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quinta-feira, abril 15, 2021

Vereador tucano faz acordo com PSOL e passa pra base de Edmilson Rodrigues

Eleito pela 1ª vez pelo PCdoB, Moa Moraes se filiou ao PSDB e agora está na base aliada do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL).


Por Diógenes Brandão 

Ontem, na Câmara Municipal de Belém, o bloco de oposição se reuniu e os vereadores Moa Moraes (PSDB), Zeca do Barreiro (Avante) e Salete (Patriota) anunciaram que fecharam acordos com Edmilson Rodrigues (PSOL) e já compõem a base de apoio do prefeito de Belém.  

Vale lembrar, que eleito como único vereador comunista da capital paraense, Moa Moraes foi expulso do PCdoB em 2017, conforme noticiado aqui

Eleito vereador de Belém em 2016 pelo PCdoB, Moacir Iran Nascimento Moraes Filho, mais conhecido como Moa Moraes, filiou-se ao PSDB e deixou muitos tucanos de bico em pé. Expulso do partido, ele chegou a fazer um comentário através de uma rede social, dizendo que não havia compreendido os motivos de tal atitude partidária. 

DE GALHO EM GALHO

Seu pai, Iran Moraes também já foi vereador por diversos mandatos e partidos. Uns 05 diferentes, inclusive o PT. Filiado no PSC, onde tentou a reeleição em 2016, Iram Moraes não conseguiu mais se eleger a nada.

FARINHA POUCA

Antes de ser expulso e ser filiado ao PSDB, Moa Moraes já vinha apoiando o prefeito Zenaldo Coutinho, votando em projetos de interesses  do tucano na Câmara de Vereadores de Belém.

COOPTAÇÃO ENFRAQUECE OPOSIÇÃO E PODE ACABAR COM PEDIDO DE EXPULSÃO DE INFIÉS

Dos 35 vereadores de Belém, só 04 permanecem na oposição, mas há quem diga que os desertores ainda continuam nos grupos de WhatsApp da oposição, criados para definir estratégias e pautas dos partidos que não se alinham com o governo do PSOL.  

A oposição agora é composta apenas pelos vereadores Mauro Freitas (PSDB), Higino (Patriota), Fabrício Gama (DEM) e Mateus Cavalcante (Cidadania).  

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA 

O blog busca informações com lideranças políticas para saber se eles irão reivindicar os mandatos por infidelidade partidária.

A RESPOSTA DO VEREADOR 

Em contato com o vereador Moa Moraes, ele disse o seguinte:

"Não fui eleito para ser base e nem oposição. Fui eleito para  ser vereador e como vereador minha função é legislar e fiscalizar o prefeito e isso eu farei.  

Agora se uns querem ser  oposição, querem ficar criticando, procurando motivos pra criticar, cabe a cada um o direito de escolha de como vai agir em seu mandato. Eu escolhi agir em meu mandato com prudência: Elogiando quando tiver que elogiar e criticando quando tiver que criticar.

Então, não me considero oposição. Me considero um vereador que foi eleito pra legislar e fiscalizar as ações da prefeitura de Belém", disse ao blog o vereador Moa Moraes (PSDB).

segunda-feira, janeiro 02, 2017

Zenaldo toma posse mesmo cassado e elege aliado na CMB, com apoio do PCdoB e do PT

O prefeito de Belém conseguiu duas proezas neste domingo: Mesmo cassado, foi diplomado prefeito e conseguiu eleger por quase unanimidade, o seu "pitbull" na presidência da Câmara Municipal.

Por Diógenes Brandão

Com 4 quarteirões bloqueados por um forte aparato policial que incluiu diversos PMs e guardas municipais, o prefeito de Belém Zenaldo Coutinho (PSDB) foi empossado junto com seu vice, Orlando Reis e mais 35 vereadores, na manhã deste domingo, na Câmara Municipal de Belém.

Indicado por Zenaldo em uma articulação que envolveu a 32 dos 35 vereadores eleitos e reeleitos em outubro, o vereador Mauro Freitas (PSDC) encabeçou a única chapa que foi montada e foi eleito presidente da mesa diretora da casa legislativa pelos próximos anos. Eleito em 2012 e reeleito em 2016, o vereador que  ficou famoso por ter agredido sua colega, a vereadora Marinor Brito (PSOL), durante uma sessão que votava a criação do Sistema Cicloviário de Belém, em junho de 2015.

'Ele veio pra cima de mim tentando me bater, me empurrando com o peito e com a mãos, e isso não vai ficar sem uma reparação de acordo com a lei. Essa não foi uma atitude isolada do vereador, ele tem tido repetidas atitudes de agressão contra os colegas e em especial contra as mulheres aqui na CMB', afirmou a vereadora à reportagem do jornal O Liberal, na época. O caso ficou por isso mesmo, mas foi registrado na Delegacia das Mulheres, quando o vereador foi apelidado nas redes sociais, como "Pitbull" do prefeito.

Dos 22 partidos com representantes na CMB, só o PSOL negou apoio ao candidato do prefeito à mesa diretora da casa

Com (três) 03 vereadores reeleitos, a bancada do PSOL foi a única que deixou de votar (inclusive contra), a chapa formada com o consenso de todos os demais partidos com representação na CMB. Marinor Brito e Fernando Carneiro usaram suas redes sociais para declarar a posição do partido diante do fato. Já o vereador Dr. Chiquinho, também do PSOL, não comparece, mas segundo a assessoria de comunicação da câmara, ele justificou a ausência.

"A bancada do PSOL continuará fazendo oposição com responsabilidade, fiscalizando o trabalho do prefeito, defendo os direitos do povo, para sair dessa situação de abandono que se encontra a cidade de Belém", declarou a vereadora Marinor Brito em seu site.

Fernando Carneiro gravou um vídeo onde lamentou mais uma vitória do prefeito tucano: "Hoje foi a posse dos vereadores e a eleição da mesa diretora da Câmara. Só o PSOL votou contra a chapa do prefeito cassado Zenaldo Coutinho. Foi montada uma operação militar para evitar que o povo pudesse participar. Precisamos lembrar que a Câmara é a casa do povo", afirmou o vereador psolista em seu perfil no facebook.

Devido a forte insatisfação popular, a posse do prefeito, vice-prefeito e vereadores foi marcada pela ausência do povo que os elegeram. As galerias da CMB ficam vazias.

De camisa e gravata amarela - cor usada pelos partidos da direita paraense - Mauro Freitas comemorou: "Aqui não falo em meu nome, mas em nome dos 32 vereadores que fizeram de uma chapa que entra para a história como a que conseguiu o maior número de votos para dirigir esta Casa. Formar uma chapa unida é muito difícil, mas a humildade de cada parlamentar que compõe esta Mesa foi decisiva para que todos abrissem mão de vaidades e interesses partidários. Saibam que isso faz com que nossa responsabilidade aumente. A Câmara de Belém é uma das mais novas do Brasil em termos de renovação (...) hoje, temos uma Câmara nova e inspiradora, disposta a fazer o possível e o impossível para ajudar a administração de nossa cidade", disse o novo presidente da Casa.
Sem poder entrar na "Casa do Povo", os populares assistiram um ato político em um palco montado do lado de fora da CMB. O evento foi realizado logo após a posse do prefeito e dos vereadores eleitos nas últimas eleições em Belém.

Em matéria publicada no site da CMB, pode ser lida a seguinte informação: "Mauro Freitas também destacou que a união responsável pela eleição da chapa "Câmara Unida" representa o compromisso de união para que Belém siga no rumo certo. "Essa pluralidade mostra o compromisso desses vereadores que estão dispostos a colaborar com a nova gestão".

Ou seja, o novo presidente da Câmara Municipal de Belém confia na passividade de partidos da esquerda, tal como o PT e do PCdoB, ao invés de uma oposição firme e atuante. A notícia volta a decepcionar seus filiados e diversos militantes que esperavam que os vereadores, os deputados estaduais, federais e senadores fossem mais combativos.

Assim como os vereadores da esquerda em Belém, os seus deputados estaduais votaram duas (02) vezes consecutivas, no deputado estadual Márcio Miranda (DEM), como presidente da ALEPA - tal como quis o governador Simão Jatene (PSDB) - onde o deputado petista Airton Faleiro também integra a mesa diretora, em um acordo político que tem gerado diversas críticas, inclusive de dirigentes petistas, como Karol Cavalcante, atual secretária-geral do diretório estadual do PT, um dos cargos mais importantes na legenda.





Conheça os vereadores de Belém que tomaram posse para o mandato até 2020. Em vermelho, os representantes da esquerda que votaram com a base do prefeito e em negrito os nomes dos únicos que se abstiveram na eleição que elegeu o novo presidente da CMB:

Adriano Coelho (PDT) 
Altair Brandão (PC do B) 
Amaury da APPD (PT)
Bieco (PR)
Blenda Quaresma (PMDB)
Celsinho Sabino (PSC)
Delegado Nilton Neves (PSL)
Dinely (PSC)
Dr. Elenilson (PT do B)
Dr. Chiquinho (PSOL) - Ausente
Emerson Sampaio (PP)
Fabrício Gama (PMN)
Fernando Carneiro (PSOL)
França (PRB)
Gleisson (PSB)
Gustavo Sefer (PSD)
Henrique Soares (PDT)
Igor Andrade (PSB)
Igor Normando (PHS)
Joaquim Campos (PMDB)
John Wayne (PMDB)
Lulu Pinheiro (PTC)
Marciel Manão (PEN)
Marinor Brito (PSOL)
Mauro Freitas (PSDC)
Moa Moraes (PC do B)
Nemias Valentim (PSDB)
Paulo Bengtson (PTB)
Professor Wellington Magalhães (PPS)
Rildo Pessoa (PT do B)
Sargento Silvano (PSD)
Simone Kahwage (PRB)
Toré Lima (PRB)
Victor Dias (PTC)
Zeca Pirão (SD)

sexta-feira, abril 15, 2016

Não dá pra confiar no Congresso. Às ruas!


Por Altamiro Borges, em seu blog.

Na manhã desta sexta-feira (15), quando o correntista suíço Eduardo Cunha deu início à vergonhosa sessão pelo impeachment da presidenta Dilma, os movimentos sociais foram às ruas contra o "golpe dos corruptos". Trabalhadores rurais bloquearam estradas em vários Estados; lideranças populares ocuparam ruas e praças nas capitais; teve até greve dos motoristas e cobradores de ônibus em Salvador (BA). Tudo indica que estas ações vão crescer ainda mais até domingo, data prevista para a votação na Câmara Federal. Os movimentos sociais sabem que não podem confiar nos "nobres deputados" - alvos da sedução da mídia e do balcão de negócios da quadrilha que deseja assaltar o Palácio do Planalto.

Nos últimos dias, a imprensa golpista tentou criar o clima do já ganhou, apostando no efeito manada para atrair os parlamentares vacilantes. As emissoras de tevê, principalmente a Globo, só exibem as versões favoráveis ao impeachment - o espaço para o contraditório é quase inexistente. Na internet, os sites dos impérios midiáticos apresentam gráficos com o número de deputados que votarão pelo golpe - se bobear já seriam mais de 513 parlamentares. Já nos bastidores, o traidor Michel Temer, o correntista suíço Eduardo Cunha e os caciques demotucanos montaram um balcão de negócios com promessas para os fisiológicos - inclusive de se livrarem de denúncias por corrupção.

Esta violenta pressão teve efeitos. Partidos da base governista - como o PSD de Gilberto Kassab e o PP de Ciro Nogueira - anunciaram nesta semana que fecharam questão em favor do impeachment. Antes satanizados pela imprensa, estas siglas agora são elogiadas por seus "gestos de coragem". Estas decisões, contudo, não garantem o voto golpista de todos os deputados destas legendas. "Não haverá punição para aqueles parlamentares não seguirem a orientação da sigla", já antecipou Ciro Nogueira. A própria Folha, que não esconde sua torcida pelo golpe, revela que "o entorno do ex-presidente Lula contabilizava 14 votos de deputados do PP contra o impeachment". Outros quatro estariam indecisos!

A mesma situação é vivenciada pelo PSD. Por 30 votos a 8, a bancada da sigla decidiu desembarcar do governo e votar pela destituição de Dilma. Mas não há consenso entre os deputados, conforme já alertou o ministro Gilberto Kassab. Em outras legendas menores, o cenário também é conturbado. Mesmo assim, a imprensa golpista tenta vender a imagem de que o impeachment já está aprovado e até especula sobre o futuro ministério do traidor trapalhão Michel Temer. 

No outro extremo, o governo e os partidos de esquerda afirmam que já reuniram o número necessário de parlamentares para rejeitar o golpe. Fala-se em 184 deputados - quando seriam precisos 172 votos. Até a pesquisa Datafolha divulgada na semana passada concluiu que o "impeachment de Dilma não passa no plenário da Câmara". Os golpistas teriam 60% dos votos. "Considerando o total de 513 votantes, contando com o presidente Eduardo Cunha, o processo de impeachment teria 308 votos, – 34 a menos que os 342 necessários (67% da Câmara) para que o processo seja levado ao Senado". A pesquisa, porém, já foi arquivada pela própria famiglia Frias, dona do instituto e da Folha.

Diante deste quadro de incertezas, traições e manipulações, não dá mesmo para confiar no Congresso. Daí a justa decisão dos movimentos sociais de ocupar as ruas e aumentar a pressão. Quanto mais protestos ocorrerem até domingo, melhores são as chances de se evitar um duro e covarde golpe na democracia brasileira.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

Jornalista afirma que Lula é um mito que seus inimigos querem matar




Por Tereza Cruvinel, sob o título "Lula: matar o mito para encerrar o ciclo", no Brasil 247

Quando Juscelino Kubitscheck morreu, em 1976, viu-se que deixou uma fazendinha em Luziânia e um apartamento no Rio de Janeiro. E, no entanto, nos anos que se seguiram ao golpe de 1964, a ditadura forjou a lenda de que fora cassado porque era corrupto e roubara muito durante a construção de Brasília. JK foi cassado porque era o mito eleitoral e político daquele tempo, o candidato mais forte às eleições presidenciais que estavam marcadas para 1965. O triunfo da nova ordem política erigida pelos militares exigia a destruição do mito JK, o presidente que mudara a face do Brasil acelerando a industrialização e interiorizando a capital. Mataram o mito. Depois, o pleito de 1965 foi desmarcado e os brasileiros só votaram novamente para presidente em 1989. Para visitar a cidade que criara, ele vinha a jantares clandestinos organizados pela amiga Vera Brant.

Na segunda morte de JK, a morte física em 1976, estudantes, candangos e centenas de brasilienses acompanharam o féretro da Catedral até o cemitério Campo da Esperança cantando o "peixe vivo" e gritando "abaixo a ditadura". Foi a primeira grande manifestação política de que participei.

Antes de JK, a caçada a outro mito também relacionado a mudanças sociais e econômicas de viés popular, havia terminado com o suicídio de Getúlio Vargas, que com o tiro no peito adiou em dez anos o golpe de 1964.

Há uma clara semelhança entre o assassinato político de JK pela ditadura e a caçada Lula para abrir caminho a uma troca de guarda no poder. Para colocar um fim à ordem política instaurada pelo PT com a chegada de Lula à presidência em 2002 é preciso acabar não apenas com a ideia de que os governos petistas promoveram os mais pobres à cidadania, reduziram a desigualdade, resgataram milhões da miséria e mitigaram, com políticas afirmativas a nossa dívida histórica para com os negros e afrodescendentes. É preciso apagar a ideia de que a Era Lula produziu um invejável ciclo de crescimento e instaurou, com Celso Amorim, uma política externa altiva que garantiu ao Brasil uma projeção internacional sem precedentes. Não basta também apenas a desqualificação eleitoral do próprio PT, por erros cometidos e por erros que são do sistema político. É preciso destruir o mito projetado por estas mudanças, o mito Lula.

Em janeiro, afastada das lides diárias do jornalismo, acompanhei de longe a abertura da temporada de caça a Lula. O que se prenunciava desde o início do ano ficou claro em 27 de janeiro com a Operação Triplo X, que a pretexto de investigar lavagem de dinheiro pela OAS através da venda de apartamentos no Edifício Solaris, mirou Lula e o tríplex que ele cogitou comprar mas nunca adquiriu. De lá para cá os caçadores se espalharam e se armaram, obtendo agora do juiz Sergio Moro a autorização para abrir um inquérito específico destinado a investigar se as empreiteiras beneficiaram Lula ilegalmente através de obras num sítio de amigos de sua família.

Se Lula não tem um tríplex, o crime estará em ter pensando em possuí-lo? Há muitos meses eu o ouvi contar a amigos o que dissera a sua mulher Marisa para que desistissem do apartamento e resgatassem o valor da cota já pago. "Marisa, eles nunca vão nos aceitar como vizinhos num prédio como aquele. Não vão querer andar de elevador com a gente. Vamos desistir disso antes que comecem os aborrecimentos". Era tarde, vieram mais que aborrecimentos. Vieram acusações difusas, sem forma clara, sem fundamentos sólidos mas corrosivas para o mito. O "tríplex do Lula" passou a existir no imaginário popular, embora não exista na escritura.

Agora, com o novo inquérito, querem provar que o sítio de Atibaia não é de seus donos, mas de Lula. E que empreiteiras investigadas pela Lava Jato investiram nele numa forma indireta de pagar propina ao ex-presidente. É isso que querem provar, embora não digam. Mas no imaginário popular a narrativa já colou. Outra ferida no mito.

Feri-lo porém não basta. A destruição de um mito exige mais, exige sua completa humilhação, exige a retirada de toda e qualquer aura de veneração e respeito. Para isso será preciso processar, condenar, trucidar. Será preciso prender Lula. É a este ponto que desejam chegar os caçadores de Lula, para que nada reste da admiração pelo presidente que saiu da miséria extrema do Nordeste, tornou-se operário, liderou greves, fundou um partido, aceitou as derrotas e um dia venceu a eleição presidencial, tornando-se o presidente brasileiro mais popular internamente e o mais conhecido e respeitado lá fora. "O cara", como disse Obama, precisa ser reduzido a pó.

Lula talvez tenha subestimado a sanha dos caçadores e se atrasado na defesa. Certamente cometeu alguns erros na estratégia de defesa. Do PT combalido, pouco pode esperar. Mas certamente algo ainda espera dos que ainda acreditam nele. Se planeja em algum momento denunciar à sua base política e social a natureza política da caçada que enfrenta, o momento chegou. A hora é de crise para todos e isso não favorece reações populares. Mas ainda que seja como prestação de contas aos que o levaram à glória e assistem à sua destruição sem ouvir um chamado, Lula precisa fazê-lo.

quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Dilma mostra coragem diante das baixarias

Dilma em sua visita ao congresso (Foto: Wilson Dias/02.02.2016/Agência Brasil).


De costas para a mesa onde a presidente Dilma Rousseff está fazendo seu discurso, um deputado aparece gritando. Outro passa diante dela desfilando com uma placa em que se lê "Xô CPMF". Uma deputada interrompe a fala da presidente da República para fazer uma contestação no microfone do plenário. Sobre a bancada, um parlamentar estica a faixa "O Brasil não aguenta mais você. Cai fora!".

Foi um festival de baixarias, incivilidade, desrespeito e falta de educação a reabertura solene do Congresso Nacional nesta terça-feira, desta vez com a presença da presidente Dilma, que resolveu de última hora apresentar pessoalmente a mensagem anual do Executivo ao parlamento.

Deu a impressão de que grande parte das excelências não queria nem ouvir o que a presidente tinha a lhes dizer e propor. Enquanto Dilma propunha diálogo e parceria para enfrentar as graves dificuldades do País e medidas para a retomada do crescimento econômico, deputados e senadores continuavam conversando animadamente, consultando seus celulares e até teve um que ficou o tempo todo dormindo.

É inimaginável ver cenas como estas quando o presidente Obama faz seu discurso anual sobre o Estado da União ou durante as visitas da primeira ministra Merkel ao parlamento alemão.

Repórteres presentes registraram que Dilma foi vaiada oito vezes ao longo do seu discurso e, com isso, os parlamentares da oposição conseguiram roubar todas as manchetes dos jornais, que era o que eles procuravam. Em outras 13 ocasiões, a presidente foi aplaudida. Uma solenidade como essas não pode ser uma disputa entre vaias e aplausos, se todos ali estivessem realmente interessados em bem representar seus eleitores e buscar soluções para os problemas nacionais.

Parlamentares oposicionistas se comportaram como black blocs da internet ou como se estivessem participando de um protesto estudantil, mostrando o grau de degradação a que chegou a disputa política no Legislativo.  Oposição não foi feita mesmo para aplaudir o governo, mas será que seus representantes não poderiam esperar para fazer suas contestações mais tarde, nos plenários da Câmara e do Senado, depois da saída da presidente?

"Precisamos ter como horizonte o futuro do País e não apenas do meu governo", conclamou Dilma, mas parece que falou para as paredes. De qualquer forma, o fato é que a presidente saiu das cordas e retomou a iniciativa das ações políticas, mostrando coragem para ir à toca dos leões e enfrentar seus desafetos, enquanto a oposição se apequenava novamente, repetindo velhos chavões de palanque.

Rara exceção entre os tucanos e assemelhados que só pensam em impeachment, o senador cearense Tasso Jereissatti deu uma declaração serena sobre o discurso presidencial, dizendo que agora a presidente precisa dar continuidade ao diálogo para tornar concretas suas propostas econômicas, que é o que todos esperamos. Caso contrário, argumentou ele, daqui a duas semanas tudo será esquecido.

quarta-feira, janeiro 06, 2016

Para vice-líder do governo, pesquisa da CUT pode dar munição à oposição



O vice-líder do governo Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados, Silvio Costa, afirmou ser "preocupante" a pesquisa encomendada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que aponta a rejeição de mudanças na Previdência Social por 90% dos brasileiros. Na avaliação do parlamentar, o levantamento "pode dar munição à oposição irresponsável".

"A CUT tem o direito de fazer a pesquisa que quiser, mas acho que deveria ter discutido com o governo os termos. Trata-se de uma questão muito séria", disse. "Na discussão das pautas bombas, o que se viu? A oposição votou pela derrubada do fator previdenciário, mas Dilma vetou porque ela é uma estadista, não pensa na próxima eleição, pensa na próxima geração”, acrescentou.

O congressista disse ter "muita curiosidade de conhecer o tipo de pergunta que foi feita nesta pesquisa". "Se você perguntar a qualquer cidadão se ele quer perder direitos adquiridos, a resposta será não. Outra questão é contextualizar. Se você disser que a previdência tem um rombo de R$ 120 bilhões, a pergunta poderia ser diferente. Se não se fizer a reforma, amanhã você corre o risco de não receber salário, como aconteceu na Grécia e na Espanha, você é a favor ou contra a reforma?", sugeriu o deputado.

Para Sílvio Costa, "a pesquisa traduz um sentimento geral de qualquer ser humano em não querer perder direitos". "A diferença é o que é preciso fazer para garantir os direitos adquiridos. É muito sério o tema", disse, ele, conforme relato do Blog do Jamildo.

O deputado defende que se leve mais informações às pessoas, e citou como exemplo a diferença entre os regime próprio dos servidores públicos e o regime geral, da iniciativa privada. "No primeiro, dos servidores federais, um milhão de aposentados gera um rombo de R$ 60 bilhões por ano. No regime geral, privado, 30 milhões de brasileiros geram um rombo de R$ 65 bilhões", comparou.

O congressista alertou para o crescimento populacional e também para o problema das aposentadorias rurais. "Não se pode isolar as aposentadorias urbanas e as rurais. Isoladamente, somente com as aposentadorias urbanas, ela é superavitária, mas é preciso pagar a conta das aposentadorias rurais, criadas com a Constituição de 1988", acrescentou.

Sílvio Costa criticou a oposição. “Não dá para aplaudir os Arnaldo Faria de Sá ganhando voto fazendo demagogia com os aposentados. É a oposição brasileira, irresponsável. O FHC criou o fator previdenciário e se não fosse ele o rombo não estaria em R$ 125 bilhões, mas em R$ 200 bilhões por ano.

terça-feira, janeiro 05, 2016

A oposição e os "salvadores da pátria"


No blog do Mauro Santayana

As divulgação de "acusações" de delatores “premiados” contra os senadores Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Fernando Collor e Aécio Neves vêm corroborar o que afirmamos recentemente em O impeachment, a antipolítica e a judicialização do Estado. 

A criminalização da política, na tentativa e na pressa de retirar o PT do Palácio do Planalto por outros meios que não os eleitorais, iria descambar para a condenação, paulatina, geral e irrestrita, da atividade como um todo.

Esse é um processo que parece estar focado, além de, principalmente, no PT, também nos partidos ou candidatos que possam fazer sombra, no campo adversário ao do governo, ao projeto messiânico de um “novo Brasil” que está sendo engendrado à sombra da ambição e do deslumbramento das forças surgidas da “guerra contra a corrupção” e da “Operação Lava-Jato”.

A entrevista da semana passada, com o procurador Deltan Dalagnoll, na primeira página do Correio Braziliense  e a capa da retrospectiva de Veja, com a cara fechada do Juiz Sérgio Moro, com o título de “Ele salvou o ano” (a segunda, se não nos enganamos) que - será por mera coincidência? - lembra a capa da mesma revista com o rosto de Fernando Collor, com o título de “O caçador de Marajás”, publicada muito antes de ele anunciar-se candidato a presidente da República – são emblemáticas do que pode vir a ocorrer - do ponto de vista midiático - nos próximos três anos.

Só os cegos, os surdos, ou os ingênuos, não estão entendendo para que lado começa a soprar - quase como brisa - o vento - ou melhor, para tocar que tipo de música está começando a se preparar a banda.

segunda-feira, dezembro 07, 2015

A melhor análise sobre o golpe que a grande imprensa já publicou

Troque o nome Mazzili por Aécio e veja a capa que a grande imprensa tanto quer estampar novamente nos jornais do Brasil.

Passei o dia vendo este artigo da Folha de São Paulo sendo compartilhado, mas só agora que fui lê-lo por completo. Considero importante para que nossos amigos e familiares conheçam esta análise, não só por ser de uma pessoa isenta e respeitada, mas sobretudo por lançar luz sobre o momento político que o nosso país atravessa e nem sempre todos tem a oportunidade de se dar conta do que está por de trás de tudo isso.

O DIA DA INFÂMIA. Por Fernando Morais*

Publicado no jornal Folha de São Paulo, neste domingo, 06/12/2015. 

Minha geração testemunhou o que eu acreditava ter sido o episódio mais infame da história do Congresso. Na madrugada de 2 de abril de 1964, o senador Auro de Moura Andrade declarou vaga a Presidência da República, sob o falso pretexto de que João Goulart teria deixado o país, consumando o golpe que nos levou a 21 anos de ditadura.

Indignado, o polido deputado Tancredo Neves surpreendeu o plenário aos gritos de "Canalha! Canalha!".

No crepúsculo deste 2 de dezembro, um patético descendente dos golpistas de 64 deu início ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

A natureza do golpe é a mesma, embora os interesses, no caso os do deputado Eduardo Cunha, sejam ainda mais torpes. E no mesmo plenário onde antes o avô enfrentara o usurpador, o senador Aécio Neves celebrou com os golpistas este segundo Dia da Infâmia.

Jamais imaginei que pudéssemos chegar à lama em que o gangsterismo de uns e o oportunismo de outros mergulharam o país. O Brasil passou um ano emparedado entre a chantagem de Eduardo Cunha –que abusa do cargo para escapar ao julgamento de seus delitos– e a hipocrisia da oposição, que vem namorando o golpe desde que perdeu as eleições presidenciais para o PT, pela quarta vez consecutiva.

Pediram uma ridícula recontagem de votos; entraram com ações para anular a eleição; ocuparam os meios de comunicação para divulgar delações inexistentes; compraram pareceres no balcão de juristas de ocasião e, escondidos atrás de siglas desconhecidas, botaram seus exércitos nas ruas, sempre magnificados nas contas da imprensa.

Nada conseguiram, a não ser tumultuar a vida política e agravar irresponsavelmente a situação da economia, sabotando o país com suas pautas-bomba.

Nada conseguiram por duas singelas razões: Dilma é uma mulher honesta e o povo sabe que, mesmo com todos os problemas, a oposição foi incapaz de apresentar um projeto de país alternativo aos avanços dos governos Lula e Dilma.

Aos inconformados com as urnas restou o comparsa que eles plantaram na presidência da Câmara –como se sabe, o PSDB, o DEM e o PPS votaram em Eduardo Cunha contra o candidato do PT, Arlindo Chinaglia. Dono de "capivara" policial mais extensa que a biografia, Cunha disparou a arma colocada em suas mãos por Hélio Bicudo.

O triste de tudo isso é saber que o ódio de Bicudo ao PT não vem de divergências políticas e ideológicas, mas por ter-lhe escapado das mãos uma sinecura –ou, como ele declarou aos jornais, "um alto cargo, provavelmente fora do país".

Dilma não será processada por ter roubado, desviado, mentido, acobertado ou ameaçado. Será processada porque tomou decisões para manter em dia pagamentos de compromissos sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

O TCU viu crimes nessas decisões, embora não os visse em atos semelhantes de outros governos. Mas é o relator das contas do governo, o ministro Augusto Nardes, e não Dilma, que é investigado na Operação Zelotes, junto com o sobrinho. E é o presidente do TCU, Aroldo Cedraz, e não Dilma, que é citado na Lava Jato, junto com o filho. Todos suspeitos de tráfico de influência. Provoca náusea, mas não surpreende.

"Claras las cosas, oscuro el chocolate", dizem os portenhos. Agora a linha divisória está clara. Vamos ver quem está do lado da lei, do Estado democrático de Direito, da democracia e do respeito ao voto do povo.

E veremos quem se alia ao oportunismo, ao gangsterismo, ao vale-tudo pelo poder. Não tenho dúvidas: a presidente Dilma sairá maior dessa guerra, mais uma entre tantas que enfrentou, sem jamais ter se ajoelhado diante de seus algozes."

*FERNANDO MORAIS, 69, é jornalista e escritor. É autor, entre outros, dos livros "Chatô, o Rei do Brasil" e "Olga".

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Nota do Blog: A imagem que ilustra essa postagem é capa do jornal OGlobo, pertencente à família Marinho, que apoiou o golpe, a implantação e todos os 21 anos que a Ditadura Militar durou no Brasil e só assumiu seu erro nas vésperas das manifestações de rua promovidas pela juventude brasileira, nos meados de 2013, quando teve sua sede pichada com os dizeres "Globo mente", além de ser alvo de fezes que foram arremessadas por participantes do ato, no Rio de Janeiro e depois em várias capitais brasileiras.

Ou seja, embora a Globo já tenha admitido que errou, nunca assumiu que mentiu por diversas vezes ao publicar inverdades de forma leviana, como a capa em questão, onde afirmou que o presidente João Goulart havia fugido. 

Agora vejam como tudo se repete, quase 50 anos depois desta poderosa empresa familiar servir como principal instrumento midiático, usado na desestabilização de um governo democraticamente eleito e que foi sumariamente retirado do poder em 1964, por uma manobra realizada no Congresso Nacional, após um golpe muito parecido com o que tentam novamente impor ao Brasil.

sábado, agosto 22, 2015

Oposição sela aliança espúria com Cunha pelo golpe



Principais partidos de oposição pretendem aproveitar o momento ainda mais tenso na relação entre o Planalto e o presidente da Câmara para dar seguimento ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff; PSDB, DEM, PPS e SD se reunirão na próxima semana para unificar o discurso em torno da defesa do impeachment; acordo prevê que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) rejeite pedido na Casa, mas que oposicionistas entrem com recurso, a fim de dar caráter coletivo à ação; desde que Cunha foi denunciado, o presidente do PSDB, Aécio Neves, não se manifestou; já o líder tucano Carlos Sampaio (SP) pediu cautela e lembrou da presunção de inocência do peemedebista.

Os líderes dos principais partidos de oposição devem selar uma aliança espúria com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para dar sequência ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff na Casa.

A ideia é aproveitar o momento ainda mais tenso na relação entre o Planalto e Cunha, que acaba de ser denunciado pela Procuradora-Geral da República por suposto envolvimento na Lava Jato e acusa o governo de fazer um 'acordão' para atingi-lo, para avançar em um pedido de impeachment.

Desde que Cunha foi denunciado, na última quinta-feira, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), não se pronunciou. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), pediu cautela e lembrou que Cunha é inocente até que se prove o contrário.

Nota do colunista Ilimar Franco, do Globo, neste sábado 21, aponta "indignação na oposição com o PSDB". Segundo ele, as siglas se reuniram para ver como tratar a denúncia contra Cunha e, enquanto o presidente do DEM, Agripino Maia, e seu líder na Câmara, Mendonça Filho, foram à TV, "os tucanos sumiram". 

PSDB, DEM, PPS e SD devem se reunir na próxima terça-feira para unificar o discurso em torno da defesa do afastamento da presidente, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo.

O acordo prevê que Cunha rejeite inicialmente um pedido de impeachment, mas oposicionistas entrem em seguida com um recurso, para que ele seja votado em plenário. O objetivo é não deixar apenas com o peemedebista a responsabilidade da decisão, além de dar caráter coletivo à ação.

segunda-feira, junho 22, 2015

PT está velho e perdeu utopia, diz Lula, que prega 'revolução' na sigla

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (à esq.) e o ex-primeiro-ministro da Espanha, Felipe González
Na Folha.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou, nesta segunda-feira (22), uma "revolução" no PT e afirmou que a sigla tem os vícios de todo partido que cresce e chega ao poder.

"Não sei se o defeito é nosso, se é do governo. O PT perdeu a utopia", afirmou.

Lula disse ainda que os correligionários "só pensam em cargo, em emprego, em ser eleito", em referência a cargos no governo federal e disputas eleitorais.

"Nós temos que definir se queremos salvar nossa pele, nossos cargos, ou nosso projeto", discursou ele, durante seminário "Novos desafios da democracia" promovido pelo Instituto Lula com a presença do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González.

Filiado ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), ele foi convidado a falar sobre a experiência de seu partido ao se reerguer após denúncias de corrupção. A sigla ficou nove anos fora do poder na Espanha até conseguir voltar ao governo, quando José Luis Zapatero foi alçado ao cargo de primeiro-ministro (2004-2011).

'AFLIÇÃO POLÍTICA'

González disse acreditar na possibilidade de o Brasil implementar medidas anticíclicas. Segundo ele, o ajuste fiscal praticado pelo governo Dilma Rousseff vai durar cerca de um ano. Avalia, porém, que o Brasil tem "muita capacidade de investimento que pode ser concretizado neste momento".

"Eu entendo a aflição que existe [no Brasil]. Acredito que seja mais por motivo político do que pela situação econômica."

O evento foi aberto pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, convocado a prestar depoimento à CPI da Petrobras na Câmara para explicar as doações de R$ 3 milhões feitas ao instituto pela empreiteira Camargo Corrêa, investigada no esquema de corrupção da Petrobras.

Em sua fala, Okamotto questionou a democracia no Brasil e disse que as redes sociais a "complicam". Ele definiu democracia como "exercício solitário de pensar o que é bom para as pessoas" e disse que fica "com uma grande pulga atrás da orelha" sobre como consolidá-la no país.

"Estamos muito distantes do mundo desenvolvido, do mundo rico", afirmou.

Segundo ele, a "democracia está ainda mais complicada" com o advento das redes sociais. Okamotto apontou o apoio popular à redução da maioridade penal e o fracasso da reforma política como ameaças.

"Todo mundo quer uma classe política melhor. Mas essa reforma política, para mim, é uma decepção", discursou.

INTERNACIONAL

Participante do encontro, o ministro da Educação, Renato Janine, afirmou que governos eleitos estão "sofrendo fortes ataques" na América Latina. E perguntou a González sua opinião a respeito.

O espanhol –um dos críticos do governo Maduro– respondeu que um governo que não respeita as forças políticas de seu país perde a legitimidade, as eleições e a natureza.

Questionado especificamente sobre sua viagem a Venezuela, González disse que está "preocupado" com a crise enfrentada pela Venezuela porque acha improvável que o governo esteja aberto ao diálogo. "Não acredito em conspiração internacional golpista para derrubar os governos", disse.

Ele disse ainda que está preocupado com ondas de intolerância no Brasil. "Vejo sinais de intolerância. Fico preocupado porque o Brasil é um país de tolerância, de convivência."

Ao lado de González, Lula também criticou o assassinato do ditador Sadam Hussein. "Alguma vez ele te causou problema?", perguntou a González.

A programação original não previa um discurso de Lula –o petista pediu a vez quando o tema foi imprensa. Ao ouvir o debate sobre Venezuela, Lula mandou um bilhete para a assessora Clara Ant, que presidia a mesa, avisando a intenção de falar.

"Nem tem muita oposição aqui. A oposição [no Brasil] é pela imprensa", disse ele, defendendo a regulamentação da mídia e afirmando que "nove famílias controlam" o setor no país.

quarta-feira, maio 13, 2015

Comissão do Senado dá aval à indicação de Fachin para o STF

O nome precisa agora ser analisado em plenário — o que deve acontecer na próxima semana.

No Portal R7.


Após quase 11 horas de sabatina, a CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania) aprovou, às 22h40 desta terça-feira (12), por 20 votos a 7, a indicação de Luiz Edson Fachin para uma vaga ao STF (Supremo Tribunal Federal).

O nome precisa agora ser analisado em plenário, o que deve acontecer, segundo o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) daqui a uma semana, no próximo dia 19. Também foi aprovado na CCJ o regime de urgência para análise do nome do indicado pelo plenário.

Fachin foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para ocupar o posto de Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho de 2014. Para chegar à mais alta corte do País, Fachin terá ainda de ser aprovado por 41 dos 81 senadores.

O desespero da oposição tem fundamento

Sendo construída na bacia do Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do Pará, Belo Monte será a 3ª maior hidrelétrica do mundo e a maior inteiramente brasileira.

Todos os dias, os meios de comunicação alternativos, principalmente através dos blogs e mídias digitais, lemos algumas análises sobre os acontecimentos políticos e alguns são mais nobres e dignos de respeito, dada a sua credibilidade e isenção, mas a grande maioria esbanja parcialidade e revela a indústria da politização midiática, onde campos opostos se digladiam com acusações e defesas de suas lideranças políticas, jurídicas e partidárias.

No entanto, além do poder de impacto da grande mídia, além do que, se houvesse unidade e organização nas inciativas que temos em relação à proteção das crianças e adolescentes das mão dos aliciadores...

por Alberto Kopittke*, no Sul21

É preciso olhar o atual ataque que a oposição político-midiática-financeira está fazendo ao Governo Dilma para além da onda de ódio disseminada em setores da classe média para que se compreenda os seus reais motivos.

As razões para um ataque tão virulento, beirando ilações de apoio a um Golpe de Estado, obviamente não estão na indignação do PSDB, da Rede Globo, da Veja, ou do capital financeiro em relação a corrupção, com a qual sempre conviveram tranquilamente, quando lhes convinha.

O que a oposição percebeu é que, após atravessar mais um ou dois semestres com dificuldades econômicas, os últimos três anos do Governo Dilma podem ser o ápice do atual projeto nacional-desenvolvimentista, iniciado em 2002.

A partir do segundo semestre do ano que vem, o Governo começará a inaugurar as grandes obras dos Governos Lula e Dilma, como a transposição do Rio São Francisco; as Hidrelétricas de Belo Monte (a terceira maior do mundo), de Jirau e de Santo Antônio; a expansão e construção de pelo menos 6 metrôs que estão em obras e dezenas de BRTs; pontes, como a de Laguna (SC) e a segunda Ponte do Guaíba (RS); grandes trechos da Ferrovia Norte Sul; ampliação e modernização dos maiores aeroportos do país; plataforma de petróleo; refinaria Abreu e Lima, que será a mais moderna do país; entre muitas outras.

A Petrobrás que nos últimos anos fez muitos investimentos para se preparar para o pré-sal, volta a se capitalizar a partir de 2016 e as extrações de Petróleo quadruplicam nos próximos três anos.

Além disso, a inflação tende a recuar e a economia voltar a crescer, gerando mais alguns milhões de empregos. E, de quebra, a Presidenta ainda inaugura a Cidade Olímpica e o Parque Olímpica e recepciona as Olimpíadas e as ParaOlimpíadas de 2016, em um megaevento que tende a ser 6 vezes maior que a Copa do Mundo.

Neste cenário, dá para entender o desespero da oposição e seu desatino golpista. Eles sabem que tudo o que foi plantado nos últimos 12 anos, será colhido nos próximos quatro.

*Alberto Kopittke é advogado e vereador de Porto Alegre.

terça-feira, maio 05, 2015

Panelaço contra e tuitaço a favor da inserção do PT


Revista Veja chama seus leitores para o tuitaço convocado pela oposição. 

Mesmo convocado por alguns setores da grande mídia, o panelaço contra Dilma foi fraco e pontual, enquanto isso, o tuitaço em apoio ao governo ficou em 1º lugar no twitter Brasil e em 5º no mundo.

A exibição do programa do PT na noite desta terça-feira (05), recebeu manifestações de apoio e protestos. No entanto, assim como a manifestação contra o governo no dia 12 do mês passado, o 2º panelaço convocado pela oposição alcançou um número muito pequeno de apartamentos e condomínios, em sua maioria de luxo, em algumas capitais brasileiras.


Cientistas políticos observam o enfraquecimento do apoio de alguns setores da sociedade brasileira aos atos e manifestações da oposição e percebem que o governo tem tido como iniciativa, atacar os principais problemas apontados pelas críticas que recebe.

No entanto, o investimento feito por alguns grupos contrários ao PT e ao governo, tem contraditoriamente aumentado, mas a percepção de que as manifestações espontâneas estão sendo usadas por políticos e partidos da oposição, faz com que muitas pessoas deixem de segui-las.

Participação de Lula reforça apoio à Dilma.

Lula e Rui Falcão, presidente nacional do PT dividiram a apresentação e defesa das ações que o partido e o governo Dilma tem realizado pelo crescimento do Brasil e a inclusão dos menos favorecidos. Dilma, que apareceu no último programa do partido, desta vez não foi escalada, por uma definição estratégica de revezamento entre as lideranças do partido.

Ao contrário do que a Folha de São Paulo afirmou, em matéria publicada logo após a exibição do vídeo da propaganda eleitoral gratuita na TV, ninguém do Planalto se pronunciou contra a presença de Lula.

A tática de dizer que "pessoas próximas", "interlocutores do governo" ou "fontes ligadas a palácio" já são táticas manjadas no "mar" de manipulação jornalística. No entanto, o governo federal é composto por vários partidos é possível que tenham outros nomes para sucessão de Dilma, o que é normal e compreensível. Mas se algum membro do PT tivesse se manifestado, o jornal poderia ter revelado o nome, no intuito de gerar crise interna, o que não acontece no momento. A unidade partidária no PT é em torno de Lula e Dilma.

Por isso, essa "notícia" tá mais pra ser fruto de uma farsa manjada para tentar negativar a imagem de Lula e inviabilizar sua candidatura, como sucessor de Dilma em 2018. "Se alguém de dentro do governo não gostou, que tire a máscara e mostre-se", disse uma internauta em resposta à Folha de São Paulo.



Portal Vermelho e PCdoB foram os mais influente no tuitaço

O fato dos perfis do PCdoB e do Portal Vermelho terem sido os mais influentes, no tuitaço que elevou a hashtag #EuToNaLutaPeloBrasil, para os Trend Topics, chamou a atenção de pessoas que atuam no monitoramento das redes sociais. Ambos são administrados pelo partido aliado e não pelo PT, o qual teve a inserção na TV durante a manifestação de apoio dos internautas.

segunda-feira, abril 13, 2015

Ex-juiz que perseguia petistas é condenado a 17 anos por corrupção



Rocha Mattos já tinha sido sentenciado a 12 anos de prisão por venda de decisões, pela Operação Anaconda, primeira grande operação de combate à corrupção da Polícia Federal, no governo Lula, que completará 12 anos.

A operação foi desencadeada pela Polícia Federal em outubro de 2003, depois de um ano e meio de investigações sobre um esquema de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, prevaricação, facilitação de contrabando, lavagem de dinheiro, além de intermediação e tráfico de influência na emissão de sentenças favoráveis por juízes a contrabandistas, doleiros e empresários investigados por crimes tributários e outros tipos de delitos.

Rocha Mattos acusava o PT pela morte do ex-prefeito petista Celso Daniel e vivia sendo elogiado e com destaque na imprensa, por ser responsável pelas investigações, que segundo a polícia, nada teve a ver com qualquer fato político ligado ao Partido dos Trabalhadores. Até hoje a oposição usa as frases do juiz para atacar o PT.

Fique agora com a matéria que fala da sentença que o levará novamente para a prisão, mas não diz que ele foi peça fundamental de uma farsa montada para incriminar o PT e desgastar o primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Ex-juiz Rocha Mattos é condenado por lavagem de dinheiro, no Portal G1 (Globo)

O ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos foi condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, entre as irregularidades responsáveis pela sentença está a movimentação de milhões de dólares sem origem declarada em uma conta na Suíça. Ele poderá recorrer em liberdade.

Rocha Mattos foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Anaconda, em 2003. Acusado de fazer parte de um esquema de venda de sentenças, ele foi condenado a 12 anos de prisão e ficou quase oito anos na cadeia. Em abril de 2011, foi libertado e passou a cumprir prisão domiciliar. Ele já estava em regime semiaberto, que é quando o preso sai durante o dia para trabalhar e volta apenas para dormir.

Procurado, o advogado do ex-juiz, Daniel Martins Silvestri, disse que ele e Rocha Mattos não foram “oficialmente intimados acerca desta gravíssima notícia”. Ele acrescentou que só poderá analisar o que fará quando tiver acesso à sentença.

De acordo com o MPF, os recursos não declarados foram identificados em três ocasiões distintas. Em 2003, os investigadores encontraram US$ 550,5 mil na casa da ex-mulher dele, Norma Regina Emílio, e o equivalente a R$ 790 mil em contas no Brasil e no exterior, uma delas cedida por um amigo.

Depois, após quebra do sigilo bancário da ex-mulher, foi descoberto um depósito de R$ 116 mil de uma companhia que tinha relações com um empresário absolvido em 2000 pelo então juiz em um processo por crimes contra o sistema financeiro.

O inquérito também revelou movimentações que totalizam mais de US$ 12 milhões em uma conta no banco suíço BNP Paribas, vinculada ao ex-juiz e a sua ex-mulher. As remessas de dinheiro foram feitas sem conhecimento nem autorização da Receita Federal. Diante da falta de comprovação sobre a origem dos recursos, o juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, autor da sentença, destacou existirem provas de que os réus cometeram a lavagem ao enviarem as quantias para o exterior.

Além da pena de prisão, Rocha Mattos foi condenado ao pagamento de multa equivalente a 303 salários mínimos. A a ex-mulher e um irmão dela também foram condenados. O ex-cunhado de Rocha Mattos foi sentenciado pela prática de evasão de divisas e teve a pena de prisão de três anos e seis meses substituída por prestação de serviços e pagamento de R$ 10 mil a uma instituição social indicada pela Justiça. Ele também deverá pagar multa no valor de 60 salários.

A ex-mulher foi sentenciada a 15 anos e dois meses de prisão e a pagar 257 salários de multa. Ela e o ex-juiz deverão cumprir pena em regime inicial fechado, mas poderão recorrer em liberdade.

O procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pela ação, já recorreu para que a pena dos réus seja aumentada.

domingo, dezembro 07, 2014

PARALISIA DO GOVERNO FACILITA GOLPISMO



Por Breno Altman, em seu blog no Opera Mundi

A aprovação de mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias, obtida no final da madrugada desta quinta-feira, não sustou ou debilitou a escalada conservadora.

Apesar da vitória parlamentar, evitando explosão de uma crise fiscal no colo da presidente, como era desejo da oposição de direita, o governo segue acuado.

Os partidos conservadores, associados à velha mídia, tomam carona na manipulação de denúncias provenientes da Operação Lava Jato e tentam manter o oficialismo sob fogo cerrado.

Os sinais do caráter golpista da estratégia opositora são evidentes.

Mesmo que suas principais lideranças ainda considerem insuficientes as condições políticas e jurídicas para abrir processo de impedimento, as operações de desgaste e sabotagem não escondem o propósito desestabilizador.

Não há surpresa no comportamento do PSDB e o resto da matilha, a bem da verdade. Durante a campanha já era evidente, pelo discurso de alguns próceres, que a aliança reacionária se jogaria de corpo e alma no enfrentamento.

Nunca esconderam a intenção de deslegitimar a presidente, empurrá-la contra as cordas e, se possível, abortar o mandato conferido pelas urnas.

Tampouco deixam dúvidas sobre o plano de desconstruir o PT e o ex-presidente Lula antes das eleições de 2018.

O que espanta é a inação governista desde o final de outubro.

Apesar de resoluções combativas, o petismo parece tomado pela apatia e o cansaço político. A reclamar do golpismo, por infração às regras democráticas, mas sem adotar comportamento resoluto e massivo, capaz de interromper as tramoias.

A tomada das galerias do parlamento por um punhado de delinquentes remunerados, durante a votação da LDO, foi simbólica desta política de guarda-baixa.

Por que o PT e o PC do B não convocaram sua militância para ocupar as arquibancadas do parlamento, em defesa da proposta do governo?

Por que a presidente não foi seguidamente à televisão e ao rádio, em entrevistas e em rede, para indicar o que estava em jogo na decisão sobre o superávit primário?

Por que os instrumentos de comunicação do governo não foram acionados para explicar do que se tratava a batalha em torno da LDO?

De qual manual o governo extraiu a lição que o melhor remédio contra a politização da direita seria a despolitização da esquerda?

O Planalto parece aprisionado pela orientação defensiva adotada depois do triunfo eleitoral, contaminando partidos e movimentos que constituem sua base de apoio.

A presidente e sua equipe mais próxima empenham-se em providências e discursos para apaziguar o capital financeiro, o ruralismo, os meios de comunicação, os centros imperialistas, as frações centristas que flertam com a direita, os próprios partidos de direita.

Partem de premissa comprovada, a correlação desfavorável de forças nas instituições, para conclusão gradualmente desmentida pelos fatos: a política de recuos não revela eficácia para conter as forças golpistas.

Ao contrário. A oposição de direita sente-se mais forte em seus ataques, dedica-se a explorar eventuais contradições e vulnerabilidades da esquerda, toma gosto por fazer política recorrendo à disputa aberta do Estado e da sociedade.

Os momentos de calmaria, propiciados por decisões como a nomeação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, logo são seguidos por novos vendavais.

O conservadorismo, mesmo com fraturas e divisões, expõe inédita determinação, um apetite pantagruélico por ocupar todos os espaços disponíveis.

A política do recuo, por outro lado, inibe o campo popular. Divide e paralisa as forças progressistas que levaram ao triunfo eleitoral de Dilma Rousseff. Não deixa clara qual a agenda pela qual seguirá seu segundo governo, conquistado pela narrativa do aprofundamento e da aceleração de reformas.

Pouco se faz para animar a esquerda e provocar o retorno ao palco dos setores populares. Afinal, são esses os únicos destacamentos aptos a enfrentar o consórcio golpista, como a disputa presidencial deixou claro.

Revelam-se politicamente inócuas medidas como a indicação de ministros amigáveis às classes dominantes, o duplo aumento da taxa de juros, o aceno para política econômica mais ortodoxa, o arrefecimento da crítica aos monopólios da informação e o rebaixamento da defesa de uma Constituinte para a reforma política.

Ainda que parte desses encaminhamentos seja inevitável, para preservar a governabilidade institucional, que depende de coalizão pluripartidária e policlassista, demonstra-se estarrecedora a ausência de programas, decisões e símbolos que mobilizem a base natural do petismo.

Vale lembrar que inexiste registro histórico de intentos golpistas detidos por lamentações acerca de sua natureza pérfida.

Não há saída fora da contraposição, à sanha conservadora, de um movimento popular e democrático impulsionado por governantes e partidos que legitimamente exercem a liderança do país.

quarta-feira, novembro 19, 2014

SE DILMA QUER A PAZ, QUE FAÇA A GUERRA



Ex-comunista, hoje senador do PSDB e vice de Aécio nas últimas eleições, Aloysio Nunes é um dos maiores críticos do governo Dilma e um dos principais articuladores da sabotagem ao governo do PT.

Por Breno Altman, no Opera Mundi.

A oposição mudou sua estratégia.

Das eleições findadas em 26 de outubro, extraiu a conclusão de que deveria passar imediatamente à ofensiva.

Nada de acumular progressivamente forças, como em pleitos anteriores. A nova orientação é cristalina: acuar e sabotar o governo desde o primeiro momento.

O objetivo de importantes setores conservadores está traçado: aproveitar as denúncias de corrupção na Petrobrás para levar a presidente às cordas e derrubá-la através de um golpe parlamentar, operado por uma maioria de centro-direita.

Se as condições jurídicas e políticas não permitirem esse arremate, a escalada contra o PT, nos planos oposicionistas, ao menos deverá desidratar a autoridade da chefe de Estado, limar a popularidade de Lula e construir um cenário de isolamento e derrocada da esquerda.

A direita não está agindo apenas por ódio de classe, ainda que tal sentimento mobilize seus seguidores para o combate.

Move-se fundamentalmente por cálculo político. Além das investigações sobre desvios na principal empresa nacional, o antipetismo reformula a atuação porque avalia ter, a seu favor, um quadro de dificuldades econômicas, divisão na base aliada e confusão nas hostes governistas.

O recuo oposicionista, por outro lado, poderia significar o caminho ao cadafalso em 2018, pois daria tempo para o oficialismo arrumar a casa, relançar reformas e reocupar espaços, impulsionado pela eventual candidatura do primeiro presidente petista.

Guinada oposicionista

A seu modo, o conservadorismo aprendeu as lições de 2005, somando esse aprendizado a uma leitura agressiva das circunstâncias que cercaram a última disputa presidencial, cuja síntese está no célebre axioma lacerdista: Dilma tomou posse, não pode governar.

Por isso, não há qualquer disposição para a paz. O comando da oposição está convencido que somente terá triunfos com a guerra. Não somente porque seu estado de espírito é belicoso, mas também porque está seguro sobre o potencial da estratégia de tensão máxima.

Os acenos administrativos de governadores a este respeito, como os do paulista Alckmin e o goiano Perillo, são secundários. Relevante, cheio de simbolismo, é o senador Aloysio Nunes Ferreira, vice na fórmula de Aécio, se juntar à marcha da ultradireita no último dia 15 de novembro.

A bem da verdade, não há surpresa nesta guinada oposicionista, construída palmo a palmo durante a campanha eleitoral. O que espanta é a paralisia do governo e seu bloco político. Há três semanas o conservadorismo opera sem maiores constrangimentos ou contraposição.

O petismo frequentemente age, apesar das recentes resoluções de sua direção nacional, como se fosse possível repetir a política de distensão operada após as três eleições presidenciais anteriores.

Sem maioria parlamentar de esquerda, além de atrair partidos de centro, os governos de Lula e Dilma puderam ser provisoriamente exitosos na tentativa de neutralizar frações hegemônicas da oposição de direita, do capital financeiro e até da velha mídia.

Uma das razões desse sucesso, nos primeiros anos, foi a erosão do campo conservador. Estava recortado por divisões internas e constrangido à defensiva, pagando as contas, na memória popular e até entre fatias da burguesia, pela herança maldita e neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso.

Este desgaste político era suficiente para facilitar o deslizamento de forças centristas e grupos periféricos da direita para fora do sistema de alianças protagonizado pelo PSDB e o DEM desde 1994, viabilizando a governabilidade.

O cenário econômico ajudava a equação

Reformas que ampliavam o mercado interno a partir da reorganização de prioridades orçamentárias, associadas ao forte incremento das exportações, fomentaram um modelo de desenvolvimento com inclusão social que não feria interesses oligárquicos. O feijão dos proletários foi servido sem afetar o uísque dos abastados.

Nem sequer Cândido, o otimista e célebre personagem de Voltaire, poderia achar que a situação se mantém.

Novas medidas para segundo mandato

O antigo padrão de crescimento parece visivelmente esgotado, depois de garantir o mais amplo processo de ascensão social em nossa história recente.

Há um conflito distributivo sobre o futuro que abala a paz transitória entre as classes na qual o petismo pode consolidar seu governo.

A retomada do crescimento, a expansão dos serviços públicos e a continuidade da inserção econômica dos mais pobres são impensáveis sem o Estado impor significativa redução da renda financeira dos mais ricos, desonerando seu próprio orçamento.

O capital usurário e sua rede de relações, por seu lado, defende a política de juros altos e corte nos gastos governamentais, para preservar o valor e a segurança de sua receita.

Este setor, cujo núcleo duro está composto por vinte mil famílias que abocanham 70% dos juros pagos pelos títulos da dívida federal, de quebra almeja a redução relativa de salários e direitos, como atrativo para um novo ciclo de acumulação capitalista.

A nova política da oposição de direita tem coerência com este pano de fundo. Mas não a do governo.

Dilma foi reeleita porque levou o choque de projetos à radicalidade. Mobilizou e unificou a esquerda e os movimentos sociais, apoiando-se sobre o empenho militante de estamentos multitudinários da intelectualidade, da juventude, do sindicalismo e das organizações populares.

A candidatura petista foi capaz de derrotar a poderosa aliança entre a direita e os meios de comunicação porque soube estabelecer a contraposição de identidades, deixando claro o significado de cada fórmula eleitoral.

Desde o discurso da vitória, porém, a presidente emite sinais híbridos.

O governo atua, em muitas oportunidades, como se o objetivo principal fosse acalmar o lado derrotado, acenando com a possibilidade de absorver determinadas pressões do mundo rentista e mitigar as reivindicações do campo político-social que sagrou-se vitorioso nas urnas.

Não há mensagens e compromissos claros em relação aos milhões de brasileiros que travaram batalha contra a restauração e pelo aprofundamento das reformas. Falta uma agenda política e econômica mais precisa que concretize as aspirações da maioria eleitoral.

Ensinamentos de Getúlio

A presidente, por vezes, indica o risco de repetir passos de Getúlio Vargas em seu segundo governo, brilhantemente descritos pelo jornalista Lira Neto na biografia que Dilma levou para ler em suas curtas férias.

Vitorioso em uma campanha popular e com um programa nacionalista, Getúlio reassume o governo, em 1951, sem maioria parlamentar e encurralado pela imprensa.

Nomeia um ministério conservador e esfria as ruas.

Aceita a política econômica ditada por banqueiros e latifundiários, ainda que tenha sido capaz de criar a Petrobrás e elevar o salário mínimo, entre outras conquistas.

Indisposto a convocar para o teatro político as forças sociais que o haviam eleito, o presidente trata de apaziguar seus inimigos com sucessivas concessões.

Nada feito. Isola-se e desgasta-se. Vira refém de instituições controladas pela direita golpista.

Sem o povo, chega a 1954 entre a queda e a renúncia. Deprimido, recorre ao suicídio para chamar as massas novamente à cena e deter a escalada reacionária.

O sacrifício, que adiou por dez anos a intentona fascista, foi resgate épico que pagou por ter demorado a reagir diante do sequestro de seu governo.

Nada de tão sinistro está à vista para a segunda administração da presidente Dilma Rousseff. Mas há ensinamentos importantes que eventualmente poderiam ser tirados da tragédia getulista.

O primeiro deles é que consiste grave erro desmobilizar e desanimar multidões, fonte de uma vitória eleitoral, especialmente quando não se é hegemônico no Estado e na sociedade.

O segundo registra-se na insuficiência da mera habilidade política como instrumento para acantonar o golpismo, neutralizar a direita republicana e reconquistar o centro para um pacto programático. Não se avança nessa direção sem demonstração inconteste de força na sociedade, por parte da esquerda e seu governo, que torne caro e arriscado demais, para correntes centristas, o alinhamento ao pólo mais conservador.

O terceiro vem de uma velha frase latina, que bem poderia ser adaptada à conjuntura brasileira, na qual os ramos mais truculentos detêm, por ora, a iniciativa e a direção da oposição: quem quer paz, prepara-se para a guerra.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...