de exame de DNA feito por ele



Na Folha

A jornalista Miriam Dutra, repórter da TV Globo durante 35 anos, indicou em entrevista à revista "BrazilcomZ" não acreditar em exame de DNA que mostrou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não é pai de seu filho Tomás Dutra Schmidt.

Embora FHC tenha reconhecido Tomás em 2009, testes de DNA feitos no Brasil e nos EUA revelaram que ele não é filho do tucano. "Eu acho que é mentira, porque eu só vi um documento, mas todo mundo pode enganar com um DNA", disse.

Segundo ela, o exame foi feito sem que ela soubesse e pediram para que Tomás não lhe contasse. Ela, porém, afirmou: "Ele já provou para a sociedade que não é dele. Eu acho que da minha parte não vou remover sepulturas para tentar rever isso".

Miriam afirma ainda ser mentira que FHC tenha reconhecido Tomás como filho. "Essa história de que veio aqui em Madri é tudo mentira! Nunca vi nenhum documento."

Questionada sobre FHC manter relação com Tomás, Miriam diz que "agora tem" e confirma que o ex-presidente pagou estudos de Tomás. Procurado, FHC não foi encontrado.

A jornalista também faz críticas à TV Globo, da qual afirma ter se desligado agora. A reportagem não conseguiu contato com a emissora.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

A nova esposa de FHC e um imóvel de 950 mil reais em Higienópolis



Por Renato Rovai, em seu blog na Revista Fórum

No dia 2 de dezembro do ano passado, a nova esposa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Patrícia Kundrát, 39 anos, firmou a compra de um apartamento de 150 metros de área total localizado no bairro de Higienópolis, na altura do número 700 da Avenida Angélica.

O compromisso foi oficializado no 14º Tabelião de Notas, o Cartório Vanpré, localizado em Pinheiros. E o valor da compra foi de 950 mil reais.

A negociação foi intermediada por uma imobiliária de Higienópolis cujos serviços o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já utilizou em outras ocasiões. Durante o processo de escolha, FHC visitou os apartamentos junto com Patrícia.

Além de FHC, também esteve no imóvel escolhido por Patrícia uma das filhas do ex-presidente.

Patrícia não pretende se mudar para o novo apartamento. Ela deve continuar morando com FHC no imóvel de 450 metros na Rua Rio de Janeiro, também em Higienópolis, que o ex-presidente comprou de um banqueiro quando deixou a presidência da República. A história da compra deste imóvel é abordada pelo jornalista Luís Nassif neste post.

Patrícia é considerada uma mulher discreta. Ela assessora o ex-presidente no seu Instituto e o conheceu lá quando ainda trabalhava como assistente de Sérgio Fausto, um dos diretores executivos da instituição. Uma reportagem da Folha de S. Paulo de 2014 permite entender melhor a história do casal.

No mercado imobiliário, a compra deste apartamento foi tratada como um presente de FHC. O casal assinou numa cerimônia discreta um contrato de união estável com separação de bens no início de 2014. Presentear Patrícia com este imóvel teria sido uma decisão do ex-presidente para deixar algo em vida para a nova esposa.

A negociação, porém, ocorreu com um cheque administrativo de Patrícia e por isso não é possível saber se os recursos que viabilizaram a compra foram de uma doação de Fernando Henrique. O blogue não tem condições de afirmar que o apartamento foi um presente de FHC.

Além disso, não há ilegalidade em Fernando Henrique Cardoso presentear sua atual esposa. E ele, ao que parece, teria condições de fazê-lo.

Ele e Lula são palestrantes e além disso recebem aposentadorias mensais. O valor das palestras de Lula era até o ano passado maior do que as de FHC, que, no entanto, também não costuma cobrar valores desprezíveis das empresas e instituições que lhe procuram.

Lula cobrava aproximadamente 100 mil dólares e FHC 50 mil dólares para eventos internacionais. Em eventos nacionais os valores de ambos são menores.

O ex-presidente, que tem fama de pão duro, teria procurado muito até achar este apartamento da Avenida Angélica. A pechincha para que o negócio fosse fechado também teria sido grande. Sendo que todo o processo de compra foi conduzido pelo advogado de FHC.

PS: O blogue tem o exato endereço do apartamento, o nome da imobiliária e até dos vendedores, como outros dados que são públicos. A decisão de não publicá-los é somente editorial.

sexta-feira, janeiro 15, 2016

Os vendilhões da indignação e a auditória da dívida pública

A notícia do dia foi que a presidente Dilma Rousseff vetou a proposta apresentada pelo PSOL para que fosse realizada uma auditoria da dívida pública federal, com a participação de entidades da sociedade civil. Só que muita gente acaba reproduzindo o que a mídia e a oposição dizem e escondem o que significa os termos que fazem parte deste debate que poucos conhecem a fundo ou sabem explicá-lo para a população.

Via Samba do Avião, sob o título "Os vendilhões da indignação".

Somos um país, talvez um planeta de indignados. "É um absurdo" é das frases mais comuns; uma charge argentina de alguns anos atrás mostrava um casal: um lendo alto no jornal sobre o cometa Shoemaker-Levy, que explodiria sobre Júpiter com a força de dez mil bombas atômicas. O outro responde: "Absurdo! Cadê o governo que não faz nada!?"  Alguém dirá que é melhor do que o conformismo, mas essa indignação fácil não é ativa, não é direcionada. Não é, em outras palavras, em nada diferente do conformismo. E é vendida, ativamente, o tempo todo, além de ser reforçada "digrátish" pela internet. Dois exemplos brasileiros:

A Folha anuncia Roupa doada a vítimas das chuvas em Paraitinga vai parar no lixo. Lendo a matéria, entende-se que 

A) Como a tragédia teve repercussão nacional e S. Luís do Paraitinga é minúscula, as roupas foram em quantidade muito maior do que a suficiente para cada morador de lá ter um closet maior do que o da Angela Merkel. 

B) As roupas em excesso, após a distribuição, foram endereçadas a vários galpões de empresários que se voluntariaram para encaminhá-las a entidades assistenciais em outras plagas.

C) O galpão em que as roupas apodreciam encaminhou a roupa que estava em boas condições para uma entidade de Campinas, e não conseguiu foi achar jeito hábil de se livrar das roupas já rotas, sujas, ou já mofadas. 

Em resumo, é uma não-notícia. Talvez pudesse ser notícia "parte das roupas doadas a S. Luís do Paraitinga estava em mal estado." Mas é claro que isso não alcançaria a indignação fácil no mesmo nível da sugestão de que roupas doadas mofaram ao invés de ser entregues a seus destinatários de direito, reforçando a percepção de corrupção generalizada e que, por sua própria onipresença, leva ao desânimo, não à ação. (A Folha não menciona, por supuesto, nessa ação de desinformação, o partido da prefeita de SLP. Ganha um bico esponjoso e colorido quem adivinhar.)

Na outra ponta do espectro político, uma imagem recorrente nas correntes de email, facebook ou twitter da esquerda brasileira é esta aqui:


Olhem que estarrecedor! Quase a metade do orçamento brasileiro vai para o pagamento dos juros da dívida - ok, e amortizações, que devem ser outra variedade de juros em tecniquês. De qualquer jeito, é evidente que o governo títere dos bancos, se quisesse, poderia declarar a moratória, ou a redução dos juros, e incontinenti sobraria dinheiro para saúde, educação, e tudo o mais.

Pois bem, a imagem mente que nem uma matéria da Folha sobre São Luís do Paraitinga. "Amortizações" se refere à rolagem da dívida. Explicando: a dívida brasileira não é como uma dívida que tenhamos no banco, mas sim uma massa imensa de dívidas e títulos. Como o Brasil não tem superávit nominal, à medida que estes vão vencendo, são pagos e contrata-se igual quantidade de dívida, por mais 1, 2, 4 ou 20 anos. A isso chama-se "rolagem," e o efeito total no dinheiro disponível é zero. Para fazer a conta refletida no gráfico acima, integraram os pagamentos de juros - o dinheiro gasto efetivamente - e a rolagem ("amortizações"). Pôr a rolagem na conta de gastos é, mal comparando, como se você não pagasse a conta integral do cartão de crédito e contasse tudo que ficou devendo como gasto mensal, ao invés de apenas o que está pagando.

Ora, um gráfico equivalente da receita federal teria, pela mesma lógica, que incluir a dita cuja. Em outras palavras teria como maior fonte de receitas, com proporção similar à das despesas, "empréstimos bancários." Para ficar claro: ainda que decretasse uma moratória, com todos os efeitos negativos dela consequentes, o governo não teria quase o dobro do dinheiro de que dispõe, mas uns 10% a mais. A proporção do orçamento brasileiro gasta com juros da dívida é alta e vergonhosa, mas não chega nem à metade daquela mostrada nesse gráfico, e assemelha-se àquela gasta com a previdência.  Tentando explicar de outro jeito: o Brasil não está pegando 100 mariolas de imposto e dando 40 pros bancos. Ele está pegando 65 mariolas de imposto, 35 mariolas emprestado dos bancos, e pagando 40 mariolas pros bancos. Se declarar a moratória, como não vai ter mais banco dando dinheiro, ele não fica com 40 mariolas a mais, fica com 5. (Isso num ano normal; ano passado, com nada.)

É até uma questão de não subestimar a inteligência alheia nem crer na maldade abnegada: se a proporção fosse essa mesma, qualquer governante declararia a moratória, dobraria o orçamento disponível com uma canetada, e instauraria um Reich de mil anos. Dilma, Lula, e FH seriam não apenas perversos, mas perversos dispostos a sacrificar o próprio poder (e riqueza, se quiser ir por esse lado - imagine a Odebrecht com um orçamento da União dobrado) pra ferrar com o país.

Não que eu imagine, pela grita sobre a diminuição dos juros da poupança, que boa parte das pessoas de classe média que repassa esse gráfico, detentoras de poupanças e fundos de renda fixa, ficasse assim tão feliz com a moratória, ou mesmo queda acentuada dos juros (esta sim sendo uma excelente ideia). Ou alguém acha que na Suíça se ganha 6% ao ano em aplicação segura? Ou que os próprios títulos não estariam incluídos na tal moratória, e sim só os "dos ricos" (que sempre são os outros). Mas não seria só a classe média que sofreria os efeitos dum calote. A quebradeira bancária teria efeitos negativos em toda a economia do país - o que reduziria as receitas tributárias, anulando a vantagem de economizar as atuais despesas com juros. Nunca é demais lembrar: ao contrário do Equador ou da Grécia, no Brasil a maior parte da dívida é interna, não externa. É devida a instituições e pessoas brasileiras.

E pra deixar claro: em termos econômicos, a "auditoria cidadã," que é vendida como uma redenção da pátria que anularia a dívida contraída por meios escusos, seria apenas um calote com motivação política. Não estou dizendo que não houve dívida contraída por motivos escusos (segurar o dólar em 1998 pra reeleição foi no mínimo eticamente questionável), mas que a auditoria é tanto desnecessária quanto irrelevante. (E sinceramente, quem divulga o gráfico acima não é confiável. Ou entende como funciona dívida pública, e acha que os fins justificam meios desonestos, ou não entende.)

Primeiro a irrelevância: não sei se fui claro ao descrever a rolagem. O que ela significa é que a dívida que estamos pagando hoje NÃO é a dívida contraída por FH, Itamar, Collor, ou mesmo Lula, em sua maior parte. São papéis relativamente novos, contraídos para pagar a dívida que vencia. De novo a analogia do cartão de crédito (vamos ver até onde dá pra forçar sem que ela quebre): pense numa pessoa que tem dois cartões de crédito, e usa um para pagar o outro. Dizer ao banco Mansa Musa que a compra feita no banco Maeda estava errada, quando você só sacou dinheiro no banco Mansa Musa, vai fazer com que este perdoe a sua dívida? Agora imagine que não tem só Maeda e Mansa Musa nessa cadeia, mas entre eles o Fugger, o Médici, a Mendes, uns trocentos elos. Por que o banco com quem você pegou dinheiro ontem, pra pagar a dívida de antes de ontem, perdoaria essa dívida se você demonstrar que láaaa atrás a dívida original era ilegítima?

E a desnecessidade, que é até mais importante: se não se preocupar com os efeitos econômicos, o Brasil não precisa de absolutamente auditoria nenhuma para pagar a sua dívida soberana. É isso que "soberano" significa. O Brasil é um país independente, e os tempos das canhoneiras européias estacionadas no porto para forçar pagamento (o Haiti sofreu bastante com isso) estão no passado. Se Dilma quiser declarar moratória (o nome técnico pro que se chama de calote, e o resultado almejado de uma auditoria cidadã), pode fazer isso porque sim. Porque acordou de mau humor. Como forma de performance artística, chamando a Marina Abramovic pra ler o decreto.

E as auditorias na Grécia e no Equador? Bem, elas demonstram o ponto: as duas não foram absorvidas pelo mercado de dívida como algum tipo de perdão bancário, mas como calote. Os juros pagos subiram após essa moratória parcial. A denúncia das condições escusas das quais se originou o endividamento, do sistema-mundo iníquo, não vão sensibilizar o coração de quem importa, que é o dono da dívida. Ela pode servir, no máximo, como justificativa política para uma moratória - que, de novo, o país pode fazer sem nenhuma auditoria, no dia que quiser. O problema é que o Brasil já quis, mais de uma vez, e em nenhuma dessas vezes o resultado final foi lá tão bom (lembrando de novo que o gasto público com a dívida não é de 40% do orçamento, e sim abaixo de 10 - e ano passado foi zero). A última foi em 1987, sob o Sarney. Sim, aquele Sarney. Não que uma moratória seja sempre a pior opção - na Grécia, ou na Argentina, recentemente houve crises de dívida realmente insustentável. Mas quem fala em auditoria da dívida tem que ter em mente que o efeito econômico, qualquer que seja a justificativa política, é complicado.

A auditoria da dívida é sedutora porque lida com duas narrativas da simplicidade. A primeira é o diagnóstico: não aconteceu uma situação complexa e difícil de entender pra se chegar aonde estamos, o que aconteceu foi que homens maus nos feriram, e depois que os denunciarmos, os exorcizarmos, jogarmos um balde de água na cara deles até que derretam, vamos nos redimir. A segunda é o prognóstico: pra resolver a situação, não precisamos de resolver problemas complicados. Não há interesses divergentes, entre os bons, para serem conciliados. Depois de denunciarmos e pisarmos nos maus, todos os bons viverão felizes  na Cocanha. (Sim, dobrar o orçamento federal sem nenhum efeito negativo daria uma bela duma Cocanha.) É sedutor, mas - como o gráfico de pizza, como a maioria das soluções simples - é mentira.

PS O faq do movimento auditoria cidadã tem esta pequena resposta à questão da rolagem:

MENTIRA. Frequentemente, pessoas ligadas ao governo afirmam que parte destes 40,3% seria apenas “rolagem” ou “refinanciamento” da dívida, ou seja, o pagamento de amortizações (principal) da dívida por meio da emissão de novos títulos (nova dívida). Portanto, isto seria apenas uma troca de títulos velhos por novos, não representando custo para o país. Porém, a recente CPI da Dívida realizada na Câmara dos Deputados revelou que grande parte desta “rolagem” ou “refinanciamento” contabilizada pelo governo não representa pagamento de principal, mas sim, o pagamento de juros. Portanto, a capacidade de endividamento do país está sendo utilizada para pagar juros e encher o bolso dos bancos, ao invés de, por exemplo, financiar a melhoria da saúde, educação, transportes, etc. 

Bem, ela é confusa, na melhor das hipóteses. Dizer que é rolagem não significa dizer que se está pagando o "principal" da dívida (de novo, não há um principal no sentido de uma dívida privada). Não é um julgamento de valor, como o embutido nessa resposta, mas uma definição da coisa. Significa dizer que o dinheiro para esse pagamento está vindo de novos empréstimos, e não de impostos arrecadados, só. Nem foi necessária pra ver isso a CPI da dívida - que, aliás, já fez basicamente o que uma auditoria teria para fazer, com todos os recursos do Congresso. O relatório está aqui. As informações sobre a dívida não são secretas, podem ser consultadas na internet a qualquer momento, o que faz da invocação da CPI um artifício retórico, assim como falar da saúdeeducação.

PPS Repetindo: já foi feita auditoria da dívida, pelo Congresso Nacional, eleito pelo povo (pode ser uma bosta a democracia, mas inda não achei a opção melhor), com todos os seus recursos. O pedido de outra "auditoria," por gente que parece pouco disposta a fazer perguntas e mais a apresentar respostas prontas, é antes um pedido de moratória versão apito de cachorro. Nada contra - mas que se apresente, ao invés de meias verdades, os prós e contras reais de uma moratória.

quarta-feira, janeiro 06, 2016

Para vice-líder do governo, pesquisa da CUT pode dar munição à oposição



O vice-líder do governo Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados, Silvio Costa, afirmou ser "preocupante" a pesquisa encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que aponta a rejeição de mudanças na Previdência Social por 90% dos brasileiros. Na avaliação do parlamentar, o levantamento "pode dar munição à oposição irresponsável".

"A CUT tem o direito de fazer a pesquisa que quiser, mas acho que deveria ter discutido com o governo os termos. Trata-se de uma questão muito séria", disse. "Na discussão das pautas bombas, o que se viu? A oposição votou pela derrubada do fator previdenciário, mas Dilma vetou porque ela é uma estadista, não pensa na próxima eleição, pensa na próxima geração”, acrescentou.

O congressista disse ter "muita curiosidade de conhecer o tipo de pergunta que foi feita nesta pesquisa". "Se você perguntar a qualquer cidadão se ele quer perder direitos adquiridos, a resposta será não. Outra questão é contextualizar. Se você disser que a previdência tem um rombo de R$ 120 bilhões, a pergunta poderia ser diferente. Se não se fizer a reforma, amanhã você corre o risco de não receber salário, como aconteceu na Grécia e na Espanha, você é a favor ou contra a reforma?", sugeriu o deputado.

Para Sílvio Costa, "a pesquisa traduz um sentimento geral de qualquer ser humano em não querer perder direitos". "A diferença é o que é preciso fazer para garantir os direitos adquiridos. É muito sério o tema", disse, ele, conforme relato do Blog do Jamildo.

O deputado defende que se leve mais informações às pessoas, e citou como exemplo a diferença entre os regime próprio dos servidores públicos e o regime geral, da iniciativa privada. "No primeiro, dos servidores federais, um milhão de aposentados gera um rombo de R$ 60 bilhões por ano. No regime geral, privado, 30 milhões de brasileiros geram um rombo de R$ 65 bilhões", comparou.

O congressista alertou para o crescimento populacional e também para o problema das aposentadorias rurais. "Não se pode isolar as aposentadorias urbanas e as rurais. Isoladamente, somente com as aposentadorias urbanas, ela é superavitária, mas é preciso pagar a conta das aposentadorias rurais, criadas com a Constituição de 1988", acrescentou.

Sílvio Costa criticou a oposição. “Não dá para aplaudir os Arnaldo Faria de Sá ganhando voto fazendo demagogia com os aposentados. É a oposição brasileira, irresponsável. O FHC criou o fator previdenciário e se não fosse ele o rombo não estaria em R$ 125 bilhões, mas em R$ 200 bilhões por ano.

terça-feira, dezembro 15, 2015

Pará da insegurança: Assassinato de PM gera comoção e outras mortes em Santarém

Sílvia morreu aos 44 anos de idade, 20 destes dedicados à policia. Outras pessoas também foram baleadas e morreram após a sua morte, mas poucos se importarão, afinal vivemos em um Estado sem lei, justiça e segurança, onde prevalece a impunidade e a barbárie.

Por Diógenes Brandão

A morte da subtenente Sílvia Margarida Lima Sousa, mãe de dois filhos, um de 8 e outro de 14 anos, ocorrida na manhã de ontem (14), chocou não só o município de Santarém, localizado na região do baixo Amazonas, mas todo o Estado do Pará. Além dela, seu marido e três irmãos também são policiais.

Silvia cantava no coral de uma igreja católica, onde ocorrerá seu velório, nesta terça-feira (15). Após a sua morte, outras pessoas foram mortas na periferia de Santarém (Leia aqui).

Os crimes que sucederam o assassinato da policial tem muita semelhança com outros praticados em Belém, capital do Estado do Pará, onde toda morte de agentes da policia é retaliada com a matança aleatória de pessoas em bairros pobres, geralmente inocentes que nada tem a ver com a criminalidade, conforme já foi comprovando na maioria destes casos. (Leia Guerra entre milicianos e assaltantes retoma o terror e a violência em Belém)

Não precisamos de muita imaginação para supor que seus colegas de farda mataram alguns "suspeitos", na busca pelos responsáveis pelo crime cometido contra a policial. A vingança, neste tipo de caso, já se tornou comum em nosso Estado.

A CAÇADA

Um homem de 35 anos, foi preso no município de Rurópolis. Railson Bentes de Lira é suspeito de ser o autor do tiro que acertou a cabeça da policial e tirou sua vida. Vários policiais de Belém e cidades próximas se dirigirem para Santarém, onde um forte aparato de segurança está sendo montado para o suspeito prestar seu depoimento na delegacia da cidade. A mega ação do Sistema de Segurança Pública do Estado, lembra o ditado popular: "Depois da casa arrombada.."

Cenas do local próximo ao crime cometido contra a PM foram registrado por uma câmera de vídeo. No entanto, as apurações jornalísticas dos dois maiores veículos de imprensa do Pará, não batem. O jornal Diário do Pará diz que a policial reagiu e quis evitar um assalto a uma farmácia. Já OLiberal afirma que ela foi assaltada e morta com sua própria arma. 

O fato concreto é que nas cenas que estão em poder da polícia civil é possível ver dois homens montados em uma moto e conforme relatos coletados, a vítima foi alvejada e faleceu a caminho do hospital. Antes de fugirem, os assassinos levaram sua arma, o que configura a suspeita de latrocínio, o que não descarta outras linhas de investigações que a polícia está levantando.

Os motivos dos outros baleamentos e assassinatos, ocorridos logo após a morte da policial, continuam sendo um mistério e os corpos deverão ser enterrados pelos seus familiares, sem chamar muita atenção da mídia local, pois independente de quem eram, o que faziam e quem os matou, tudo o que importa agora, para a maioria dos órgãos de segurança e da imprensa, é falar da morte, cruel e inaceitável da policial, até que outra aconteça e mais outra e mais outra.

Enquanto isso, internautas usam as redes sociais para fazer entre outras perguntas: Por onde anda o governador Simão Jatene? Ele já teria ele voltado do encontro com FHC, Aécio Neves e a cúpula nacional do PSDB, onde debateram a polêmica tentativa de impeachment contra Dilma?

terça-feira, novembro 03, 2015

17 anos depois, mensalão tucano continua parado na Justiça de Minas Gerais

O mensalão tucano, mais antigo e considerado um embrião do mensalão petista, é apontado pelo Ministério Público Federal como um esquema de desvio de R$ 3,5 milhões (cerca de R$ 14 milhões, corrigidos) de empresas públicas mineiras para financiar a fracassada campanha de reeleição de Eduardo Azeredo, em 1998.
Na Folha

Nada mudou no processo do mensalão tucano contra o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) desde março de 2014, quando foi enviado do STF (Supremo Tribunal Federal) à Justiça de Minas Gerais.

A ação já saiu do Supremo pronta para julgamento, mas demorou um ano até chegar às mãos da juíza substituta da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Melissa Pinheiro Costa Lage. Na última sexta (30), o caso completou sete meses em suas mãos à espera de sentença.

O mensalão tucano, mais antigo e considerado um embrião do mensalão petista, é apontado pelo Ministério Público Federal como um esquema de desvio de R$ 3,5 milhões (cerca de R$ 14 milhões, corrigidos) de empresas públicas mineiras para financiar a fracassada campanha de reeleição de Eduardo Azeredo, em 1998.

Em 2014, ele era deputado federal e renunciou ao cargo para que o processo voltasse à primeira instância, onde é possível um número maior de recursos. Com 67 anos completados em setembro, Azeredo chegará aos 70 em 2018, quando as acusações apontadas pela Procuradoria-Geral da República prescreverão e ficarão impunes.

Desde março, o ex-governador é diretor executivo da Fiemg (Federação de Indústrias de Minas) e tem um salário de R$ 25 mil. Ele e os outros réus do caso sempre negaram as acusações.

A assessoria do Tribunal de Justiça mineiro diz que o próximo passo que a juíza tomará no processo será a sentença. Desde março, ela tem frisado a extensão da ação, com 52 volumes, e diz que a decisão será tomada após a leitura de cada um.

Em comparação, o mensalão petista, cujo julgamento aconteceu em 2012 pelo Supremo, tinha 147 volumes.

Outro réu no mensalão tucano que tinha foro privilegiado e seria julgado no Supremo, o empresário Clésio Andrade (PMDB), renunciou ao Senado em julho de 2014.

O processo de Clésio também está na 9ª Vara e pouco avançou –ainda falta ouvir uma testemunha de defesa e o próprio empresário.

O depoimento do ex-senador estava marcado para julho, mas ele faltou à audiência sob a alegação de que só compareceria após o depoimento da última de suas testemunhas, que deve acontecer em dezembro.

O interrogatório do réu é a última fase do processo de instrução, e a juíza sabe disso", afirma Eugênio Pacelli, advogado de Clésio.

TERCEIRO PROCESSO

Um terceiro processo do mesmo caso com oito réus, incluindo o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado no mensalão petista, foi desmembrado em dois após pedido da defesa do ex-presidente do Bemge (antigo banco estatal de Minas Gerais) José Afonso Bicalho.

Bicalho é acusado de ter liberado verbas para empresas de Valério. Em janeiro, ele foi nomeado secretário da Fazenda do governador Fernando Pimentel (PT) e, por causa do cargo, pediu para ser julgado pelos desembargadores do Tribunal de Justiça.

Nesses processos, ainda falta ouvir os réus e as testemunhas de defesa. Bicalho também tem 67 anos.

Quando a denúncia desse terceiro processo foi aceita, eram 12 réus. Mas o ex-vicegovernador de Minas e ex-ministro Walfrido dos Mares Guia e o coordenador da campanha de Azeredo em 1998, Claudio Mourão, foram beneficiados com a prescrição ao completar 70 anos. Assim, numa conta que leva em consideração a data da acusação, não serão mais julgados.

O OUTRO MENSALÃO.

O MENSALÃO TUCANO - De acordo com o Ministério Público, foi um esquema ilegal para financiar a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas em 1998.

COMO FUNCIONAVA - A Procuradoria aponta desvio de dinheiro de banco e empresas públicas. O caso é similar ao mensalão petista: tem como elo o operador Marcos Valério, preso após ter sido condenado pelo STF.

A DENÚNCIA - A Procuradoria considerou que Azeredo teve papel no desvio dos patrocínios. No caso da Cemig, afirmou não haver provas.

O QUE ELE DIZ - Azeredo afirma que não só não autorizou como desconhecia qualquer repasse irregular para sua campanha.

O OUTRO MENSALÃO
Caso envolve político tucano e operador do mensalão petista.

sábado, outubro 31, 2015

Surto ou medo? FHC quer que Dilma arrume o Brasil e renuncie


Aos 84 anos e em um aparente um surto psicótico, o ex-presidente americano do Brasil, sugere que Dilma renuncie e em troca dê um jeito de negociar no Congresso uma arrumada no Brasil, para a tranquila volta do PSDB ao poder. Sonha, FHC, sonha!

Via Congresso em Foco, sob o título "FHC sugere que Dilma renuncie após aprovar reformas".

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sugeriu que a presidente Dilma Rousseff ofereça sua renúncia ao Congresso e, como moeda de troca, exija a aprovação de uma reforma no sistema eleitoral consistente e mudanças no sistema de Previdência Social. Em entrevista a rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (30), FHC defendeu que as medidas poderiam “criar um clima positivo” e devolver a governabilidade ao país.

“Como está em situação delicada, com baixa popularidade e dificuldades no Congresso, a presidente deveria dizer: me deem tais e tais reformas, para criar um clima mais positivo no Brasil, que eu saio. Na minha opinião, ou a presidente chama o país às falas e apresenta um caminho crível para governar, ou então deixa uma marca forte [a renúncia]. ‘Saio se aprovarem tais e tais coisas, uma reforma eleitoral, uma reforma da Previdência. Se fizerem isso [o Congresso], eu caio fora’”, recomendou.

O tucano ponderou a renúncia como a escolha menos custosa que a presidente poderia tomar neste momento. Segundo ele, o impeachment é um processo longo, “que paralisaria o país”. Também considerou negativa a hipótese de impugnação da chapa de Dilma e Temer em razão de possíveis más condutas com as contas de campanha de 2014. Para FHC, o ideal seria a saída de Dilma, com a consequente posse do vice-presidente.

“É fácil de falar, mas [o impeachment] tem custo elevado”, avaliou o ex-presidente.

Ele ainda disse que está disposto a encontrar a presidente para uma conversa, caso fosse convidado. “Diria à presidente isso que estou dizendo aqui: ou assume país de verdade ou vai perdendo oportunidades. A situação é calamitosa. Não é momento de pensar em termos partidários, mas, sim, em termos cívicos”, afirmou ele.

Quanto a presença do ex-presidente Lula nas decisões tomadas pelo governo, que conquistou cada vez mais influência com o agravamento da crise política e econômica, FHC criticou: “Atrapalha o poder da presidente. Ele [Lula] está se expondo muito. Não sou de jogar pedras no passado, reconheço que o ex-presidente fez coisas importantes para o país. Mas essa sombra não é boa nem para ele e nem para o país”. Leia tudo.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...