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segunda-feira, dezembro 13, 2021

Denúncia: A covarde agressão e omissão policial contra duas mulheres no Marajó

Jainy Pereira Ramos foi uma das mulheres agredida por um PM e teve spray de pimenta jogado em seu rosto, depois de ser imobilizada, de costas no chão, por outros dois PMs de São Sebastião da Boa Vista, município marajoara.
 

Por Diógenes Brandão

Na madrugada do dia 28 de novembro, Rayara Farias iniciou um desentimento com Jainy Pereira Ramos, na entrada do banheiro de uma boate chamada "Roque Santeiro", onde acontecia uma festa, no município de São Sebastião da Boa Vista, no arquipélago do Marajó, estado do Pará.

A discussão iniciou na fila do banheiro, quando Rayara tentou furar a fila e ao ser alertada, partiu pra cima da reclamente, que era Jainy. Seguranças da boate separaram a briga, mas Rayara prometeu "pegar" Jainy fora do local da festa e continuar o "acerto de contas".

Terminando a festa, ao sairem da boate, Rayara foi pra cima de Jainy e as duas travaram uma briga corporal. Enquanto Rayara estava em vantagem, ninguém se meteu. Mas quando Jainy montou em cima da adversária, o namorado de Rayara, um policial militar lotado no quartel do município, partiu pra cima dela e acertou diversos socos na vítima, um deles deixou um hematoma no olho direito. 

Uma outra mulher tentou interferir na agressão e também foi agredida pelo PM conhecido como Eder e que na ocasião estava à paisana. 

Assista:

COVARDIA E OMISSÃO POLICIAL

Segundo fontes da página Política Pará, o PM estava visivelmente embriagado e agrediu as mulheres em um ato de covardia, presenciada por pessoas ao redor, que se revoltaram e tentatam impedir que o PM continuasse agrendindo as duas mulheres.

Toda a ação foi acompanhada por outros dois policiais em serviço, colegas do agressor que estava sem farda. Os PMs que chegaram a algemar Jayny e espirar spray de pimenta em seu rosto, além de disparar tiros para intimidar os populares e proteger o PM e sua namorada.
Pra piorar o enredo de transgressão e impunidade, ao tentarem registrar queixa contra o agressor, as vítimas do PM foram barradas de entrar na delegacia.

TODA VIOLÊNCIA POLICIAL DEVE SER DENUNCIADA

PMs são servidores públicos como outro qualquer, regidos por regras e regimentos, que se transgredidos, são passivos de punição, podendo ser suspensos, expulsos, afastados da corporação e até presos, caso a justiça assim entenda necessário.

Mas agentes da segurança pública, que deveriam proteger os cidadãos e evitar brigas e confusões, ao invés de promoverem e se envolverem nesse tipo de situação, são frequentemente flagrados em atos ilegais e criminosos, devendo ter a devida investigação e se provada sua participação em delitos, serem levados à justiça para responderem por seus atos.

É por isso que estamos noticiando esse ato cruel e covarde, já que em São Sebastião da Boa Vista, tanto a polícia civil, quanto militar estão contaminadas por maus agentes públicos e o caso será encaminhado diretamente para instituições superiores e o Boletim de Ocorrência Policial contra esses policiais, realizado em delegacia de outro município.

A BUSCA POR JUSTIÇA

A SEJUDH - Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado do Pará e o Conselho Estadual da Mulher do Pará já foram notificados sobre o caso e devem se manifestar nos próximos dias, a respeito das medidas que pretendem tomar diante do caso.

A Corregedoria da Polícia Militar do Estado do Pará e a Ouvidoria da Polícia Civil do Pará também deverão ser acionadas para investigar o caso e explicar porque seus agentes cometeram tais inflacões e omissão, respectivamente.

OUTRAS VERSÕES

Tentamos entrar em contato para ouvir o outro lado, tanto da jovem Rayara Farias, quanto dos policiais civis e militares, mas até o momento não conseguimos contato. 

No entanto, estamos de prontidão para obter suas versões, caso queiram, sobre o fato aqui narrado, após ouvirmos testemunhas.

sábado, abril 17, 2021

Pará segue com recordes de violência no campo, lamentam Pastoral e MST ao recordar chacina

Massacre de Pau d´Arco, em 2018, foi o maior no estado depois de Eldorado dos Carajás: impunidade estimula a violência.

Via Rede Brasil Atual

De 1996 a 2019, 320 trabalhadores e lideranças foram assassinados no estado, além de ameaças e despejos

São Paulo – Na véspera de se completarem 25 anos do chamado massacre de Eldorado dos Carajás (PA), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos divulgaram nota em que lamentam a impunidade no país. As entidades lembram ainda que o Pará segue sendo “recordista de ameaças e assassinatos” no meio rural.

“Multiplicam-se diariamente as denúncias de ameaças e diversos tipos de violência, como pulverização aérea de agrotóxicos sobre assentamentos populares, exploração indevida do território, ameaças a lideranças, despejos ilegais” afirmam CPT, MST e SDDH. E acrescentam que o governo Bolsonaro, “criminosamene”, sucateia órgão como o Incra, o ICBMBio e o Ibama, além de paralisar os processos de reforma agrária.

Mortes, ameaças, despejos Apenas no Pará, de acordo com a regional da CPT, 320 trabalhadores e lideranças foram assassinados de 1996 a 2019. No mesmo período, 1.213 receberam ameaças de morte, 1.101 foram presos e 30.937 foram vítimas de trabalho escravo. Além disso, 3.7.574 famílias foram despejadas por decisão judicial.

Confira a íntegra do documento.  

Reforma Agrária e fim da impunidade – uma luta necessária: 

25 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás  Em meio ao genocídio provocado por Bolsonaro no Brasil, fazemos memória dos 25 anos do Massacre de Eldorado de Carajás, praticado por forças policiais do Estado na curva do S, em 1996, no Pará. Esse episódio de extrema violência vitimou 19 trabalhadores rurais e deixou suas marcas como o mais sangrento massacre da história da luta pela terra no Brasil, mas não o único. Em 24 de maio de 2017 novamente policiais civis e militares do Estado do Pará torturaram e assassinaram 10 pessoas em Pau D’arco.  Nesses 25 anos após o massacre, a violência contra os camponeses na luta pelo acesso e permanência na terra no estado do Pará continuou crescente. De acordo com o monitoramento feito pela CPT regional Pará, de 1996 a 2019, no estado: 320 trabalhadores e lideranças foram assassinados; 1.213 receberam ameaças de morte; 1.101 foram presos pela polícia; 30.937 foram vítimas do trabalho escravo e 37.574 famílias foram despejados em decorrência de decisões judiciais. Nessa escalada da violência, inúmeras lideranças do MST, movimentos sindicais, religiosos e ambientalistas foram vítimas de assassinato, entre elas: Onalício Barros, Valentim Serra, José Dutra da Costa, José Pinheiro Lima, Dorothy Stang, José Claudio e Maria, Jane Julia, Dilma, Carlos Cabral, Raimundo Paulino, Ronair Lima, Fernando Araújo e muitos outros.  

Infelizmente o Pará continua sendo o recordista de ameaças e assassinatos. Multiplicam-se diariamente as denúncias de ameaças e diversos tipos de violência, como pulverização aérea de agrotóxicos sobre assentamentos populares, exploração indevida do território, ameaças a lideranças, despejos ilegais. O governo Bolsonaro, criminosamente, sucateia órgãos como INCRA, ICBMBIO e IBAMA, e paralisa a reforma agrária.  Em todo o Brasil, diariamente a população do campo segue sendo ameaçada de despejos, expulsões ilegais, agressões físicas, invasão de seus territórios. Desde 1985, quando a CPT iniciou a publicação do “Conflitos no Campo Brasil”, 1.501 casos de assassinatos foram registrados, com 1.988 vítimas. Indígenas, posseiros, quilombolas, pescadores, agricultores, ribeirinhos, sem-terra e lideranças religiosas foram vítimas de assassinatos em conflitos no campo. Este número inclui 250 vítimas de massacres. O total de massacres no campo entre 1985 até os dias atuais chegou a 51. Em 2020, 159 pessoas no campo foram ameaçados de morte, outras 35 pessoas sofreram tentativas de assassinato, mais de 30 mil famílias foram ameaçadas de serem retiradas dos seus territórios, tanto pelo poder público, quanto pelo poder privado. Muitas perderam suas casas em plena pandemia. Tivemos um aumento de mais de 30% nas ocorrências de conflitos por terra, a maioria na Amazônia legal.   

Resgatar a memória das lutas pela terra e das vítima do Estado e do latifúndio, é tarefa necessária, pois desde o princípio, o massacre de Eldorado já mostrava que a responsabilização dos acusados não seria tarefa fácil, uma vez que o Ministério Público deixou de denunciar o Governador do Estado do Pará, o Comandante Geral da PM, e o próprio Secretário de Segurança Pública, fato que acarretou duras críticas dos movimentos sociais e da sociedade brasileira. Somente os dois comandantes da operação José Maria Oliveira e Coronel Pantoja foram condenados.  

A Comissão Pastoral da Terra – CPT, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos-SDDH, e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, vem a público mais uma vez para denunciar a violência no campo, a impunidade que corre solta nos tribunais brasileiros, o avanço de mineradoras e do garimpo ilegal em terra de quilombolas e indígenas, o desmatamento desenfreado provocado pelo agronegócio e madeireiros, a destruição de nossos rios por grandes projetos hidrelétricos, e a criminalização de movimentos sociais e defensores/as de direitos humanos.   

A luta pela Reforma Agrária é mais do que nunca necessária. A memória de nossos companheiros segue indicando nosso caminho.  Fora governo Genocida !!!  

Viva a luta do campesinato brasileiro!!!  

Reforma agrária Já !!!   

Pará, 16 de abril de 2021.  

CPT Pará – Comissão Pastoral da Terra regional Pará  

MST – Movimento Sem Terra  

SDDH – Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos.

sexta-feira, março 26, 2021

PF e MPF investigam se empresários foram vacinados ilegalmente contra Covid em MG

Um dos imunizados foi o ex-senador Clésio Andrade, que também é ex-presidente da Confederação Nacional dos Transportes. Marcello Casal Jr. / ABR
 

Por G1 Minas e TV Globo — Belo Horizonte

Lei libera que iniciativa privada adquira doses mediante a exigência de repassar metade das doses ao SUS até que todo grupo prioritário seja imunizado. Importar ou exportar vacinas sem autorização é proibido, segundo MPF. Denúncia foi da revista Piauí.

Vídeo mostra movimentação anormal em garagem onde teria acontecido a vacinação clandestina.


A Polícia Federal e o Ministério Público Federal irão investigar se empresários do ramo do transporte foram vacinados ilegalmente contra a Covid em Minas Gerais.

A informação sobre a vacinação dos empresários foi publicada na edição on-line da revista Piauí. De acordo com a reportagem, um grupo de políticos e empresários, a maioria ligada ao setor de transporte de Minas Gerais, e seus familiares, teriam tomado a primeira das duas doses da vacina contra Covid.

A reportagem diz que eles teriam comprado o imunizante por iniciativa própria --cometendo duas irregularidades: fazendo a aquisição e vacinação antes que os 77 milhões de brasileiros dos grupos prioritários tenham sido vacinados, e sem a doação de metade das vacinas adquiridas ao SUS, como prevê a lei.

Ainda segundo a reportagem, cada vacina custou R$ 600 e a segunda dose está prevista para ser aplicada nas cerca de 50 pessoas daqui a 30 dias. A revista afirma ainda que a vacina aplicada seria da Pfizer. A Pfizer negou a venda de vacinas fora do Programa Nacional de Imunização (PNI).

Entre os vacinados, segundo a Piauí, estaria o ex-senador e ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Clésio Andrade. Ao G1, ele disse que desconhece o assunto e que está em quarentena, no Sul de Minas, há dois meses.

Governo assina contratos de compra de 138 milhões de doses de vacinas da Pfizer e Janssen — Foto: JN.

À revista Piauí, Andrade afirmou: “Estou com 69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”. Questionado pela TV Globo, o ex-senador não confirmou a declaração.

E, de acordo com a Piauí, os organizadores da vacinação foram os donos da viação Saritur. Um deles, Rubens Lessa, é presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano. Por mensagem ao G1, ele se limitou a dizer: "Tenho conhecimento deste assunto".

Segundo a publicação, outro vacinado seria o deputado estadual Alencar da Silveira Júnior (PDT). Ele negou que tenha participado.

A TV Globo confirmou que houve uma movimentação anormal em uma das garagens de ônibus da Viação Saritur na última terça-feira. Um movimento que chamou a atenção dos vizinhos.

“Minha amiga me chamou perguntando se estava tendo vacinação noturna, drive-thru, e eu falei com ela que não, que não tem vacinação à noite, que o posto só funciona até 19h e a vacinação é até as 15h30. Ela falou, 'Não, então tem alguma coisa errada, vem cá para você ver', disse uma mulher, que preferiu não se identificar.

Um vídeo mostra a fila de veículos no estacionamento. Em uma das vagas, uma pessoa com jaleco branco retira algo do porta malas. Ela dá a volta e para em frente ao motorista e faz um movimento parecido com o que seria a aplicação de uma vacina.

O local que aparece nos vídeos é uma das garagens da Viação Saritur, na Região Noroeste de Belo Horizonte, e teria sido improvisado como posto de vacinação.

Um boletim de ocorrência foi registrado no dia da suposta vacinação. De acordo com o documento, os seguranças disseram aos policiais que houve uma pequena reunião dos diretores da empresa, mas que todos já haviam deixado o local quando os policiais chegaram. Na saída, os policiais foram abordados por um morador que confirmou ter visto no pátio da empresa aproximadamente 25 veículos com seus condutores e passageiros, sendo vacinados por uma mulher de jaleco branco. E que crianças também foram vacinadas. Os policiais entraram na empresa, mas nada foi constatado pelas equipes.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), caso a vacinação seja confirmada, os envolvidos poderão responder pelo crime de contrabando, descaminho e de uso e importação de medicamento farmacêutico sem registro.

O imunizante Comirnaty ainda não está disponível em território brasileiro. A Pfizer e a Biotech fecharam um acordo com o Ministério da Saúde contemplando o fornecimento de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 ao longo de 2021.

Fiscalização


A Guarda Municipal de Belo Horizonte disse em nota que foi acionada na terça-feira, mas ao chegar na garagem onde estaria acontecendo a imunização, a Polícia Militar já havia chegado no local.

" Os militares relataram que estavam apurando a mesma denúncia, recebida via 190. Os guardas e policiais entraram na garagem e não havia mais nenhuma movimentação. Por isso a PM registrou a ocorrência e ficou responsável por conduzir o caso", disse.

A Polícia Militar disse que "procedeu ao registro do evento de defesa social, REDS, e direcionou à polícia judiciária para providências subsequentes".

A Polícia Civil informou que "está verificando a eventual existência de crime, cuja investigação possa ser de sua competência legal".

O empresário Rubens Lessa, em nota, afirmou que o "endereço da empresa mencionado na reportagem não pertence ao Grupo Empresarial SARITUR, esclarece que os nomes citados na reportagem não fazem parte da direção do Grupo e que, o assunto tratado na matéria, era de total desconhecimento da diretoria da empresa".

Colaboraram com esta reportagem: Maria Lúcia Gontijo, Thaís Pimentel, Raquel Freitas, Elisa Ferreira, Larissa Carvalho, Carlos Eduardo Alvim e Fernando Zuba.

segunda-feira, março 22, 2021

A dor da mãe que teve o filho torturado por PMs e está desaparecido há 48 dias

Mateus Gabriel sumiu desde o dia em que foi abordado, espancado e levado por 4 policiais militares para local desconhecido. Passados 48 dias, a família segue sem explicações e nem apoio por parte das autoridades e entidades de proteção aos Direitos Humanos.


Por Diógenes Brandão

O PRIMEIRO RAIO 

No dia 07 de Junho de 1999, o adolescente W.S.S, de apenas 15 anos de idade foi severamente torturado por policiais militares e civis, até o mesmo desfalecer por várias vezes, por conta dos golpes que por horas recebeu, com requintes de crueldade, por horas, tanto em um local desconhecido, quanto dentro da delegacia do município de Xinguara. 

O motivo torpe do crime cometido pelos policiais foi que o adolescente andava empinando a roda dianteira de uma motocicleta, pelas ruas da cidade. Mesmo com uma orquestrada tentativa de abafar o caso, o crime ganhou uma enorme repercussão, após a mãe do adolescente ter buscado ajuda da Anistia Internacional, que mobilizou diversas instituições e depois de muita luta, humilhações, dificuldades financeiras e ameaças de morte, conseguiu levar a julgamento os policiais que cometeram o crime, o qual abalou para o resto da vida tanto a saúde do jovem, quanto de sua família. 

W.S.S passou por diversos tratamentos em clínicas psiquiátricas e consultórios de psicologia, tendo diversas vezes problemas gravíssimos por causa dos surtos que o levaram diversas vezes à beira de ser preso e ainda hoje convive com dificuldades e traumas psicológicos, causados pela violência policial, nestes 22 anos em que espera por reparação pelos danos que sofreu e que a morosidade da justiça paraense insiste em postergar, apesar de várias decisões que obrigam o Estado a indenizar a vítima que precisa manter seu tratamento e dar continuidade em sua vida, mesmo que conturbada e que nunca mais será normal.

O caso foi relatado em um livro da Anistia Internacional, o qual trazemos a capa abaixo:

Citado em um livro da Anistia Internacional, o caso do jovem paraense de apenas 15 anos que foi espancado e ficou com sequelas no cérebro, segue sem indenização por parte do Estado, devida a morosidade judicial do TJE-PA. 

O SEGUNDO RAIO

No dia 03 Fevereiro deste ano, como diz o ditado, "o raio caiu novamente no mesmo lugar". Ou seja, outro jovem, dessa vez o Mateus Gabriel da Silva Costa, com 18 anos de idade, sofreu a mesma violência policial em Xinguara, só que está desaparecido, completando hoje 48 dias, para o desespero de seus familiares, principalmente sua mãe, uma empregada doméstica que sofre desde então.

Segundo 07 testemunhas, 04 policiais militares do Grupamento Tático Operacional foram vistos perseguindo e espancando o jovem, que saiu de uma jogo de futebol em sua moto e foi parado em beco, onde apanhou, violentamente, por volta de 5 minutos e depois disso o colocaram dentro de uma viatura e ele nunca mais foi visto. Em inquérito policial, os policiais militares preferiram não falar e seguem na ativa. 

Zely Aparecida, 40, e seu filho, Mateus Gabriel, 18, desaparecido desde que foi espancado por 04 policiais militares, em Xinguara, município do sudeste do Pará.


O comandante do 17º BPM de Xinguara, Ten. Cel Keythson Valente Gaia, perguntado sobre a posição do comando da PM, disse que, “temos colaborado e dado total apoio às investigações, quando requisitado pela Polícia Civil. Estamos aguardando a manifestação do MP para podermos tomar qualquer medida sobre o caso”, afirmou. 

Sobre os policiais acusados do desaparecimento de Matheus Gabriel, o Comandante disse que todos foram afastados de suas funções, logo depois da conclusão do inquérito da Polícia Civil, e estão cumprindo expediente no quartel.

O caso foi apurado pelo delegado da Polícia Civil de Xinguara, José Orimaldo Silva Farias e encaminhado para a Promotora de Justiça Flávia Miranda Ferreira Mecchi, responsável pela 1ª Promotoria de Justiça de Xinguara, que por sua vez encaminhou o resultado do inquérito para o Ministério Público do Estado e este despachou para a Promotoria Militar, o qual tem como titular, o promotor Armando Brasil

A mãe do jovem relatou que até agora nenhuma autoridade - seja da Secretaria de Segurança Pública do Pará, ou o Comandante da Polícia Militar, Coronel Dilson Júnior, assim como o Promotor de Justiça Militar, Armando Brasil, procurou a família do jovem desaparecido para prestar qualquer assistência ou informar as providências que estão sendo tomadas ou ouvir o que eles tem a dizer.

"Eles praticamente me excluíram dessa parte aí. Eles fecharam às portas pra mim", disse Zely Aparecida, de 40 anos, a mãe do jovem desparecido, relatando o tratamento que recebeu por parte da Polícia Militar e demais órgão de segurança e entidades de Direitos Humanos do Pará.



A PROCURA PELO PARADEIRO DO JOVEM

Na última quinta-feira, 18, a Secretaria de Justiça e de Direitos Humanos do Estado do Pará - SEJUDH - teve conhecimento do caso e determinou que uma equipe viajasse até o município para acompanhar as providências adotadas até então e irá solicitar a posição da Promotoria Militar, que está responsável pelos desdobramentos do caso. 

O inquérito da Polícia Civil junta imagens e testemunhos que trazem fortes indícios de que o jovem apreendido ao voltar para sua casa, em uma moto foi espancando  e pelos PMs e pode ter seu corpo desovado em um local fora do município. Até agora seu paradeiro é desconhecido, o que causa uma angústia enorme à sua família, amigos e todos que passam a saber do caso.

Segundo informou ao blog AS FALAS DA PÓLIS, a mãe rejeitou a oferta do Programa de Proteção às vítimas e testemunhas do governo do Estado, alegando que mesmo correndo risco de vida por ameaças que está recebendo, não quer deixar o município de Xinguara, até saber onde está seu filho.

A história já foi contada por diversos veículos de comunicação da região e em um programa de rádio da capital paraense, mas as instituições e os órgãos de segurança não se pronunciam sobre o caso, que tem tudo para se transformar em mais um escândalo de violações aos direitos humanos nesta terra sem lei que é o nosso estado.  

"Meu filho foi encurralado em um beco de uma rua (rua sem saída). Foi espancado por vários minutos. Os gritos do meu filho apanhando foi gravado pelos moradores (são testemunhas). Em seguida eles levaram o meu filho para um lugar onde até agora eles não explicaram. Os policiais do GTO sequestram o meu Matheus, eu peço que o estado devolva meu filho.

No dia 03 de fevereiro, ele foi visto pela última vez, por volta das 23 horas. Ele saiu de um campo de futebol, onde jogava bola, dando carona para um amigo. Ao deixar o amigo em sua casa, ele começou a ser seguido por uma viatura do Grupo Tático Operacional – GTO, da Polícia Militar do 17º BPM. 

Os policias continuam suas vidas normalmente prestando serviços dentro do quartel. A promotoria de justiça de Xinguara, não está procedendo. A promotora disse que o caso tem que ser da promotoria militar. Eu temo pela minha vida, pois tenho informação que dentre os policiais dessa guarnição tem uns que são muito perigosos. 

Um inquérito policial já apurou o caso. Imagens de câmeras de segurança, requisitadas pelo delegado na investigação mostram claramente o meu filho sendo perseguido e depois sendo levado pelos policiais. O delegado José Orimaldo Silva Farias, disse que não restam dúvidas que os policiais sumiram com o meu filho e a moto dele. O inquérito já foi concluído e os quatro policiais foram indiciados.

O inquérito foi encaminhado à justiça, mas o delegado não pediu a prisão dos policiais, (suponho que seja por medo dos acusados, ou precaução) e o certo é que estou sozinha a lutar por justiça. Os policiais indiciados são: Wagner Braga Almeida, André Pinto da Silva, Dionatan João Neves Pantoja e Ismael Noia Vieira

Meu filho trabalhava em um posto de gasolina abastecendo carros. Ele gosta de andar de moto e praticar manobras. Talvez seja por isso a motivação para eles seguirem o meu filho. Mas isso não justifica. Eu trabalho como doméstica em outro posto de gasolina. 

PEDIDO: Peço o apoio de vocês, para levar o meu clamor ao promotor de justiça militar em Belém. Eu estou lutando por justiça sem qualquer proteção. Vejo que estou correndo risco de vida. Não é justo, os policiais somem com meu filho e continuam livres. O Estado tem que me ajudar.  Socorro, pelo amor de Deus", concluiu Zely Aparecida a mãe do jovem que desapareceu após uma abordagem policial no município de Xinguara desde o dia 03 de fevereiro de 2021.

O caso já foi revelado por matérias divulgadas até então por alguns veículos de imprensa do estado do Pará, mas que até agora não conseguiram sensibilizar as autoridades competentes para agir de forma célere e elucidar este fato dramático.




domingo, março 07, 2021

PMs presos por tiros contra batalhão da polícia passarão por Audiência de Custódia

 

Por Diógenes Brandão 

Dois policiais militares de Soure, embriagados e à paisana foram presos na noite deste sábado, 7, e deverão ser expulsos da PM, após terem atirado em frente a um Quartel da Polícia Militar, em Belém. Eles estavam na companhia de outro homem, em um veículo Hyundai Tucson prata e em uma moto, quando atiraram no Batalhão da Polícia Ambiental, que fica na Av. João Paulo II. 

A Promotoria Militar promete não deixar a irresponsabilidade passar batida. 

Os dois PMs acusados foram presos em flagrante e estão na corregedoria da Polícia Militar, onde hoje deverão responder pelo crime, em Audiência de custódia ainda neste domingo. O outro homem que acompanhava os PMs segue foragido.


“Não sei nem como eles estão vivos. Mataram um policial penal ainda a pouco e eles fazem isso na frente do quartel. Quem estava dentro do BPA entendeu que estavam tentando invadir o local. Os militares envolvidos na abordagem merecem parabéns pelo profissionalismo que demonstraram, com cabeça fria e serenidade. Essa resposta imediata, graças a Deus, evitou uma tragédia”, disse Armando Brasil, promotor de justiça militar se referindo ao pânico após o assassinato de mais um agente penitenciário,  que levou tiros no conjunto Cordeiro de Farias, no bairro do Tapanã. Adryell Gonçalves de Borborema, de 34 anos, que trabalhava no PEM-I  (Presídio Estadual Metropolitano), em Marituba.  

As pistolas dos policiais militares foram apreendidas e eles deverão passar por audiência de custódia e depois expulsos da corporação.

sexta-feira, fevereiro 05, 2021

Com desemprego em alta e comércios fechados, Helder causa aglomeração por onde passa

Ualame Machado é o responsável pelo cumprimento do decreto que proíbe diversas atividades comerciais, que geram prejuízos a trabalhadores e empresários, mas não cumpre nenhuma medida contra o governador Helder Barbalho, que ao invés de manter o distanciamento social, descumpre a determinação de evitar aglomerações.

Por Diógenes Brandão, com informações da Agência Pará, site de notícias do governo do Pará

Essa não foi a primeira e pelo que tudo indica não será a última vez que o governador  desobedece e descumpre o que ele próprio determina que ninguém faça. E quem faz é multado e sofre outras punições.

Desta vez para entregar 4 km de pavimentação da PA-278, que teve um trecho duplicado na entrada da cidade de Redenção, o governador Helder Barbalho (MDB) gerou aglomeração desde o aeroporto da cidade, até o local onde ele discursou, na tarde desta sexta-feira, 5.


Desde o desembarque no aeroporto de Redenção, até o local onde inaugurou uma obra, o governador Helder Barbalho descumpriu as determinações de distanciamento social, que por ordem de seu decreto estão gerando multas e fechamento de comércios por todo o Pará.

Indignado, pelo que chamou de hipocrisia, um cidadão do município gravou o desembarque de Helder, com centenas de pessoas aglomeradas para recepcioná-lo, infringindo determinações de distanciamento social e a proibição de aglomerações, em um momento em que o Pará está em alerta, com casos da nova cepa da COVID-19, no interior e na capital do estado e com um decreto estadual que proíbe e prevê punições a quem o desrespeita.


Diferente do que o governador faz e não é punido, do dia 21 até o dia 31 de janeiro foram fiscalizados 1.620 estabelecimentos. Destes, mais de 300 foram fechados, 157 foram advertidos e 354 intimados. 

No início desta semana, o Secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Ualame Machado, responsável pela fiscalização e cumprimento das ações dos órgãos públicos e de garantir o cumprimento das normas estabelecidas no Decreto Estadual 800/2020, que prevê medidas de prevenção a novos casos da Covid-19 no Pará, disse: “desde o dia 21 de janeiro estamos tomando medidas mais rigorosas e já iniciamos as fiscalizações com a aplicação de multas. Somente neste final de semana, 80 estabelecimentos foram fechados e 40 autuados. As penalidades para quem descumprir as normas vão, desde advertência a multas, tanto para pessoas jurídicas, quanto físicas'', destacou o secretário de Helder Barbalho.

O secretário de Segurança Pública do Estado, acrescentou que "além de penas mais graves como o fechamento do estabelecimento comercial ou a cassação da licença para o funcionamento, previstas no decreto, estamos com uma força-tarefa com os órgãos do estado e município envolvidos, fiscalizando os ônibus, junto à Guarda Municipal, assim como, os supermercados, restaurantes e balneários, tudo isso sendo feito em conjunto".  

Neste último final de semana, foram fechados 80 estabelecimentos e 40 foram autuados, as penalidades vão de advertência a multas. Foto: Ricardo Amanajás/Agência Pará.


"Contamos com a colaboração dos paraenses, pois o estado sozinho não possui braços para monitorar todos os locais, por tanto, é importante que a população seja a nossa parceira, fazendo uso das medidas de segurança e protocolos de combate a doença, bem como realizando denúncias através dos canais do 181 e whatsapp, além do 190 quando for urgente. A colaboração de todos é fundamental para o enfrentamento da doença no nosso estado”, afirmou Ualame Machado. 

Decreto - De acordo com o decreto, estabelecimentos comerciais podem funcionar apenas exercendo a atividade de restaurante. Qualquer movimentação em bar, funcionamento de casas de shows, boates e similares estão proibidos, assim como praias, balneários, igarapés e similares serão fechados durante os finais de semana (sextas, sábados, domingos e segundas; e nos feriados).   

Os estabelecimentos que descumprirem com as normas estabelecidas em Decreto sofrerão sanções progressivas com advertência e multas diária de até R$ 50 mil para pessoas jurídicas, a ser duplicada a cada reincidência, e R$ 150 para pessoas físicas – Microempreendedor Individual (MEI), Microempresa (ME) e Empresa de Pequeno Porte (EPP), a ser duplicada a cada reincidência, além de embargo e/ou interdição do estabelecimento.  

Ação tem agentes das policiais civis e militares, Detran, Guardas Municipais, entre outros órgãos, e seguirá até o dia 12 de fevereiro.

Denúncias – Os principais meios para denunciar qualquer desobediência ao decreto são: atendente virtual Iara (Inteligência Artificial Rápida e Anônima) pelo whatsapp (91) 98115-9181, que possibilita o envio de fotos, vídeos, áudios e localização; chamada convencional via 181, e o formulário e chatbot disponíveis no site da Segup. Todos os canais garantem sigilo e anonimato total ao denunciante.

O que acontece se os cidadãos paraenses começarem a denunciar o governador? 

Será preso, multado ou advertido pelo seu secretário de Segurança Pública do Estado? 

sábado, janeiro 30, 2021

PERSEGUIÇÃO: Militares são punidos por criticarem o governador Helder Barbalho

Não foi a primeira vez que policiais são perseguidos e afastados da PM por criticarem o governador do Pará, Helder Barbalho.


Por Diógenes Brandão

Ainda em sua campanha, um morador da Marambaia acusou Helder Barbalho e seus seguranças de agressão e roubo de celular

Segundo o jovem Samuel Benassuli Pinheiro, ele estava na frente de sua casa, quando Helder Barbalho passava com apoiadores em frente de sua casa e sua mãe foi abordada por assessores e orientada para que falasse com o candidato. Logo, o jovem pegou o celular para fotografar a mãe e depois pediu para fazer uma pergunta em vídeo para Helder. 

Então perguntou: "Candidato, como você vai se livrar das investigações da Lava Jato e como está o dinheiro da SUDAM?"

Após isso, Helder teria chamado seguranças para ajudar-lhe a arrancar o celular de suas mãos, quando o jovem tentou transmitir ao vivo a entrevista com o candidato.     

Ainda segundo o jovem, ele teve sua casa invadida e foi tanto por Helder Barbalho, quanto  por seus seguranças, que chegaram a ameaçá-lo, dizendo: "Toma cuidado com a tua vida".  Humilhado por ter seu celular roubado, ele teme por sua integridade física e de sua família, pois teve seu rosto e a frente da sua casa fotografada.      

Após ter seu celular levado pela equipe de Helder, PMs apareceram e conseguiram presenciar algumas ameaças e a admissão de que o celular foi realmente tomado à força das mãos do jovem. 

A postura agressiva e autoritária não foi a primeira e pelo jeito não será a única. 

Vai fazer um ano que Helder Barbalho solicitou e o juiz Heyder Tavares determinou que delegados da Polícia Civil e policiais invadissem as casas de jornalistas que denunciaram contratos fraudulentos, que resultaram em investigações da Polícia Federal, a pedido do MPF e do STJ, que confirmou indícios de que o governador chefia uma organização criminosa, que se beneficiou de transações ilegais durante o auge da primeira onda da COVID-19. 

Meses depois, denúncias de uma milionária compra superfatura de álcool em gel e de indicar e conseguir a nomeação da cunhada e a esposa para a Casa Civil do Estado e na Polícia Civil, respectivamente, o ex-delegado-geral da Polícia Civil Alberto Teixeira ainda encontrou uma maneira da ex-esposa dele, Márcia do Socorro Pimentel Moura - mãe do casal de filhos mais velhos do delegado - ter um cargo na Polícia Civil. A denúncia trouxe informações de que Márcia não frequentava o lugar onde estava lotada, sendo assim o que se chama de ‘funcionária fantasma’, e ainda recebia indevidas diárias de viagens na Polícia Civil.

Com o escândalo, Alberto Teixeira foi substituído e diversos delegados envolvidos na operação de perseguição aos jornalistas foram exonerados. Um dos delegados recebeu mais de 90 mil reais em horas extras, pagos pelo governo de Helder Barbalho.

O esquema fraudulento dos “plantões remunerados” para alguns policiais civis, lesou os cofres públicos do estado do Pará em mais de R$ 670 mil, apenas no período de janeiro de 2019 a junho de 2020.

PM's SÃO PERSEGUIDOS POR CRITICAREM O GOVERNADOR

Não foi a primeira vez que policiais são perseguidos e afastados da PM por criticarem o governador do Pará.

O portal Agora Pará trouxe a notícia, que o blog reproduz abaixo:

Uma punição a militares que se manifestaram contra o governo do Estado, está causando revolta em parte da tropa.  Por conta de uma entrevista contra o governador do Pará, no dia 01/05/2020, para um jornal do Estado, a PM Karla Cristina Mota de Souza, teve a sua punição de 30 dias decretada, nesta quinta-feira, 28.  

Na sua fala, a PM reclamou de promessas não cumpridas, alegando desprezo por parte do governo para com a tropa. Ela também apresentou uma petição dando 48h para que o governo se manifestasse. A policial militar é também presidente da Associação de Cabos e Soldados da PM, e alega estar exercendo o seu direito da liberdade de expressão, defendendo a classe.  

A PM Karla não foi a única, o Sub. Ten. da PM Raimundo Dias, também foi punido, sendo excluído do quadro remunerado da PM. Ele havia postado em seu perfil em uma rede social, pedido de impeachment do governador Hélder Barbalho e uma hashtag #ForaHelder. 

“Vamos compartilhar meus amigos nas suas redes sociais, vamos mostrar para esses deputados que o povo está de olho neles no impeachment desse governo corrupto, #ForaHelder” e continuou “vamos compartilhar meus amigos para mostrar a corrupção desse governo em nosso Estado do Pará, vamos compartilhar com os nossos amigos nas suas redes sociais, não podemos ficar calado #ForaHelder”. 

Os militares possuem o direito de entrar com recurso, o que segundo informações, será feito através da justiça comum.     

Veja os documentos na íntegra:






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domingo, janeiro 24, 2021

Se entrega, Corisco!



Por Fernando Soares Campos*

Lampião, o rei do cangaço, e Corisco, o diabo loiro, tinham por companheiras Maria Bonita e Dadá (é bom que se diga "respectivamente", porque naquela época certas liberalidades de hoje eram tidas como libertinagens, sem-vergonhices que os homens do cangaço não adotavam). Lampião morreu em combate em 1938, quando ele e Maria Bonita foram decapitados (ela capturada viva) e suas cabeças foram exibidas na feira livre de Santana do Ipanema, minha cidade natal, no sertão alagoano. Corisco e Dadá continuaram a luta. Em 1940 ele também tombou, e sua cabeça foi juntar-se à de Lampião no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, onde ficaram expostas até 1969, como troféus das forças de repressão. Dadá, atingida por um tiro no pé direito, sofreu processo gangrenoso que lhe custou a amputação da perna.


Os grupos de cangaceiros certamente não eram formados por indivíduos santificados, entretanto muitas histórias que contam sobre eles não passam de fantasias ou mesmo difamações propositadamente plantadas nos tempos em que o presidente Getúlio Vargas pediu as cabeças dos cangaceiros, que haviam criado a ilusão de mudarem o status de "bandoleiros" para "revolucionários". Foi quando Lampião decidiu autoproclamar-se "governador dos sertões nordestinos".

A indústria cinematográfica também não fez por menos, em muitos casos sempre preferiu caracterizar os homens do cangaço atribuindo-lhes exagerada ferocidade, um comportamento praticamente instintivo, movido a sexo, cachaça e xaxado, sem qualquer sinal de racionalidade. A cinematografia comercial não se interessa por uma abordagem sobre as verdadeiras causas do cangaço; portanto, na maioria dos filmes que tratam da saga dos cangaceiros, predomina a caricatura do "cabra da peste", cujos sentimentos parecem limitados à revolta pessoal, à vingança contra o rico fazendeiro, o coronel dominador, senhor de currais humanos (antigos feudos dos sertões nordestinos). Os relatos sobre as atrocidades imputadas aos cangaceiros apenas transferem a maldade do tirano, senhor da vida e da morte, para o "oprimido que queria ser opressor".

Desde os tempos de criança, nos anos 1950, li e ouvi muitas histórias de terror atribuídas aos cangaceiros. Falavam que eles se divertiam atirando crianças recém-nascidas para o alto e aparando os bebês na ponta de seus punhais, ou seja, histórias que, num passado remoto, se referiam às tropas de Genghis Khan. Diziam que os bandos botavam fogo nas fazendas, exterminavam rebanhos de gado, estupravam as mulheres adultas e até as meninas muito jovens; também afirmavam que, à falta de mulheres, violentavam sexualmente os homens; e que torturavam e marcavam, como ferro em brasa, o rosto de prostitutas e de mulheres que traíssem seus companheiros. Nisso há muita ficção permeada por fatos reais, ou realidade ampliada pela imaginação popular. Sabe-se hoje que muito do que se imputa aos cangaceiros foi, na verdade, praticado pelas forças policiais (as “volantes”, como eram denominadas as tropas que perseguiam os cangaceiros), cujos componentes, em muitas ocasiões, se apresentavam caracterizados de cangaceiros, a fim de identificar e desmantelar o sistema de apoio ao cangaço.

Sobre a participação das mulheres nos grupos de cangaceiros, vejamos este trecho de matéria publicada no site da Fundação Joaquim Nabuco:

"Como as demais sertanejas nordestinas, as mulheres recebem a proteção paternalista dos seus companheiros, mas o seu cotidiano é mesmo bem difícil. Levar a termo as gestações, por exemplo, no desconforto da caatinga, significa muito sofrimento para elas. Às vezes, precisavam andar várias léguas, logo após o parto, para fugir das volantes. E caso não possuíssem uma resistência física incomum, não conseguiriam sobreviver.

Em decorrência da instabilidade e dos inúmeros problemas da vida no cangaço, os homens não permitem a presença de crianças no bando. Assim que seus filhos nascem, são entregues a parentes não engajados no cangaço, ou deixados com as famílias de padres, coronéis, juízes, militares, fazendeiros".

Foi por isso que Dadá e Corisco entregaram Sílvio, um dos seus três filhos sobreviventes (tiveram sete), ao Padre Bulhões, o pároco de minha Santana do Ipanema. Sílvio se tornou economista e professor dos principais estabelecimentos de ensino da cidade, polo comercial do Sertão Alagoano. Dadá, quando enviuvou, casou-se com um baiano da cidade de Jeremoabo (BA) e foi morar em Salvador, mas, de vez em quando, vinha passar uns dias em Santana, na companhia do filho.

Eu sempre tive muito admiração por Corisco, mais que pelo próprio Lampião, pois este podia ser o "rei do cangaço", contudo, na minha fantasiosa imaginação infantil, a palavra "corisco" me soava com a conotação de um "semideus", um ser capaz de se transportar a uma velocidade jamais igualada por qualquer outro ser vivo. Eu imaginava que Corisco seria capaz de atirar em alguém, em seguida correr e ficar ao lado do seu alvo esperando a bala chegar, somente pra lhe dizer: "Taí o presente que lhe mandei, cabra".

Mesmo vendo o professor Sílvio Bulhões quase todos os dias, sempre que eu o avistava me lembrava que aquele era o filho de Corisco, o diabo loiro, então acreditava que ele também deveria ser possuidor de algum poder sobrenatural. Porém, quando Dadá vinha visitar o filho, eu ficava meio encantado com a visão daquela mulher que, mesmo sem uma das pernas e andando apoiada numa muleta, parecia mais forte que qualquer outra mulher e mais corajosa que certos homens.

Qualquer sertanejo que conheça algumas histórias do cangaço, principalmente aqueles enredos lendários sobre a "natureza animal" dos cangaceiros, há de imaginar que as mulheres que faziam parte dos grupos seriam praticamente escravas a serviço dos “cabras da peste", submissas criaturas sem vontade própria, e que alguns dos seus gestos de revolta poderiam lhes custar severos castigos ou até mesmo a morte. Mas muita gente se surpreenderia se ouvisse Dadá contar que certo dia repreendeu Corisco e, visto que este continuava persistindo em se comportar contrariando sua orientação, acabou por esbofetear o companheiro. Para essas pessoas seria surpreendente saber qual foi a reação de Corisco. Segundo Dadá, em uma de suas entrevistas, ele a chamou a um canto e lhe pediu para não fazer mais aquilo "na frente dos homens".

Agora vou contar o que aconteceu no dia em que o casal foi entregar o filho Sílvio aos cuidados do Padre Bulhões.

Uma das histórias que não contaram

(Acredite se puder)

A cidade de Santana do Ipanema está encravada no meio de um grupo de serras, entre elas o Alto do Cruzeiro, onde os cangaceiros costumavam acampar, mas não se arriscavam a entrar no centro urbano, desde que ali instalaram um batalhão da Polícia Militar, exatamente com o objetivo de combater o cangaço.

Os cangaceiros chegaram pela madrugada, e, quando o dia amanheceu, Corisco e Lampião, em cima de um lajeiro, avistaram, lá embaixo, o Padre Bulhões acompanhando, de binóculo, a movimentação do bando.

Corisco:

̶ Se o Padre Bulhões fizé isso no Rio de Janeiro, vai tomá um tiro de fuzil. Ele só espia a gente desse jeito porque sabe que nóis é de paz!

Lampião:

̶ Cumpade, eu tenho a maior vontade de entrar na igreja de Sant´Ana
̶ se benze.

Maria Bonita, que estava escutando a conversa sem ser notada, apresentou-se e falou animada:

̶ Aí, a gente aproveitava e se casava, né, Vivi?

Lampião protestou:

̶ Paraí, mulé! Tu tá querendo dizer casar, casar mesmo, de verdade, com a benção do Padre Bulhões?
̶ E apois?!
̶ Tu num tá nem besta!
̶ Por quê?!
̶ Quem casa na igreja do Padre Bulhões num descasa nunca!
̶ E tu tá querendo casar pra depois descasar?!
̶ Não! Eu tou querendo não casar, que é pra depois num ter que descasar!
̶ Oxe! Num entendi nada!
̶ Além disso, tu já casou uma vez, e só vai ter divorço no Brasil daqui a uns quarenta anos.
̶ Cumade ̶ atalhou Corisco ̶ , acho que entendi. O cumpade Virgulino tá querendo dizê que, enquanto se tá amigado, a mulher bajula o homi, fica toda se derretendo. É meu fio pra cá, meu fio pra lá... Essas coisa. Mas quando vê a aliança no dedo, aí a coisa muda... Ela quer mandá na casa, regulá a vida do marido...
̶ Oxe! E eu sou lá mulher de botar cabresto em homi?!
̶ Tou só me prevenindo ̶ explicou Lampião.
̶ Mais Vivi...
̶ Pare de me chamar de Vivi! Num fica bem... Os homi já tão me olhando meio atravessado... Tu sabe que meu nome é Virgulino Ferreira da Silva, mais pode me chamá de Capitão.
̶ É isso mermo, cumpade, num dá moleza pra mulher nããão! ̶ alertou Corisco.

Dadá se aproxima e fala agastada:

̶ Ô, Corisco!!!
̶ Sim, minha fulô!
̶ Tu já trocou os pano de Silvio?!
̶ Desculpa, Dadá, desculpa, eu me esqueci!
̶ Então vai logo, homi, avia! A gente vai ter que entregar o menino ao
Padre Bulhões ainda hoje. Avia! Avia! Aproveita e lava a louça do café.

Corisco pede licença aos compadres e sai apressado.

Dadá fala pra Maria Bonita:

̶ É assim mesmo, comadre, a gente num pode dá moleza pra esses marmanjo não!

Maria Bonita olha pra Lampião, segura-o pelo lenço do pescoço e fala:

̶ Vem cá, seu cabra da peste! Vumbora ali pra detrás daquela capoeira!

Os dois no maior amor por detrás da capoeira. No meio do vuco-vuco, Maria Bonita murmura:

̶ Viviii!

Lampião assente:

̶ Aqui pode, aqui pode! Mas num me chama assim na frente dos homi, não, minha fulô!

Fundo musical crescendo...

Se entrega, Corisco!!!
Eu não me entrego, não
Não me entrego ao tenente
Não me entrego ao capitão
Eu me entrego só na morte
De parabelo na mão...

Hoje me entrego pra Dadá
Dona do meu coração.

(*)Fernando Soares Campos é escritor, autor de "Saudades do Apocalipse: 8 contos e um esquete", CBJE, Câmara Brasileira de Jovens Escritores, Rio de Janeiro, 2003; e "Fronteiras da Realidade:        contos para meditar e rir... ou chorar", Chiado Editora, Portugal, 2018. 

Populares impedem PMs de prender jovem negro em Ananindeua

O jovem foi engravatado, jogado ao chão por PMs, mas recebeu o apoio de populares que reclamaram e exigiram a libertação do mesmo, alegando ser um pai de família e trabalhador.

Por Diógenes Brandão 

Populares criticaram a violência policial e tentaram impedir a prisão de um jovem negro, por que segundo relatos apanhou de policiais militares, no bairro do Icuí, em Ananindeua.

No vídeo enviado ao blog AS FALAS DA PÓLIS é possível ver diversas pessoas que tentaram evitar a prisão do cidadão que não foi identificado. 

Além de levar uma gravata, o jovem foi jogado ao chão, mas conseguiu desvencilhar-se de três policiais, que até onde foi possível ver acabaram cedendo à pressão dos populares, que também denunciaram que a viatura da PM estava sem a placa e que os policiais estavam batendo em um pai de família e trabalhador.

 

"Tem que conversar direito com a pessoa. Os caras chegam e querem jogar spray de pimenta na cara das pessoas. O cara tava sentado de boa aqui, não tava mexendo com ninguém. O cara é pai de família, trabalhador, aí os caras chegam desse jeito. Isso que é a polícia de Ananindeua?", indaga o homem que gravou as cenas da confusão.


"Cadê a Comissão dos Direitos Humanos da ALEPA e da OAB-PA, que eram tão atuantes até a chegada deste governo?", indagou a fonte que enviou o vídeo e as informações ao blog.

segunda-feira, janeiro 18, 2021

Morre o PM atacado por homem com barra de ferro e em surto psicótico

Assim como trouxemos em primeira-mão, a notícia do ataque e morte do agressor, o blog AS FALAS DA PÓLIS traz o triste desfecho do caso que assustou a todos que tomaram conhecimento do fato.  


Por Diógenes Brandão

Morre o cabo Elder Vilhena dos Santos, da Polícia Militar do Pará, que estava internado em estado grave desde a segunda-feira passada (11), após ser atingido na cabeça com uma barra de ferro por um homem de 44 anos, em Belém.  

Conforme o Ministério Público Militar, o agressor estaria em surto psicótico e resistiu a 17 disparos de balas de borracha. A PM foi acionada por moradores que relataram ameaças de um homem que estava “transtornado” e armado com uma barra de ferro na rua.  

Um vídeo da ação dos policiais mostra o momento em que quatro policiais atiram com balas de borracha contra o suspeito, que continua avançando contra os militares. Nas imagens, Elder corre de costas com a arma não mão quando cai no chão e é agredido pelo homem. O militar foi atingido por golpes de barra de ferro na cabeça e sofreu traumatismo craniano.

O cabo Elder Vilhena dos Santos tinha 36 anos e deixa mulher e filho pequeno. 


O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Militar.  

A equipe reagiu e atirou com munição letal contra o homem, que morreu no local do crime. O cabo foi socorrido e levado para o Hospital Regional Metropolitano de Ananindeua.

Conforme o promotor de Justiça Armando Brasil, a morte do suspeito é considerada um ato de legítima defesa pelos militares, pois a continuação dos golpes com a barra de ferro poderia levar o policial à morte e atacar outras pessoas.

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Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...