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terça-feira, setembro 25, 2018

Um breve resumo da complexidade eleitoral no Pará. Quem entra e quem sai após TSE julgar os méritos?

Segundo todos os institutos de pesquisa, Helder Barbalho e Márcio Miranda lideram a disputa no Pará.

Por Diógenes Brandão

Faltando 12 dias para o 1º turno das eleições gerais, o eleitor paraense ainda não teve a oportunidade de assistir um único debate entre os candidatos ao cargo de governador e os cinco que disputam este pleito e para piorar tem quem esteja evitando entrevistas em programas promovidos por emissoras de rádio e TV. 

Afinal de contas, o que está acontecendo com estas eleições, que já foram encurtas de três para um mês e meio e ainda assim, não vemos a menor empolgação das emissoras e veículos de comunicação do Estado em promover eventos que apresentem os candidatos e sua propostas. Assim, os eleitores paraenses seguem apáticos, sem exibir bandeiras, cartazes ou demonstração de apoio aos seus candidatos como de outrora.

Um dos exemplos desta apatia é a baixa disputa de cores neste processo eleitoral. Com o vermelho do PT/PCdoB retraído pela falta de estrutura financeira, o azul do MDB e o amarelo do DEM acabam configurando-se predominantes nesta eleições.

Com a agitação comparada à água de poço, a militância dos candidatos ao governo do Estado, principalmente de Helder Barbalho (MDB) e Márcio Miranda (DEM) acaba rivalizando mesmo é nas redes sociais, onde também se encontram em disputa os militantes de Jair Bolsonaro, Fernando Haddad, Ciro Gomes e Marina Silva, os mais bem posicionados e com a maioria dos ativistas em debate na internet como um todo.

Com isso, a confusão aumenta e todos agem como se estivessem em uma disputa de som automotivo em pleno domingo das férias de Julho, na praia do Atalaia, onde cada motorista abre sua mala de som ou liga sua carretinha e disputa quem berra mais alto.

O eleitor, atônito, tenta entender quem é ficha limpa e quem não está na lava jato, mas por mais que diga que não quer mais a corrupção, muitos acabam esperando por algum benefício para si próprio até o dia das eleições, pois como se diz: Não se pode votar em qualquer um de graça. Ou seja, as pessoas precisam ganhar alguma coisa. 

Sabendo disso, muitos candidatos seguram dinheiro e tentam novamente driblar a justiça eleitoral, que agora julga se os advogados das coligações merecem ou não terem seus pleitos atendidos. A guerra jurídica ainda vai deixar muita gente ainda mais rica. 

Na polarização da disputa ao governo, de um lado, o ex-ministro de Dilma Rousseff e Michel Temer​, o jovem Helder Barbalho​, 39 anos, mas para quem conhece a política local sabe que ele não tem nada de novo, pois representa uma família que somados os anos de mandatos dos que estão vivos (Jader, Helder, Elcione, Priante, etc.) passam de 120 anos de exercício profissional exclusivamente na política. Sem falar do pai de Jader, Joércio Barbalho, que Deus o tenha. 

O desgaste do sobrenome Barbalho tem sido o grande entrave de Helder, que mesmo citado em denúncias e delações de réus, na Lava Jato, tem se mantido na liderança das pesquisas  eleitorais até aqui divulgadas, embora ainda não tenha garantia de que pode liquidar as eleições no 1º turno, tal como sua mãe, a deputada federal Elcione Barbalho falou que era necessário, pois sabe que sem isso, as dificuldades aumentam para a família chegar novamente ao governo do Estado.

Do outro lado, Márcio Miranda, médico que queria ser candidato ao senado, mas foi escolhido pelos seus pares na ALEPA para ser o sucessor de Jatene e encarrou o desafio de ser candidato apoiado por ele, o que o tornou persona non grata dos Barbalho, dos deputados do MDB e demais partidos que estão na coligação de Helder e que antes o elegeram por três vezes consecutiva como seu líder.

Se antes o elogiavam e nele votaram por duas vezes consecutivas para ser reeleito presidente da Assembleia Legislativa do Pará, agora, Márcio é acusado de diversos crimes através de uma sofisticada estrutura de comunicação, que produz vídeos publicitários atacando o candidato que teve recentemente um processo movido contra ele por uma suposta manobra em sua entrada na reserva da PM, após ser eleito pela 1ª vez deputado estadual. 

Helder também tem vídeos publicados contra si e sua família em uma linha paralela ao que a lei permite exibir na TV. 

Portanto, fica óbvio concluir que operadores e aliados das campanhas em disputa produzem material de ataque aos adversários e de defesa dos seus candidatos, que são jogados diariamente nas redes sociais através de "laranjas" e "formiguinhas" digitais, que se encarregam de compartilhar esse tipo de material sem assinatura, enchendo nossos aparelhos celulares de matéria apócrifo.

Mas assim como o fantasma da Moça do Taxy, a prática de espalhar fake news já virou lenda e faz parte do folclore paraense, décadas antes do termo ter virado moda no mundo político e da comunicação.

Por não ser tucano, há quem diga que Márcio Miranda cresce em todas as pesquisas com um ritmo que poderia ser melhor, se não fosse o corpo mole de parte do PSDB, mas é óbvio que o candidato tem grande parte de sua campanha ligada aos tucanos, que estão há quase 20 anos no poder no Estado e que isso é usado como fator negativo para sua campanha.

Acusações de ser ficha suja, foram retiradas do ar por ordem da justiça eleitoral, após serem consideradas ilegais e sem fundamento. 

Para ambos os candidatos, a dificuldade de crescer e não aumentar a rejeição é aliviada pela falta de impulsionamento dos demais concorrente, que estão fazendo campanha da forma mais limitada possível, tanto de recursos humanos, quanto materiais. 

O futuro do Pará a Deus pertence, mas a decisão sobre quem vai ficar na disputa pelas duas vagas ao senado poderá ser decidida nas próximas horas pelo STF, que após ser acessado pelos advogados de Mário Couto, através da decisão monocrática do ministro Edson Fachin, acabou de negar o recurso do mesmo e manteve a decisão do TRE-PA de mantê-lo sem o tempo de TV e sem o nome na urna eletrônica

No entanto, o candidato que aparece liderando as pesquisas eleitorais ao senado, tem destacado-se em sua campanha nas redes sociais e no dia-a-dia, seja nas ruas da região metropolitana de Belém, como em suas andanças pelo interior do Pará.

O recursos que a defesa de Mário Couto impetrou no TSE, visam a revisão desta decisão de Fachin, mais que ainda vai ser avaliada pelo pleno do TSE, ou seja, pelos demais ministros que Fachin ainda não submeteu para apreciação do processo, mas negou o direito do ex-senador e assim manteve Jader Barbalho e Zequinha Marinho como os detentores do tempo e da vaga que Mário Couto, que acusou o PP de ter fraudado ata da convenção que homologou sua candidato, para dar aos Barbalho de mãos beijadas o tempo de propaganda no rádio e na TV.

Até amanhã e durante todos esses dias que antecedem o chamado dia D, muita água ainda estar por passar embaixo da ponte do Outeiro e quem agora ri, pode chorar mais tarde. 

quarta-feira, janeiro 31, 2018

Datafolha: Lula mantêm liderança, Bolsonaro cai e PSDB não tem nome para a disputa eleitoral de 2018




Em uma possível corrida presidencial sem Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quatro candidatos disputariam uma vaga no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSC), de acordo com a primeira pesquisa do Datafolha após a condenação do petista em segunda instância.  

Levantamento realizado na segunda (29) e na terça (30) mostra que o ex-presidente manteve vantagem sobre os rivais, com até 37% das intenções de voto. Seu eleitorado, porém, se pulveriza e a briga tende a se tornar acirrada caso ele seja barrado com base na Lei da Ficha Limpa.  

Bolsonaro aparece em primeiro lugar no principal cenário sem Lula, com 18%. Ele supera Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Luciano Huck (sem partido).  

Marina lidera o segundo pelotão, com 13%. Ciro (10%), Alckmin (8%) e Huck (8%) estão tecnicamente empatados.  

O Datafolha fez 2.826 entrevistas em 174 municípios. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR 05351/2018.  

Apesar de liderar a corrida sem Lula, Bolsonaro parou de crescer. Ele oscilou negativamente em todos os quadros apresentados na pesquisa, em comparação com o levantamento de novembro.  

No início de janeiro, reportagens da Folha revelaram que o patrimônio de Bolsonaro e de sua família se multiplicou depois que ele entrou na política, e que o deputado recebe auxílio-moradia da Câmara apesar de ser dono de apartamento em Brasília. 

Esta é a primeira variação negativa de Bolsonaro desde dezembro de 2016, quando o deputado começou a disparar nos levantamentos do Datafolha. Naquela data, o parlamentar era citado por 3% dos eleitores na pesquisa espontânea –quando não são apresentadas opções de candidaturas aos entrevistados. Ele chegou a 11% na última sondagem e, agora, oscilou para 10%.  

As intenções de voto do deputado também ficaram estáveis nas simulações de segundo turno. Ele seria derrotado tanto pelo ex-presidente Lula (49% a 32%) quanto pela ex-senadora Marina Silva (42% a 32%), e aparece em empate técnico com Alckmin.  

A pesquisa indica ainda que o ex-presidente Lula conserva força eleitoral mesmo condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região).  

O petista lidera o primeiro turno em todos os cenários em que seu nome é colocado, com percentuais que variam de 34% a 37%. No segundo turno, venceria Alckmin (49% a 30%) e Marina (47% a 32%), além de Bolsonaro.  

A condenação de Lula pode torná-lo inelegível, mas sua participação na campanha depende de uma decisão do TSE que só deve ocorrer em setembro. Até lá, ele pode se apresentar como pré-candidato e recorrer a tribunais superiores para garantir seu nome na disputa.  

A saída de Lula impulsionaria principalmente Marina e Ciro Gomes. Na comparação de cenários com e sem a participação do ex-presidente, Marina passa de 8% para 13%, enquanto Ciro cresce de 6% para 10%.  

PATINANDO  

Outros candidatos também crescem quando Lula está fora do páreo, mas de forma mais tímida: tanto Geraldo Alckmin quanto Luciano Huck sobem de 6% para 8%.  

No cenário sem Lula, um dos possíveis candidatos do PT, o ex-governador baiano Jaques Wagner, aparece com 2%. O percentual de eleitores que diz não saber em quem votar ou que votaria em branco ou nulo sobe de 16% para 28% quando o ex-presidente não é um dos candidatos.  

Huck reestreou na pesquisa empatado com Alckmin em todos os cenários.  

O apresentador da Rede Globo havia afirmado, em artigo publicado em novembro na Folha, que não vai disputar a eleição, mas apareceu em janeiro no "Domingão do Faustão" com um discurso político e continua sendo cortejado por partidos para concorrer ao Planalto.  

Favorito para se candidatar à Presidência pelo PSDB, Alckmin patina em todos os cenários do Datafolha. O tucano tem de 6% a 11% das intenções de voto.  

No segundo turno, o tucano seria derrotado por Lula e aparece tecnicamente empatado em disputas com Ciro Gomes e com Jair Bolsonaro. Nessas últimas duas simulações, quase um terço do eleitorado diz que votaria em branco ou nulo.  

A dificuldade enfrentada por Alckmin para subir nas pesquisas provocou questionamentos dentro de seu próprio partido sobre a viabilidade de sua candidatura.  

Potencial alternativa ao governador no PSDB, o prefeito paulistano João Doria também não decolou: aparece com, no máximo, 5% das intenções de voto.

terça-feira, agosto 15, 2017

Fundador da Rede critica Marina, diz que Temer tem grandes chances de cair e que o exército nas favelas traz falsa sensação de segurança

Para Luiz Eduardo Soares, a ex-ministra Marina Silva deixou de ser 'espontânea' e 'genuína'

'Marina poderia ser a presidenciável favorita para 2018, mas foi irresponsável e 'queimou caravelas com esquerda' ao apoiar o impeachment', diz fundador da Rede que avalia que Temer pode cair muito em breve, pois sua permanência já não mais interessa para as elites e que o exército nas favelas traz uma falsa sensação de segurança à Classe Média.

Por Júlia Dias Carneiro, via BBC Brasil sob o título: Marina poderia ser favorita para 2018, mas 'queimou caravelas com esquerda' ao apoiar impeachment, diz fundador da Rede

Fundador e ex-membro da Rede Sustentabilidade, o antropólogo e cientista político Luiz Eduardo Soares afirma que a líder política do partido, Marina Silva, pode ter perdido a chance de chegar às próximas eleições presidenciais como favorita após ter declarado apoio ao impeachment de Dilma Rousseff no ano passado. 

"Quando ela assumiu essa posição, extremamente irresponsável do ponto de vista da democracia, acho que ela queimou as caravelas relativamente ao campo das esquerdas. Não só do PT, das esquerdas", considera ele. "Isso circunscreve o seu potencial eleitoral e político." 

Soares elaborou as propostas das candidaturas de Marina na área de segurança pública em 2010 e 2014 e deixou a legenda em outubro do ano passado - um dos signatários de uma carta aberta em que sete intelectuais anunciaram sua desfiliação, com críticas ao partido e a sua líder. 

Para Soares, Marina deixou de ser "espontânea e genuína", o que era a sua marca, e passou adotar posições "ambíguas", e jogar o jogo "mais tradicional" da política. 

Em entrevista à BBC Brasil, o cientista político considera que o cenário para 2018 está em aberto e depende da possibilidade de Lula se candidatar ou não. O caminho até lá também é imprevisível. "Hoje o Temer já é dispensável para as elites", diz Soares. "Eu diria que sua permanência é realmente incerta." 

Especialista em segurança pública, critica a presença do Exército no Rio e diz que o efeito é meramente simbólico, para transmitir uma imagem de segurança à classe média. 

Leia abaixo os principais trechos da entrevista. 

BBC Brasil - O senhor ajudou a fundar a Rede Sustentabilidade e saiu fazendo críticas ao partido. Como vê hoje as perspectivas para a Marina Silva? 

Soares - Fui o primeiro presidente da Rede no Rio. Mas a frustração foi muito grande, porque os vícios de todos os partidos foram simplesmente reproduzidos. A minha divergência com a Marina teve a ver com seu apoio ao impeachment (da presidente Dilma Rousseff). Ela tinha sempre se manifestado contrária. O (deputado Alessandro) Molon entrou para o partido depois que ela se comprometeu a ser contrária. E uma semana antes da votação, ela se pronunciou a favor do impeachment, sem nos consultar. E pior ainda, a direção do partido, que era contrária ao impeachment, mudou de posição menos de 24 horas depois, para não deixá-la só. Isso é o retrato de que o partido não dispõe de instâncias autônomas. 

BBC Brasil - Qual foi o impacto dessa mudança para a trajetória política dela? O senhor acredita que Marina tenha chances em 2018?

Soares - Ser a favor do impeachment significava entregar o país ao núcleo mais perigoso da política nacional, o PMDB. Quando ela assumiu essa posição, extremamente irresponsável do ponto de vista da democracia, acho que queimou as caravelas relativamente ao campo das esquerdas. Não só do PT, das esquerdas.

Ela hoje teria todas as condições de ser favorita nas eleições de 2018 se tivesse se mantido contra o impeachment. Poderia unificar o campo das esquerdas com um discurso palatável, capaz de suscitar respeito entre eleitores do centro, e a população evangélica também se reconheceria nela. Ela viria com um potencial eleitoral muito grande. 

Com sua ruptura com o campo da esquerda, resta a ela buscar unir o centro com fatias mais conservadoras e de centro-esquerda. Mas isso já circunscreve o seu potencial eleitoral e político. 

Ela deixou de ser espontânea e genuína. Essa era a sua marca. Passou a estar sempre numa posição ambígua, com poucas definições claras, e a jogar o jogo mais tradicional. Mas sem dúvida é uma candidatura forte potencialmente.

BBC Brasil - O cenário ainda está muito em aberto para 2018 - o que o senhor acha que está se desenhando para a disputa? 

Soares - O Lula é um forte candidato, porque para a maioria da população fez o melhor governo que experimentaram. E de fato os resultados foram notáveis, superiores aos governos anteriores em termos de crescimento e de redução de desigualdades. Ele saiu com 85% de aprovação popular. Isso é um patrimônio extraordinário, que está sendo erodido pelas denúncias constantes da mídia.

Você tem um aventureiro, o prefeito de São Paulo, João Doria. Ele não merece confiança cívica. De maneira cínica, ele se apresenta como não-político, mas faz política o tempo todo, e da pior qualidade. É um demagogo que se apresenta como anti-Lula, anti-PT, já que não tem substância. O Alckmin, a alternativa do PSDB tradicional, tem mais substância, mas é muito difícil que o PSDB eleja um presidente diante de tantas denúncias. 

E hoje temos a extrema-direita de fato fascista, que propõe golpe militar, o Jair Bolsonaro. Ele nunca foi exposto, cobrado, nunca lhe perguntaram nada sobre o Brasil. Ele é apenas o que denuncia, que fala em nome da ordem, e reuniu uma multidão de admiradores com a corrosão da credibilidade das instituições. 

Já Ciro Gomes, acho que tem muita dificuldade de se consolidar porque se comportou de maneira errática em relação a compromissos e vinculações partidárias no passado, gerando incerteza em torno de seu comportamento, ainda que tenha talento e um projeto com alguma substância. 

BBC Brasil - O senhor considera o ex-presidente Lula um candidato forte, mas ele é réu cinco vezes e já foi condenado em primeira instância em um sexto caso, o do tríplex do Guarujá. 

Soares - Essas denúncias são muito complicadas. As do sítio de Atibaia e do tríplex são ridículas e não sensibilizarão a população. As pessoas sabem como funcionam os poderes no Brasil, e dirão, mesmo que (a série de acusações contra Lula) seja verdade, que outras pessoas estão aí roubando bilhões. 

Na época do Adhemar de Barros, um governador de São Paulo que foi muito popular, a população dizia, "ele rouba, mas faz". Já que a categoria dos políticos é basicamente corrupta, com raras exceções, vamos escolher entre os que produzem benefícios. Esse tipo de espírito vai acabar prevalecendo quando as questões estiverem ainda num nível de sítio, pedalinho e apartamento. 

BBC Brasil - A percepção sobre corrupção mudou com a Lava Jato ou o senhor acha que mesmo hoje as pessoas ainda comprariam essa ideia do "rouba, mas faz"? 

Soares - Se você tiver um segundo turno entre Bolsonaro e Lula, não tenho dúvida que todos que criticam o Lula hoje vão votar nele. Todos que têm alguma ambição democrática. Mesmo que acreditem que ele tem algum envolvimento com corrupção. Talvez tenhamos que votar contra, e não a favor. 

Os juristas mais importantes que conheço consideram pífias as acusações contra o Lula. Estou convencido de que a fundamentação é insuficiente para uma condenação. 

Não estou dizendo que a Lava Jato não mereça respeito. Mas que houve uma inclinação política na focalização do PT, houve. O PSDB começou a aparecer muito mais recentemente, e de forma muito mais leve que o PT, e os problemas são equivalentes. E são superados pelo PMDB, onde reside o núcleo central e mais tarimbado da corrupção na política brasileira.

Retirar a Dilma para levar o representante do PMDB para o poder em nome da ética é despudoradamente hipócrita. Pois as massas foram às ruas, a classe média, instigada pela Globo, para apoiar essa troca. E diante do quadro atual, não há o mesmo tipo de investimento na mobilização política. As ruas estão vazias, por assim dizer. 

BBC Brasil - Depois de ser quase derrubado pelo escândalo da JBS, o presidente Michel Temer conseguiu sobreviver ao julgamento do TSE e ao voto na Câmara que barrou a denúncia de corrupção contra ele. O senhor acha que agora ele consegue se manter até o fim do mandato? 

Soares - Ninguém sério pode responder a essa pergunta com convicção. É impossível saber. As variáveis são incontroláveis, como as que advenham das investigações da Lava Jato. Se algumas delações forem aceitas e negociadas, é possível que Temer não consiga se sustentar.

Até porque já há um substituto comprometido a seguir a agenda regressiva para cujo cumprimento Temer foi elevado a presidente. O afastamento da Dilma foi uma manobra para que essa agenda neoliberal extrema fosse implementada, que nunca obteria apoio em uma eleição. Estamos diante de uma verdadeira intervenção neoliberal, com uma agenda obscurantista e regressiva. Enquanto as atenções públicas se voltam para a permanência ou não do presidente, ele e o seu governo se apressam, na calada da noite, a promover mudanças trágicas para as sociedades indígenas, para a sustentabilidade, o meio ambiente. 

Antrópologo e fundador da Rede critica posturas ambíguas de Marina Silva

Eu acredito que haja condições para que o Temer caia. Quais são as condições imprescindíveis? Uma alternativa comprometida com a implementação das mesmas reformas neoliberais, que é o Rodrigo Maia. 

Hoje o Temer já é dispensável para as elites. Se ele cair, o presidente da Câmara pode dar sequência à agenda das reformas. E se as elites já têm um estepe, talvez ele seja mais conveniente. Mesmo que venha a ser denunciado, este será um processo demorado, e ele implementaria de forma talvez mais fluente a agenda neoliberal. Se isso é possível, o Temer corre risco. Diria que hoje sua permanência é realmente incerta. 

BBC Brasil - O Congresso está se movimentando para aprovar uma reforma política que implantaria o chamado distritão, que vem sendo criticado como um sistema que favoreceria a eleição de velhos conhecidos da política. O senhor acha que isso vai adiante? 

Soares - Isso é assustador. O distritão elimina as minorias, torna as eleições muito mais caras e com resultados previsíveis, porque os que já estão no poder vão viabilizar sua reeleição, e as celebridades terão privilégios. Não haverá possibilidade de que os partidos ideológicos se destaquem. As propostas vão ficar em segundo plano. Não à toa, esta é uma ideia do Temer, e do Cunha, que está sendo apresentada pelo PMDB e pelas forças conservadoras do Congresso. BBC Brasil - O ministro do STF Luís Roberto Barroso disse há alguns dias que a crise política está levando a um "cenário de devastação no Brasil", e que é impossível não sentir vergonha. O momento lhe causa vergonha? 

Soares - Claro. Quer dizer, eu não sei se vergonha é o termo, porque vergonha significa que você se sente representado pelos que elegeu e culpado pelo que está acontecendo. Eu não sinto assim, porque quando a gente é derrotado, não é necessariamente responsável pelo que sucede após a derrota.

Para Luiz Eduardo Cardoso, há condições para que Temer caia do cargo se deleções forem aceitas e negociadas.

BBC Brasil - Então é vergonha alheia? 

Soares - Ah, isso sim. Sem dúvida (risos). 

BBC Brasil - Há algo que lhe dê esperança no momento? 

Soares - O longo prazo. Se você estuda história, você tem a perspectiva de que as coisas foram muito piores. Já vivemos momentos mais difíceis durante a ditadura. E o que ocorreu no Brasil no século 20 pode nos dar esperança de mudanças profundas. 

No curto prazo, não dá para ser otimista. Mas os processos são dinâmicos. E há uma potência que vibra no subsolo do Brasil desde 2013 cujas energias podem se converter em transformações importantes. 

BBC Brasil - O senhor costuma falar no deslocamento de placas tectônicas quando busca explicar os efeitos dos protestos de 2013. Esses efeitos ainda estão sendo sentidos? 

Soares - A metáfora me ocorreu quando senti nas ruas essa palpitação, essa energia pulsando, inclusive a alegria da participação. Aqueles foram momentos de festa, e eu dizia, o Brasil se revolta, se rebela, vai às ruas porque melhorou bastante. Em geral é assim. Você potencializa os agentes sociais, que elevam suas expectativas e assumem protagonismo. 

Foi um momento muito bonito, contraditório. As mensagens eram, basicamente, que há um colapso da representação política. Ninguém acredita mais nas instituições políticas tal como funcionam. Isso é perigoso, mas é também condição positiva de mudança. 

O fato de não ter havido nenhuma modificação diretamente derivada de 2013 não significa que aquilo não tenha sido muito importante. 

A partir dali, a gente passou a viver intensamente o que vivera anteriormente, mas requalificando as relações. Se já havia adversários, eles se transformaram em inimigos. Se já havia oposições, elas se converteram em confrontos. Se havia uma linguagem da disputa, ela se converteu em código do ódio. As polarizações se enrijeceram e se firmaram. 

O que marca tudo isso é a intensificação. E essa intensidade tem um sentido e ainda não se manifestou plenamente. Isso pode ser uma fonte de temor ou esperança. Nós estamos em um momento como esse diante da história, do seu abismo e de suas promessas. 

BBC Brasil - Por que as ruas estão vazias? Por que não vemos nada parecido com as mobilizações de 2013 ou de antes do impeachment? 

Soares - O cenário está totalmente aberto, e as pessoas estão pensando nas consequências (dessa mobilização). Elas vão para a rua clamar pela queda do Temer para então receber Rodrigo Maia? E para continuar com a agenda das reformas?

A classe média pode desejar isso, mas a maioria da população positivamente não, conforme demonstram pesquisas de opinião. Além disso, há uma suspeição enorme de que as movimentações vão acabar beneficiando o Lula, então os contrários ao Lula não vão se envolver. 

BBC Brasil - Como o senhor vê a situação atual de segurança no Rio? Temos visto uma escalada de violência e o governo respondeu com o envio do Exército. O senhor acha que isso ajuda a resolver o problema de alguma maneira? 

Soares - Não, claro que não, e a cúpula do Exército sabe disso. Sabe que os soldados não estão preparados para fazer vigilância nas ruas, para abordagens, eventuais enfrentamentos e para respeitar limites indispensáveis às ações internas ao país. Eles têm muito medo de um eventual deslize, de uma ação precipitada ou mesmo de uma autodefesa legítima, porque isso impacta a imagem do Exército. 

Mas o fato é que presença do Exército tem efeito meramente simbólico. Transmite uma imagem de segurança para a classe média, que acha que agora está protegida. Não há dados sobre ações anteriores que demonstrem que esse é o caso. Os números não mostram queda de criminalidade. Ao contrário, às vezes até aumentam, sobretudo de homicídios dolosos. 

BBC Brasil - É um gesto de desespero convocar o Exército? 

Soares - Mas é claro, e isso o governo já disse explicitamente. Deixou claro que não tem recursos, está perdido, não sabe mais o que fazer. Qualquer iniciativa para qualificar o trabalho das polícias envolveria mais recursos, e o Estado está quebrado, não paga os funcionários, mal paga as polícias. Eles estão inteiramente perdidos e reproduzem o velho padrão da guerra às drogas e intervenção bélica nas favelas, que produzem desastres. São mortes de inocentes por balas perdidas, mortes de suspeitos e mortes de policiais.


segunda-feira, junho 26, 2017

Datafolha: Temer tem a pior rejeição da história, Lula vence em 2018 e o PT continua o partido favorito do eleitor brasileiro

Temer com a maior rejeição da história, Lula liderando e Aécio fora do jogo. 

Por Diógenes Brandão, com informações do DataFolha

Em Março de 2013, quando Dilma iniciava o segundo ano de seu primeiro mandato como presidenta do Brasil, o PT alcançou o ápice de sua popularidade, batendo um recorde jamais alcançado por nenhum outro partido, em toda a história deste país: 29% de aprovação. 

Para os demais partidos que faziam oposição e outros, que como o PMDB faziam parte do governo, era preciso fazer algo para deter tamanha positividade a um concorrente de peso e fizeram: 03 anos depois, Dilma sofreu um impeachment sob a alegação de que havia realizado pedaladas fiscais. Hoje sabemos que até dinheiro da JBS foi usado para depor a presidenta.

Agora constata-se que mesmo com a crise política e econômica, assim como o bombardeio midiático o PT perdeu 11 pontos pontos nos últimos quatro anos e hoje com 18%, o partido ainda tem 4 vezes mais a preferência popular que os outros dois partidos mais citados na última pesquisa Datafolha, que são o PMDB e o PSDB, ambos com 5% e juntos dão sustentação ao governo Temer, que também amarga a pior rejeição desde a redemocratização do Brasil: míseros 7%. 

Os outros partidos citados pela pesquisa são PV, PDT e PSOL, todos com 1% da preferência do eleitorado, segundo apurou o levantamento entre os dias 21 e 23 deste mês.

A pesquisa também mostra que 83% dos brasileiros fazem questão de eleger o substituto de Temer por eleição direta; 65% querem que o presidente deixe o governo imediatamente e 81% exigem o impeachment, o que o Congresso Nacional reluta em escutar.

Em relação à disputa pela eleição presidencial, nenhuma novidade pra Lula (PT) que mantém-se como o candidato mais bem citado pelos brasileiros, que responderam a pergunta: “Se as eleições fossem hoje, em quem você votaria?” 29% disse que seria em Lula. O percentual é quase o dobro dos que ficaram em segundo lugar, no caso Jair Bolsonaro (PSC) e Marina Silva (REDE). Geraldo Alckmim, o candidato do PSDB - partido que tem participado do segundo turno das últimas 6 eleições presidenciais -  aparece em quarto lugar com 8%. Ciro Gomes (PDT) estacionou em 5% e Luciana Genro (PSOL) em 2%, junto com Eduardo Jorge (PV) e Ronaldo Caiado (2). Votos brancos e nulos tiveram 18% e 2% disse não saberem em quem votar.

Mesmo comparando com o juiz Sérgio Moro e o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, Lula vence todos os candidatos apresentados até aqui, inclusive os que não são filiados a partidos, no caso dos dois citados acima.

Num eventual segundo turno sem Lula, Marina venceria Bolsonaro e Ciro Gomes e empataria com Alckmin e Dória, ambos do PSDB.

segunda-feira, novembro 28, 2016

O desafio das esquerdas: Com Lula agora ou daqui há 20 anos


Via Unisinos

O paradoxo da vida brasileira neste fim de 2016 é que, ao contrário do que aparenta a atual guerra política, o ano termina melhor para os derrotados do que para os vencedores. A afirmação soa estranha e precisa ser explicada. Para começar, lembro que raramente é simples apontar os verdadeiros vitoriosos nos grandes confrontos da sociedade.

O comentário é de Marcos Coimbra, sociólogo, presidente do Instituto Vox Populi, em artigo publicado por Carta Capital, em 28-11-2016.

Para o conjunto de forças políticas, empresariais e sociais articuladas em prol da derrubada de Dilma Rousseff e da retomada do controle do Estado, a questão nunca se resumiu a tirá-la do Palácio do Planalto. Nem a substituí-la pela lamentável alternativa disponível. Tampouco a simplesmente formular os tópicos de uma nova agenda. Buscava-se implantar e assegurar a continuidade de uma série de políticas desenhada de acordo com seus interesses.

Vejamos o caso da medida apresentada como pedra angular da política econômica, a PEC 241. Nenhum de seus defensores esconde que os efeitos positivos esperados não virão nos próximos meses ou anos. Só em mais de uma década, talvez duas.

O atual governo, baseado nos “argumentos” de sempre para obter maioria no Congresso, pode até aprová-la para vigência imediata. Mas quem garante sua duração? O governo que o suceder disporá de “argumentos” iguais para modificá-la. Se a administração de agora, que nem sequer obteve um mandato autêntico, fabricou uma maioria, por que o próximo não conseguiria?

É ingênuo imaginar que investidores de dentro e fora do País não percebam algo tão evidente e acreditem que as propostas do atual governo serão preservadas por quem vencer em 2018. Dessa desconfiança, aliás, emerge sua baixa disposição a investir, o que explica a situação cambaleante da economia.

Interessam de verdade as eleições de 2018. E elas estão mais próximas do que supomos. Quando passar a temporada de festas de fim de ano, as férias e o Carnaval de 2017, estaremos a pouco mais de um ano do chamado das urnas. Muito antes de outubro de 2018, tudo girará em torno da disputa presidencial.

Se acontecerem, é claro. Nossas elites mostraram-se tantas vezes capazes de violências institucionais que a hipótese sempre deve ser considerada. O mais provável, porém, é que ocorram. Pega bem, no mundo contemporâneo, fingir que se respeita a lei. Assim, teremos uma eleição presidencial no curto prazo que decidirá o que o Brasil vai ser nos próximos anos, não no breve e confuso governo de Michel Temer.

Existem muitas pesquisas a respeito do cenário eleitoral e as mais recentes, da CUT/Vox Populi e da CNT/MDA, mostram um mesmo quadro: a oposição de esquerda está em vantagem e o governismo vai mal. Mais: nos últimos meses, a esquerda cresceu, enquanto o situacionismo patinou.

O candidato favorito é Lula. Sozinho, tem a mesma intenção espontânea de voto que a soma de todos os outros nomes. Possui mais que o dobro de qualquer candidato do PSDB, de Marina Silva (apesar do recall de duas eleições recentes), seis vezes mais que Temer e outros nomes à direita. Não perde para ninguém nos cenários de segundo turno, empatando com os mais bem colocados, apesar de estar no pior momento de sua trajetória.

A esquerda brasileira tem em Lula um forte candidato a vencer a próxima eleição, alguém cuja posição melhorou depois do impeachment, em vez de cair. Nas forças à direita, não há ninguém cujo desempenho se aproxime daquele do ex-presidente. Além disso, elas são obrigadas a assumir o fardo da impopularidade do atual governo.

Para as esquerdas, há dois caminhos: organizar-se para disputar, com ampla chance, a próxima eleição, ou resolver se é melhor adiar, sine die, qualquer expectativa razoável de chegar ao poder. Nessa opção, quem sabe, terão um candidato daqui a 20 anos. Na primeira, já têm.

Se considerarem que a melhor forma de se contrapor à direita é derrotá-la na eleição, as esquerdas precisam mobilizar-se para ao longo de 2017 preparar em conjunto um projeto para o Brasil, com propostas na área econômica, de justiça social, de reforma política e de regulamentação dos meios de comunicação.

O fundamental é, no entanto, cerrar fileiras em torno de Lula, para defendê-lo como cidadão e liderança da perseguição e do achaque dos adversários. Os partidos, movimentos sociais, organizações populares e de representação coletiva não podem se eximir dessa luta. Com ele, é possível construir uma candidatura viável e que expresse todas as correntes.

Para a direita, quanto mais tarde for dada a largada para a eleição de 2018, melhor. Ela espera, até lá, conseguir viabilizar um candidato real. Para a esquerda, quanto mais cedo, melhor, pois, hoje, possui um candidato pronto.

sábado, maio 28, 2016

Marina Silva vem à Belém lançar pré-candidaturas da Rede


Por Diógenes Brandão

Liderando as últimas pesquisas eleitorais para a sucessão presidencial do Brasil, Marina Silva chega na próxima terça-feira (31) em Belém, onde lança candidaturas da Rede e participa de diversos eventos. 

A ex-ministra do Meio Ambiente e terceira colocada nas eleições presidenciais de 2010, será recebida por uma comitiva de militantes da REDE, que confirmaram ao blog AS FALAS DA PÓLIS, que já em sua chegada, Marina será envolvida por uma série de atividades, que incluem debates abertos, reuniões com militantes do seu partido e o lançamento da pré-candidatura de Úrsula Vidal à prefeita de Belém.

Além de Úrsula Vidal, reconhecida jornalista e apresentadora de TV, a REDE-PA apresentará outros 05 (cinco) pré-candidatos a prefeitos no Pará e centenas de candidatos a vereador, em diversos municípios do estado, os quais participarão de atividades preparatórias do partido, incluindo o “Diálogos em Rede”, evento que o partido recém-fundado promove, sempre com temas que vão do desenvolvimento sustentável à ética na política, matrizes do programa partidário da REDE Sustentabilidade, que onde é realizado recebe a participação de intelectuais, artistas, cientistas políticos, ativistas sociais e ambientais, entre outros. 

segunda-feira, dezembro 21, 2015

DATAFOLHA: Dilma se recupera, Lula lidera rejeição e Aécio a sucessão



O Palácio do Planalto avalia que a ligeira melhora nos índices de aprovação da presidente Dilma Rousseff revelados em pesquisa do Datafolha é resultado da estratégia de dar maior exposição à petista.

"O Datafolha mostra que o governo ainda tem um caminho muito longo a percorrer mas que também existe abertura na sociedade para que a gente possa defender nossas ideias", disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva. "É nítido que a melhora tem ligação com o fato de a presidente ter entrado diretamente no debate", completou o ministro.

Segundo o Datafolha, o número de pessoas que consideram o governo Dilma ruim ou péssimo é de 65%. Em agosto este número chegou a 71%. Já aqueles que avaliam o governo Dilma bom ou ótimo é de 12%. Este índice chegou a ser de apenas 8% em agosto e 10% em novembro. Na cúpula do PT, o resultado foi recebido com cautela. "Está tudo dentro da normalidade. A pesquisa reflete uma percepção ainda leve das pessoas de que a substituição do governo não é o caminho para sairmos desta situação", disse o presidente do diretório estadual do PT em São Paulo, Emidio de Souza.

Petistas avaliam que com a intensificação do debate sobre o impeachment, parte da população tem assimilado melhor a versão do governo. "A população começa a ter uma visão melhor do governo Dilma ao mesmo tempo em que vai afastando a ideia de impeachment", avaliou o vice-líder do governo na Câmara, Paulo Teixeira (PT-SP), integrante do diretório nacional do PT.

De acordo com o levantamento, 65% dos brasileiros querem o impeachment de Dilma contra 30% que defendem a manutenção do mandato da petista.

A pesquisa mostra ainda que 53% dos entrevistados consideram o Congresso Nacional ruim ou péssimo e apenas 8% avaliam o Legislativo como bom ou ótimo.

Para 82% dos consultados pelo Datafolha, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deveria ter o mandato cassado enquanto 8% acham que ele deve ser mantido no posto.

Segundo o Datafolha, 58% dos entrevistados avaliam que o vice-presidente, Michel Temer, seria pior ou igual a Dilma, caso venha a assumir o governo, e 30% acreditam que o vice faria uma administração melhor do que a da petista.

Faltando dois anos e meio para o início da disputa pela sucessão de Dilma, o Datafolha aponta o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como favorito. O tucano teria 26% ou 27%, conforme o cenário, contra 20% de Lula, 19% de Marina Silva (Rede), 6% de Ciro Gomes (PDT). 4% de Jair Bolsonaro (PP), 2% de Luciana Genro (PSOL) e 1% de Eduardo Paes (PMDB) e Eduardo Jorge (PV).

Nos cenários em que Aécio é substituído pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Marina lidera com 24%, Lula tem 21% ou 22% e Alckmin 14%.

Lula lidera a rejeição com 48% contra 26% de Aécio e Temer, 21% de Alckmin e 17% de Marina, Ciro e Bolsonaro. Para o PT, o alto índice de rejeição reflete o mal momento do PT e as investigações das operações Lava Jato e Acrônimo.

terça-feira, setembro 01, 2015

Quem te viu, quem te vê: Luciana Genro cai nas graças de FHC



Depois de Marina Silva aceitar ter sido financiada pelo Itaú, em sua campanha para presidente em 2014, chegou a vez de outra presidenciável da esquerda piscar para o outro lado.

Segundo a Folha, Luciana Genro se encontrou com FHC, isso mesmo, Fernando Henrique Cardoso, um dos caciques do PSDB, nesta segunda-feira (30) e não estava sozinha. Levou consigo a cúpula do PSOL para pedir apoio do tucano e juntos tiveram momentos de descontração e alegria, ao ser recebida pelo ex-presidente, que sempre acusou de neoliberal e representante das elites, que ela e seu partido dizem combater. 

Luciana Genro foi expulsa do PT junto com a então senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados João Batista Babá (PA) e João Fontes (SE), em dezembro de 2003, após decisão do Diretório Nacional do partido que decidiu que não havia espaço no partido para quem queria fazer oposição ao governo (Lula) à época. 


Marina Silva foi ministra de Lula e desfiliou-se em Agosto de 2009, alegando que iria "em busca do sonho de lutar pelo desenvolvimento sustentável do meio ambiente".

Como se vê, ambas saíram do PT dizendo entre outras coisas, que o partido havia perdido seus princípios fundadores e que por isso, não lhes caberiam mais. Assim como as duas fizeram em 2014, Heloísa Helena também concorreu à cadeira de presidente do Brasil (em 2010), porém todas, como se sabe, não obtiveram êxito. 



A matéria da Folha dá o resto do informe histórico e até outro dia, inacreditável para milhares de militantes do Partido do Socialismo e Liberdade

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tentou explicar sua declaração sugerindo a renúncia da presidente Dilma Rousseff durante uma reunião com uma comitiva do PSOL nesta segunda-feira (31). Ele ainda ofereceu ajuda ao pequeno partido contra uma proposta em tramitação no Congresso.

O grupo, recebido pelo ex-presidente em seu instituto, era liderado pela ex-deputada Luciana Genro, que se notabilizou por embates com o tucano Aécio Neves na campanha eleitoral de 2014.

Há duas semanas, Fernando Henrique afirmou, em texto publicado em sua página no Facebook, que a renúncia da presidente seria um "gesto de grandeza".

Aos dirigentes do PSOL ele disse que a sua declaração foi interpretada de modo equivocado, e que o sentido da manifestação foi: "Ou renuncia ou governa."

Luciana Genro organizou a reunião com o ex-presidente buscando apoio para evitar a aprovação no Senado de um projeto que reduz o espaço de partidos menores em debates e na TV já na campanha eleitoral do ano que vem.

Em clima descontraído, os temas do encontro migraram para assuntos de afinidade entre os dirigentes do partido e o ex-presidente, como o movimento estudantil de 1968 na França e o papel das redes sociais na organização política.

O tucano provocou gargalhadas ao responder a um comentário de Luciana sobre pesquisas que a mostram em segundo lugar na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre no próximo ano. "O povo é maluco mesmo", falou.

O ex-presidente ainda levou a cúpula do partido a uma visita por galerias de seu instituto, no centro de São Paulo. O PSOL tentou marcar um encontro também com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para debater a proposta, mas a reunião não foi realizada.

Luciana disse que já tinha conversado com o tucano há um mês e que ele vem adotando uma posição "muito corajosa" sobre a descriminalização da maconha. "É uma pessoa que preza valores democráticos e por isso está nos ouvindo", disse à reportagem.

Para a ex-candidata, o apoio do PSDB é fundamental para derrubar a proposta no Senado. Fernando Henrique disse que sua influência no partido é limitada, mas falou que contataria senadores para discutir o assunto.

Veja abaixo o que Luciana disse sobre FHC, em um debate ocorrido em Setembro do ano passado. Para coisas mais pesadas, uma rápida busca no Google fará qualquer um ficar de boca aberta com a mudança de comportamento de "revolucionária" militante do PSOL.

quarta-feira, maio 27, 2015

Tá na hora de reagir: As milícias da direita e a ameaça democrática

As pessoas contaminadas pelo anti-petismo, estão cada dia mais intransigentes e agressivas, tanto nas ruas quanto nas redes. Seria apenas indignação ou a criação de uma ceita?

Eles dizem que vivem em uma "ditadura comunista" e andam livremente com seus cartazes, fazem panelaço, protestos, ofendem, hostilizam, agridem, tocam fogo e já ameaçam quem bem entendem, em qualquer hora e local. 

Essas agressões físicas e verbais contra sindicalistas, ativistas dos movimentos sociais petistas ou não, são atitudes criminosas e como tal precisam de respostas. 

O excelente artigo "Basta! Milícias antipetistas violam artigo 5º da Constituição. Cumpra-se a lei", publicado no Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães,​ nos lembra o quanto isso precisa ser combatido na forma da lei e do Estado Democrático de Direito para que a história dos regimes totalitários e das concepções autoritárias não permitam com que outros erros anti-democráticos, como os que já ocorreram na ditadura brasileira ou na Alemanha e na Itália nazi-fascistas.

A história demonstra que o fascismo se alimenta da inação dos democratas. A segunda década do século XX, por exemplo, viu nascer um movimento de ódio contra uma etnia e um ideário político-ideológico. O nazismo foi erguido sobre ódio aos judeus e aos comunistas. Com efeito, apontar “inimigos comuns da sociedade” à execração pública é o ovo da serpente.

Nas últimas semanas, essa ideologia do ódio deu lugar a novas agressões a pessoas públicas em restaurantes de São Paulo. Os ex-ministros do governo Dilma Rousseff Guido Mantega e Alexandre Padilha foram insultados em público. No caso de Mantega, pela segunda vez neste ano ele foi expulso de um local público sob saraivada de injúrias.

Porém, não são apenas membros do Partido dos Trabalhadores, ou o próprio partido, que vêm sendo alvos de ataques verbais e até físicos. Cidadãos sem filiação partidária estão sendo injuriados e até agredidos fisicamente por milícias antipetistas que promovem blitz nas ruas de São Paulo com vistas a oprimir qualquer um que lhes desafie a decisão de constranger quem ostente sua opinião política.

Há grupos organizados que vêm anunciando publicamente suas intenções fascistas de constrangerem quem tem opinião política diferente e de impedirem que pessoas públicas possam sequer frequentar lugares públicos. Comentários de leitores postados no perfil do Facebook da revista Época, em link para matéria sobre a agressão recente a Guido Mantega, deixam isso bem claro.


Como se pode ver, há pregação escancarada de intimidação de “petistas” que ousarem aparecer em locais públicos. Note, leitor, que os comentários que se vê na imagem acima não especificam se os “petistas” que devem ser coagidos a deixar locais públicos são “apenas” os filiados ao PT. A prática vem mostrando que basta mostrar simpatia pelo partido para ser agredido.

Claro que os políticos diretamente ligados ao PT, além do próprio partido, vêm sendo alvejados com maior contundência – nos últimos meses, por exemplo, dois diretórios do PT foram alvos de ataques a bombas incendiárias, um em Jundiaí e outro na capital paulista. E os relatos de agressões físicas e verbais contra qualquer um que possa ser identificado como simpatizante petista sucedem-se em escala geométrica.


Durante o processo eleitoral do ano passado, um caso tornado público por este Blog escandalizou o país. Um cadeirante foi agredido na rua por quatro brutamontes, em São Paulo, por usar camiseta e estrela do PT.

Outro caso que surpreendeu o país recentemente, também em São Paulo, foi agressão de milícia antipetista ao filho do blogueiro simpatizante do PSDB Ricardo Noblat. Guga Noblat é conhecido por supostamente ser “petista” e foi hostilizado e empurrado por essa milícia apesar de levar sua filha, de poucos meses de vida, no colo.

Esse processo de erupção de fascismo teve início em junho de 2013. Em 20 de junho daquele ano, em um ato público do Movimento Passe Livre na avenida Paulista que pretendia comemorar o recuo do prefeito Fernando Haddad do aumento das passagens de ônibus, petistas foram agredidos por portarem símbolos do partido.

A confusão começou quando militantes do PT chegaram portando bandeiras da sigla. Eles foram recebidos por xingamentos e gritos de “oportunistas” e “mensaleiros”. Hostilizados por todo o trajeto, petistas tiveram que ser protegidos por um cordão humano.

Cerca de três semanas após convocarem o que chamaram de “jornadas de junho”, o MPL, militantes de partidos de esquerda que fazem oposição ao governo Dilma e grupos ligados à ex-candidata a presidente Marina Silva anunciaram que iriam desistir de novas manifestações, assustados com o que haviam criado.

Desde então, as ruas foram tomadas por grupos de ultradireita que pregam a volta da ditadura militar e que decidiram impedir que qualquer pessoa que meramente simpatize com o PT exerça sua liberdade política e de expressão em público.

Essas agressões físicas e verbais contra petistas e simpatizantes do PT violam a Constituição de 1988. Basta uma rápida olhada nos primeiros incisos do artigo 5º do texto constitucional, que versa sobre Direitos e Garantias fundamentais.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

Dos Direitos e Garantias Fundamentais

Capítulo I   

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

IV –  é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

 VIII –  ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Se é “livre a manifestação do pensamento”, quem manifesta pensamento favorável a um determinado grupo político está sendo tolhido em sua liberdade. Se ninguém pode ser “privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política”, os ataques a petistas e simpatizantes do PT violam também esse dispositivo constitucional.

Segundo o artigo 127 da Constituição, “O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”. Em casos de violação de direitos como esses ataques a petistas e simpatizantes do PT, o MP deveria agir independentemente de provocação para garantir a liberdade de pensamento.

Quem não pode ostentar um símbolo de um partido político devidamente registrado e legal, está tendo seus direitos violados por motivo de convicção política, o que o inciso VIII da Carta Magna veda.

A razão pela qual nenhum membro do MP se dignou ainda a tomar providência pode parecer um mistério, mas não é. Essa omissão se deve a um processo de sucateamento dos Direitos e Garantias individuais que vem ganhando corpo desde junho de 2013 e que, pelo que se vê, só tende a aumentar.

O fato é um só: ou o Ministério Público do Brasil está intimidado politicamente ou está sendo conivente com a violação de direitos em curso.

Não são poucas as pessoas afetadas por essas ameaças aos Direitos e Garantias Individuais preconizados pela Carta Magna. No mínimo, centenas de milhares de cidadãos estão sentindo-se intimidados em exercer um direito constitucional de liberdade de expressão quanto a opiniões políticas.

Esse enorme contingente de cidadãos que está tendo seus direitos usurpados por milícias organizadas que atuam à margem da lei precisa decidir se vai mesmo aceitar passivamente o que está acontecendo.

Mas como fazer para não aceitar? A reação cabível é uma só: a lei, fora da qual não há salvação. As leis que garantes os Direitos e Garantias individuais devem ser acionadas.

O caminho ideal é que todo e qualquer cidadão que for alvo de tentativa de repressão à sua opinião política ingresse com medida judicial contra o agressor. Nesse aspecto, os alvos mais visíveis dessas agressões poderiam tomar providências legais.

Os ex-ministros Alexandre Padilha e Guido Mantega, por exemplo, prestariam um enorme serviço à democracia se processassem os agressores que os injuriaram publicamente. Ao não reagirem, estimulam novas agressões a eles mesmos e a outros, inclusive àqueles que meramente nutrem simpatia pelo PT, porém sem serem filiados à sigla.

Porém, não podemos cobrar reação apenas dos políticos. Cabe a cada cidadão defender seus direitos não apenas em defesa própria, mas, também, em defesa da coletividade. Nesse aspecto, vale ler comentário do leitor Sergio L., no post anterior:

Enviado em 26/05/2015 as 03:13

“A reação não pode e não deve vir de um ato solitário. É imenso o risco de se tornar pretexto para novas agressões, físicas inclusive. A força para a reação estará na união.

O que eu vejo é que o PT, com todos os seus erros e acertos, é constituído, em sua imensa maioria, por pessoas democráticas, republicanas e civilizadas, porém firmes em suas opiniões. Está muito adiante do seu tempo!

Eu, com 52 anos e vivendo em bairros/escolas nobres da capital de SP, não conheci, pelo próprio destino, um petista sequer. TODAS as pessoas/familiares, namoradas e amigos que tive/tenho odeiam o PT, votaram em Malufs da vida e idolatram PSDB/Alckmin e o Estado.

Vocês imaginam o apartheid político que vivo a vida inteira… Me sinto um judeu vivendo num estado nazista, onde sequer posso manifestar minhas convicções políticas. As pessoas que para cá vem ou se sentem atraídas, são, em sua imensa maioria, egoístas, preconceituosas e materialistas. E tudo isto aparece nestas atitudes deploráveis”

Essa é a história de centenas de milhares de brasileiros que hoje ocultam suas ideias políticas por medo de variados tipos de repressão, todos ilegais, inconstitucionais e, frequentemente, criminosos.

Se você se sente como o leitor Sergio L. e aceita conviver com isso, saiba que o que está acontecendo é apenas o começo. Hoje, você não pode manifestar o que pensa sobre política em locais públicos, mas ao contemporizar com o fascismo saiba que, cedo ou tarde, você não terá liberdade nem dentro de sua casa.

A prosseguir essa ação crescente das milícias antipetistas, não chega a ser um exagero supor que, em algum momento, começarão a invadir as residências daqueles que forem “suspeitos” de acalentar convicções políticas que esses grupos fascistas decidiram tornar “ilegais”. Se a sociedade não reagir enquanto é tempo, quando acordar poderá ser tarde demais.

Neste ponto, vale lembrar ao leitor que, além das ações judiciais contra quem agredir alguém por manifestar seu pensamento político, há uma medida coletiva que, no momento certo, pode ser tomada. A coletividade pode provocar o Ministério Público.

Uma medida dessa natureza só seria factível caso derivasse de um amplo sentimento de inconformismo com a situação supra descrita. Quantos estariam dispostos, de verdade, a defender seus direitos? Será que já existe disposição coletiva para agir ou precisaremos esperar que a situação se agrave ainda mais?

A decisão não é de todos, é sua. Apenas sua. Se você decidir não se omitir, não se render, um grande passo já terá sido dado. Mas se você calar, se aceitar se autocensurar, ainda que não saiba estará dando um passo igualmente grande para abrir mão de sua cidadania. A escolha é sua.


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