Mostrando postagens com marcador Preconceito. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Preconceito. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, julho 01, 2020

Transsexual é vítima de agressões verbais por diretor da rádio Pérola FM em Bragança

Dois dias após comemorar o Orgulho Gay, Bragança do Pará assiste a um crime transfóbico e machista através do grupo WhatsApp “Flanáticos”. Foto: Dri Trindade.

Por Francisco Weyl, no seu blog do Carpinteiro de Poesia


O grupo reúne adeptos do Flamengo no Município, entre estes, o gerente administrativo e financeiro da Rádio Pérola FM, Luíz Alberto “Gatinho”, que atacou por áudio Lara Melissa, transsexual.  

O motivo? Uma fotografia em que ela usa um biquíni com o símbolo do clube, entretanto, Lara Melissa sequer faz parte do grupo, que mesmo assim usou a sua imagem sem autorização, fato que também consiste em crime, pelo qual os integrantes do grupo também podem ser responsabilizados, além de “Gatinho”.  

As declarações transfóbicas e machistas em áudio de “Gatinho” podem até ser enquadradas no crime de transfobia e homofobia.  

Lara Melissa tem 18 anos, faz o terceiro ano do Ensino Médio na Escola Augusto Correa, que fica no bairro do Taíra, onde ela também mora, em Bragança do Pará.  

O caso torna-se ainda mais grave porque o Boletim de Ocorrência teve que ser registrado no PROPAZ porque a Delegacia Municipal criou problemas para receber a denúncia, fato que revela que o machismo, a transfobia e a homofobia são estruturais e institucionais.  

A pena prevista para estes casos é de um a três anos, podendo chegar a cinco anos em casos mais graves.  

Os atos preconceituosos divulgados em áudios em meios de comunicação ou redes sociais são penalizados de dois a cinco anos, além de multa.  

A aplicação destas penas foi decidida ano passado pelo Supremo Tribunal Federal, até que o Congresso Nacional aprove uma lei específica.  

Ou seja, praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual da pessoa é considerado crime.  

Nos áudios que circulam em redes sociais, “Gatinho” destila ódio e preconceito contra a trans Lara Melissa, sentindo-se proprietário do Flamengo, condenando humilhando a trans por usar um biquini com as cores do clube.  

“Eu recebo uma foto dessa, dum beleza desse, usando a logomarca nossa, o nosso escudo do mengão, como é que eu não fico nervoso, em vez de colocarem uma mulher bela e maravilhosa pra me mandar uma foto bacana pro astral começar beleza, mandam um viado desse aí, além de ser viado ainda é feio...”  

Ao todo, são três gravações com ofensas a trans, e as comunidades gays.  

Numa delas, “Gatinho” se revela completamente irritado, sem conseguir conter o ódio e o preconceito.  “Eu não encontro todo dia essa beleza na praça!? Eu quero que ele me pegue, eu meio com a adrenalina, sabe, entendeu, com a pressãozinha batendo 13 x 14, que ela começa né? Que deixa assim meio com a cara vermelha, eu vou chamá-lo e vou dizer querida ou querido ou biba, você mexeu com o time errado, esse time aqui é de macho, porra, de favelado, entendeu, quem torce pelo flamengo não gosta de frescura, porra, tu tem que torcer é pro time do São Paulo, o time das bibas, porra, não pro nosso time, rapaz, agora, porra, eu acordo com um negócio desse ai”.  

As falas eivadas de preconceitos de “Gatinho” atingem até mesmo nordestinos e empregadas domésticas, quando ele tenta falar em nome destes.  “Tu olha pra uma beleza dessa, não tem como tu não se estressar, tás entendendo, não tem como o cara não se estressar, primeiro que é feio pra caramba, se fosse pelo menos de uma boa aparência, eu diria aqui no grupo, na maior, mas é feio, só de tu olhar, tu já te estressa, aí, vai querer fazer propaganda de um bronzeamento com escudo do mengão, que que é isso, porra? Vá fazer com outro clube, o mengão é time de favelados, carregadores, empregadas domésticas. O time do mengão é um time de macho, de machos, cabra da peste nordestino, entendeu? Como tem inúmeros nordestinos que se vê uma foto dessa aí, vai ficar puto que nem eu tô, porra”.  

Mais adiante, “Gatinho” diz que não se preocupa se as suas declarações forem “vazadas”.  “Rapaz, eu já tô irritado, que foi o escudo do mengão, tu imagina se esse bonitinho, aí, esse mal amado, aí, tirasse uma foto dessa com o escudo dos fanáticos, com a logo dos flanáticos, ah, ia ter onda, eu ia partir pra cima... mas eu já me estressei vendo essa porcaria dessa foto, aí. Entendeu, que eu digo mesmo, ele pode até ouvir esse áudio, que comigo não tem frescura, eh, rapa, mexeu com o flamengo, mexeu com o sangue do Luiz Alberto, eu não admito isso, não! Vai fazer propaganda de outro clube, porra, mas não do nosso mengão”.

Depois que os áudios circularam, o agressor ainda tentou esboçar um pedido de desculpas, onde acaba por praticamente confessar o crime transfóbico, mas, muito mais preocupado com a sua situação no grupo WhatsApp “Flanáticos” do que com as consequências do que chama de “opinião”.  

“A respeito de alguns áudios e da minha opinião pessoal de algumas fotos que estão circulando nos grupos e nas redes sociais, eu tenho a minha opinião formada: venho em público pedir desculpas a quem não gostou das postagens minhas em áudios. Se alguém se sentiu ofendido, me desculpe pela clareza e a minha franqueza, é uma opinião, minha, pessoal...  

A partir desse momento eu me desligo do grupo os fanáticos ...etc... São 12h35minutos, dia 30 de junho de 2020, estarei me desligando do grupos fanáticos e quem sabe muito em breve estarei retornando ...”  

No final do dia, uma nota também foi postada pela Torcida “Flanáticos” em que são pedidas desculpas pela situação criada, entretanto, é notório que estes áudios refletem pensamentos das pessoas que pararam no tempo, e não acompanham o movimento da sociedade em direção a garantia dos direitos humanos em suas diversas potencialidades, ou seja, “Gatinho” desconhece a Lei que criminaliza seu ato transfóbico, pelo que até pode ser responsabilizado pelos crimes de injúria, ofensa e ameaça, motivados pela transfobia presente em sua fala em diversos trechos dos áudios que circularam nas redes sociais.  
    
TRANSCRIÇÕES DOS ÁUDIOS   A TRANSCRIÇÃO DO ÁUDIO...1  

Bom dia, flanáticos, porra, pra começar o meu dia, eu digo logo porra né? que eu sou meio direto no assunto, eu só não gosto da frescura do gays, tá? eu não sou contra gays, bicha, lésbica, enfim, eu sou um cara de cabeça aberta, agora eu não gosto da frescura dos gays, aí, eu recebo uma foto dessa, dum beleza desse, usando a logomarca nossa, o nosso escudo do mengão, como é que eu não fico nervoso, em vez de colocarem uma mulher bela e maravilhosa pra me mandar uma foto bacana pro astral começar beleza, mandam um viado desse aí, além de ser viado ainda é feio.. 

 A TRANSCRIÇÃO DO ÁUDIO...2.  

Eu não encontro todo dia essa beleza na praça!? Eu  quero que ele me pegue, eu meio com a adrenalina,  sabe, entendeu, com a pressãozinha batendo 13 x 14, que ela começa né? Que deixa assim meio com a cara vermelha, eu vou chamá-lo  e vou dizer querida ou querido ou biba você mexeu com o time errado, esse time aqui é de macho, porra, de favelado, entendeu, quem torce pelo flamengo não gosta de frescura, porra, tu tem que torcer é pro time do São Paulo, o time das bibas, porra, não pro nosso time, rapaz, agora, porra, eu acordo com um negócio desse ai, mexeu comigo, rapaz, meu amigo, já me deixou irritado puta que pariu, me desculpe a expressão mas mengão é mengão, time de macho, porra.  

A TRANSCRIÇÃO DO ÁUDIO...3.  

Tu olha pra uma beleza dessa, não tem como tu não se estressar, tás entendendo, não tem como o cara não se estressar, primeiro que é feio pra caramba, se fosse pelo menos de uma boa aparência, eu diria aqui no grupo, na maior, mas é feio, só de tu olhar, tu já te estressa, aí, vai querer fazer propaganda de um bronzeamento com escudo do mengão, que que é isso, porra? Vá fazer com outro clube, o mengão é time de favelados, carregadores, empregadas domésticas. O time do mengão é um time de macho, de machos, cabra da peste nordestino, entendeu? Como tem inúmeros nordestinos que se vê uma foto dessa aí, vai ficar puto que nem eu tô, porra. E a galera dos outros grupos pega uma foto dessa aí e vai querer sacanear conosco, porra. Rapaz, eu já tô irritado, que foi o escudo do mengão, tu imagina se esse bonitinho, aí, esse mal amado, aí, tirasse uma foto dessa com o escudo dos flanáticos, com a logo dos fanáticos, ah, ia ter onda, eu ia partir pra cima... mas eu já me estressei vendo essa porcaria dessa foto, aí. Entendeu, que eu digo mesmo, ele pode até ouvir esse áudio, que comigo não tem frescura, eh, rapa, mexeu com o flamengo, mexeu com o sangue do Luiz Alberto, eu não admito isso, não! Vai fazer propaganda de outro clube, porra, mas não do nosso mengão. Aqui é cabra macho, eu sou filho de Carutapera, cabra macho que não gosta desse tipo de frescura, tá, e eu não gosto , não, não sou contra, não sou contra, eu não gosto é da frescura. Frescura tu vai fazer com outro clube mas não com do mengão, porra.  

A TRANSCRIÇÃO DO ÁUDIO...4.  

A respeito de alguns áudios e da minha opinião pessoal de algumas fotos que estão circulando nos grupos e nas redes sociais, eu tenho a minha opinião formada: venho em público pedir desculpas a quem não gostou das postagens minhas em áudios. Se alguém se sentiu ofendido me desculpe pela clareza e a minha franqueza, é uma opinião, minha, pessoal...  

A partir desse momento eu me desligo do grupo os flanáticos ...(etc)... São 12h35minutos, dia 30 de junho de 2020, estarei me desligando do grupo flanáticos e quem sabe muito em breve estarei retornando ...   ...

segunda-feira, março 18, 2019

Major do Exército viraliza ao responder a ataques homofóbicos: 'Inconformados com a felicidade alheia'



Via OGlobo

Quando postou em seu Instagram, no início deste mês, uma foto abraçado com seu marido para comemorar os seis anos de relacionamento, o major do Exército Emerson Cordeiro queria compartilhar sua felicidade. Mas, além das 110 curtidas que a imagem recebeu, ela foi usada para iniciar uma campanha homofóbica on-line.

Cordeiro, que vive em Campo Grande (MS), relatou o caso em seu Facebook, e seu depoimento viralizou — já ganhou 68 mil curtidas. Nele, conta que a imagem foi reproduzida em grupos on-line, inclusive de colegas de farda, com o intuito de ofendê-lo e de "disseminar o ódio".  

Casado desde 2018, o major diz ter informado seus superiores no mesmo dia em que assinou os papéis no cartório. O anúncio, à época, "foi tratado naturalmente, sem alarde", diz ele.  A publicação da foto, no entanto, não foi recebida com a mesma naturalidade.  

"Postei em meu perfil privado do Instagram, pois estava num momento de muita felicidade e realização e achei por bem externar essa felicidade. Em rede social nada é privado, e poucos momentos depois um dos então 'amigos' do Exército Brasileiro que estava em minha rede deu um print da postagem privada e divulgou em um grupo de mensagens e daí em diante viralizou a imagem por outros grupos, formados na maioria por militares", escreveu no Facebook.

Cordeiro conta que, em seguida, começou uma repercussão entre militares que "jamais imaginavam que um oficial de carreira do Exército pudesse assumir sua homossexualidade, ser feliz e realizado no trabalho". O post segue:

"Isso foi um soco no estômago dos porcos homofóbicos que nos rodeiam e nos sondam muitas vezes anonimamente, inconformados com a felicidade alheia".  Na publicação, o major afirma seu amor pelo Exército Brasileiro, diz que é uma instituição de "pessoas honradas" e que vem evoluindo em sua aceitação aos integrantes gays. Pondera, no entanto, que ainda há militares que não se conformam com a mudança de pensamento atual e os acusa de ter "medo de despertar para seus desejos proibidos".  

Procurado pela reportagem, o major não retornou até a conclusão deste texto. A assessoria de imprensa do Exército não enviou comentários sobre o caso.  

No Brasil, os homossexuais são formalmente aceitos nas Forças Armadas e há casos de militares gays e lésbicas que tiveram os cônjuges oficialmente reconhecidos como dependentes. O preconceito que os cerca, no entanto, nunca deixou de existir.  

'Muitos sofrem calados' Membro do 9º Batalhão de Comunicações e Guerra Eletrônica, o major também criticou a perseguição anônima que vem sofrendo, atribuindo-a a colegas de Exército. "Nem parece que passamos pela mesma honrosa Academia Militar das Agulhas Negras, onde esconder-se no anonimato era um dos atos mais vergonhosos".  

Ele também agradece aos que estão compartilhando a imagem, "por mostrarem as outras pessoas o seu desejo reprimido, sua inveja magoada por minha felicidade e toda a sua pobreza de espírito".

sábado, setembro 30, 2017

Estudante paraense sofre crime de racismo dentro de sala de aula da UFSC

Cabelo blackpower é uma referência ao movimento negro que luta contra o racismo, o preconceito e a discriminação.

Por Diógenes Brandão

O estudante paraense João Araújo, filho do professor universitário Ronaldo Lima, foi vítima de um crime bárbaro e medieval: O racismo. E dentro de uma sala de aula na UFSC. 

O pai, que é amigo deste blogueiro, conclama: 

Colegas, peço que acompanhem esse caso de racismo na UFSC. Trata-se de uma professora que numa aula de "criação " do curso de Design pedia para os alunos fazerem comparações com o cabelo Black Power de um aluno, daí Bombril, pixaim, ninho de passarinho e coisas do gênero foram motivo da "diversao" em sala.

Esse jovem é  o meu filho, João Araújo, que foi impedido na delegacia de prestar a queixa formal. Como pai e professor vou à Florianópolis acompanhar o meu filho e pedir ações de investigação pela UFSC e pela Polícia Civil de lá. Peço o apoio de você para que acompanhem pois nenhuma forma de racismo pode ser tolerada.                        

Quem nos trouxe a notícia que indigna quem a lê foi o VioMundo, do jornalista e blogueiro Luiz Azenha. 

Em universidade de Santa Catarina, aluno denuncia racismo por causa de cabelo black power

Uma professora e um aluno do curso de design da Universidade Federal de Santa Catarina estão envolvidos numa disputa por conta do uso do cabelo dele, black power, como exemplo durante uma aula em que a classe debatia analogias e metáforas.      

Parentes do estudante João Francisco concordaram com sua identificação e um deles definiu o episódio como “um terrível ato de racismo dentro de sala de aula”.  O estudante tentou registrar queixa na delegacia, mas foi aconselhado pelo escrivão a não fazê-lo. Em seguida, segundo um primo do aluno, a professora compareceu à polícia — também para registrar queixa.  

O Viomundo preserva o nome dela por não ter tido a oportunidade de ouví-la antes desta publicação.  João é negro e filho de professores da Universidade Federal do Pará. A professora é branca.  Durante a aula, ela diz que se trata de uma experiência positiva e, portanto, João não tem motivos para acreditar que é vítima de bullying.  

Ela passa, então, a convidar colegas do estudante a buscar definições do cabelo que ele usa: algodão, arbusto, juba de um leão, mola e caracol, dizem eles.  

Durante o exercício, que define como “brincadeira”, a professora tinha como alvo chegar à definição de “ninho”.  

“O cabelo black power é ninho e que nesse ninho, além de proteger, esconde muita coisa”, afirma.  

O uso deste estilo de cabelo remete aos anos 60, nos Estados Unidos, quando os negros norte-americanos lutavam por seus direitos civis.

O movimento black power falava entre outras coisas em autonomia, auto-confiança e afirmação da identidade negra, com o resgate da herança africana.  

Incluia das ideias socialistas de Angela Davis e dos Panteras Negras ao retorno à origem islâmica pregada pela Nação do Islã, de Malcom X.  

Nas Olimpíadas de 1968, no México, quando os medalhistas dos 200 metros Tommie Smith e John Carlos levantaram os punhos cerrados durante a execução do hino dos Estados Unidos, tornaram-se símbolo mundial do movimento — curiosamente, atletas norte-americanos que protestam agora contra a persistência do racismo no país, tem se ajoelhado durante a execução do hino.  No Brasil, onde os negros passaram a alisar os cabelos para mimetizar os brancos, usar o cabelo black power tem crescentemente se tornado parte da afirmação de identidade subjacente à luta contra o racismo, a violência policial e por direitos civis.  

Um recente estudo da Oxfam sobre desigualdade no Brasil demonstrou que, ao ritmo atual, a igualdade salarial entre brancos e negros no Brasil só será alcançada em 2089.  Um colega de João Francisco gravou dois trechos da aula, reunidos abaixo (o corte é quando a professora fala em ninho).

Escute aqui.

quarta-feira, agosto 02, 2017

'Deputado da tatuagem' pede para mulher mostrar a bunda durante votação do processo contra Temer

Durante a votação do processo de Temer na Câmara, o deputado paraense foi pego no flagrante em uma conversa nada republicana, tal como afirmou o fotógrafo que registrou o diálogo pelo Whatsapp.

Por Diógenes Brandão

Os cliques feitos pela lente teleobjetiva do fotógrafo Lula Marques revelaram ao Brasil um pouco mais da personalidade daquele que depois de receber mais de 4 milhões de reais em emendas parlamentares, agora vive atacando os deputados e partidos de oposição em defesa de Michel Temer, o qual tatuou o nome em seu ombro esquerdo e jura que pagou R$ 1.200, pela 'arte', que segundo especialistas é feita de Henna. 

Internautas paraenses dizem que o deputado já passou dos limites e que as imagens dos diálogos chegam para envergonhar ainda mais o povo do Pará, já que a performance do deputado federal Wladimir Costa (SD-PA), já vem tendo destaque por seus termos vulgares, suas apresentações teatrais e sua enorme capacidade de promover garfes e achar que ganha notoriedade com ela. 

"Dessa vez ele deixou-se revelar pela forma desrespeitosa, machista, preconceituosa e sexista com que fala e trata as mulheres", afirma uma jovem de 23 anos, em um grupo do Whatsapp onde as fotos foram publicadas. 


Em uma conversa no Whatsapp, Wlad pede para uma mulher mostrar se exibir, dizendo:

Mostra a bunda, mostra, afinal não são suas profissões que a destacam como mulher é sua bunda. Vai lá, põe aí garota.

As fotos foram publicadas no perfil pessoal do próprio fotógrafo Lula Marques, no Facebook e ganharam com milhares de compartilhamentos, tanto nas redes sociais, quanto em sites e blogs.


Percebe-se nas fotos, que Wladimir Costa dialogou com duas mulheres e uma delas, identificada no aparelho do deputado como M.Melo, manda um emojis seguido da frase: “sem graça”.

O deputado então rebate: “Fátima Bernardes, Sonia Abrão, Marília Gabriela, Mariza Godói são elogiadas, respeitadas e até desejadas pelas suas capacidades técnicas e não por um par de bunda, já bastante banalizada por todo o Tapajós do decano shortinho preto, que reveza com o vermelhinho, já bastante desbotado pelos anos”.

Talvez ofendida, M. Melo parece saber que o deputado participava de um momento importante para o país, pois estava acontecendo a votação sobre o relatório que pedia o arquivamento do pedido de autorização para as investigações do STF contra Michel Temer e diz como querendo encerrar a conversa: “Você poderia perder seu valioso tempo com coisas mais interessantes. rs #sóAcho”.


Wlad, o monogâmico

Em conversa com outra mulher, esta nomeada no celular do deputado como Aneissa Show, Wladimir recebe a mensagem: “Então vá lá tirar onda com outra. Não tenho estômago para isso. #Chato!”. 

Wladimir dispara de volta: “Suas ausências e várias invenções pra me abandonar ai, hoje sei de tudo com provas, mas enfim, se estás mais feliz com eles siga em frente, prefiro ser ultra-seletivo e modelo como um ser monogâmico”.

No Pará, Wladimir Costa é um velho conhecido de polêmicas bem mais graves - uma rápida pesquisa no blog ou nos sites de busca ofereceram uma penca delas - e há um ano atrás teve seu mandato cassado pelo TRE, de onde recorreu ao TSE e hoje aguarda o julgamento, sem a necessidade de deixar o cargo, ou perder alguma regalia como parlamentar, sobretudo a imunidade, o que supostamente lhe garante falar e fazer tudo que temos visto.

sexta-feira, janeiro 27, 2017

A grande farsa: Direitos Humanos é pra defender bandidos?



Há muito que a sociedade brasileira e paraense tem sido bombardeada pela visão de que os defensores de direitos humanos atuam pró-bandidos ou pessoas em conflito com a lei.

O discurso, que nos remete aos porões ideológicos da repressão política, ganhou força e vai forjando um instrumental perigoso e violento porque transforma uma conquista civilizatória – de que todas as pessoas são portadoras de direitos – numa troça capaz de transformar a justa dor das vítimas numa ode ao fascismo, prenhes de preconceitos e violências.

Acontece que, pelo terror e o medo, ousam enquadrar o imaginário da consciência social - corações e mentes - numa espiral de intolerâncias onde o barbarismo, sem controle, faz reinar os professores de Deus, ou seja, aqueles que decidem quem deve morrer ou viver na guerra suja às periferias, onde jovens negros se amontoam em necrópoles e viram frias estatísticas dos burocratas de plantão, vítimas do esquecimento e da dor lancinante de pais e mães.

Ocorre que numa quadra histórica marcada por impasses, ruptura democrática, retirada de direitos e profunda crise civilizatória o Estado de Direito é subvertido à lei do Talião, da antiguidade mesopotâmica, onde a justiça era o exercício das mãos possessas, vingancistas, na punição de delitos.

O Código de Hamurabi, com 282 leis, fora à base do ordenamento jurídico de então e mereceu o enfrentamento político de Cristo, na medida em que seu pensamento humanista e transformador fez surgir, em Mateus 5: 38-39 a mercurial parábola: “Vocês ouviram o que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém lhes digo: Não se vinguem dos que lhes fazem mal. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também”.

Mais de mil anos depois Mahatma Ghandi retoma a premissa e afirmará que no “Olho por olho e o mundo acabará cego”. Tal pressuposto, da não-violência – do sânscrito ahimsã – tem sua fundação teórica em princípios religiosos, espirituais e morais.

Martin Luther King, voz multitudinária da luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos e Leon Tolstói, um dos mestres eternos da literatura universal, traduziram tais práticas em suas vidas e obras. Para isso basta conhecer o célebre discurso “I have a dream” proferido em Washington - em 1963 – num libelo pelo fim das segregações raciais e ler, também, Anna Karenina, que segundo a influente Revista Times, numa enquete organizada em 2007 pelo acadêmico e jornalista John Peder Zane com 125 autores contemporâneos, decidiu que o livro daquele russo - um humanista dedicado em fundar escolas para os filhos de camponeses pobres – é o maior romance já escrito. 

Podemos discordar de aspectos de tais teses, mas desconsiderá-las é estultice porque ignora fundamentais contribuições de como o homem deve se comportar diante de outro homem, sempre com o espírito livre e uma solidária rosa nas mãos ao invés de ceifas e punhais.

Fui até Cristo, Ghandi, Luther King e Tolstói porque é indispensável a reflexão nestes tempos sombrios, diante de uma onda de violência em todo o Pará e Brasil – inclusive simbólica – onde a banalização da vida, na forma de cruentas chacinas em presídios e periferias tem levado o medo e a morte aos lares.

No pérfido enredo sangrento estão envolvidos agentes públicos mortos, jornalistas de araque, ameaças, muita impunidade, crime organizado, milicianos e centenas de vítimas, em geral gente jovem e inocente, filhos mestiçados das nossas imensas periferias, quase sempre sem nenhum histórico de conflitos com a lei, o que revela um recorte racial e social da violência, institucionalizada, sempre contra os que se encontram oprimidos social e culturalmente.

A maior chacina da história de Belém que vitimou 28 pessoas entre os dias 20 e 21 de janeiro teve seu estopim com a morte, em serviço, do bom policial Rafael Silva da Costa, soldado da Rotam, no bairro da Cabanagem. 

Sob o sangue daquele trabalhador uma estranha reação foi desencadeada, supostamente por agentes públicos - como revela o modus-operandi das execuções no trabalho da CPI da Alepa, presidida pelo deputado Carlos Bordalo e Edmilson Rodrigues, em 2014/2015, e de grande atualidade - e crimes foram cometidos tais como homicídio, fraude processual além da ruptura com a própria hierarquia militar, o que coloca em cheque a autoridade do próprio governador Simão Jatene e a política de segurança pública executada no Pará, marcada pelo crescente encarceramento, visão punitiva, violência policial e a nulidade de medidas verdadeiramente capazes de unir governo e sociedade, esforço fundamental para uma cruzada civilizatória em defesa da vida e do direito humano à segurança.

Em meio à dor de dezenas de famílias, da perplexidade diante da falência das políticas de segurança pública e da angústia que atinge a todos, uma questão precisa ser deslindada: a quem serve a criminalização dos direitos humanos?

O front na qual estamos envolvidos também é marcado pela calúnia a entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil, expressão altaneira do Estado Democrático de Direito. Os que atuam nas sombras, sempre apócrifos, procuram desinformar na medida em que realizam o discurso do ódio, de mais e mais violência, sementeira do banho de sangue no presente, quiça no futuro se ficarmos de braços cruzados.

A pergunta, impertinente, provoca: quantos pais irão sepultar seus filhos, policiais ou não, apenas porque um idiota confiante, que nunca leu um livro, ousa destilar a bílis em rádios e programas de televisão encorajando a ação dos violentos? A eles, também, deve ser imputada responsabilidade porque se comportam como sanguinários das palavras e atiçam os violentos contra a integridade física de defensores de direitos humanos. Meu pai, Paulo Fonteles, ex-deputado e advogado de trabalhadores rurais no sul do Pará teve seu martírio cimentado por esse tipo de prática malsã e violência simbólica.

Criminalizar o ideal humanístico contido na Carta de 1948 é, sem dúvida, abrir o purgatório e as portas do inferno às bestas-feras que, como Hitler, tingiu de insanidade e ódio à própria vida humana, desfigurando-a em teses racistas e xenófobas com suas máquinas de moer gente, raças e o próprio pensamento social avançado. 

Só com a união de todos, governo, parlamento, judiciário, sociedade, universidades, escolas, igrejas e movimentos sociais será capaz, num amplo movimento de massas, de enfrentar o barbarismo, a morte violenta e o medo.

Paz é o que queremos!

*Paulo Fonteles Filho é presidente do Instituto Paulo Fonteles de Direitos Humanos, blogueiro, escritor, poeta e membro da Comissão da Verdade do Pará.

sexta-feira, novembro 25, 2016

Pombagira é proibida em escola e causa polêmica


Por Diógenes Brandão

O Centro Educacional Trindade, escola particular localizada na Rua Júlia Cordeiro, 175, no município de Ananindeua, foi o cenário de mais uma cena de preconceito e intolerância religiosa. A diretora, proprietária e autora da prática discriminatória se chama Ana Trindade e ganhou notoriedade depois que alunos que gravaram a cena, publicaram nas redes sociais sua reação, ao saber que os estudantes iriam apresentar uma música sobre a Pombagira cigana, personagem que faz parte dos cultos afro-religiosos.

Os jornais OLiberal e Diário do Pará deram divulgação sobre o fato e coletaram informações com estudiosos como foi o caso de Zélia Amador, para quem o episódio é um evidente caso de racismo, que precisa ser denunciado junto à polícia. “Mais do que intolerância religiosa, é racismo. A diretora tem o discurso usado há séculos de demonizar as religiões de matriz africana, segregando, diminuindo e invisibilizando”, critica Zélia, que é coordenadora do Grupo de Trabalho Afro-Amazônico da Universidade federal do Pará e fundadora do Centro de Estudos de Defesa do Negro do Pará (Cedenpa).

Para Zélia, o argumento de que a escola “é cristã” e por isso não aceita abordar outras religiões é equivocado e nocivo ao próprio ensino e formação cidadã. “A educação deve ser laica. A religião da diretora pode ser o cristianismo, tudo bem, ela tem todo o direito. Mas impor a religião dela a todos os que frequentam a escola é um problema”, destaca. A pesquisadora observa que o discurso de intolerância é a base das violências sofridas por grupo de afro religiosos. “Tivemos diversas mortes de líderes afro religiosos em Belém nos últimos meses. Isso é alarmante. Queremos que haja uma resolução por parte da Secretaria de Segurança para prevenir esse tipo de crime de ódio, intolerância e racismo e preservar a vida das pessoas”. 

OLiberal e Diário do Pará ouvira a diretora

Em OLiberal:

Ana Trindade disse que impediu a apresentação do trabalho dos alunos porque “pais mais conservadores não gostam que seus filhos assistam a esse tipo de tema”. “Trabalho na educação há 36 anos. Em anos anteriores já vivi experiências que foram desagradáveis por causa dessa questão. Os pais pediram a medida. Os pais é que não gostam”, declarou a diretora, que explicou que a Feira da Cultura, que será realizada nesta sexta (25), terá a participação de alunos de diversas faixas etárias, e que considera certos assuntos inadequados os estudantes menores.

Questionada sobre a segregação de religiões não cristãs na escola, a diretora disse “que não tem nada contra outras crenças”. “Tomei apenas cautela para evitar constrangimento aos alunos”.

No Diário do Pará: 

Diretora da escola, que preferiu ter a identidade preservada. Segundo ela, os alunos disseram, inicialmente, que iriam "baixar" uma entidade na sala de aula, e devido a isso, ela proibiu a atividade. Porém, no vídeo não é possível ver a cena relatada pela diretora.

"A forma como eles queriam apresentar foi errada. Chegaram dizendo para a turma que iriam baixar uma entidade na sala, então pedi a eles que não apresentassem" explica. 

Perguntada se considera seu comportamento um ato de intolerância, a diretora admitiu que sim, mas fez ressalvas. "Pode até ser que fui intolerante, mas diante da situação foi necessário. Não aparece no vídeo, mas teve um momento em que os alunos ameaçaram, inclusive, 'fechar' a escola com a entidade deles. Temos alunos de várias religiões na escola, e muitos pais reclamam da umbanda, então, pensando na maioria, acabei proibindo o trabalho", diz.

"Eles vieram dizendo que essa entidade era considerada folclore, eu nunca ouvi isso. Eu não tenho conhecimento sobre essa religião, mas sempre ouvi comentários que essa entidade que eles falam no vídeo tras diversos problemas a pessoas que estão ligadas a ela. Então como vou aceitar isso em sala de aula?", indaga a diretora.

Por fim, a diretora afirma que acionou seu advogado para tomar medidas cabíveis contra ofensas e perseguições que têm recebido por internet. "Desde que gravaram esse vídeo, sem o meu consentimento, estou sendo ofendida e perseguida nas redes sociais. Os jovens de hoje não querem se colocar no lugar deles e respeitar. Como educadora, não posso admitir dentro de uma escola atitudes de desrespeito. A partir do momento que vai para uma rede social me desmoralizando, irei tomar medidas contra isso", relata.

Na dinâmica escolar, o tema do trabalho a ser apresentado na Feira da Cultura da esolca seria escolhido nesta quarta-feira(23), e a apresentação seria na sexta-feira (25). A diretora continua afirmando que os alunos não irão apresentar o tema.

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Direto dos EUA: O Dia em que Beyoncé Virou Negra

Via "OPovo"

'Saturday Night Live' faz piada sobre reações negativas ao clipe de Beyoncé.

O humorístico americano apresentou no último sábado, 13, uma espécie de trailer de um filme apocalíptico intitulado 'O Dia em que Beyoncé Virou Negra', em referência ao seu novo single

O novo single de Beyoncé 'Formation', está dando o que falar. Após inúmeras reações negativas por causa da letra de sua música em que mostra o engajamento da cantora pelos direitos civis, o programa 'Saturday Night Live' decidiu fazer uma piada com a situação e lançou um trailer apocalíptico sobre 'O Dia em que Beyoncé Virou Negra'.

No vídeo divulgado pelo humorístico americano é possível ver a reação das pessoas ao perceberem que Beyoncé na verdade é negra e o alvoroço que isso causa na vida delas que descobrem que outras celebridades também podem ser negras.

Com referências contra a violência policial, e sobre o movimento 'Black Lives Matter', a música 'Formation' foi criticada por supostamente estar falando mal dos policiais americanos.

Confira o vídeo legendado da página Fã Depressão:


sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Beyoncé esfregou o racismo na cara dos EUA


Por Paulo Veras, no Cinegragando

O mundo é um lugar estranho. Mais de 750 mil refugiados entraram na Europa em 2015, segundo a ONU. O Estado Islâmico matou 3,5 mil pessoas na Síria no mesmo ano, de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos. O zika vírus deve atingir quatro milhões de pessoas na América, como aponta um relatório da Organização Mundial de Saúde. Mas apesar dessas várias crises humanitárias, uma marcha foi marcada em Nova Iorque, em frente à Liga de Futebol Americano, na próxima terça-feira, para protestar contra Beyoncé.

O que ela fez? Cantou sua nova música, Formation, um hino que expõe o racismo nos EUA e o extermínio de negros pela polícia, durante o show de intervalo do Super Bowl, a final do campeonato americano, tradicionalmente a maior audiência da TV mundial que esse ano atingiu a marca de 111,9 milhões de americanos – o equivalente a mais de 55% de todos os seres humanos que o IBGE diz viver no Brasil.

O escândalo que a performance de Beyoncé virou não existe fora de contexto. Os EUA vivem hoje sua eleição mais extremista em décadas. No Partido Republicano, a corrida presidencial é liderada pelo magnata Donald Trump, que defende vigilância sobre as mesquitas americanas, tortura para suspeitos de terrorismo, a deportação de 11 milhões de latinos e a construção de um muro separando o México dos EUA. Já no Partido Democrata, o “socialista” Bernie Sanders, que lidera as primárias até aqui, prega a criação de um sistema único de saúde público e ampliar a rede de universidades públicas do pais, o que é um crime para os ianques mais conservadores.



Foi nesse turbilhão que Beyoncé subiu ao palco do Super Bowl com uma roupa que fazia referência a Michael Jackson e aos panteras negras, uma organização que pregava a revolução negra nos EUA. Junto com as dançarinas, todas de cabelo afro, Bey fez um grande “X” que foi lido como homenagem ao líder separatista negro Malcolm X. Tudo isso enquanto rebolava e cantava: “Eu posso ser um Bill Gates negro em progresso, porque eu mato”.

O clipe de Formation não é menos corajoso. Ele mostra imagens de Martin Luther King e de uma criança negra rendendo um grupo de policiais, seguido de uma pichação onde se lê “parem de atirar em nós”. O vídeo também traz falas de Messy Mya, um youtuber negro morto pela polícia em 2010, e trechos do documentário That B.E.A.T., sobre a bounce music, um estilo de hip hop cantado por grupos negros de New Orleans. No final do clipe, Beyoncé, a mulher negra desacordada, se afoga enquanto um carro de polícia afunda.

Todo o discurso de empoderamento negro causou reação. Uma campanha de boicote à cantora, à Liga de Futebol Americana e à Pepsi, que patrocinou o show, foi criada. A principal voz conservadora contra a artista foi a do ex-prefeito de Nova Iorque Rudy Giuliani, famoso pela ampla campanha de combate à violência, para quem ela desrespeitou a polícia.

Se você acha que o racismo não é mais um tema tão relevante, como chegou a ser dito sobre Beyoncé nos EUA, deixe eu lhe contar um história. Como centenas de pessoas, eu participei do Carnaval do Recife nos últimos dias, uma festa que é vendida pela prefeitura como extremamente democrática por ser gratuita e todo mundo poder participar. No domingo, quando Gaby Amarantos e Fundo de Quintal, dois artistas claramente populares, se apresentaram no Marco Zero, presenciei com uma amiga um vasto número de revistas policiais.

Todos os abordados eram negros e pobres. Eu, que não passei por nenhum tipo de revista, podia muito bem estar portando uma faca ou mesmo um revólver, mas minha pele é mais mais clara e a fantasia não exatamente barata devem ter me tirado da lista de culpados que as nossas polícias são treinadas para procurar. O que sempre diz mais sobre o nosso tipo de sociedade do que sobre a minha índole pessoal.

Claro que a minha experiência empírica não prova nada sobre como a violência tem cor no Brasil. Mas se você quiser um dado concreto, em maio do ano passado a Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República divulgou um relatório segundo o qual um jovem negro tem 2,5 vezes mais chances de ser assassinado do que um branco no País. Pernambuco ocupa o segundo lugar no ranking dos estados. Aqui, as chances de um negro entre 12 e 29 anos ser morto são de 11,57 vezes a de um branco da mesma idade.

Parte dos argumentos usados contra Beyoncé dizem que ela deveria se ocupar mais como uma entertainment, do que em fazer política. Claro, uma das coisas que fazem a música pop ser tão importante para o imaginário popular é que ela pode nos fazer cantar e dançar, extravasando a realidade. Mas ela tem outro lado tão bonito quanto de nos fazer enxergar nossos preconceitos e injustiças, provocando nossa sociedade a avançar. E é por isso que essa coluna sobre música pop pode falar sobre racismo pra lhe lembrar que não faz diferença se você é preto ou branco, menino ou menina.

Apesar de nunca ter escondido seu apoio pessoal ao atual presidente Barack Obama, Beyoncé sempre foi cobrada por se posicionar mais em defesa dos negros. Com Formation, ela sabe que mudou isso. “Você sabe que essa vadia causou toda essa conversa. Continue grato, a melhor vingança é o seu dinheiro”, canta no final da música. No Super Bowl, ela ofuscou Coldplay, Bruno Mars e Lady Gaga e aproveitou para anunciar uma nova turnê mundial. Beyoncé está cada vez mais rica, ela é poderosíssima.

Para ouvir: Impossible Winner (The Dead Weather) – Separados, Jack White, Alisson Mosshart, Dean Fertita e Jack Lawrence já são incríveis. Desde 2009, eles também formaram o The Dead Weather, um supergrupo de blues rock que acaba de lançar um CD novinho com faixas como I Feel Love (Every Million Miles), Buzzkill(er) e Impossible Winner.

Assista agora o vídeo sobre a repercussão do episódio na imprensa americana.



segunda-feira, setembro 07, 2015

Symmy Larrat e seu destaque como coordenadora LGBT no governo Dilma

Paraense, ela só assumiu sua transexualidade aos 30 anos, sabendo que enfrentaria o preconceito. (Foto: Marcello Casal Jr./Ag. Brasil)

Gostei muito da entrevista com Symmy Larrat, publicada na edição deste domingo (06), no jornal Diário do Pará e avalio que foi até pequena para demostrar as lutas e conquistas desta pessoa amiga e trabalhadora, que eu conheço desde os tempos em que era estudante do curso de Comunicação Social, na UFPA e tive a honra de conviver no movimento estudantil e até fazer alguns "freelas". 

Nunca esquecerei das revistas e materiais da área da comunicação e do jornalismo, que lá por volta de 1998, o Marcelo Carvalho (como ainda era chamada) me dava para ler e estudar. Por ser minha vizinha no bairro da Marambaia, sempre a encontrava nos ônibus da linha "Sacramenta Nazaré" e depois morou de aluguel em um apartamento do tipo kitnet, em minha rua, poucos antes de partir para Brasília, onde há dois anos se destaca como profissional e militante dos direitos humanos e LGBTs

Antes de chegar à Coordenadoria Geral de Promoção dos Direitos LGBT, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Larrat batalhou muito. Foi dirigente estudantil, assessora de imprensa e comunicação de mandatos parlamentares, entidades sindicais e de vários segmentos sociais, além de contribuir com a formulação, debate e elaboração de várias políticas públicas voltadas à sua área de militância político-social, tanto no Pará e agora nacionalmente. 

Onde quer que esteja, ou o que for que faça, Larrat sempre arrasa!


Simmy Larrat é dessas pessoas que não costumam esconder o que pensam. É segura, objetiva e tem na luta pelos direitos humanos sua maior bandeira. Paraense de 37 anos, Simmy é, hoje, uma referência para pessoas que, como ela, defendem o direito de ser o que são em sua essência: é uma mulher, que, como tantas outras, enfrentou todo tipo de preconceito e discriminação para se assumir. Symmy Larrat é a primeira travesti a ocupar a função de coordenadora-geral de Promoção dos Direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Para chegar aonde chegou, Symmy Larrat percorreu um longo caminho. O primeiro desafio foi aceitar a si mesma, para assumir sua transexualidade, o que só aconteceu aos 30 anos. Homens e mulheres transexuais e travestis são pessoas que nascem com um sexo biológico, mas se identificam como sendo do outro gênero. E isso acontecia com Sammy desde a infância, quando preferia brincar com as bonecas da irmã mais velha do que com os carrinhos.

De família católica, sofria com a possibilidade de fazer a mãe – sua melhor amiga e confidente – sofrer. As duas hoje se falam todos os dias. Sofrem juntas o distanciamento físico – Simmy mora em Brasília e a mãe, em Belém. Nesta entrevista, Simmy Larrat fala do preconceito e do “fascismo”, segundo ela, exercido pela bancada conservadora do Congresso Nacional. Em sua opinião, o Brasil avançou bastante nas políticas de gênero, mas ainda há muito o que trilhar. Ela critica duramente a forma como algumas câmaras municipais vêm tratando os planos de educação, excluindo deles a questão de gênero.

A paraense também não poupa críticas ao governador Simão Jatene, que, acredita, assim como uma fatia de conservadores paraenses, utiliza uma forma velada para camuflar o preconceito, ao não regulamentar o Projeto de Lei 25/2010, de autoria da deputada Bernadete Ten Caten, que proíbe discriminação de qualquer cidadão em virtude de sua orientação sexual, de seu credo, sua raça ou cor. O projeto foi aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), em 2011, mas nunca foi regulamentado por Simão Jatene. Se já tivesse sido sancionada a lei, o Pará seria o primeiro Estado a punir atos homofóbicos. Como isso não aconteceu, o Pará é um dos poucos Estados brasileiros que não têm legislação própria nessa esfera de direitos.

P: Como foi chegar ao cargo que você ocupa, que é o mais alto hoje no país, entre pessoas LGBTs?

R: Vivemos um período de reconhecimento e de conquistas pela luta por nossos direitos. Por outro lado, é também o momento em que há uma reação muito forte dos conservadores. As pessoas que têm preconceito tiraram as máscaras e começaram a declarar ser contra todas as conquistas que obtivemos, que eles não aceitam pessoas trans nas escolas e nem mesmo conviver com pessoas assim. Neste cenário, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República decidiu nomear uma trans para um cargo de grande simbolismo para essa população. Acho que isso é de grande importância e mostra que há uma luz no fim do túnel.

P: Pode-se dizer que o paraense tem um jeito mais leve de ser, sem tanto preconceito ou conservadorismo?

R: Acho que o paraense não tem uma reação tão latente e tão forte quanto há hoje em outras regiões do país. Por outro lado, temos muita dificuldade de ver no Pará políticas públicas para esta população sendo executadas. Às vezes, não falar contra não quer dizer que as pessoas não sejam contra. Às vezes, elas operam na surdina para evitar que qualquer conquista nossa seja colocada em prática.

P: Não cooperar pode significar algum tipo de preconceito?

R: Exatamente. Nós temos, por exemplo, uma lei contra discriminação no Pará, de autoria da deputada Bernadete TenCaten, que foi aprovada em 2011 na Assembleia Legislativa e que até hoje não foi colocada em prática. Em São Paulo e em muitos outros Estados brasileiros, existem leis semelhantes que funcionam, que são aplicadas. E você não vê essa lei funcionando no Pará. É a mesma lei, exatamente igual, mas nunca foi sancionada pelo governador do Pará. O mais importante é que essa lei não trata apenas do preconceito de gênero, mas aborda também preconceito de raça, religioso, entre tantos outros sofridos pelas minorias. E você não vê essa lei sair do papel no Pará. Esse é um exemplo de como o preconceito velado, às vezes, é mais prejudicial.

P: E na sua infância, como foi enfrentar isso tudo?

R: Eu nasci e fui criada em Belém, na Marambaia, com minha mãe, no Conjunto Médici. No fim da adolescência, entrei na Universidade Federal do Pará.

P: Já como trans?

R: Não. Eu só assumi minha travestilidade aos 30 anos. Eu venho de uma família muito religiosa. São católicos e muito conservadores. Minha mãe tinha muito medo de como a sociedade ia me encarar. O medo dela era em relação à violência a que eu estaria exposta. Eu sempre fui uma pessoa muito ligada à minha mãe. Eu não queria fazer nada que a magoasse. Sempre fui muito expansiva, sempre militei em movimentos estudantis. Minha mãe tinha muito medo de que algo me acontecesse. Por isso, por minha mãe e pela relação que temos, demorei a assumir meu lado trans. Eu acabei, por muito tempo, negando minha identidade trans, com o objetivo de poupar a minha mãe de sofrimentos. Somente depois que amadureci passei a lutar pelo apoio da minha mãe pela minha verdadeira identidade. Hoje, digo com muito orgulho que minha melhor amiga é minha mãe. Essa é, para mim, uma conquista maior do que a conquista que tenho hoje (do cargo na Secretaria de Direitos Humanos na Presidência da Repúbilca). Minha mãe entende a pessoa que sou hoje. Essa é a maior conquista da minha vida.

P: Você já tem algum projeto que possa ser comemorado?

R: Estou há apenas 2 meses aqui neste cargo. Mas muito em breve vamos apresentar para a sociedade uma proposta de inclusão de pessoas trans. Essa será, com certeza, uma grande conquista. Eu acredito que o processo de elaboração de pesquisas vai dar um retorno positivo para a sociedade, principalmente na inclusão de pessoas que são invisíveis para o Estado.

P: Você precisa do apoio do Congresso para implantar essas políticas públicas?

R: Há, hoje, no Congresso, uma lei tramitando, baseada em leis internacionais sobre identidade de gênero. O projeto de lei (PL 5002/2013) é de autoria do deputado Jean Wyllys (PSol-RJ) e da deputada Éricka Kokay (PT-DF). Essa lei garante a identidade de gênero, ou seja, toda e qualquer pessoa terá o direito de solicitar a retificação registral de sexo e a mudança do prenome e da imagem, sem burocracia. Mas acho difícil, pela atual composição e conjuntura do Congresso, que essa lei caminhe. Não acredito que vá para frente nos próximos 2 anos.

P: Em outros países, é comum as pessoas sofrerem tanto preconceito como acontece no Brasil?

R: Sim. A onda conservadora não é privilégio brasileiro. Porém, aqui, estamos vendo com muita incisão o discurso conservador que chega até a agressão física. Temos, por exemplo, três parlamentares brasileiros que são constantemente atacados por suas posições em defesa dos direitos humanos. Essas pessoas sofrem, inclusive, agressões físicas. Estou falando de Jean Wyllys, de Ericka Kokay e de Maria do Rosário (PT-RS), que já tomou empurrões de grupos conservadores, que já ouviu um colega parlamentar dizer a ela que merecia ser estuprada. Você pode imaginar o que é uma mulher ouvir isso? Nessa proporção de ataques a pessoas, o Brasil está vivenciando um momento lastimável no Poder Legislativo.

Transitamos com muita facilidade em outras esferas de poder, como no Executivo e no Judiciário. Mas essa reação tão ríspida e tão desvelada acontece hoje no Legislativo brasileiro. Há um discurso de ódio no Legislativo. O que vivemos no Congresso é fascismo puro. Tudo pelo que lutamos está voltando de forma odiosa, sem que ninguém faça nada. É muito temeroso o que está acontecendo no Legislativo brasileiro.

P: Apesar de tudo isso, você acha que o Brasil avançou de alguma forma nessa questão?

R: Sim, e muito. No Legislativo Federal, não avançamos em nada. Mas há avanços nos Legislativos estaduais, nos Executivos estaduais e municipais e no Judiciário. No Judiciário, o casamento de pessoas do mesmo gênero trouxe inúmeros benefícios, como direito ao plano de saúde e à herança. Os mesmos direitos de pessoas de sexos opostos em uma união. Temos também a conquista do homossexual no SUS (Sistema Único de Saúde), que, é claro, ainda é muito pequena, mas que abre portas para novas conquistas. Temos direito ao nome social. Ou seja, o que temos hoje não é pouca coisa. Mas isso, para séculos de exclusão, ainda deixa a desejar.

P: Você está morando em Brasília. Do que sente mais falta da sua vida no Pará?

R: Da minha mãe e do povo. Nós, paraenses, somos acolhedores de uma forma que não existe igual em nenhum outro lugar do Brasil. Estou há quase 2 anos longe de Belém e sinto muita falta do calor e do carinho do povo paraense. E também sinto muita falta do nosso açaí. Eu adoro açaí.

quinta-feira, julho 16, 2015

CPI da Violência contra Jovens Negros e Pobres aprova relatório final


No site PT na Câmara, com informações da Câmara Notícias.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que apura a Violência contra Jovens Negros aprovou por unanimidade nesta quarta-feira (15), o relatório final do colegiado apresentado pela deputada Rosangela Gomes (PRB-RJ). A CPI, presidida pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), propôs no texto final a criação de um plano nacional de enfrentamento ao homicídio de jovens e a destinação de 2% da arrecadação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para um fundo que financiaria políticas nessa área. 

Em 248 páginas, o parecer apresenta um diagnóstico da situação de violência vivida por essa parcela da população e apresenta uma série de recomendações ao Poder Executivo, ao Ministério Público e ao Judiciário, além de defender a aprovação de propostas em tramitação no Congresso.

Para Reginaldo Lopes, “o texto apresenta medidas consistentes para reduzir a violência praticada contra jovens negros e pobres no País”. Além do plano de enfrentamento aos homicídios e do fundo para financiar políticas na área, o presidente também citou a Proposta de Emenda a Constituição que cria uma nova concepção de segurança pública.  

“Também fizemos uma proposição legislativa para a criação de uma Comissão Permanente, que vai funcionar por três legislaturas, para monitorar a implementação do Plano de Enfrentamento aos homicídios, e articular a criação dos planos estaduais e municipais. Esse conjunto de proposições vai dar sustentação às políticas públicas em defesa dos jovens negros e pobres”, destacou Lopes.        

Ao elogiar as propostas contidas no texto, o deputado Luiz Couto (PT-PB) lamentou que o trabalho da CPI não tivesse sido prorrogado. “Infelizmente o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não concordou com a prorrogação dos trabalhos da CPI, que poderia ter verificado outros abusos cometidos contra os nossos jovens negros e pobres. Mas esse foi o relatório possível fazer nesse período”, lamentou. 

Para o deputado Paulão (PT/AL), uma das maiores contribuições da CPI foi “tirar da invisibilidade” o racismo e a violência contra a juventude brasileira. “Antes, esse tema era ignorado. Agora vimos que o principal motivo do genocídio da juventude negra é o racismo”, destacou. 

Críticas – Apesar da aprovação unânime, o relatório também sofreu críticas por não ter avançado em alguns temas. A relatora suprimiu todas as referências à violência por questões relativas à orientação de gênero e contra a população LGBT. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) lamentou a mudança. 

“A constituição brasileira garante às mulheres políticas diferenciadas de gênero. Retirar essa palavra do texto é não reconhecer que muitas mulheres são assassinadas apenas pelo fato de serem mulheres”, argumentou. 

Já a deputada Erika Kokay (PT-DF) criticou o relatório por não contemplar as demandas da comunidade LGBT. “Acho um absurdo a retirada dos termos relativos a orientação sexual e identidade de gênero. Se essa comissão foi criada para dar visibilidade ao racismo que vitima jovens negros e pobres na sociedade, não pode permitir a invisibilização da prática homofóbica que impede as pessoas de exercerem a sua humanidade”, afirmou. 

Héber Carvalho com Agência Câmara Notícias
Foto: Luiz Alves/Agência Câmara

sexta-feira, julho 03, 2015

EMICIDA E O CLIPE MAIS CORAJOSO DO ANO


Via updateordie.com

Dirigido por Katia Lund e João Wainer, o novo clipe do Emicida, “Boa Esperança”, é um tapa na cara. E este tapa, amigos, está vindo faz tempo.

Um tapa que começou com Rosa Parks sentando onde não podia. Um tapa representado pelos braços negros cor Pantera de Tommie Smith e John Carlos. Um tapa que passou pelo Brasil nas vozes de Tim Maia, Thaíde e DJ Hum e Racionais MC`s

Uma bofetada cantada por Pavilhão 9: “A bomba vai explodir”. Uma revolta bem lembrada pelo Yuka: “Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro”. É difícil lembrar de uma paulada tão forte quanto essa do Emicida. Talvez o Facção Central manchando de sangue o Espaço Rap da 105 FM? Talvez.

Em tempos de discussões tão afloradas sobre temas sociais, o clipe do Emicida, na verdade, não é um tapa. É um aviso. “Cês diz que nosso pau é grande. Espera até ver nosso ódio”. Amém.

A produção é do Laboratório Fantasma em parceria com a bigBonsai.

PS: E que maravilha ver os filhos de Mano Brown, Domenica e Jorge Dias, no elenco. Clap, Clap!


Veja e escute lendo a letra.

Boa Esperança - Emicida
Composição: Emicida e Nave

Por mais que você corra irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala jão
Bomba relógio prestes a estourar

O tempero do mar foi lágrima de preto
Papo reto, como esqueletos, de outro dialeto
Só desafeto, vida de inseto, imundo
Indenização? Fama de vagabundo
Nação sem teto, Angola, keto, congo, soweto
A cor de etoo, maioria nos gueto
Monstro sequestro, capta três, rapta
Violência se adapta, um dia ela volta pu cêis
Tipo campos de concentração, prantos em vão
Quis vida digna, estigma, indignação
O trabalho liberta, ou não
Com essa frase quase que os nazi, varre os judeu? extinção
Depressão no convés
Há quanto tempo nóiz se fode e tem que rir depois
Pique jack-ass, mistério tipo lago ness, sério és
Tema da faculdade em que não pode por os pés
Vocês sabem, eu sei
Que até bin laden é made in usa
Tempo doido onde a KK, veste obey (é quente memo)
Pode olhar num falei?
Nessa equação, chata, policia mata? Plow!
Médico salva? Não! Por que? Cor de ladrão
Desacato invenção, maldosa intenção
Cabulosa inversão, jornal distorção
Meu sangue na mão dos radical cristão
Transcendental questão, não choca opinião
Silêncio e cara no chão, conhece?
Perseguição se esquece? Tanta agressão enlouquece
Vence o Datena, com luto e audiência
Cura baixa escolaridade com auto de resistência
Pois na era cyber, ceis vai ler
Os livro que roubou nosso passado igual alzheimer, e vai ver
Que eu faço igual burkina faso
Nóiz quer ser dono do circo
Cansamos da vida de palhaço
É tipo moisés e os hebreus, pés no breu
Onde o inimigo é quem decide quando ofendeu
(cê é loco meu)
No veneno igual água e sódio
Vai vendo sem custódio
Aguarde cenas no próximo episódio
Cês diz que nosso pau é grande
Espera até ver nosso ódio

Por mais que você corra irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o xis da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala jão
Bomba relógio prestes a estourar

É grave: Eduardo Cunha age no Brasil, como Hitler na Alemanha


Por Sergio Amadeu da Silveira*, em seu Facebook.

Não é verdade que Eduardo Cunha representa a maioria da população. Ele representa um estado de manipulação e de disseminação do ódio. 

Em 19 de agosto de 1934, Adolf Hitler obteve 89,9% do eleitorado alemão em um plebiscito que confirmou a concentração do poder de Estado em suas mãos. Hitler se autointitulou Führer, líder em português. 

Hitler propunha saídas baseadas no ódio e no preconceito. Arregimentou um punhado de pequenas mentiras ditas há muito tempo nos lugarejos da Alemanha. Arregimentou os recalcados, os invejosos e foi financiado pelas grandes corporações. 

Hitler dizia que um dos maiores problemas da Alemanha era sua submissão aos judeus. Assim, era fácil persegui-los e explicar que aquilo que não ia bem era por culpa dos comunistas e dos judeus. 

Hitler perseguia homossexuais e deficientes físicos. Eles eram um estorvo para a raça pura. Pois bem, as explicações de Hitler e sua proposta de eliminar os inimigos do bem pela violência gerou um dos maiores crimes contra a humanidade. Hitler e seu propagandista Joseph Goebbels, calavam os descontentes e faziam propaganda baseada nas então novas técnicas de manipulação de massas. 

Para aqueles que dizem que o povo brasileiro apóia a redução da maioridade penal, digo que esta tese não resistiria a um conjunto de debates e a uma campanha séria de esclarecimento. Exatamente por isso, Eduardo Cunha corre. Tem pressa. Quer se mostrar um sub-Führer do Brasil.

Na tramitação do Marco Civil, Eduardo Cunha alegou que a neutralidade da rede seria contra a inclusão digital dos pobres. Veja você, Cunha lobista das empresas de telecom, se dizendo preocupado com os pobres. O cinismo é sua estratégia política. 

Dizia que os pobres só querem a web e o email. Quando mostramos as pesquisas do CGI de uso da Internet no país ele mudou de argumento, como se nunca tivesse falado os absurdos que falou. 

O Führer é um espertalhão. Com a cobertura do Judiciário continuará livre do processo da Petrobras. Sérgio Moro não está preocupado com Cunha. A missão de Moro é acabar com o PT. Justiça é outra coisa.

A manipulação dos fatos, a explicação simplista e o exagero apresentado pelos programas estilo Datena levam boa parte da população a acreditar em absurdos como a redução da maioridade penal. Explorando o desespero e o medo das pessoas humildes, Eduardo Cunha, Reginaldo Azevedo, Bolsonaro e Malafaia destilam preconceitos como se o ódio e a vingança pudessem organizar uma sociedade de paz e desenvolvimento.

Dizem que a maioria do povo os apóia. Este argumento é falacioso. Vamos debater racionalmente, sem agressões verbais, sem mentiras, a realidade do crime no Brasil. Se tivéssemos um programa como Datena tem o seu, todos os dias, o cenário seria outro. Se ao invés da manipulação praticada por Willian Bonner tivessemos jornalismo de fato e de contexto, boa parte da desinformação sistematicamente praticada pelas elites seria desmascarada.

Por fim, considero que o que está ocorrendo, hoje, no Congresso sirva de lição para todos nós que deixamos as bobagens e os preconceitos serem ditos sem nossa reação e sem nosso esclarecimento imediato. 

Vamos nos lembrar que atos de ignorância e preconceito foram responsáveis pelo Apartheid, pela morte do gênio da computação Alan Turing, entre outros absurdos. Não vamos esquecer que agora o subFührer vai querer mais retrocesso. 

É hora de mostrar que o cinismo não vencerá a razão.

*Sergio Amadeu da Silveira Sérgio Amadeu da Silveira é graduado em Ciências Sociais (1989), mestre (2000) e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (2005). É professor adjunto da Universidade Federal do ABC (UFABC). Integra o Comitê Científico Deliberativo da Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura (ABCiber). Consultor de Comunicação e Tecnologia. Foi professor do Programa de Mestrado da Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero (2006-2009). Presidiu o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (2003-2005). Integrou o Comitê Gestor da Internet no Brasil (2003-2005 e 2011-2013). Pesquisa as relações entre comunicação e tecnologia, sociedades de controle e privacidade, práticas colaborativas na Internet e a teoria da propriedade dos bens imateriais. Autor dos livros: Exclusão Digital: a miséria na era da informação e Software Livre: a luta pela Liberdade do conhecimento. Desenvolve trabalhos nos seguintes temas: exclusão digital, tecnologia da informação e comunicação, sociedade da informação, economia informacional, cidadania digital e Internet. É parecerista AD-HOC da FAPESP-SP.



Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...