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terça-feira, dezembro 26, 2017

Zenaldo Coutinho: Depois de prometer em 2016 que reformaria o ver-o-peso, o principal cartão-postal de Belém segue abandonado pelo prefeito reeleito

A reforma do ver-o-peso foi prometida por Zenaldo Coutinho em 2016, ano em que concorreu as eleições e saiu vitorioso.

Por Diógenes Brandão


Promessa feita em 2016, ano em que concorria a reeleição para prefeito de Belém, era de que o principal cartão-postal de Belém seria revitalizado e passaria por uma grande reforma. Estamos indo para 2018, o 6º ano do mandato de Zenaldo Coutinho e o ver-o-peso segue abandonado, sujo e com graves problemas para quem o frequenta e/ou nele trabalha.  

Ainda em 2016, a prefeitura informou que a reforma da Feira do Ver-o-Peso, tão alardeada pelo prefeito Zenaldo Coutinho, seria adiada para 2017. O anúncio foi feito no dia 07 de Abril, em uma audiência pública solicitada pelo Ministério Público Federal (MPF) e o Iphan.  

Naquela oportunidade, o secretário municipal de urbanismo de Belém, Adinaldo Oliveira, disse que não havia tempo para iniciar o projeto de reforma dentro do período que a legislação eleitoral permite – até 3 meses antes das eleições.   

O Secretário afirmou que o recurso orçamentário para a execução da obra já estava garantido, uma vez que o projeto foi contemplado pelo PAC das Cidades Históricas, do Governo Federal.   Ou seja, a prefeitura recebeu dinheiro e até agora não fez absolutamente para livrar o ver-o-peso dos riscos e problemas que a feira apresenta aos consumidores, turistas e os próprios feirantes. 

A proposta de reforma do mercado Ver-o-Peso foi apresentada pela Prefeitura de Belém em janeiro de 2016, sem consulta popular, durante a comemoração do aniversário de 400 anos de Belém.   

Por meio de uma maquete eletrônica, a administração municipal mostrou o projeto para a feira com um visual repaginado. Mas a proposta foi alvo de críticas, sobretudo, de feirantes, que não foram ouvidos para a execução do projeto.  

A Feira do Ver-o-Peso faz parte de um Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico, tombado pelo Iphan no ano de 2012.

Leia a matéria publicada no portal G1 Pará: 

Feira do Ver-o-Peso, em Belém do Pará, está com vários problemas nas suas estruturas.

A última reforma do ver-o-peso foi há 20 anos atrás, na administração de Edmilson Rodrigues, candidato derrotado nas eleições de 2016, justamente pelo atual prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho.

Em 2016, a prefeitura anunciou um projeto para revitalizar o espaço. Dois anos depois, a proposta ainda passa por adequações. Enquanto isso, os feirantes são obrigados a conviver com goteiras, fiação elétrica precária e muita sujeira.

Um dos mais famosos pontos turísticos de Belém, a feira do Ver-o-Peso, sofre com problemas nas estruturas. Em 2016, a prefeitura de Belém anunciou um projeto para revitalizar o espaço. Na época o projeto dividiu opiniões. Dois anos depois, a proposta ainda passa por adequações. Enquanto isso, os feirantes são obrigados a conviver com goteiras, fiação elétrica precária e muita sujeira.  

Alberto Silva trabalha há mais de 10 anos no Ver-o-Peso e se incomoda com o lixo que fica horas à espera de recolhimento. “A gente trabalha com o peixe exposto e o açaí que a gente bate na hora. Ai tem o lixo próximo. Nós temos que ter um cuidado muito especial com isso”, diz.  

Sendo um local com venda de alimentos, a limpeza deveria ser prioridade. “O local precisa ter uma estrutura boa para ofertar para aquelas pessoas que vão consumir uma qualidade, para que não ocorram doenças gastrointestinais proporcionadas por essas contaminações”, diz a nutricionista Lohany Lopes.  

O Ver-o-Peso recebe diariamente cerca de 50 mil pessoas. O cliente que passa por lá também está de olho nessa falta de cuidado. “Precisa de um pouco mais de atenção, porque, sendo ele um ponto turístico muito conhecido daqui de Belém, acho que até pra receber pessoas de fora tá um pouquinho abaixo da média de outros lugares por ai”, diz um consumidor.  

A estrutura do espaço pede reformas há um tempo. A cobertura da feira está rasgada e suja. “O freguês vê a situação dessa lona e as dificuldade pra subir aqui com esse monte de lixo na frente. Qual a atração que temos pra oferecer pro cliente?”, diz o feirante Antônio Trindade.

Com a cobertura rasgada, quando chove, a água molha barracas e clientes. Para amenizar os problemas, tem vendedor tirando dinheiro do bolso para fazer os reparos. Com a chegada do inverno amazônico, eles ficam preocupados com as goteiras. Os feirantes dizem ainda que falta iluminação. A fiação elétrica exposta também preocupa.  

De acordo com a Secretaria de Urbanismo de Belém, o projeto de revitalização da feira está em fase de adequação e deverá ser aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Só depois disso será feito o processo licitatório para que as obras se iniciem.  

Em nota, a prefeitura de Belém afirma que as secretarias municipais trabalham diariamente para manter a limpeza e a conservação da infraestrutura da feira.

segunda-feira, outubro 02, 2017

Folha: Belém conserva cenário que encantou escritor Mário de Andrade há 90 anos

Theatro da Paz, de 1878, em Belém, no Pará; construção é inspirada no teatro Scala, de Milão.

Por Diógenes Brandão

Há poucos dias da maior manifestação de fé católica do Brasil, o Círio de Nazaré - o natal dos paraenses - assim como acontece com poetas, artistas e todos que conhecem a cidade que é considerada o Portal da Amazônia, o maior jornal do país se rende aos encantos de Belém e faz uma síntese da cidade das mangueiras. Sendo a única capital brasileira que tem o estado como sobrenome oficial e 401 anos de história, com encantos que não cabem em uma matéria, a Folha de S.Paulo soube pelo menos reconhecer nosso charme tal como Mário de Andrade. 

Que façam outras e venham sempre que desejarem! 

Por Fernando Granato, na Folha de São Paulo
Fotos de Luíza Zaidan/Folhapress.

A mesma foz do Amazonas que impressionou o escritor Mário de Andrade (1893-1945) em sua visita de reconhecimento do Brasil, em 1927, encanta o turista que chega a Belém de barco hoje.  

Barco na Baía de Guajará, em Belém, no Pará.

"A foz do Amazonas é uma dessas grandezas tão grandiosas que ultrapassam as percepções fisiológicas do homem", disse o modernista, em seu "O Turista Aprendiz", livro que resultou daquela viagem de 90 anos atrás.

O escritor chegou a Belém "antes da chuva", como observou em seu diário, "e o calor era tanto que vinha dos mercados um cheiro de carne seca". Instalou-se no Grande Hotel, hoje demolido, e naquela primeira noite foi assistir ao filme "Não Percas Tempo", num cinema localizado na mesma rua. "Um filme horrível", como registrou.

Cais em frente ao mercado do Ver-o-Peso, em Belém, no Pará.

O curioso é que o cinema que recebeu o escritor, o Olympia, permanece em funcionamento e é o mais antigo do Brasil a ainda projetar filmes. Inaugurado em 1912, em julho deste ano exibiu o documentário "Do Outro Lado do Atlântico". Segundo o projecionista Gideão Araújo, hoje a casa não recebe mais que cem espectadores por sessão, e a sua maior bilheteria foi nos anos 1990 com "Titanic".  

Cine Olympia, o mais antigo em funcionamento do Brasil, onde Mário de Andrade assistiu "Não percas tempo", em seu primeiro dia de visita a Belém, em 1927.

"Esse filme foi o responsável por manter o cinema aberto no momento de maior crise", lembrou Araújo. Sobre a passagem de Mário de Andrade pelo cinema, o funcionário não tinha conhecimento.  Já no mercado Ver-o-Peso, que deslumbrou o escritor, as lembranças anotadas pelo modernista podem ser constatadas até hoje. Construído para receber as mercadorias que os ribeirinhos traziam para abastecer a capital, o entreposto é o ponto mais efervescente da cidade.

Pescador descarrega sua carga de peixes em frente ao Mercado do Ver-o-Peso, em Belém, no Pará. 

Na parte coberta, montada em ferro pré-moldado trazido da Europa, funciona o mercado de peixes. Ali, nas primeiras horas do dia, homens trazem uma infinidade de douradas, filhotes, tambaquis e tucunarés. Xisto Brito, 78 anos, 63 deles vividos dentro do Ver-o-Peso, conta que antes havia ainda mais fartura de peixe. "Hoje recebo cerca de 300 quilos por dia e vendo rapidamente tudo", diz.

Xisto Brito, 78, que comercializa peixes no mercado Ver-o-Paso há 63 anos. Segundo ele, antigamente havia ainda mais fartura de peixe.

Ao lado, ficam os balcões dedicados às frutas. Açaí, cajá, cupuaçu e toda uma gama de espécies que deixaram o escritor perplexo. "Provamos tanta coisa, que embora fosse apenas provar, ficamos empanturrados", anotou.  ERVAS MILAGROSAS  Um pouco mais adiante, entretanto, está a parte mais curiosa do mercado: a que comercializa ervas, folhas e tudo que se pode imaginar de plantas medicinais amazônicas. A pessoa chega e diz a doença. Diabetes, hipertensão, gastrite. E logo surge uma espécie milagrosa. Algumas delas até para dores abstratas, como as do amor.

Quem explica é Sandra Maria Melo, 59, a "Tieta", filha de índia karipuna que trabalha ali há mais de 40 anos. "Temos a chora-nos-meus -pés, a agarradinho, a pega-e-não-me-larga, e a corre-atrás. Todas elas ervas próprias para o amor", diz. 

Nas trilhas de Mário de Andrade por Belém não pode faltar uma visita ao Theatro da Paz, de 1878, inspirado no Scala, de Milão. Com a plateia dividida de acordo com as classes sociais, o térreo é dedicado aos abastados, e os andares superiores deixados para a plebe. Essa divisão ainda é mantida, com preços de ingresso que variam de acordo com a localização, e o camarote destinado ao imperador hoje é de uso exclusivo do governador do Estado.

E, por último, não se pode deixar de conhecer o Museu Goeldi, que guarda o maior acervo do mundo em espécies vegetais e animais da Amazônia, além de livros. "Biblioteca admiravelmente bem conservada pelo dr. Rodolfo de Siqueira Rodrigues, um desses heróis que não se sabe", observou o modernista.

Os encantos da cidade permanecem e dão ao viajante de hoje a mesma sensação que levou o escritor a dedicar uma cantiga a Belém, intitulada "Moda do Alegre Porto". Numa das estrofes, ele diz: "Que porto alegre Belém do Pará! Vamos no mercado, tem mungunzá! Vamos na baía, tem barco veleiro! Vamos nas estradas que têm mangueiras! Vamos no terraço beber guaraná! Que alegre porto, Belém do Pará!" 

REINO DO 'BREGA'  

Belém tem em seus arredores uma infinidade de praias de rio, algumas pouco conhecidas dos turistas de fora. Uma delas, Chapéu Virado, na Ilha de Mosqueiro, já foi visitada pelo escritor Mário de Andrade em 1927.

Naquela viagem de descobrimento, ele anotou: "Banho de água doce em quase pleno mar. Enxames de ilhas, cardumes de ilhotas que vão e vêm, desaparecem."  

Nos dias de hoje, o turista encontra em Chapéu Virado resquícios do tempo em que o balneário era frequentado por barões da borracha, que lá construíram, no século 19, chalés de veraneio. Muitas dessas casas podem ser vistas na rua principal.  

Um dos chalés de veraneio construídos no século 19 por barões da borracha, na avenida Beira Mar, em Chapéu Virado, praia de rio nos arredores de Belém, no Pará.

Ainda está por lá também a pequena capela do Sagrado Coração de Jesus, construída em 1909 por um devoto, em pagamento de promessa. Mário de Andrade a fotografou e colocou na legenda: "Igrejó de Chapéu Virado". A partir de 1950, o santuário tornou-se local de saída do Círio de Nossa Senhora do Ó.

Capela do Sagrado Coração de Jesus, que foi construída em 1909 em Chapéu Virado, praia de rio nos arredores de Belém, no Pará.

Já no fim da praia, está o Hotel do Farol, transformado em hospedaria em 1930 pelo empresário Zacharias Mártyres, que lá tinha uma casa de veraneio. A construção lembra a de um navio, com cantos arredondados para quebrar a força do vento e propiciar a vista para a baía.  

A bela vista para a praia, na expectativa de quem está no Hotel Farol. Foto adicionada por este blog.
A faixada do Hotel Farol. Foto adicionada por este blog.
Na orla, além dos casarões, pode ser visto hoje um desajeitado prédio de apartamentos, que destoa dos encantos do balneário. Encantos registrados na caderneta de Mário de Andrade, que apreciou tudo, especialmente a vegetação e o banho de rio.  Na atualidade, reina por ali o "brega", ritmo tocado nas barraquinhas que ficam lotadas nos fins de semana com o povo que vem de Belém. 

O "desajeitado prédio de apartamentos", citado na matéria. Foto adicionada por este blog.
Maria Mourão, 89 anos, e seu filho Benedito Mourão, 65. Maria é a primeira moradora do Caripi, praia de rio nos arredores de Belém, no Pará; ela conta que a localidade ainda não existia quando Mario de Andrade visitou a região.

Barco que faz o papel de perua escolar em Barcarena, cidade a 20 quilômetros de Belém, no Pará.







    

domingo, fevereiro 28, 2016

MP e IPHAN forçam prefeitura de Belém a revelar e debater as mudanças do Ver-o-peso

Por Diógenes Brandão

O imbróglio que envolve a reforma do principal cartão postal de Belém do Pará, ganha novos episódios com os olhares de promotores do Ministério Público do Estado e do IPHAN, órgão federal que tem como missão promover e coordenar o processo de preservação do patrimônio cultural brasileiro para fortalecer identidades, garantir o direito à memória e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país.

A coluna do jornalista Guilherme Augusto, no jornal Diário do Pará deste domingo (28) revela a luta de alguns vereadores e deputados estaduais de oposição, que assim como o MP e o IPHAN tentam dar transparência ao projeto desenvolvido às portas fechadas pelo prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB).







segunda-feira, janeiro 25, 2016

IPHAN desmente Prefeitura de Belém sobre pendências na reforma do ver-o-peso


Por Diógenes Brandão.

Apesar de uma demora de duas semanas, o IPHAN divulgou nesta segunda-feira (25), uma nota de esclarecimento sobre a proposta de intervenção para a Feira Ver-o-Peso em Belém, a qual a Prefeitura propagandeia desde as comemorações dos 400 anos de Belém, como se a reforma prometida em campanha pelo prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB), estivesse com uma pendência por conta do governo federal, sendo que na verdade o que a população e demais autoridades públicas percebem é a sua displicência à frente das necessidades do município, como a grande responsável pela obra ainda não ter saído do papel.

Por motivação e mesquinharia político-partidária, além de omitir que o governo federal já tenha destinado R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para estudos e projetos e R$ 14.000.000,00 (quatorze milhões de reais) para a obra de reforma e modernização de todo o complexo do ver-o-peso, a prefeitura de Belém, sob o comando de Zenaldo Coutinho apresentou um vídeo com uma maquete, onde mostra que pretende alterar toda a arquitetura da feira. 

A iniciativa é tida como uma reação midiática do prefeito, tão logo começaram a viralizar memes nas redes sociais com duras críticas de internautas, que viram as comemorações dos 400 anos da cidade acontecerem sem nenhuma obra significativa sendo entregue de presente à população. "Só teve um dia de shows e um bolo para os famintos da feira", declarou uma internauta em uma rede social.


Mesmo esquecendo de citar que até os recursos para os estudos do projeto foram enviados pela União, a nota do IPHAN desmascara de forma contundente, que se o projeto de reforma do ver-o-peso não está adiantado é por exclusiva (in)responsabilidade da prefeitura desta cidade, e não o que tem sido divulgado pela equipe de marketing de Zenaldo Coutinho, que o fez dizer nas comemorações do aniversário de Belém, ao lado do governador Simão Jatene, que ambos seriam os únicos responsáveis por aportes de recursos financeiros para a reforma do complexo e esconderam a informação da verba aprovada no PAC Cidades Históricas, lançado em 2013 pela presidente Dilma, assim como um esforço coletivo de parlamentares paraenses para conseguir mais recursos e assim podermos ter o nosso principal cartão postal mais digno, saudável e confortável.

Vale lembrar que além de assaltos frequentes, a falta de higiene, os incêndios e demais problemas na infraestrutura do ver-o-peso tem assustado e afastado feirantes e consumidores do local, que desde a última reforma, em 1998, não recebe manutenção ou qualquer tipo de melhoria em sua estrutura.


Como estamos em um ano de eleições municipais, vale lembrar a indagação do marajoara que fundou a Academia do Peixe Frito e um dos grandes admiradores do ver-o-peso, José Varella, em 2011: "Será que não aparece um candidato com projeto de aposentadoria de urubu do cargo de gari do Ver-o-Peso?"





DINHEIRO PERDIDO

No início deste ano, ficamos sabendo do envio de um ofício do Ministério da Cultura ao ex-prefeito de Belém e hoje deputado federal, Edmilson Rodrigues (PSOL). De acordo com seu conteúdo, a prefeitura de Belém se deu ao luxo de perder um recurso de R$ 2 milhões para reformar o Ver-o-Peso.

Assinado por Wanderson Lima, chefe da assessoria parlamentar substituto, o documento oficial destaca que “considerando o não fornecimento de informações básicas pela Prefeitura de Belém para conveniamento, pelo Iphan, de emenda relativa à recuperação do “Mercado do Ver-o-Peso”, torna-se inviável a manutenção do objeto pretendido”.

Edmilson Rodrigues, a época em que foi prefeito de Belém por dois mandatos (oito anos), foi o responsável pela última reforma do ver-o-peso.


A postagem feita pelo ex-prefeito, em seu site e redes sociais causou polêmica e troca de acusações. A prefeitura emitiu sua versão e acusou Edmilson Rodrigues de mentir e criar notícias falsas.



Internautas questionam nas redes sociais, se a prefeitura precisa mesmo destruir e mudar o atual formato da feira do ver-o-peso, para construir uma nova estrutura, que segundo a opinião de muita gente, não condiz com a nossa cultura. Outros questionam se a obra não está sendo superdimensionada para desvio de recursos, via caixa 2 para a reeleição do prefeito. 

Leia a nota do IPHAN:

quarta-feira, julho 08, 2015

Fórum Belém 400 Danos: O início de uma reação.



Dia 25 de Junho um incêndio no Pronto Socorro Municipal da 14 de Março e matou duas pessoas e intoxicou centenas de pacientes e funcionários.

A população de Belém assistiu assustada pela segunda vez, acontecer o que o sindicato dos médicos e o dos funcionários, os bombeiros, o Ministério Público e a Justiça previam: Uma nova tragédia anunciada.

Cinco dias após o ocorrido e com a cidade em situação de calamidade pública, com hospitais lotados, um incêndio destrói 8 boxes na feira da Pedreira. Não houveram vítimas, só danos materiais que custarão muitos meses de tralhado duro para os feirantes.

Dez dias depois, um novo incêndio na COSANPA provocou a interrupção de água em 28 bairros, prejudicando por três dias, mais de um milhão de pessoas. Um dia depois, outro incêndio atingiu uma barraca do ver-o-peso, assustando os feirantes e consumidores do local, que desde a última reforma, em 1998, não recebe manutenção ou qualquer tipo de melhoria em sua estrutura.

Diante deste quadro perverso, entidades da sociedade civil de Belém, em protesto nesta última quarta-feira, em frente à COSANPA, resolveram organizar um Fórum de debates para construir uma agenda de mobilização em torno dos assuntos e temas pertinentes ao descaso com que a cidade vivencia.

O evento será realizado nesta quinta-feira, no Sindicato dos Urbanitários, onde sindicatos, ONG's, Movimentos Sociais e a população em geral, debaterão os rumos da cidade que está prestes a completar 400 anos e agoniza em um caos generalizado.

Participe, mobilize, compartilhe!

Maiores informações na página do Fórum.

terça-feira, junho 02, 2015

Vai ter troco: Belém tem negada novamente a chance de ser melhor e mais bela


O espaço era onde funcionava o antigo órgão responsável pela fiscalização municipal. Uma reforma em 1985, deu à construção em estilo neoclássico, o papel de restaurante e espaço cultural da cidade. Depois virou um espaço misto, de múltiplos usos: abrigava o Museu do Índio e parte da administração da Feira do Ver-o-Peso, servindo também de base para guardas municipais e tinha banheiros abertos 24 horas por dia, geridos por uma cooperativa.

Apesar de ter sido tombado como patrimônio histórico e cultural, o Solar da Beira estava abandonado, sujo e sendo usado como esconderijo de assaltantes, para consumo de drogas e até estupros.

Aí um grupo de produtores culturais, resolve lavá-lo e ocupá-lo e o espaço que faz parte do Complexo do Ver-o-Peso, desde o último dia 08 de maio, foi reconfigurado com uma intervenção artística, que promoveu cursos, oficinas, aulas públicas, espaço de convivência artística, com exposições, shows e apresentações de teatro, fotografia, cinema e música. Recebeu inúmeras caravanas de escolas públicas e de universidades da Região Metropolitana de Belém.

Um blog e uma página de evento no Facebook foram criadas para mobilizar e divulgar a programação que foi se construindo de forma auto-gestionada e colaborativa, com a seguinte mensagem de apresentação:

De 09 a 17 de maio o Solar da Beira, na feira do Ver-o-Peso, será mais uma vez ocupado! É o Solar das Artes, que envolve mais de cem artistas em um movimento de afeto, política e contestação sobre o uso dos espaços públicos em Belém. Serão propostas diversas ações político-culturais completamente gratuitas para a comunidade da feira e os públicos em geral. Múltiplas linguagens e experiências urbanas.









Num gesto insano, o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, insatisfeito com a nova utilização do espaço, entrou na justiça e ganhou, na famosa e conservadora justiça (?) paraense, o direito de reiteração de posse do local, que é público, mas envergonhava o principal cartão postal e ponto turístico de Belém: O ver-o-Peso.


A matéria publicada no jornal Diário do Pará dá conta do fim da brincadeira cidadã: 

Foram 19 dias de ocupação no Solar da Beira, um velho casarão entregue à ação do tempo no Ver-o-Peso. A arma usada foi a arte para combater o abandono, o desprezo, a falta de zelo com o patrimônio público, com nossa história e memória. Se a prefeitura não fez, a sociedade tomou as rédeas, movida por um impulso de que a arte salva. Mas nesta segunda-feira (1º), às 9h, essa primeira batalha chega ao fim, ainda sem um final feliz.

Neste horário, cerca de 115 artistas que se revezavam nessa ocupação do Solar da Beira saem definitivamente do local, depois de uma programação de desocupação que iniciou às 19h de domingo com uma intensa programação cultural. Mesmo com a saída espontânea, eles receberam ontem uma ordem de reintegração de posse expedida pela juíza Margui Bittencourt.


Porque um prefeito que se elegeu com a promessa de devolver à cidade, seu potencial turístico, ao invés de incentivar a ação dos produtores, artistas e ativistas que ocuparam e produziram arte e cultura de forma marcante, pode ter a coragem de embargar a ação cidadã e expulsá-los do local?

Teria sido o temor de que este fato, entre tantos outros, servir de arma contra sua reeleição, já que vivemos em um sistema político mesquinho e extremamente polarizado, onde qualquer vacilo é amplificado ao máximo? 

Se pensou em se proteger disso, não teria sido mais inteligente, diplomático e civilizado, que ao invés de ter solicitado à justiça a reintegração de posse do local, ter recebido uma comissão dos ocupantes e assinado um acordo de utilização do espaço até que coloque seu plano de revitalização do Solar da Beira, dando assim a chance de Belém ter por mais alguns dias, um local público que inspirava e transbordava por suas 'beiras', o que temos de melhor e mais belo em nossa cidade? 

Tens twitter? O meu é @JimmyNight

segunda-feira, junho 20, 2011

Bye, bye Ver-o-peso



Por José Varella*

Nossa sociedade belenense é bem esquizofrênica, não? O tal "cartão postal" quem é que vai lá e curte de verdade? Além de nunca ter grana para conservar de verdade, quando alguém fala em revitalizar com funções contemporâneas levanta-se uma onda de "defensores" das sagradas tradições do Ver O Peso
que incluem a fedendina da pedra e da doca, o pitiú de peixe "fresco" e os indefectíveis urubus que vão, inclusive, fazer suas "necessidades" sobre os transuentes da praça Pedro II...
 
Ora, ninguém em sã consciência é contra urubus: contanto que eles vivam na natureza, mas urubu no espaço urbano é indicador de que há algo de pobre no reino da prefeitura.
 
Vamos para mais uma rodada de eleições para a prefeitura e a câmara de vereadores e o Ver O Peso é tabu com a máfia do urubu.

Será que não aparece um candidato com projeto de aposentadoria de urubu do cargo de gari do Ver O Peso?

Simples. Tirando a causa de atração dos urubus eles, mais inteligentes dos que certos eleitores e seus eleitos; irão cantar noutra frequesia.
 
Agora que o mercado Bolonha está prestes a ser reinaugurado, precisa que o mercado de ferro passe por reforma em regra para NÃO VOLTAR MAIS A VENDER PEIXE em espécie...

A exemplo do mercado de "ciudad vieja" de Montevideu (Uruguai), o nosso mercado de ferro poderá se tornar um centro comercial de gastronomia popular, notadamente o peixe frito em azeite de patuá tradicional.

Claro que a função de turismo se reforçará. Visto que, na atualidade, a rede de suspermercados e feiras de bairros tirou do Ver O Peso sua antiga função de abastecimento da cidade. Com a reforma do mercado de peixe para venda de pratos a base de peixe e mariscos, o mercado Bolonha mereceria também substituir a venda de "carne verde" por churrasco de búfalo, principalmente.

Cuidando o órgão oficial de turismo de Belém de fechar parceria com a PARATUR e EMBRATUR para promover o turismo gastronômico.

Haja economista da nova economia para demonstrar, na "ponta do lápis", os números possíveis da REVITALIZAÇÃO em comparação ao feijão com arroz na paisagem com urubu.

* José Varella escreve nos:

http://resistenciamarajoara.blogspot.com/

quarta-feira, outubro 06, 2010

O Círio e a Síndrome do Paraensismo Agudo

Ctrl-C + Ctrl-V na cara dura do blog Bêbado Gonzo

Chegamos à época mais divertida de se morar em Belém. Ao longo do ano, a capital do Pará é um inferno: trânsito caótico, gente mal educada, lixo nas ruas, poluição sonora, absoluta falta de bom senso e o risco iminente de encontrar semi-conhecidos a toda hora, já que o núcleo principal da nossa cidade é um ovo. Um ovo de curió, para ser mais específico. Não pense que essas coisas mudam neste período. Nada muda. E ainda há dois agravantes: o tráfego piora e o aumentam as chances de esbarrar naquele colega de ensino médio que você não lembra o nome de jeito nenhum, mas se sente obrigado a cumprimentá-lo. No entanto, algo de sobrenatural deixa a Cidade das Mangueiras muito mais interessante, suplantando todos os percalços da nossa rotina de cão.

Foto: Bruno Miranda.
É, estamos no Círio. Quem não é paraense ou praticante do turismo religioso de raiz sabe pouco sobre a festa. Se for procurar no dicionário, vai aparecer que círio é uma velona, uma vela grande, ou ainda romaria, procissão, o que tem relação com o Círio com c maiúsculo. Mas, a explicação carece de mais detalhamento. Caso um forasteiro tente relatar o evento sem nenhuma contextualização, vai contar mais ou menos assim: era um mundaréu de gente espremida pelas ruas, impedindo que outra galera – essa exausta e toda suada - puxasse com uma corda a imagem de Nossa Senhora. E, enquanto uns penavam puxando, outros vestidos de branco andavam num cordão de isolamento numa boa só se abanando e protegidos por seguranças até chegar de uma igreja à outra. Mas, ainda não é isso. O Círio, de fato, é uma manifestação religiosa que iniciou católica, mas hoje reúne credos de todos os tipos. Dizem as más e boas línguas que até ateus participam para não se sentirem excluídos e depois da procissão filarem a bóia, cujo aspecto é realmente estranho, porém o sabor inigualável. Vide o caso maniçoba. É preciso andar por Belém neste tempo de devoção e sacrilégios para compreender melhor, para se inteirar e perceber que, embora haja um clima Padre Fábio de Melo way of life de ser, também há uma necessidade de extravasar a alegria e o desejo enorme de revolucionar, suprimidos ou exibidos esporadicamente ao longo do ano. No Círio, paraenses da gema e adotivos voltam à condição de sonhadores sensuais, como diz professor e paraense Fábio Castro. Paralela as tarefas cristãs e marianas, rezas, sacrifício físicos, carolices extremas, há uma força brutal que tem muito mais a ver com o carnaval do que genuinamente com os ritos da Igreja Católica. O Círio é também tempo de reencontrar velhos amores, de embates com amantes extraviados, de se apaixonar do nada no meio da rua, de passar uma semana insone pulando de festa em festa, de engordar dez quilos de tanto comer, de resolver ódios pendentes e promessas de vingança, de engravidar sem planejamento e precocemente, de morrer e matar, de deixa valer impulsos e instintos. As estatísticas apontam: gasta-se mais, transa-se mais, morre-se mais, comete-se mais crimes. O Círio transpira excessos de todos os gêneros, o que bispos, padres, beatas e todos os moralistas odeiam incluir como parte da efeméride, mas tem que engolir em seco sua evidência ou mesmo praticá-los às escondidas.
Sonhadores sensuais, mas não paraenses.
No Círio, repetimos a experiência de fartura de tantos anos atrás, quando a borracha nos servia mais para fortuna do que para evitar filhos. As mesas são tão fartas que é possível comer as sobras até chegar novembro, apesar de o auge da festa ser o segundo domingo de outubro. Até nos casebres mais pobres, milagrosamente, a comida abunda. Nos casarios e apartamentos mais abastados, os banquetes não cabem nas cozinhas e nas salas de jantar e o ar se impregna do cheiro do cianureto cozido da maniva e da acidez amarela do tucupi. Todos amam a cidade. Amam tanto que seria muito mais justo com Belém eleger prefeito no dia do Círio. Quiçá a população escolheria um alcaide verdadeiramente engajado com os anseios municipais – ou não. De tanto amor momentâneo repetiríamos a mesma insanidade quadrienal de sempre. O afeto é tanto que mesmo os que mais depredam, escarnecem e cospem, urinam, vomitam e cagam na capital, nessa época, escrevem versos, cantam, suspiram, choram e sangram pela velha morena tão sofrida nos demais onze meses. Um encantamento se sustenta no ar junto com uma flagrância secreta de flores e bons pensamentos. Aqueles que passam o réveillon no Rio de Janeiro, o carnaval na Bahia, a Semana Santa em Campos do Jordão, as férias de julho em Miami e juram diante da cruz que São Paulo é o melhor lugar para viver, milagrosamente demonstram uma adoração nunca vista na história desta Belém. Palavras cabalísticas como carimbó, Ver-o-peso, Nazaré, rios, manga, tacacá, açaí e tudo relacionado à cidade ganham um peso a mais numa dieta hipercalórica de afeição e valorização.
Foto: Breno Peck
Independente do quanto se tem no bolso ou das origens familiares, pobres, ricos e remediados, todos nós padecemos da Síndrome do Paraensismo Momentâneo Agudo, a doce patologia invasiva e contagiosa, causadora de superlativos infinitos sobre o que em setembro era mera paisagem sem importância ou hábito corriqueiro e, para alguns, até considerado coisa de gentinha. Chegamos ao Círio. Tempo de amar profundamente o que, em regra, dispensamos um amorzinho raso, sem sal. Belém, essa mulher desejosa, voluntariosa e massacrada pelo tempo, deve esperar ansiosa essa época. Lábio inferior mordido, mãos entre as coxas apertando o vestido, pés inquietos, olhos no rio, a morena olha o relógio dos meses aguardando chegar a hora de outubro, quando nós, os maridos relapsos, chegamos perfumados, de roupa e saptos novos, e doamos toda fúria do sentimento que temos por ela, mas que não demonstramos durante a nossa longa semana de trabalho, de longos outros onze meses. Um feliz Círio a todos nós.

terça-feira, setembro 21, 2010

Só paraense pra entender o treco

"Um dia eu tava buiado, pensei em ir lá em baixo comprar uns tamatás.

Tava numa murrinha, mas criei coragem, peguei o sacrabala e fui.

Chequei tarde só tinha peixe dispré. O maninho que estava vendendo tinha uma teba de orelha do tamanho dum bonde. O gala-seca espirrou em cima do tamatá do moço que tinha acabado de comprar, e no meu tembéim.

Ficou tudo cheio de bustela...Axiiiiiii, porcaria! Não é potoca, não.

O dono do tamatá muquiou o orelha-de-nós-todos, mas malinou mesmo.

Saí dalí e fui comer uma unha. Escolhi uma porruda! Égua, quase levei o farelo depois. Me deu um piriri. Também...perece leso, comprar unha no veropa. Comprei uns mexilhões, um cupu e um pirarucu, muito fiiiiiirme, mas um pouco pitiú.

Fui pra parada esperar o busão. Lá tinha duas pipira varejeira fazendo graça. Eu pensando com meus botões...ÊEEEE, ela já quer... Mas, veio um Paar-Ceasa sequinho e elas entraram...Fiquei na roça, levei o farelo. O sacrabala veio cheio e ainda começou a cair um toró, égua-muleke-tédoidé, pense num bonde lotado. Eu disse: éguaaaaaaaa, vô imbora logo.

No sacrabala lotado, com o vidro fechado por causa da chuva, começa aquele calor muito palha. Uma velha estava quase despombalecendo. Daí o velho que tava com ela gritava arreda aí menino pra senhora sentar aí do teu lado.

O menino falou: Humm, tá, cheiroso..

By email por Artur Monteiro.

sábado, junho 05, 2010

Ver o Peso

Ver o Peso
Construído em 1625 no extremo norte do Brasil, localizado as margens da baia do Guajará, o Ver-o-peso, além de ser uma das maravilhas da cidade de Belém, é tema de inspiração para poetas como do saudoso poeta Max Martins. O Ver-o-peso além de ser um dos maiores portos de pescado do país, é considerada uma das maiores feiras livres da America latina. Segundo a Secretária municipal de Economia, na Feira do Ver-o-Peso trabalham mais de cinco mil pessoas, em 1.250 barracas, distribuídas em 19 setores, que vão desde hortifrutigranjeiros, importados, mercearia, refeição, a peixe seco, artesanato e ervas medicinais.
É lá onde encontramos um dos produtos mais peculiares, o Cheiro do Pará, uma espécie de banho de ervas. Entre os 80 pontos que se ocupam dessa atividade, está a famosa barraca da Senhora Beth cheirosinha, que trabalha no ramo há mais de quatro décadas. Queres mais, vá no Vitor Pedra.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...