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domingo, abril 25, 2021

A 5ª filiação partidária de Ursula Vidal

Em sua 5ª filiação partidária, Ursula Vidal volta a se filiar em um dos seus ex-partidos: a Rede Sustentabilidade.
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"Ideologia eu quero uma pra viver", Cazuza.


Por Diógenes Brandão

A atual Secretária de Cultura do Pará, a jornalista que entrou para a política dizendo querer fazer diferente, Ursula Vidal filiou-se ao PPS para ser candidata a deputada estadual em 2014, mas não se elegeu. 

Derrotada, Ursula deixou o PPS para tornar-se a líder da REDE no Pará, partido pelo qual disputou a prefeitura de Belém em 2016, quando ficou em 4° lugar. 

04 (quatro) meses depois, sem êxito nas urnas, deixou a REDE (em fevereiro de 2018) e filiou-se ao PSOL, onde concorreu a uma vaga para o senado, em 2018.   

Com o discurso do partido do Socialismo e Liberdade na ponta da língua, abriu mão de se candidatar e disputar o governo contra Helder Barbalho, mas ganhou um emprego como radialista na Rádio Clube, onde passou a apresentar um programa e se contentou a concorrer a uma das duas vagas ao senado, mas ficou em 6° lugar. 

Logo após as eleições, em Dezembro do mesmo ano, depois de 10 meses de filiada e com forte ligação ideológica com o PSOL, deixou o partido para receber a promessa feita por Helder Barbalho de assumir a Secretaria de Cultura do Estado, em janeiro de 2019, cargo em que está até hoje.  

Em Abril do ano passado, Ursula deixou o PSOL e se filiou no PODEMOS, o partido que mais aderiu aos projetos do governo de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados em 2019. No Pará, o PODEMOS é tido como um partido satélite do MDB.

No novo partido, a secretária perdeu o prazo para se licenciar da SECULT e assim poder disputar as eleições municipais de 2020, quando pretendia concorrer, pela 2ª vez, a prefeitura de Belém. 

A 5ª (quinta) filiação de Ursula Vidal

Agora, com menos de um ano filiada no PODEMOS, Ursula anunciou seu retorno para a REDE, partido onde deverá disputar as eleições de 2022. 

Resta saber qual cargo ela deverá disputar: A de presidente, governadora, senadora, deputada federal ou estadual. 

Façam suas apostas! 


Leia também:


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Ou leia tudo sobre Ursula Vidal no blog AS FALAS DA PÓLIS

quinta-feira, julho 28, 2016

PSOL quer aliança com PPS (do golpe) e rejeita PT

PSOL pede autorização ao comando nacional para coligar com o PPS, já que resolução nacional do partido de Edmilson Rodrigues o impede de fazer alianças com partidos que votaram pelo impeachment de Dilma Rousseff, como fez Arnaldo Jordy, o cacique do PPS no Pará.

Resolução aprovada pela executiva municipal do PSOL, na tarde desta quarta-feira (27), em Belém, revela o leque de alianças que o partido pretende ter para a disputa eleitoral de 2016. Liderando as pesquisas, Edmilson precisa de tempo de TV para tentar evitar mais uma derrota eleitoral em Belém, já que perdeu as eleições passadas, após dizer que estava confiante de que seria novamente prefeito de Belém. No entanto, o pragmatismo eleitoral em Belém vai levando o partido do Socialismo e Liberdade para a desobediência ao que determina a direção nacional. A troco do quê? Pergunta uma dirigente que prefere não se identificar.

Por Diógenes Brandão

Liderando as pesquisas ao lado do deputado federal Eder Mauro (PSD), o também deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL), tem dito em reuniões com partidos e lideranças políticas, que não aceita a aliança com seu ex-partido, o PT. Inclusive já disse e repetiu isso para interlocutores do próprio PT, que ainda o buscavam para uma tentativa de aliança eleitoral em Belém, já que a resolução nacional do PSOL permitia.

Mas não.

Edmilson e seus companheiros de partido se negaram pela última e definitiva vez a possibilidade de tentarem uma coligação com o PT e decidiram formar aliança apenas com o PDT, PV, PPL, PCdoB e Rede.

"Até aí tudo bem", diria um velho amigo comunista, mas porque pediram autorização para coligar com um partido de direita (PPS), tal como cita e proíbe a resolução política nacional, aprovada em junho deste ano e que define as diretrizes para a política de alianças para as eleições 2016?

Leia o que diz as diretrizes da resolução publicada no site oficial do PSOL.


Clique aqui ou na imagem acima para ler a resolução completa.

O que fez o Diretório Municipal do PSOL não seguir o "fiel cumprimento" desta determinação aprovada nos fóruns e instâncias superiores do partido, onde o paraense e fiel escudeiro de Edmilson Rodrigues, Luiz Araújo, é o presidente nacional?

Clique na imagem abaixo para ampliar e ler a resolução política aprovada na tarde desta quarta-feira (27), pela executiva municipal do PSOL, em Belém.


Documento interno do PSOL foi enviado ao blog com a decisão municipal recém-aprovada, a qual desobedece a resolução nacional que impede alianças com partidos de direita e alinhados ao golpe do impeachment que o país sofreu.

"DO PT SÓ QUER O VOTO E VOLUNTARIADO"

Segundo fontes juramentas deste blog que estiveram nos bastidores das conversas entre os partidos, a única coisa que Edmilson topa receber do PT são os votos e "cabos eleitorais" voluntários, mas que possam ir pras ruas sem nenhuma exigência. Essa é a definição estratégica para a militância e lideranças populares ligadas ao Partido dos Trabalhadores, que em um passado recente elegeu e reelegeu Edmilson prefeito de Belém.

Sofrendo uma derrota para Zenaldo Coutinho, na disputa pela prefeitura em 2012, Edmilson Rodrigues e seu partido buscaram o apoio formal do PT para a disputa no segundo turno, já que no primeiro turno, a base eleitoral petista que anos atrás flutuava em torno de 20 a 30% do eleitorado, foi cooptada por agentes do PSOL infiltrados e acabou com apenas 3% dos votos válidos, enterrando o sonho petista de eleger Alfredo Costa prefeito da capital paraense.

Mesmo com apoio total e integral do PT, PCdoB, PPL, parte do PSTU e de outros partidos, Edmilson, até então deputado estadual, amargou um duro golpe no segundo turno, pois imaginava piamente - e dizia com convicção - que seria eleito já no primeiro turno das eleições passadas. 

Desprovidos de orgulho e rancores, até Lula e Dilma emprestaram seus nomes e no auge de seus índices de popularidade gravaram inserções e autorizaram o uso de suas imagens nos programas de TV e no material de campanha do PSOL, mas não adiantou: O PSDB o derrotou e elegeu o prefeito de Belém com uma margem favorável de 102,376 mil votos a mais para Zenaldo, ou seja (13,22%) a mais de diferença em cima de Edmilson.

Mesmo surfando na popularidade de Lula e Dilma e o apoio integral do PT, Edmilson perdeu as eleições municipais de 2012, em Belém. Quando vai retribuir, indaga um militante petista.

"Vai ver que agora, Edmilson esteja seguro de que vencerá as eleições sem precisar de muito esforço e aliados com peso histórico, densidade eleitoral e a velha e aguerrida militância petista, ainda confusa pela falta de orientações, debates e pulso por parte da direção do PT em Belém, a qual mais parece querer entregar os pontos, antes mesmo de começar o processo eleitoral", comentou com o blogueiro um petista que pensa em desfiliar-se do PT, mas não agora. "Não com o golpe em curso, pois não sou covarde", conclui pedindo anonimato.

A crítica à direção petista é feita entre 7 de 10 petistas experientes com que o blog tem conversado, mas percebe-se que boa parte destes ainda estão dispostos a lutar pela candidatura de Regina Barata, pré-candidata a prefeita de Belém e que vem aparecendo em 4ª colocada nas pesquisas eleitorais feitas até aqui, superando as pré-candidaturas do PMDB, Rede e PCdoB, sendo que a primeira e a última contam com a visibilidade ofertada pelos veículos de comunicação do sistema RBA de comunicação (TV e rádio) e do jornal Diário do Pará, controlados pela família do senador Jader Barbalho e do ministro Helder Barbalho, que por coincidência também controlam o PMDB no estado.

É isso!

terça-feira, janeiro 28, 2014

Deputado Arnaldo Jordy (PPS) é acusado de agredir a mãe de seu filho

Desde 2012, o Dep. Fed. Arnaldo Jordy tem uma vida conflituosa com a mãe de um filho. Foto Thiago Araújo.

Não é a primeira vez que o Deputado Federal Arnaldo Jordy (PPS) tem problemas com uma jovem, com quem teve um breve romance, o que muitos costumam chamar de “caso”.

No primeiro episódio, Josiane Ferreira da Rosa levou ao conhecimento da imprensa, a gravação de uma discussão com Jordy, onde este haveria sugerido que ela abortasse o filho que trazia em seu ventre e dizia ser dele.

O fato ganhou repercussão e virou um escândalo e o tirou da disputa pela prefeitura de Belém, ao ver sua pré-candidatura morrer no nascedouro, quando Jordy aparecia até bem nas pesquisas de opinião.

Dessa vez, já mãe da criança que Jordy assumiu a paternidade e tem uma pensão alimentícia de R$ 2.120,00 descontada de seu contra-cheque da Câmara Federal, a jovem foi ao gabinete do parlamentar cobrar mais ajuda e teve uma desavença com o parlamentar e de lá saiu direto pra delegacia da mulher, alegando que foi agredida pelo deputado, fato que este nega. 

Os detalhes estão aqui.

Agora à noite, o deputado publicou em seu blog uma “nota de esclarecimento” onde se coloca novamente como vítima de uma armação da ex-amante. 

Vale lembrar que o todo poderoso Arnaldo Jordy, já tentou desqualificar a mãe de seu filho, ao dizer que ela havia feito uma montagem da gravação em que a sugere abortar, mas percebeu que sua mentira seria descoberta e voltou atrás,  admitindo que a voz era sua.

Caso seja enquadrado na lei Maria da Penha, o deputado poderá ter sérios problemas, mas o machismo da sociedade paraense, dificilmente dará razão para a mulher que engravidou do parlamentar que presidiu a CPI da Pedofilia no Pará e se elegeu deputado federal.

A imprensa não chegou a dizer quais foram os procedimentos adotados pela delegacia da mulher, mas se fosse um trabalhador comum, mesmo sem provas, já estaria recolhido em uma das celas super-lotadas das delegacias de Belém e amanhã apareceria sendo humilhado por repórteres policiais, nas lentes dos telejornais.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Governo Jatene nomeia mais um ficha suja

Direto do Blog Diário de um Educador, sob o mesmo título.


O blogueiro recebeu de uma leitora, uma denúncia sobre a nomeação de mais um ficha suja no governo tucano.

Trata-se de um importante dirigente do Partido Popular Socialista (PPS) presidido no Estado do Pará por nada mais, nada menos que o Deputado Federal Arnaldo Jordy, eleito pela aliança demo-tucana, que jura que é “ficha limpa”.

Segundo nossa fonte, no dia 26 de janeiro de 2011, o Diário Oficial do Estado (IOEPA) publicou a nomeação de um preposto de Jordy para o gabinete do seu correligionário e vice-governador Helenilson Pontes, um renomado advogado tributarista e professor da USP.

Helenilson, pela sua formação acadêmica e pelo cargo que ocupa, deveria ser mais criterioso na escolha de seus assessores diretos.

Por que digo isso? Muito simples! É que a mesma leitora observa que o Sr FRANCISCO POTIGUARA TOMAZ FILHO, foi demitido da FUNAI por infringir a Lei 8112/90, o Estatuto dos Servidores Públicos Federais, de acordo com a portaria n 789 de 24 de abril de 2008, assinada pelo Ministro da Justiça.

Leia+

 

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Museu da Imprensa Comunista abre conflito entre PPS e PCB

Homenagem reativou a disputa do PPS com o "novo" PCB, registrado no TSE e autointitulado herdeiro político do "velho" partido comunista fundado em 1922
A imprensa comunista ganhará um memorial na casa da Gamboa (zona portuária do Rio de Janeiro), onde em 1950 começou a funcionar a gráfica do PCB (Partido Comunista Brasileiro). O espaço será convertido pelo PPS -que surgiu a partir do antigo "Partidão"- no Museu da História da Imprensa Operária e Comunista.
O PPS foi criado em 1992 no 10º Congresso do antigo PCB, quando 58% dos delegados presentes decidiram refundar a sigla, adotando uma nova denominação.
Os delegados derrotados no encontro se reorganizaram e recriaram o PCB em 1996.
O prédio de 180 metros quadrados e dois andares, situado na rua Leôncio de Albuquerque, será restaurado para abrigar jornais, revistas e livros editados até o fim da ditadura militar (1964-1985).
O secretário-geral do PCB, Ivan Pinheiro, 62, procurou a direção do PPS para reivindicar que o PCB também administre o museu. "Não tem sentido o museu ser administrado por quem quis acabar com o PCB. Eles fizeram um ardil jurídico para transformar o PCB no PPS, mas não são os sucessores políticos do Partido Comunista."
Para aparar as arestas, os dirigentes do PPS Givaldo Siqueira, 74, e Francisco Almeida, 69, consentiram na participação de outros partidos de esquerda no conselho responsável pelo projeto. "Vamos botar PC do B, PDT e PT no conselho. Nós nunca trabalhamos com exclusivismo", afirmou Almeida.
Segundo Siqueira, o PPS tem financiamento de empresas interessadas em isenção fiscal, além de recursos do fundo partidário. A reforma será feita pelo arquiteto Cydno Silveira, que trabalhou com Oscar Niemeyer.
Cesar Maia
Para viabilizar a obra, o então prefeito Cesar Maia, que pertenceu ao PCB nos anos 60, encaminhou à Câmara Municipal um projeto de remissão de todas as dívidas com a Prefeitura do Rio e isenção tributária.
Os títulos editados pelo PCB incluíam os jornais "Novos Rumos", "Para todos", "Voz Operária" e "Emancipação". Siqueira cita que, nos anos 40 e 50, estes veículos tinham contribuições de nomes importantes como Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado e Graciliano Ramos. "A ditadura empastelou e interditou as gráficas. Os dirigentes foram processados e passamos a trabalhar na clandestinidade, em subterrâneos, até 1975. Depois, começamos a imprimir a "Voz Operária" em Paris", conta Siqueira.
O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Maurício Azêdo, 74, trabalhou na "Imprensa Popular" em 1956 e 57. Ele recorda que, mesmo antes da ditadura, o irmão Raul Azêdo Neto, então revisor do jornal, participou de mobilizações nas oficinas para resistir às ameaças de invasão pelos adversários do PCB.
"Eles defendiam as oficinas contra ameaças externas, inclusive de armas na mão. Não houve nunca necessidade de reação a tiros, mas foi um período muito difícil, que exigia muita coragem e resistência", assinala.

sábado, dezembro 02, 2006

A saga de Almir Gabriel

Eduardo Lauande, no último comícío de Lula em Belém, em sua reeleição.

Caros amigos,

Quando eu lembro do fisiologismo, eu recordo que em 1993 o presidente Itamar Franco chamou o senador Antonio Carlos Magalhães (ACM) para conversar no seu gabinete. A justificativa era saber do senador quais as queixas de corrupção que ele dizia ter contra o próprio governo Itamar. Para surpresa geral, Itamar Franco chamou também a imprensa e tornou a audiência aberta ao público. Com essa atitude, o senador ACM ficou desnorteado porque suas tais queixas eram vazias. Puros sofismas. Foi quando Itamar disse: “[...] com aliados fisiológicos temos sempre que planejar nossas atitudes em projetos e depois publicizar”.

Toda vez que eu lembro dessa passagem do Itamar, eu lembro que muitos dos atores de esquerda neste País e no Pará poderiam estabelecer projeções e metas com os políticos fisiológicos para que os mesmo fiquem pelo menos comprometidos com os projetos do governo e não apenas com os seus interesses pessoais ou de grupos.

É quando eu percebo que falta um projeto macro para que tenhamos principalmente como aliados os fisiológicos. Eu justifico isso porque num Estado como o do Pará, é difícil ganhar uma eleição sem apoio dos fisiológicos. Muito difícil. Infelizmente. Mas podemos construir probabilidades que a longo prazo alcance perspectivas mais democráticas de relação de poder e diminua (porque acabar é difícil) o fisiologismo.

Eu faço essa observação porque a governança aqui no Pará, que diz respeito à capacidade governativa em sentido amplo, isto é, capacidade de ação estatal na implementação das políticas e na consecução das metas coletivas, é quase nula. É nula porque deveríamos ter um conjunto de mecanismos e procedimentos para lidar com a dimensão participativa e plural da sociedade. Sem abrir mão dos instrumentos de controle e supervisão, o Estado deveria torna-se mais flexível, capaz de descentralizar funções, transferir responsabilidades e alargar o universo de atores participantes.

Entretanto, vindo do PSD do Magalhães Barata, passando pelo PMDB de Jader Barbalho (JB) até chegar na alta plumagem tucana almirista, eu posso dizer que esses políticos nunca gostaram de saber da idéia que o Estado na ótica da teoria de agente político, deve pluralizar o espaço político que, por sua vez, devem controlar os burocratas. Porque eles sabem que entre os elementos da governabilidade democrática, tem-se a existência de mecanismos de responsabilização dos políticos e burocratas perante a sociedade. Em seguida, eles teriam que observar que a abordagem seria da lógica dos leques de controle e que permitissem distinguir, com clareza, o espaço público do privado e, dentro do espaço público, o espaço público estatal do espaço público não estatal.

Convenhamos, isso seria uma loucura ou uma aberração aos ditames baratistas, jarderistas e almiristas. Porque nessas três correntes políticas da história do Pará há uma oposição, bem clara, entre o fisiologismo e a perspectiva democrática de governança.

Explico.

Eu tenho duas proposições que resumem essa colisão: 1) o fisiologismo é a apropriação privada da coisa pública; 2) e a barganha do voto apenas pelo prisma fisiológico representa uma desmoralização da democracia.

É por isso que eu argumento que as razões apresentadas para o desvirtuamento da democracia pelo fisiologismo paraense normalmente são: a pobreza, a ignorância, a herança de um passado pré-moderno. A oposição entre o fisiologismo e a perspectiva democrática está, portanto, ao meu ver, assentada numa premissa pouco consistente: uma determinada concepção de política, definida com base na sua variante "patrimonial".

A seguir, o fisiologismo, como bem citou o meu amigo sociólogo Roberto Mendes, é bem retratado como um “filho primogênito do patrimonialismo”. Conseqüentemente, essa variante patrimonial é o que significa dizer que corresponde a um tipo de dominação tradicional caracterizada pelo fato de o líder organizar o poder político de forma análoga a seu poder doméstico.

É quando entra o fator patrimonialista do JB nesta minha análise.

Eu parto com a configuração que JB é o epicentro da política paraense desde 1982. Sendo ele: oposicionista ou governo.

Eu faço aqui um breve (bem breve mesmo!) histórico para justificar essa minha assertiva política.

Em 1982, JB foi eleito governador com apoio das esquerdas (PCB, PCdoB, MR-8 e democratas do MDB), filhos políticos do baratismo e do então governador Alacid Nunes (uma forte dissidência da Arena-PDS). Naquela eleição, JB optou por afrontar o coronel Jarbas Passarinho (PDS) porque sabia que já havia duas situações favoráveis: 1) um claro de deterioração política da ditadura militar; 2) grande parte de sua aliança era também com setores fisiológicos que tinham uma amplitude geopolítica benévola para criar uma perspectiva de vitória.

Mais uma vez sem nenhum projeto societário, em 1986, JB apoiou para o governo do Estado seu antigo aliado de PSD baratista: o então senador Hélio Gueiros. Nesta eleição, JB concretizou seu ideário baratista e maciçamente com apoio estatal também se aliou com seu antigo desafeto: Jarbas Passarinho para o senado. Deu Gueiros e Passarinho.

Em 1990, a barganha político-eleitoral, em particular a distribuição particularista de bens aparentemente públicos (o fisiologismo estatal), não foi vista como incompatível ao processo e aí JB voltou ao governo como uma alternativa patrimonialista ao também patrimonialismo do seu antigo aliado Hélio Gueiros. Nessa luta entre dois baratistas, Hélio Gueiros deixou claro que o fisiologismo, longe de ser um "desvio" (disfunção), era sim um fato "normal" (funcional) no processo eleitoral e com isso apoiou Said Xerfan do PDS de Jarbas Passarinho. Deu JB conjugado com forte apoio de parte do que se tinha de pior do setor oligárquico paraense (aquele que manda assassinar).

Na carona do Plano Real, entra em cena uma nova fase patrimonial: o Estado almirista. Era 1994. O tucano Almir Gabriel derrota para o governo do Estado novamente o aliado de JB: Jarbas Passarinho. Almir uniu-se com um outro maioral do patrimonialismo: Hélio Gueiros (que era o então prefeito de Belém). Num típico acordo patrimonial familiar, Almir coloca o filho do grão-mestre como vice: Helio Gueiros Junior. Deu Almir.

Outra vez na insuficiência de um projeto societário e na ciclotímia de alianças patrimoniais, em 1998, JB uniu-se com Gueiros para o governo e o senado, respectivamente, no intuito de enfrentar a reeleição do grão-tucano-mor. Deu Almir e Gueiros perdeu para um afilhado tucano. Porque o PSDB/PA tinha grandíssima máquina (e bem adicionada com o robusto dinheiro da venda da CELPA) e uma aliança com parte nefanda do setor oligárquico (novamente aquele que manda assassinar).

Em nenhum comprometimento com uma dada ordem democrática, Almir coloca seu afilhado predileto, historicamente oriundo das bases do jaderismo, como candidato ao governo do Estado. Era 2002 e o candidato tucano era o Simão Jatene. No outro antônimo, tinha o PT com uma candidata sem densidade eleitoral: Maria do Carmo. Só que num imprevisto para o próprio PT, ela chegou ao 2º turno. Aí num restituído e “apropriado trajeto patrimonial” dos fisiológicos, Jatene consegue apoio de JB e companhia. E é lógico: deu Jatene.

Pra terminar, logo no início deste ano, JB conversou com lideranças nacionais do PT e disse que para derrotar o retorno do tucano de maior plumagem política, Almir Gabriel, tinha que ter várias candidaturas no 1º turno. Sua tática eleitoral estava certa. O PMDB colocou o Priante (primo de JB), o PSOL colocou ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues e o PT colocou a senadora Ana Júlia. Com essa divisão, Almir Gabriel entrou fragilizado no 2º turno. Na ânsia de derrotar Almir, JB aliou-se ao PT, logicamente, com a benção imponente do presidente Lula. Deu Ana Júlia.

Assim sendo, pode-se observar que desde 1982, JB ou é o epicentro ou é o grande adjunto político eleitoral. Super sabedor disso, JB vem negociando (ao seu estilo), com sua enorme montoeira eleitoral, seus (possíveis e impossíveis) espaços no interior da máquina estatal com a alta direção do governo da Ana Júlia.

Aí surge o fator JB no futuro governo Ana Júlia.

Na disputa pelo espaço político, JB tem todo direito de disputar porque foi aliado e é merecedor pra isso. Todavia, o mérito que eu coloco no debate político é saber: que níveis vão ser contemplados esses acordos?

Porque senão, com toda sua experiência política, JB vai fazer, ou melhor, impor seu estilo utilitarista (no estilar político: útil pra ele) de aliança e maléfico pra sociedade. Assim tem dizer imediatamente que não é só colocar cargo por cargo, tem que ter comprometimento com a sociedade em projetos societários e não patrimoniais. Seguir o exemplo da tese do Itamar Franco (mesmo que ele não tenha feito isso na sua totalidade de seu governo).

Eu faço essas observações porque eu sei historicamente que o equilíbrio político implantado a partir do jaderismo, filho pródigo do baratismo, combina, em certo sentido, com o pior de dois mundos: aliança fisiológica e o patrimonialismo ineficiente e autoritário. Deste modo, se não houve uma proposta societária, o governo estadual comandado pelo PT vai ficar fragilizado. Logo, logo.

Porque o encaminhamento da possível crise política paraense no próximo governo não pode ser feito a partir de uma ressurreição desse esquema, nem pela subjugação de um de seus lados pelo outro. O que o Pará necessita é completar simultaneamente duas transições fundamentais.

Do lado do Estado deixar definitivamente para trás o ranço patrimonial ineficiente burocratizado e autoritário, em benefício de uma estrutura mais moderna eficiente aberta a informações e inovações, e consciente de suas responsabilidades de condução da sociedade paraense.

Do lado da sociedade, criar também um bom ambiente para uma perspectiva de deixar para trás o fisiologismo esclerosado, dando condições para o desenvolvimento e implantação de um sistema representativo mais real e diversificado da própria sociedade.

Qual a possibilidade de que essas transformações ocorram?

É difícil dizer, mas as condições para sua ocorrência são bastante claras: é necessário que as duas transformações se processem porque senão o governo da Ana Júlia vai nascer comprometido demais pelo fisiologismo e tachado de um governo sem projeto. Naquela célebre interrogação: “Esse governo veio pra fazer o quê?”

Agora se o governo da Ana Júlia tiver altivez, ele pode romper progressivamente com o patrimonialismo, de base fisiológica, e criar bases mais democráticas na relação republicana da governabilidade do Estado com seus partidos aliados, com a oposição e a sociedade.

Isto porque o Estado do Pará necessita de novos, ativos e vigorosos interlocutores na sociedade para que possa efetivamente se modernizar e conduzir o Pará com plenitude. E a sociedade necessita de um Estado eficiente, capaz de desenvolver uma política econômica e social de interesse comum a longo prazo.

Eu insisto nisso, ainda do lado do Estado, porque o governo da Ana Júlia deve demonstrar qual é seu projeto e demonstre que é necessário que ele assuma cada vez mais sua responsabilidade ante a sociedade, tanto no sentido de quem responde e dá satisfação de seus atos, como no sentido de quem assume a responsabilidade e se imbui da função social que deve desempenhar sem cair em acordos fisiológicos, muito menos patrimoniais.

Insisto igualmente do lado da sociedade, que é necessário que os grupos sociais mais articulados se compenetrem de que o Estado e o planejamento da vida social e econômica estão aqui para ficar, que não há mais lugar no mundo de hoje para a simples prevalência dos interesses privados sobre os interesses coletivos, e que por isso, em última análise, seus melhores interesses consistem em aceitar a existência de um Estado democrático que deve ser conduzido a níveis cada vez mais altos de bom funcionamento e acatamento explícito das necessidades societárias.

Nessas circunstâncias, os valores e as ações sociais presentes na sociedade civil passam a entrar em franca oposição aos valores sistêmicos característicos do Estado patrimonial, ensejando transformações nas formas de sociabilidade, bem como alteração recíproca entre a instância de práticas sociais e a instância de produção de objetividade democrática.

Aí eu observo: se o governo Ana Júlia apostar ele pode vislumbrar uma relação democrática, sem cooptação, com os movimentos sociais e que podem contribuir para a mudança nas regras de procedimento e nas formas de participação política, pela difusão de novas formas de organização e, sobretudo, pela ampliação dos limites da política, politizando temas que até então eram considerados da esfera patrimonial de lideranças conservadoras do tipo JB.

Por fim, eu deixo claro que conjeturar a possibilidade de um encaminhamento adequado para os problemas políticos e institucionais do futuro governo da Ana Júlia não é o mesmo que afirmar que este caminho será seguido, e nem mesmo que ele é o mais provável, mas é importante ressaltar que se não avançar neste debate o fator JB vai criar muitas asas e pode suscitar e acender sérias crises pela simples falta de um projeto político societário.

O desafio está lançado.

Aquele abraço,
Lauande.

"A grande vaia é mil vezes mais forte, mais poderosa, mais nobre do que a grande apoteose".
Nelson Rodrigues.

"Tudo que é sólido, desmancha no ar".
Karl Marx.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...