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quarta-feira, maio 19, 2021

‘Esquerda não pode mais se esconder no isolamento social’, diz André Constantine

Líder do Movimento Nacional das Favelas e Periferias exige posturas mais combativa da esquerda para derrubar Bolsonaro.

Por Camila Alvarenga, no Opera Mundi


No programa 20 MINUTOS ENTREVISTAS desta quarta-feira (19/05), o jornalista Breno Altman entrevistou André Constantine, líder do Movimento Nacional das Favelas e Periferias. O ativista falou sobre luta popular e a atuação da esquerda institucional no enfrentamento à pandemia e ao bolsonarismo.  

“A crise sanitária é alimentada pela crise política. Para superar a pandemia precisamos destruir o vírus que a nutre, que é o Bolsonaro. Ele não vai promover a vacinação em massa porque sabe que, uma vez que o povo esteja vacinado, tomaremos as ruas e a derrubada dele depende das ruas. Em segundo lugar, ele quer aprofundar o caos social, para que quando esse vulcão que é o Brasil entre em erupção, ele possa usar a revolta popular para implementar uma intervenção militar”, avaliou Constantine.

Por isso, para ele, a prioridade do momento é ir às ruas: “Só derrubaremos Bolsonaro nas ruas. A esquerda não pode mais se esconder no discurso do isolamento social. Isso é covardia. Isolamento social é um privilégio de classe, o proletariado e os favelados estão morrendo de tiro, covid e fome.

Precisamos convocar uma greve geral, protagonizada pela CUT e pelo PT”.  Constantine avalia a greve geral nacional como a verdadeira maneira de proteger a vida da classe trabalhadora, pois representaria um “lockdown” total. 



Por isso, ele criticou as manifestações que têm sido convocadas até o momento, como carreatas, “que são excludentes para quem não tem carro”.  

O líder do Movimento Nacional de Favelas e Periferias, que surgiu em 2020, reforçou que a esquerda não está fazendo o suficiente e que se encontra muito institucionalizada, afastada de sua militância e preocupada apenas com eleições.   

"A esquerda institucional eleitoreira deixou de disputar a sociedade e ficou cada vez mais conservadora. A esquerda classe média é tão conservadora quanto a direita, por exemplo com a questão do aborto. Com o proibicionismo, as mulheres não deixam de abortar, mas abortam em clínicas clandestinas e morrem", justificou.  

Essa esquerda da qual, na opinião de Constantine, forma parte o Partido dos Trabalhadores em alguns momentos, falha ao utilizar as eleições, “não como um meio para alcançar a revolução socialista, mas como um fim em si mesmo”. Assim, não realiza os debates nem as reformas necessárias, para não perder votos e legitimidade.  

“Estamos cansados de políticas de redução de danos, que melhora a situação, mas não a resolve. Fazem-se necessárias reformas e políticas de Estado permanentes, de médio a longo prazo, que contem com participação popular”, defendeu.    

‘PT se institucionalizou demais’  

Parte da crítica de Constantine foi dirigida ao PT. A seu ver, o partido falhou ao não renovar suas lideranças e institucionalizar sua militância, deixando de realizar trabalho de base.  

“Isso afetou as alianças no pleito eleitoral, porque elas já não são feitas dentro do campo ideológico, senão dentro do ponto de vista do pragmatismo, para continuar no poder”, ressaltou.  

“Isso não significa que as bases não legitimaram o governo, vencemos quatro eleições e venceríamos cinco se não tivessem feito o que fizeram com Lula. Mas faltou um trabalho de base para que a gente legitimasse o governo nas ruas. Deram o golpe contra Dilma com muita facilidade e prenderam o Lula com muita facilidade por causa disso”, ponderou o líder. 

Ele acredita que, a exemplo da Venezuela, a verdadeira base de sustentação do campo progressista é o povo, “e espero que a gente possa recuperar isso para ter as condições de realizar as reformas necessárias no país”.  

Por outro lado, Constantine reconheceu a importância da Campanha de Solidariedade à Fome do PT, “mas é importante que essa solidariedade socialista seja acompanhada de um trabalho político”.   

‘Lula é maior que o PT’ 

Constantine também comemorou a reabilitação eleitoral do ex-presidente Lula, como uma questão de justiça, afirmando que o fato também representou o retorno da esperança para muitas pessoas cujas vidas melhoraram graças às políticas sociais do PT.  

“A questão é que temos que entender que Lula é maior que o PT, então o PT não se preocupa mais com a formação de novas lideranças. O Lula não é eterno e tenho medo de que, quando ele morrer, fiquemos viúvos, como ocorreu quando morreu Brizola. Nenhum partido terá vida longa sem lideranças importantes”, refletiu o líder popular.  

Além disso, ele confessou temer que uma reeleição de Lula possa representar mais do mesmo: “Acho que seria tão conciliador quanto foi nos governos anteriores”. Prova disso, para Constantine, foi sua aproximação com o bispo Edir Macedo.  

“Do ponto de vista eleitoral entendo, mas é uma aproximação errônea. Por que o bispo Macedo está se aproximando? Porque ele também está descontente com o governo Bolsonaro e não é burro, vê as grandes chances de Lula ganhar. O que a gente tinha que fazer era disputar a massa de trabalhadores que está na igreja evangélica, porque as lideranças fazem o voto de cabresto e podem mudar de opinião rapidamente”, explicou Constantine.

Combate ao fundamentalismo religioso 

Constantine era pastor. Entrou em contato com a igreja após o assassinato de seu pai, envolvido com o tráfico de drogas, e se tornou padre até que “a leitura da Bíblia me liberou da igreja”.  

Ele contou que, ao ler sobre o dízimo, entendeu que este era recolhido na forma de doações de alimentos, não dinheiro, para ajudar viúvas e órfãos. “Quando fui falar com o pastor sobre isso, ele respondeu: ‘e daí?’. A partir daí forjei minha militância nas ruas, mas a leitura de Marx e Lênin me nortearam”, narrou.  

Por conta de sua trajetória, Constantine falou da importância de disputar espaços com grupos do fundamentalismo religioso, instrumentado pela direita, junto com as milícias, “para construir e consolidar um projeto político neofascista e neoliberal”.  

“Temos que atacar o crescimento econômico dessas organizações, que se dá por meio, não só da coleta do dízimo, mas de lavagem de dinheiro, no caso das igrejas. Temos que tomar muito cuidado com isso, porque o Rio de Janeiro é o laboratório dessa estratégia. Se funcionar, daqui duas décadas teremos a milícia controlando o território e a igreja controlando as mentes e corações”, alertou.  

Segundo ele, a esquerda falha em perceber que a igreja chega à população mais do que as organizações políticas, principalmente nas favelas e no sistema carcerário.  

“Tem um proletariado lá dentro e onde a esquerda não está indo, a igreja vai. Quem disputa a narrativa na favela, quem disputa a população carcerária? A igreja tem um papel de desmobilização muito grande, de estímulo à meritocracia e solução divina. Inclusive pessoas que se beneficiam de políticas públicas criadas pelo PT não atribuem ao partido sua melhora de condição, atribuem a deus”, concluiu Constantine.

quarta-feira, março 25, 2020

Com ou sem vírus e Bolsonaro: O que o futuro nos reserva?

As incertezas na Política, Economia e no destino que está sendo preparado para a vida no Brasil, pós-COVID-19 e outras ameaças.

Por Diógenes Brandão

Bolsonaro pode ser acusado de tudo, menos de burro e louco.

Com ou sem um plano, submete os três poderes constituídos no país e nos faz perguntar pra que servem as Forças Armadas, que através de instituições de excelência, como a Escola Superior de Guerra, formou e forma estrategistas de peso.

Mais do que parceiros e cúmplices, os chefes do poder legislativo, tanto da Câmara, quanto do Senado Federal, unem-se ao poder judiciário, representado pelos Ministros do STF, os famosos procuradores  do MPF, além de magistrados que decidem sobre a vida de milhões de brasileiros, sem nunca terem dado nenhuma declaração diante das câmeras e microfones interligados em uma transmissão em cadeia nacional.

A antes atuante Polícia Federal, dando legitimidade a tudo que o presidente e seus filhos falam e fazem nestes últimos 15 meses e meio em que chegaram ao poder, revela que todo aquele poder que Sérgio Moro teria, na verdade está limitado, sujeito e subalterno aos desejos do chefe do executivo, um homem repleto de milicianos e esquemas irregulares em mais de três décadas na política, mas que foi eleito como se fosse um outsider.

Culpar a família pelo establishment não me parece muito inteligente por parte de tanta gente que estudou mais do que o capitão e seus filhos, todos com notável dificuldade de comprovar leituras mais profundas em qualquer área do conhecimento, mas que submetem toda uma nação às suas estratégias e falas.

E antes que me perguntem: E o Lula, não era um Analfabeto?

Sim, um semi-analfabeto que também foi considerado um mito, populista, amado e odiado por muitos, só que nunca teve tanta proteção dos militares e do chamado Mercado para implantar mexidas tão radicais neste país, hoje à beira de uma recessão ou de um progresso econômico, que eu sinceramente não pretendo dizer qual nos surpreenderá, mas que pode nos educará, ou não, sobre qual o melhor caminho a seguir nas eleições gerais de 2022.

Qual o seu palpite?

domingo, setembro 08, 2019

Tourinho, Maneschy e Fiúza: da academia para a política partidária

Esquerda, direita e centro disputam a UFPA de olho nas eleições de 2022.


Por Diógenes Brandão

O sucesso do ex-reitor Nilson Pinto na política, com mandato federal a quase trinta anos, parece que tem servido de inspiração para outros inquilinos da reitoria da UFPA. Carlos Maneschy, que renunciou ao mandato de reitor em 2016 para disputar a prefeitura de Belém e hoje ocupa uma secretaria de estado no governo do MDB, tem boas perspectiva de futuro na política, haja vista sua grande visibilidade pública neste início de mandato de Helder Barbalho. Alex Fiuza de Mello, após dois mandatos de reitor, ocupou secretaria de estado em dois mandatos consecutivos do ex-governador Simão Jatene e, neste momento, começa a se movimentar no sentido de vir a ocupar espaço na política paraense. Emmanuel Tourinho, em véspera de concluir seu primeiro mandato como reitor, também dá sinais claros de que pretende alçar voos maiores na política. O confronto com o governo Temer e, agora, Bolsonaro sinaliza nesta direção.

Alex Fiuza de Mello neste momento acena abertamente na direção do governo federal de Jair Bolsonaro em textos articulados de apoio a políticas do governo brasileiro de extrema direita. Em seu texto mais recente, denominado “O dia da vergonha na republiqueta das bananas”, Fiuza defende como ato jurídico perfeito a transferência de Lula para a penitenciária de Tremembé em São Paulo. Ele dá sinais óbvios e ululantes de que busca uma “ponte” com o governo Bolsonaro, utilizando como meio o elogio à Operação Lava Jato. Alex Fiuza quer se constituir como uma liderança política no Pará. Neste caminho, ele deverá buscar aproximação com partidos como o “Novo”, PSC, PSL ou assemelhados e formar grupos políticos, sendo a UFPA um espaço importante nesta estratégia.

As eleições para a reitoria da UFPA se aproximam. O atual reitor está governando a universidade em claro confronto com as políticas do governo Bolsonaro, desagradando numerosos grupos de pesquisadores de direita localizados principalmente nos institutos da saúde, de exatas, biológicas e tecnológico. Desses pesquisadores, que gozam de respeito e prestígio na universidade e na sociedade, pode florescer uma alternativa antipetista para disputar a reitoria.

O atual reitor sabe que a probabilidade de ser nomeado pelo presidente Bolsonaro é próximo de zero. Tourinho vem agregando apoiadores na UFPA com posições públicas em defesa da liberdade de Lula e um forte discurso contra as políticas do governo Bolsonaro. Para tentar ampliar a chance de ser nomeado, Tourinho está tentado a acabar com as eleições diretas na UFPA e montar a lista tríplice com duas damas de companhia no Conselho Superior Universitário. Para isso, precisará convencer os conselheiros a quebrarem a tradição democrática da instituição e promoverem eleições indiretas no conselho, bem como anular eventuais reações das entidades sindicais e estudantis da UFPA.

Ainda que o reitor obtenha sucesso nessa estratégia, ele sabe da grande possibilidade de ser nomeado um nome de fora da lista tríplice pelo governo Bolsonaro. Mesmo sabendo disso, Tourinho aposta no caos e no confronto que viria a ser gerado pela nomeação de um “interventor” na UFPA, transformando-se em um mártir vivo e se credenciando a disputar as eleições de 2022 e 2024 pelo PT.

Os primeiros passos de Tourinho nesse sentido foram dados recentemente com a troca do comando do complexo hospitalar da UFPA, varrendo da direção dos hospitais universitários pessoas indicadas pelo ex-reitor Carlos Maneschy e abrindo espaço para contemplar os novos aliados petistas. Tourinho também já teria negociado a troca imediata de membros da administração superior para incorporar outros grupos petistas e do Psol em sua base de apoio.

Como revés, apesar de Carlos Maneschy e seu grupo apoiarem fortemente Tourinho, o ex-reitor tem um grupo estável na UFPA que poderá, neste processo de “esquerdização” da reitoria, buscar alianças em torno de uma candidatura mais ao centro político para suceder Tourinho.
Fiúza, Maneschy e Tourinho são estrelas de primeira grandeza da UFPA e que ensaiam movimentos em direção à grande política paraense. São nomes com estatura para construir novas alternativas políticas para o estado do Pará. Mas, antes disso, devem medir força nas próximas eleições para a reitoria da UFPA. 

Quem sairá vitorioso? 

Façam suas apostas!

sexta-feira, agosto 16, 2019

Entrevista: Lula detona Bolsonaro, Moro, Dallagnol e Globo. Veja na íntegra!



Por Diógenes Brandão

Em entrevista ao jornalista Bob Fernandes, pela TVE Bahia, o ex-presidente Lula falou sobre o presidente Jair Bolsonaro, o ministro Sérgio Moro e  o procurador Deltan Dallagnol. “Desde o dia que ele deu uma coletiva dizendo que não tinha provas contra mim, mas apenas convicções, o Conselho Nacional do Ministério Público tinha que ter tirado esse moleque”, disse o ex-presidente, em uma sala da Polícia Federal do Paraná.

Entre os principais trechos da entrevista, destacamos os seguintes:

Eu quero sair daqui com a mesma cabeça erguida que eu entrei. Eu não entrei de cabeça baixa, eu sei o que eu vim provar aqui. E eles podem ter certeza: se tem um velhinho que vai durar vai ser eu. 

Estou certo que a verdade vai vencer nessa história. Estou tranquilo.

O Moro está se mantendo porque a Globo sustenta ele. O Dallagnol não deveria nem existir porque ele não tem formação pra isso. 

O Bolsonaro foi o monstro que surgiu porque a Globo não teve coragem de lançar o Luciano Huck. Foi o “já que não tem tu, vai tu mesmo”. 

Eles querem criminalizar o PT por ser o maior partido de oposição no país.

Eu queria pedir desculpas por ter chamado o Bolsonaro de doido. Eu fui grosseiro com os doidos.

Eu provei que é possível consertar esse país. E fizemos isso colocando dinheiro na mão do pobre, com muita política social. 

Eu nunca conheci o Dallagnol porque ele nunca teve coragem de me encarar em uma audiência. Mas ele deve acordar todo dia e, primeiro, pedir a benção pro Moro. Depois se olhar no espelho e falar “espelho, espelho meu...”. É um narcisista. 

Se eu sair daqui eu não vou pra rua pra falar mal dos outros. Eu vou rodar o país levantando a auto estima desse povo. Se eles têm medo de mim, saibam que não vou me calar. E quero minha inocência. 

Aquele dono da Havan parece o Louro José com aquela roupinha dele. Qualquer dia a Ana Maria Braga pega ele e coloca em cima da mesa. Eu fico me perguntando onde estão os grandes empresários comprometidos com esse país?

Eu poderia ter saído do Brasil, tive muita oportunidade. Mas eu não quis. Eu quis ficar. Porque é daqui de dentro que quero provar que são eles é que são bandidos.

Por trás da criação da Lava Jato está entregar o petróleo do nosso país. 

Eu duvido que o general Villas Boas encontre nos anais das Forças Armadas alguém que cuidou mais da Defesa do que eu. Ele pode buscar nos arquivos do Planalto.

A sociedade não pode permitir que eles destruam nossas universidades. Educação não é gasto. É investimento.

O papel do Paulo Guedes é destruir a economia brasileira e transformar o Brasil em um completo vassalo dos EUA. Eu às vezes vou dormir e fico pensando: onde estão os militares nacionalistas?

Agora a gente tem um presidente que faz palhaçada o tempo inteiro. E o povo desempregado, o povo passando fome, o povo morando na rua. 

Essa gente não pode fazer com o Brasil o que estão fazendo. Quero saber quantos bilhões eles tiraram da boca do povo brasileiro destruindo a indústria naval e a da construção civil. Eles podiam ter prendido os empresários, sem quebrar as empresas.

A única coisa que eu espero é que esse país volte a ser uma nação que preserve o Estado Democrático de Direito. As pessoas precisam voltar a acreditar na Justiça.

Tem quatro pessoas que sabem que eles estão mentindo: Deus, eu, e os próprios: Dallagnol e Moro.

O Dallagnol fez aquele power point e não teve a coragem de ir em uma audiência. 

Não estou precisando de favor, estou precisando de justiça. Só quero que as pessoas leiam os autos do processo.


Veja a entrevista na íntegra!




quinta-feira, julho 25, 2019

A ira de Bolsonaro contra Miriam Leitão e a joboia que a Globo criou




Por Leandro Fortes*, sob o título Jiboias e outros monstros

Uma das coisas mais deprimentes que eu já vi Jair Bolsonaro fazer – e, olha, não é fácil fazer essa seleção – foi uma humilhação cruel e covarde contra o jornalista Matheus Leitão. Em um vídeo que circula, até hoje, pelo YouTube, Bolsonaro se regozija de ter usado uma entrevista solicitada por Matheus, filho da jornalista Miriam Leitão, para montar uma arapuca típica de milicianos.

Matheus, repórter de qualidade reconhecida e com passagem por diversos veículos de comunicação do País, estava em plena apuração do livro “Em nome dos pais”, onde conta a trajetória de Miriam e do pai, o também jornalista Marcelo Netto, quando ambos eram militantes do PCdoB, durante a ditadura militar. O casal foi preso e torturado, em 1972, no Espírito Santo. À época, Míriam estava grávida de Vladimir, o primeiro filho do casal.

Não li o livro, mas quem leu me deu referências de uma obra sensível, bem apurada e bem escrita.

Matheus foi ao gabinete do então deputado Jair Bolsonaro para ouvir, de viva voz, uma declaração anterior do empedernido nazista da Barra da Tijuca sobre a terrível tortura sofrida por Míriam Leitão. Grávida, foi colocada em uma cela junto a uma jiboia, cobra que mata suas presas por estrangulamento. Bozo, defensor da tortura e de torturadores, costumava – e ainda costuma – dizer que, no caso, teve pena da cobra.


Em um ato de coragem, Matheus foi à alcova de Bolsonaro ouvir, de viva voz, essa aberração. O então deputado aproveitou-se da ocasião não apenas reiterar sua opinião de psicopata, mas também para gravar Matheus e humilhá-lo nas redes. Um horror, enfim.

Assista o vídeo:


Vem o golpe de 2016. Míriam Leitão, depois de uma década agourando os governos do PT, não disfarça sua satisfação com o impeachment de Dilma e a traição de Michel Temer. Retoma, com mais vigor, o ativismo liberal em busca do sonho perdido de eleger, novamente, um tucano para a Presidência da República.

Sérgio Moro, juiz da Lava Jato, vira um herói do Grupo Globo. Homenageado com o prêmio “Faz a diferença”, passou a ser a alegria diária de Míriam e dos sedosos jornalistas da Globo News, do Jornal Nacional, da CBN e de O Globo.

Para completar, Vladimir Netto, o primogênito de Míriam, repórter da Globo, escreve um livro sobre a Lava Jato, na verdade, o evangelho segundo Moro, elevado, então, a herói, guru e tutor moral particular da família Leitão. Nada poderia dar errado.

Mas o antipetismo de Míriam e companhia não trouxe os tucanos de volta. Pelo contrário, tirou o monstro adorador de jiboias do pântano e o colocou no Palácio do Planalto. E Sergio Moro, o adorável biografado da família, virou ministro da Justiça da mesma besta fera que humilhou, covardemente, Matheus Leitão.

Ou seja, foi servir ao boçal que teve pena da cobra que poderia ter matado seu biógrafo, estrangulado, ainda na barriga da mãe.

Alguém viu a família Leitão bater em Moro por causa disso? Não, pelo contrário: até semana passada, a esposa do primogênito era assessora de imprensa do ex-juiz. Trabalhava para o governo do amigo da cobra que poderia ter matado seu futuro marido, antes de ele nascer.

Então, não me venham pedir solidariedade a Míriam Leitão por ela ter sido proibida de participar de um evento literário a pedido dos fascistas que elegeram Bolsonaro e adoram Moro como a um deus pagão.

Ela não é vítima, mas parte desse processo.

*Leandro Fortes é jornalista, professor e escritor brasileiro. Formado pela Universidade Federal da Bahia, foi repórter, em Salvador, da Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia e TV Itapoan. Em Brasília, atuou no Correio Braziliense e nas sucursais de O Estado de S.Paulo, Zero Hora, Jornal do Brasil, O Globo, revista Época, TV Globo e CartaCapital.

domingo, junho 16, 2019

Simão Jatene: O que pretendemos?



Por Simão Jatene*

Se preferir, escute o audio do artigo:


Amigas e amigos,  vivemos a semana sob fatos cujas revelações, independente de qualquer outra coisa, aumentam as dificuldades para superar a complexa crise na qual está mergulhado o País e que, tomando ares de “tempestade perfeita”,  parece não ter fim.

Mais uma vez, o mundo político surpreende a nação com vazamentos de informações, denúncias, hackers, manchetes sensacionalistas, teses sobre conspiração e tudo mais, desta feita, envolvendo renomados operadores da justiça, com participação e méritos inquestionáveis no desmonte do gigantesco esquema de corrupção revelado pela  Lava-Jato.   

Os fatos nos colocam diante de uma incomoda realidade, que  muitos insistem em reduzir a uma disputa entre: “esquerdistas x direitistas”; Bolsonaro’s x Lula Livre; corruptos e moralistas. Aliás, maniqueísmo que, lamentavelmente, parece ter se tornado condição primeira para o debate de qualquer coisa no País. Como se já não tivesse sido suficiente a triste experiência de reduzir tudo a rótulos desbotados, que fundamentaram um caricato e trágico “Nós contra Eles”,  que pautou e anestesiou o Brasil nos últimos anos, contribuindo para esconder a proliferação de práticas  e esquemas, cujos prejuízos vão muito além do gigantesco assalto a recursos públicos.   

Sem pretender apresentar respostas ou fazer síntese de tempos tão complexos, creio que é chegada a hora de reconhecer que, pra muito além das simpatias ou antipatias pelos personagens que estão na ribalta, e os conceitos e pré-conceitos aos quais recorremos pra defender nossas ideias, vivemos as consequências de uma sociedade que, tendo se construído valorizando uma espécie de “saber cínico” em detrimento do “saber cívico”, fragilizou a CONFIANÇA enquanto princípio civilizatório, cristalizando um baixo sentimento de pertencimento coletivo, que dificulta a construção de um pacto social moderno, e reproduz um padrão de pobreza e desigualdade que exclui milhões de brasileiros do acesso a direitos mínimos.   

Tratando a transgressão carinhosamente como “jeitinho”, nos vangloriamos de uma esperteza que, por décadas e séculos, nos permitiu não encarar as reais necessidades de mudanças no País. Usando a velha  tática de “mudar pra manter”, acabamos consolidando uma relação promíscua entre o privado e o estado, o qual, ciclicamente, faz maiores ou menores concessões para  manter  os privilégios das minorias, que se alinham e realinham sem qualquer escrúpulo, apenas para controlar  governos e manter o poder.   

Consequentemente, respeitando as opiniões divergentes, acredito que insistir em reduzir tudo à disputa entre “nós e eles”, sejam quem for os “nós” e quem são  os “eles”, se como estratégia eleitoral pode ter eficácia, nem de longe serve para entendermos o que estamos vivendo, e menos ainda iluminar um caminho que nos leve a refundar um País, cujo os pilares dão nítidos sinais de obsolescência, inclusive, para enfrentarmos os desafios de um mundo em acelerada transformação.   Entendo que uma sociedade é tanto mais moderna quanto mais o cidadão não precisa de limites externos porque ele é capaz de se impor limites, e essa tem que ser uma regra pra todos. Entretanto, essa relação inseparável entre direitos e deveres, no Brasil, sempre foi relativizada e completamente subordinada a interesses particulares - haja vista a montanha de privilégios que travam nossa sociedade e foram protegidos pelo controle do acesso a informação, que, só através das mídias sociais, começa alcançar a maioria da população.    

Pretensiosamente,  julgamos possível  ingressar no século XXI  sem passar pelo XX, mantendo traços e práticas coloniais, o que acabou por expor e aguçar  nossas profundas contradições.   Num cenário  partidário pobre de ideias e ideais, e com baixa representatividade, surgem e dispersam,  grupos sociais variados  que se formam em torno de sentimentos diversos que vão de um genuíno desejo de melhorar o País; passam pela ingênua ou manipulada necessidade de fabricar heróis que amenizem culpas; e chegam até os oportunistas de sempre, que sem qualquer limite ou escrúpulos, não perdem oportunidade para tirar proveito das mazelas de uma sociedade exaurida, onde a intolerância cresce na razão  direta que  se fecham saídas.    

São tempos difíceis que impõe  recuperar o Brasil maior que qualquer poder, partido, opção religiosa, instituição ou liderança e recompor uma agenda nacional transparente, que aglutine o maior conjunto de grupos e forças, fugindo  as tentações messiânicas ou despóticas, e cobrando que os poderes e instituições cumpram seus papéis sem invencionices, ainda que tenhamos que purgar por nossas ações e omissões.   

Nesse cenário, só nos cabe enfrentar com serenidade e firmeza o desafio de preservar o valor inestimável de manter o “império das leis”, garantindo direitos, mas sem recuar um milímetro no processo de apuração dos crimes cometido por centenas de envolvidos na Lava-jato, alguns, inclusive, cujos sinais de enriquecimento ilícito, além de ressaltarem uma impunidade que precisamos abolir definitivamente,  se constituem   um verdadeiro escárnio para as pessoas que não desistem de acreditar em  valores fundamentais para a construção  de uma sociedade melhor.  

*Simão Jatene é economista, professor universitário, músico e foi governador do Pará por 03 mandatos.

sábado, maio 25, 2019

#CaravanaLulaLivre traz Haddad ao Pará e mostra força das universidades contra Bolsonaro

Fernando Haddad e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, no ato em defesa da Educação superior na Amazônia, realizado na UFOPA, na manhã desta sexta-feira, 24. Foto: Ricardo Stuckert.

Por Diógenes Brandão

A passagem do ex-ministro da Educação e candidato do PT à presidência do Brasil, em 2018, o paulista Fernando Haddad pelo Pará foi marcante para a comunidade universitária da UFPA, que lotou a área do 'Vadião', onde uma programação reuniu milhares de simpatizantes, em sua maioria formada por estudantes e professores. 

No palco, uma mistura dos velhos com novos dirigentes da esquerda paraense. Na platéia, rostos novos e de uma militância que muito já lutou, mas continua esperançosa por um país diferente do que está sendo governado por Jair Bolsonaro.


Vindo de Santarém  - com a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann - onde participou de um ato político nas dependências da UFOPA, Haddad iniciou seu discurso dizendo que a UFPA está entre as melhores universidades do mundo, seja pela diversidade ou por ter uma produção científica com 70% dela coordenada por mulheres. Lembrou que Lula foi responsável pela criação da UFOPA - Universidade Federal do Oeste do Pará e da UNIFESSPA -  Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e disse que Bolsonaro mexeu com uma das áreas mais sensível do imaginário popular que é a educação.


Além da fala rápida e objetiva de Haddad, um dos pontos altos do evento, foi a apresentação da artista paraense Alba Maria, que emocionou o público presente à beira do rio Guamá, interpretando grande clássicos da MPB, como 'Pra não dizer que não falei das flores', de Geraldo Vandré; 'Apesar de você', de Chico Buarque, entre outras belas canções que embalaram a luta contra a ditadura militar e pela redemocratização brasileira.


Além da presença de parlamentares e lideranças de movimentos sociais ligados ao PT, Haddad reuniu lideranças do PDT, PCdoB e do PSOL. Um barco todo decorado de bandeiras vermelhas, com frases de #LulaLivre, chamou a atenção para a pauta prioritária do PT.  

A visita de Haddad ao Pará faz parte dos preparativos para os atos em defesa da Educação, previstos para o próximo dia 30 deste mês, que fortalece a Greve Geral programada para o dia 14 de julho, podendo ser uma paralisação sem precedentes na história do país. 



Duas importantes entidades da UFPA jogaram peso para o sucesso do evento. São elas: o DCE - Diretório Central dos Estudantes, representado pelo Coordenador Geral, Davi Lima e o SINDPROIFES-PA - Sindicato dos Professores das Instituições de Ensino Superior do Pará, representado pela professora e pedagoga, Socorro Coelho.

Uma transmissão ao vivo pelo Facebook, que já conta com mais de 48 mil visualizações, permite que pessoas que não estavam no local, possam assistir ao evento pela internet. 


quinta-feira, outubro 11, 2018

PT decide apoiar Helder Barbalho, mas militância lembra do golpe e reage

Helder Barbalho mantém PT aliado do projeto do MDB no Pará, mas militância reage e ameaça não fazer campanha.

Por Diógenes Brandão

A decisão tomada pela executiva estadual do PT-PA, nesta quinta-feira (11), deixou a sociedade paraense sem entender os motivos que levaram o partido a declarar apoio a Helder Barbalho, neste segundo turno das eleições para o governo do Estado.

Representantes dos grupos de Paulo Rocha, Beto Faro, Dilvanda Faro e Carlos Bordalo, já chegaram com posição definida: Apoiar Helder Barbalho

Já o grupo de Zé Geraldo, Airton Faleiro e Dirceu Ten Caten confirmaram o que o blog AS FALAS DA PÓLIS anunciou na madrugada de hoje: Fecharam posição em apoio a Márcio Miranda para governador. 

Só o grupo liderado pelo ex-deputado federal Cláudio Puty defendeu que a estratégia prioritária para este segundo turno deveria ser a reunião de forças para eleger Fernando Haddad e que qualquer candidato que quisesse o apoio do PT, deveria igualmente declarar o apoio ao candidato a presidente do partido. 

Para tal, o grupo defendida a criação de uma ampla frente multi-partidária para conseguir juntar a maioria das forças políticas e barrar a ameaça fascista representada na candidatura de Jair Bolsonaro.

No entanto, por maioria simples, a reunião da executiva estadual do PT aprovou a posição de apoio a Helder Barbalho e soltou uma nota justificando a decisão. 

Nela, o PT diz que em 2003, durante o primeiro ano do segundo mandato de Lula como presidente, deu-se início a um projeto que representa uma política de destruição do ideário de nação, de liquidação dos direitos sociais e econômicos da grande maioria da população, de mutilação da soberania do Brasil, e de incentivo do ódio e da intolerância como método de disputa política. Confuso, né? Mas é isso que você pode ler abaixo, na fanpage do partido: 


Militância não foi ouvida e reagiu contrária à aliança com o MDB

O anúncio da decisão deixou a maioria da militância confusa e quem não é petista ficou sem entender o que leva o PT a manter-se aliado aos representantes de Michel Temer no Pará, já que o PT e a esquerda como um todo, desenvolveram a narrativa de que sofreram um golpe orquestrado pelo MDB, que tomou o poder após um impeachment forjado.

Através de métricas e análise de sentimento nas redes sociais é possível identificar diversas manifestações de filiados e simpatizantes do PT, se colocando contrários à decisão dos dirigentes do partido e ameaçando ignorar o acordo eleitoral feito com o MDB, o que pode fazer com que só seja cumprido pelos que participaram das negociações, enquanto a maioria dos votos entregues aos candidatos do PT, no primeiro turno, até agora tem rumo desconhecido, neste segundo turno das eleições para o governo do Estado.

E o Haddad?

Preocupados que a decisão adotada pelos membros da executiva do PT não contamine a campanha do presidenciável, um grupo de militantes e simpatizantes da candidatura de Fernando Haddad criaram um grupo no Whatsapp, com o intuito de discutir estratégias para ajudar e priorizar a campanha presidencial, ao invés de priorizar a campanha de Helder Barbalho ou de Márcio Miranda.

quarta-feira, outubro 03, 2018

UMA BREVE ANÁLISE SOBRE O FENÔMENO BOLSONARO

Bolsonaro foi criado pelo PT, por sua irresponsabilidade, por seu comportamento iconólatra à Lula. 

Por Carlos França*

Relutei muito, até que neste amanhecer resolvi fazer esta postagem, pra registrar o que penso. A mesma não tem desejo de proselitismo, apenas expor um pensamento, que não tolerará comentários de baixaria ou chulos. 

Quem me conhece é sabedor que meu candidato à presidência era Álvaro Dias, probo, preparado e confiável; mesmo assim, há muito tempo já fazia uma avaliação consubstanciada academicamente de que Bolsonaro, cresceria muito. 

Interessante que este personagem que a mídia nos traz deste senhor, não condiz com sua real existência na Câmara; membro do baixo clero, pouco articulado entre colegas, tímido, péssima oratória, desinteressado das composições inerentes a legislatura, acabando por movimentar-se sozinho, meio que isolado.

Como conseguiu então tanta projeção? Opino, que sua posição antipetista ferrenha desde a época áurea do lulopetismo, sua indiferença ao politicamente correto, sem filtros, que inclusive facilitou as rotulagem de homofóbico, racista, etc... e sua incomum franqueza, que as vezes chega à beira da ingenuidade política, foram as responsáveis! 

Seu crescimento junto ao eleitorado explica-se mais por suas deficiências do que por méritos. Houve uma empatia e uma percepção de que ele fala o que pensa e assim sendo, podemos confiar; daí talvez explique-se porque apanhe tanto e não tendo partido forte, sem dinheiro, sem tempo de tv, antipatia da imprensa, oposição de quase todos os partidos, impensável na academia, odiado pelos artistas, esfaqueado e doente, como um zumbi...ele sobreviveu. 

Tenho um grande amigo, privilegiado pelo seu posto de observação do tema, que afirmou, a uns sete meses atrás: “esse cara é um idiota, vai dissolver quando começar a campanha eleitoral”, isto durante uma avaliação de cenários, onde eu defendia o Alvaro Dias, mas já afirmava que o Bolsonaro iria surpreender e poderia ganhar, contra tudo e todos, as eleições. 

Em fóruns mais acadêmicos, eu até sentia-me acanhado, dada a repelência e nada racional posição de amigos sobre o tema, sendo que entre estes, os mais próximos e também os que mais respeito, sabem desta avaliação. Indo mais além e a quase dois meses, portanto antes da facada, em um papo com um outro grande amigo, referência intelectual do tema, afirmei, após uma longa análise, que Bolsonaro poderá ganhar a eleição no primeiro turno. Fui taxado de louco e até superficial...rs

Ontem, conversando com uma outra amiga também MSc em Ciência Política como eu, esquerda típica, que milita abertamente contra o fenômeno, rotulando-o com todos seus méritos, também fiz esta avaliação, destacando a ela, que o ódio à criatura, deveria-se voltar ao criador, ou seja, os governos de esquerda, que levaram o Brasil a esta situação de descrença em todo sistema político. 

Bolsonaro foi criado pelo PT, por sua irresponsabilidade, por seu comportamento iconólatra à Lula. 

Bolsonaro ganhará as Eleições não por ser de direita, ganhará as eleições porque é contra o sistema e no inconsciente coletivo da maioria da população, ter esta representação...muitos dos quais até o presente momento nem sabem que votarão nele. 

O sistema sabe disso e o teme, mais do que a esquerda. O mérito dele foi ter a fortuna (Maquiável) de ter historicamente trombado com este inconsciente. A maioria da população votará contra o Sistema, votará em Bolsonaro!  

*Carlos França é Professor, Advogado e Mestre em Ciência Política pela UFPA.

segunda-feira, julho 09, 2018

Não há mocinho no bangue-bangue judicial sobre Lula

Guerra de decisões no domingo mostra que Brasil virou algazarra jurídica. Imagem: Sérgio Lima/Poder360

 Por Leandro Colon*, na Folha


O Brasil virou uma algazarra jurídica. Um juiz federal do TRF-4, que foi filiado ao PT por quase 20 anos, aproveitou o plantão no fim de semana para soltar o preso mais ilustre do país. Estimulada por um juiz de primeira instância em período de férias, a PF ignorou a decisão.

Outro magistrado do TRF-4 resolveu dar pitaco na liminar do colega para pedir o seu não cumprimento. No fim do dia, prevaleceu a manutenção da prisão do ex-presidente Lula.  

Não há a figura do mocinho nesse bangue-bangue entre juízes. Parece evidente a estratégia oportunista dos aliados de Lula de esperar o ex-correligionário e desembargador Rogério Favreto assumir o plantão para obter de sopetão (em um domingo) a liberdade do ex-presidente.  

Logo na segunda das dez páginas de seu despacho, Favreto diz que há um “fato novo” ocorrido durante a execução da pena do petista. Qual seria esse fato novo? Na opinião do desembargador, as demandas de veículos de comunicação para entrevistar o ex-presidente, que se diz pré-candidato ao Planalto em outubro. 

“É notório que o próprio presidente já se colocou nessa condição de pré-candidatura”, diz o juiz. Pelo entendimento dele, basta então que um preso diga que é “pré-candidato” (figura inexistente na ordem eleitoral) para tentar sair da cadeia.  

E a intromissão de Sergio Moro em um caso que não pertence mais a ele? Em despacho, Moro, durante as próprias férias, diz que Favreto é “autoridade incompetente” para decidir sobre Lula. Tem algo de errado no sistema jurídico quando um juiz de primeira instância tenta impedir determinação do andar superior.  

Mas esses personagens não bailam sozinhos na folia da Justiça. O exemplo vem de cima, de Brasília, com a bagunça instalada à luz do dia pelas decisões monocráticas e de Turmas do STF sobre assuntos ainda não pacificados pelo plenário do tribunal. 

O CNJ, órgão de controle do Judicário, é corporativista. Não age nem incomoda. A categoria mandou para a gaveta o debate sobre o fim do imoral auxílio-moradia pago aos juízes.  

*Leandro Colon é diretor da Sucursal de Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso.

segunda-feira, junho 25, 2018

Eleições 2018: Ceticismo e desesperança podem ajudar candidatos corruptos?

A corrupção atinge praticamente todos os partidos e a descrença na classe política gera descrença generalizada no eleitor brasileiro. 

Por Edir Veiga
Os grandes grupos de comunicações (Globo, SBT, Bandeirantes, Rede TV e Record) que comandam a televisão aberta e grande parte das redes nacionais de rádios “pegaram pesado” no propósito de remover a esquerda petista e seus aliados do poder a partir do final do ano de 2014, e hoje produziram como resultado o enorme ceticismo da população perante a política, os partidos e os políticos, com graves riscos para a jovem democracia brasileira.
Não há dúvida nenhuma de que os grandes partidos brasileiros foram pegos com as “mãos na “massa” da corrupção.  
PT, MDB, PSDB, PP estão com vários de seus principais dirigentes processados, denunciados ou presos a partir de escândalos continuados de corrupção que vem abalando nosso país desde o ano de 2014. 
Mas todos os partidos governantes brasileiros, sejam eles grandes ou pequenos, estejam eles nas esferas municipais, estaduais ou federais têm muitos de seus filiados atingidos por algum nível de denúncia de corrupção. Em resumo, os diversos partidos brasileiros estão de alguma forma, relacionados de forma negativa com a grave epidemia política que vem atingindo o Brasil, que são os escândalos de corrupção.
Como o quadro partidário brasileiro está contaminado pelo vírus da corrupção, todos os corruptos se sentem bem à vontade para lançarem-se, inclusive, aos cargos executivos. Os candidatos corruptos tentam embaçar a percepção do eleitorado sobre os candidatos fichas limpas.  
Para as disputas para o poder legislativo a contenda parece mais tranquila para os corruptos, afinal de contas o eleitorado não tem mecanismos para derrubar os candidatos fichas sujas, pois são milhares de candidatos disputando os cargos no poder legislativo, muitas vezes o eleitor deixa de votar no ficha suja, mas vota na coligação onde o candidato ladrão está ancorado. De fato, no Brasil, dominar as regras para as disputas ao poder legislativo não é nada fácil.
Neste momento as tendências apontam para um quadro de votos em brancos em torno dos 20% nas eleições majoritárias e de 30% nas eleições proporcionais. 
As pessoas mais revoltadas com a grave crise de denúncias e escândalos de corrupção estão migrando para a desistência de eleger candidatos, ou seja, parece que iniciamos um caminho para a negação das instituições democráticas.
E o que é pior, enquanto os eleitores provenientes das classes médias estão radicalizando contra o sistema político como um todo, através do voto branco, nulo e abstenções, aumenta o poder eleitoral dos candidatos que dominam recursos financeiros, administrativos ou máquinas de governo, pois estes conseguirão “arrastar” grande número de eleitores descrentes às urnas, através das máquinas de patronagens.
Mas se é verdade que o poder econômico, político e administrativo vai se beneficiar deste grave quadro de ceticismo político, é verdade também que um outro segmento político vai sair ganhando a partir deste grave quadro político, que é a esquerda lulista.
Dentre as camadas mais empobrecidas da sociedade brasileira existe mais de 20 milhões de brasileiros que conheceram e viveram as políticas sociais lulistas e que agora estão “sentindo na carne” a política ultra liberal do governo Temer, que a cada dia vem removendo direitos sociais através de sofisticados mecanismos de recadastramento. Até as bolsas de índios e quilombolas Temer atacou.
Setores da sociedade que contrários ao que em sendo feito no país desde o impeachment de Dilma, mesmo não concordando com o governo dela, devem votar em ordem unida em Lula ou em outro candidato que Lula vier a indicar. Pelo menos 50% dos eleitores de Lula devem seguir sua diretriz eleitoral. 
É por tudo isso que Lula será ator muito importante das eleições de 2018, preso, solto, concorrendo ou impedido de participar da disputa.
Mas de toda esta crise em curso, onde os grandes partidos têm enorme responsabilidades, não podemos deixar de reconhecer que o modelo político brasileiro, até recentemente vigente, baseado no voto proporcional de lista aberta e no financiamento privado de campanha, em muito induziu o comportamento pragmático da elite política brasileira. 
Ou seja, se negar a entrar no alçapão institucional, até então vigente, significaria abandonar qualquer possibilidade de disputar governos ou vir a formar uma bancada parlamentar de peso.
Mas uma coisa parece clara, a forma como a grande mídia tratou a crise da Lava Jato expressou uma grave irresponsabilidade com o desfecho da própria crise. 
Vimos a rede globo transmitindo ao VIVO as passeatas da oposição contra o governo Dilma. Mas não vimos este mesmo procedimento insuflador contra os escândalos do governo Temer. 
Ou seja, na luta ideológica  fabricada contra a esquerda, os grandes meios de comunicação geraram um sentimento de negação dos partidos, dos políticos e da democracia.
Agora as consequências vem se manifestando. O povo quer candidato ficha limpa. Mas todos os grandes partidos estão eivados de denúncias de corrupção. 
Mesmo os pequenos partidos contam dentre seus  filiados nas esferas municipais e estaduais com prefeitos, governadores e deputados denunciados por corrupção. 
O povo não está enxergando ninguém limpo, daí a metade do eleitorado está querendo passar longe das urnas nas eleições de 2018.
Os candidatos fichas limpas estão sendo denunciados diariamente como corruptos pelos seus opositores corruptos. As grandes oligarquias estaduais, governantes ou não, dominam as rádios, jornais e televisões estaduais e municipais. Assim candidatos limpos estão sendo pintados de sujos, para que numa noite escura “todos os gatos pareçam  pardos”.
A desinformação vem prevalecendo nas pré-campanhas. 
Num contexto de enorme ceticismo despolitizado, as classes médias deixam de ir às urnas ou votam branco e nulo e assim, mais uma vez o poder econômico, político ou administrativo deve prevalecer com a eleição de grande número de fichas sujas para governos estaduais e ao senado.
As mídias sociais vêm sendo apropriadas pelo candidatos com grande poder econômico, afinal os comitês digitais exigem uma grande quantidade de profissionais a custos elevados. 
Frente a atividade esclarecedora de grupos e entidades comprometidas com a informação transparente e honestas estamos assistindo uma avalanche de ações organizadas para “queimar” os fichas limpas e promover positivamente os “fichas sujas”.
Parece que estas eleições que se aproximam não terão o efeito terapêutico que se espera a partir da tsunami que a operação lava Jato vem produzindo no Brasil. 
A grande mídia que espetacularizou de forma exagerada esta tragédia brasileira parece que não se sente responsável pelo quadro de ceticismo que vem invadindo a alma política do povo brasileiro. 
Esperemos que algum milagre aconteça nos próximos 90 dias e que uma tendência inesperada de faxina política em sentido republicano venha a acontecer no Brasil.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...