segunda-feira, abril 25, 2011

Gilberto Carvalho diz que, ao contrário dos partidos, movimentos sociais amadureceram

Por Luciana Lima e Ivanir José Bortoto na Carta Capital.


Brasília – Responsável por estabelecer a proximidade do governo de Dilma Rousseff com os movimentos sociais, o ministro Gilberto Carvalho, chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse que os movimentos sociais acabam compreendendo mais as demandas do país do que os próprios partidos políticos. Para o ministro, os movimentos amadureceram no Brasil nas últimas décadas e, ao contrário dos partidos políticos, investiram da formação de seus quadros. Carvalho defendeu a necessidade de uma reforma eleitoral no Brasil e apontou o voto em lista e o financiamento público de campanha como forma de mudar a atual realidade, que na sua avaliação induz à corrupção.
Confira mais um trecho da entrevista de Gilberto Carvalho à Agência Brasil.

Agência Brasil – O governo tem limitações para atender às demandas do movimento social por questões orçamentárias. Como administrar esse conflito?

Gilberto Carvalho – Essa tensão é inevitável. Eu brinco com eles dizendo que nós estamos sentados agora nesse lado da mesa, antes, estávamos no outro lado com eles, o que faz com que todos nós, oriundos do movimento social, esperemos de novo estar sentados do outro lado. Nosso destino é voltar para os movimentos sociais. Nosso papel aqui é tentar forçar a barra ao máximo dentro das limitações orçamentárias e institucionais para atender a essas demandas. Quando se faz o Orçamento, é preciso levar em conta esses aspectos. Aí é que está o jogo de governar, que é passar em grande parte pela sua filosofia, e por aquilo que se estabelece como prioridade.

ABr – E qual é a prioridade do governo?

Carvalho – Quando a presidenta escolhe como prioridade a superação da miséria, ela está dando um indicativo de que parte importante do Orçamento irá para esse destino. Isso, do ponto de vista ético, para nós todos que temos uma história política, é muito confortável. É também muito estimulante participar de um governo que estabelece essa prioridade. Há que se pensar em reproduzir, em espelhar no Orçamento essa opção. É claro que o Orçamento não é infinito e há gastos correntes que não se pode deixar de pagar. Mas tem que se reservar de fato um quinhão importante para isso. Isso não significa que vamos atender a todas as demandas, mas significa que muitas das demandas podem ser atendidas e, com isso, estabelecer pelo menos um compromisso, uma percepção da parte do movimento de que o governo tem a famosa vontade política de contribuir.

ABr – O senhor já observou essa compreensão?

Carvalho – O movimento amadureceu muito. Eu fiquei emocionado esses dias quando o pessoal da Fetraf [Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar] veio trazer uma pauta para a gente, o discurso da Elisângela [Elisângela Araújo, presidenta da Fetraf], companheira que hoje representa a Fetraf, que é um dos movimentos do campo de maior expressão. É um discurso que deixa emocionado de ver a maturidade. Eles não vieram reivindicar apenas terra, conforto nos assentamentos. São pautas muito mais amplas que dizem respeito, por exemplo, ao direito da mulher, à questão da criança, dizem respeito fortemente à questão ambiental. Enfim, a cidadania foi apropriada em grande parte, de forma muito intensa pelo movimento social. Isso é o resultado desse novo processo que a gente vive no Brasil, de amadurecimento dos movimentos. Acho isso muito bom. Isso facilita o diálogo. Eles passam a compreender também melhor.

ABr – Em que outros momentos o senhor conseguiu enxergar esse amadurecimento?

Carvalho - A conversa que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) teve com a presidenta foi extraordinária. Eles vieram discutir como podem ajudar no programa de alfabetização e no programa de reflorestamento do país, coisa que há 20 anos a gente, que é de movimento [social], sabe que não era assim.

ABr- O senhor diria que os movimentos se tornaram, por excelência, fóruns importantes de discussão dos mais variados assuntos ligados à cidadania?

Carvalho – Os movimentos fizeram uma coisa que os partidos não fazem. Eles qualificaram e seguem qualificando seus quadros. O MST tem uma escola que já funciona há muito tempo. Eles tomaram esse cuidado. A própria militância é um grande ensino. O velho método do bom Paulo Freire diz que se reflete a prática. Cada luta que se trava, se amadurece na cabeça. Os movimentos se tornaram verdadeiras escolas de cidadania. Ao se falar hoje em consciência ambiental, por exemplo, podemos considerar que, se Juscelino fosse construir Brasília hoje, não construiria, porque o pessoal não iria deixar passar máquina nesse Cerrado. É um amadurecimento benéfico do conjunto da sociedade.

ABr – O senhor comparou os movimentos sociais com os partidos. Fale um pouco mais sobre isso.

Carvalho – O que eu acho em relação aos partidos é que eles não cuidaram da formação de seus quadros da mesma forma que os movimentos fizeram. Isso é grave, mais do que grave, é gravíssimo. 

Nós temos uma estrutura política e eleitoral que é quase uma indução à perda de teor ideológico e político. Ela é uma indução, eu diria, até à corrupção, se nós falarmos da eleição. Qualquer cidadão hoje para ser candidato precisa de recursos para ser eleito. Onde é que ele busca esses recursos? Eu fui candidato em 1986 e ganhava três salários mínimos. Naquele tempo, a gente mantinha esquema de que dá para ser candidato com festinha, com lista entre amigos, com bingo, deitava e rolava de se trabalhar nessas coisas e se conseguia. Hoje, não, a campanha ficou cara. Eu fico pensando que às vezes se joga a pessoa nesse meio sem que haja uma preparação.

ABr – Era diferente em outros tempos?

Carvalho
– Eu tenho a impressão de que o enfrentamento à ditadura e aos governos neoliberais nos deram teor ideológico e nos fizeram mais resistentes a essas chamadas, entre aspas, tentações. Acho muito perigoso pegar um jovem hoje e colocá-lo em um partido, sem que haja uma preparação, o risco de ser cooptado por essa mentalidade é enorme. Não adianta a gente, hipocritamente, ficar condenando uma pessoa dessa, se a gente não a preparou.

ABr – O senhor acha, então. que os movimentos conseguem compreender melhor as demandas do país que os partidos?

Carvalho – Não quero fazer aqui uma dicotomia simplista. Tem muita gente nos partidos que tem essa visão generosa. Graças a Deus, temos ótimas referências. Mas, em termos de tendência, é exatamente isso. Os militantes dos movimentos são levados a uma visão mais generosa, porque é uma visão mais coletiva nos movimentos. Não se é induzido a uma carreira mais pessoal. A questão do poder não é visualizada de uma maneira tão pessoal. Nesse sentido, sim, dá para dizer que hoje os movimentos são laboratórios de gente de maior generosidade, de maior ação cidadã, no sentido mais amplo, do que nos partidos. Dadas as regras atuais.

ABr – O que é preciso fazer para mudar isso?

Carvalho – Pode ser diferente. Se, por exemplo, na reforma política a gente fizer um processo de eleição por lista e com financiamento público, vai se fazer uma indução ao contrário, uma indução ao coletivo. O sujeito, para ser candidato, terá que ter militância em partidos sérios. Em partidos picaretas, haverá pessoas que vão comprar lugar na lista também, não vamos ser anjos aqui, mas pelo menos, permite aos partidos que são sérios trabalhar internamente de tal maneira que o sujeito, para ter o lugar dele na lista, vai ter que trabalhar na militância, vai ter que ter base. Na regra atual, cada vez mais, se vai induzindo para serem eleitos os que têm mais alcance de mobilização financeira, o que é muito grave.

ABr – O senhor acredita que o financiamento público de campanha seria o antídoto contra práticas como o caixa 2?

Carvalho – É o antídoto. Não vamos ser ingênuos, pois sempre pode se ter abuso, mas pode também se ter uma fiscalização muito mais fácil. Primeiro, a pessoa não vai fazer campanha para ele e sim para a chapa dele. Isso já muda completamente a lógica. Se o teu partido tiver mais votos, você terá mais chances de ser eleito, portanto você vai fazer campanha pelo seu partido e o financiamento será coletivo também e não individualizado. Eu acho isso muito importante para dar um choque na atual mentalidade.

*Publicado originalmente na Agência Brasil.

Oficina de Prática de Cinema

sábado, abril 23, 2011

Dalcídio Jurandir e o descaso político para com a memória da literatura amazônica


No Blog Holofote Virtual de Luciana Medeiros


Avenida Dalcídio Jurandir
Há dois anos  coordenadores da Assembléia de Deus vem tentando obter homenagem estampada em via pública pelo centário da instituição a ser  festejado no  mês de junho. Como se pode ler neste link aqui, eles tinham duas alternativas a propor ao poder público.  Num atentado à memória da cultura paraense, venceu a pior.

A primeira ideia foi propor a abertura de uma "rua passando por dentro do terreno do Templo Central, ligando a avenida Governador José Malcher à rua João Balbi, no centro de Belém". A segunda era iniciar "articulação para a mudança do nome da avenida Dalcídio Jurandir, às proximidades da avenida Independência, para avenida Centenário". A segunda opção pelo visto foi a mais fácil de ser conquistada.
No dia 08 de abril, o escritor e jornalista Alfredo Garcia deu o alerta em seu blog Página Nua. Os vereadores, “em acordo conchavado”, decidiram trocar o nome da Avenida Dalcídio Jurandir (extensão da Av. Independência que vai da Rodovia Augusto Montenegro até a Av. Júlio Cesar), que homenageia o grande romancista brasileiro nascido em Ponta de Pedras, no Marajó, para Avenida Centenário da Assembleia de Deus.

Painel sua homenagem no Fórum de Letras da Unama, em 2010
“Justifica-se, naturalmente, a decisão dos senhores vereadores por dois fatos: a) Total desconhecimento de quem foi Dalcídio Jurandir, de sua importância para a história cultural e política do Pará; b) Desejo de agradar aos nobres integrantes da Assembleia de Deus, no que vai um nada louvável toque eleitoreiro na votação”. O texto completo você pode ler no blog do escrito, acesse aqui.

No dia 20 de abril, o poeta e contista Paulo Nunes, graduado em Letras (UFPA), mestre em Letras: Lingüística e Teoria Literária (UFPA) e doutor em Letras (PUC-MG), que atua nos temas:  Dalcídio  Jurandir, ciclo do extremo norte, Amazônia, aquonarrativa e literatura brasileira de expressão amazônica e literaturas africanas de língua portuguesa, também se manifestou sobre o assunto e comentou, em carta publicada no Jornal O Liberal (Caderno Cidades, seção Jornal do Leitor, pg. 8), a “decisão” parlamentar.

Vale ressaltar aqui outros atos desatentos para com a memória do escritor. No mês de março, pelo twitter, o cineasta Darcel Andrade, que tem trabalhos na região marajoara, informou que a casa que fora habitada pelo escritor em Cachoeira do Arari, sendo inclusive um ponto turístico marcante da cidade, ao lado do Museu do Marajó, em total estado de abandono começou a ruir.

Casa que pertenceu ao escritor, em Cachoeira do Arari
E assim foi. A parte da frente já está no chão e falta muito pouco até que ela desapareça para sempre. Em 2009, quando o escritor foi patrono da Feira Panamazônica do Livro, o governo do estado tinha iniciado um processo, via Secretaria de Cultura do Estado, de desapropriação da casa para ser transformada em Espaço – Museu Dalcídio Jurandir, mas por questão de valores  e outros fatores discutidos com a família do escritor, nada mais foi feito ou resolvido.

Pela importancia de sua obra, o seu nome dado à avenida, é mais que merecida. O centenário da Assembleia de Deus, que será comemorado em junho, não perderá brilho algum caso seja revista esta atutude, já que os coordenadores da festa deste centenário tinham outra alternativa para obter homenagem pública. Leia abaixo o artigo de Paulo Nunes, publicado no jornal O Liberal.

Vereadores e a triste Belém

O escritor
Dizem por aí: "cada povo tem o governo que merece". Não quero entrar no mérito desta questão. Mas desejo, cidadão que cumpre com suas obrigações (que não são poucas), protestar contra os desmandos dessa nossa terra empoleirada na pobreza, lixo, escuridão e miséria. E os políticos têm responsabilidade grande nesse processo. Eles se valem da anestesia geral e saltitam seus projetinhos pequenos e que nos deixam com os piores índices de desenvolvimento humano do país.

O despreparo e a escassez de bons propósitos fazem com que a gente ouça por aí que os políticos não pensam no bem comum, mas em seus objetivos mesquinhos, que esbarram na falta de ética e na ganância. Não exageremos. Há exceções. Mas há um problema tão sério quanto os que correm em boca pequena: a falta de compromisso de alguns políticos com a memória e a cultura do povo, este que teve como ancestrais os cabanos. Que barganhas levam os legis]ladores a leis tão estapafúrdias, a projetos estúrdios?

Os senhores vereadores de Belém - ó, quão mísera cidade! - acabam de decretar suas anorexias mentais. Em nome da demagogia, os representantes do povo alvejaram votos de numerosa fatia dos evangélicos (a Assembleia de Deus, diga-se, merece todas as homenagens pelo seu centenário, graças ao culto a Deus e ao bem que promove à humanidade) ao trocar o nome da avenida "Dalcídio Jurandir", um dos mais importantes escritores da América Latina, por "Centenário da Assembleia de Deus".

Livros escritos por Dalcídio
Queriam homenagear nossos irmãos cristãos? Por que não o fazem com criação de uma biblioteca pública, ecumênica e multirreligiosa, que seria plantada, por exemplo, no centro da esquecida Terra Firme? Já pensaram os senhores edis em trocar marginalidade e violência por "livros - tradicionais e eletrônicos - à mancheia" e investimentos sociais? E na entrada todos leríamos "Biblioteca Ecumênica Centenário da Assembleia de Deus", placa com os nomes dos autores e executores do projeto?

Dalcídio Jurandir, que era comunista convicto e ateu, era, entretanto, um dos mais respeitadores aos cultos religiosos, de qualquer cor e motivação. Se a religião é para o bem, pois que se faca dela algo que desaliene e ao mesmo tempo exalte a dignidade humana, pensava o escritor, conforme me disse, certa vez, seu filho, José Roberto Pereira.

Paulo Nunes
Belém-Pará

A Malhação de Judas - PSDB/PMDB na ALEPA

Analisando os nomes dos últimos presidentes da Assembléia legislativa do Pará, nos depararemos com o revezamente do PSDB e PMDB, aliados que juntos poderiam muito bem serem o rapaz aí, malhado pelos traços do mestre J.Bosco.



http://jboscocartuns.blogspot.com/

sexta-feira, abril 22, 2011

Todos os Capítulos e Depoimentos da Novela Amor e Revolução

Para quem não pode assistir ou perdeu algum capítulo, trago os links da Novela "Amor e Revolução" do SBT, que disponibilizados em seu site.

Trouxe para cá, para facilitar o acesso desta obra ficcional, porém importantíssima para esta e as futuras gerações poderem começar a compreender melhor o que significou os anos de chumpo trazidos pela ditadura militar no Brasil.



ALEPA agora é caso de polícia e de CPI




quinta-feira, abril 21, 2011

15 anos de impunidade do Massacre de Eldorado dos Carajás


Da Folha de São Paulo



Júlia Pereira da Silva, sobrevivente do massacre, em Belém
Foto: Tarso Sarraf/Folhapress


 

MINHA HISTÓRIA JÚLIA PEREIRA DA SILVA, 64

Não tiro o massacre da cabeça.


[Em Eldorado do Carajás, no Pará, policiais] soltaram bombas e todo mundo saiu correndo Aí senti aquele baque: pá! A bala já tinha entrado no meu pescoço. Fiquei tonta, mas continuei a puxá-lo [o marido] Hoje, quando vejo um policial, me dá ódio. Fica um trauma



RESUMO

Júlia Pereira da Silva, 64, levou um tiro no pescoço durante o massacre de Eldorado do Carajás, há 15 anos, e perdeu o marido. Francisco Divino da Silva não está na lista dos 19 sem-terra que morreram na rodovia PA-150, na curva do "S". Morreu meses depois, em Belém, no dia em que seria operado para tratar os ferimentos a bala.

FELIPE LUCHETE
DE BELÉM

Fiquei viúva sete vezes. Uns morreram de doença, um de acidente de carro, outro brigou na rua. O último marido foi o Francisco, que morreu por causa do massacre. Ele tinha 52 anos, a gente estava junto havia 12 e tinha uma filha adotiva de 9.

A gente morava em Curionópolis, perto de Carajás. Quando o pessoal do MST chegou procurando gente para fazer parte do movimento, fizemos o cadastro. Pagávamos aluguel e queríamos uma terrinha para morar.

Em 1996, fomos para a fazenda Macaxeira. Éramos mais de 5.000 pessoas, e as casas eram barraquinhas cobertas de palha. Eu assistia a todas as reuniões do MST.
Um dia, o movimento decidiu ir para Marabá e depois para Belém, pedir assentamento da fazenda.

Antes do massacre, tive o mesmo sonho três dias seguidos. Eu e meu marido atravessávamos de barco um igarapé. De um lado era água, do outro, só sangue.

Por isso eu disse que não queria viajar. Ele falou que eu precisava ir, porque tinha que me cadastrar para conseguir um pedaço de terra.

Fomos todos caminhando. Foi a primeira manifestação de que participei com o movimento. Chegamos na curva do "S" e montamos barracas. O coronel Pantoja disse que ia mandar ônibus para levar a gente para Belém.

BOMBAS E FACÕES

Começaram a chegar vários ônibus, até a rodovia ficar toda tomada, para não ter por onde passar. De lá, desceu um monte de policiais. Eles soltaram bombas e todo mundo saiu correndo.

Depois, começaram a atirar para todo lado, só tinha neguinho caindo. Uns quatro sem-terra tentaram ir para cima dos policiais, com facões e pedaços de madeira.

Mandei minha filha correr para o meio do mato. Meu marido tinha ido para longe de mim e, quando vi, ele tinha levado dois tiros.

Eu saí doida, gritando. Ele foi baleado na cabeça e na nuca, rodou e caiu. Na hora em que fui pegá-lo, levei muita pancada de cassetete, mas saí arrastando o Francisco para fora da estrada.

Aí senti aquele baque: pá! A bala já tinha entrado no meu pescoço. Fiquei tonta, mas continuei a puxá-lo para não deixar que acabassem de matá-lo. Pedi socorro, enquanto o sangue escorria.

Saí gritando por minha filha. Ela correu para o mato, com medo, dizendo que não era eu, era minha alma.

Me ajudaram a levar o Francisco para uma casa. Lá, dei banho e lavei a cabeça dele com água morna e sal.

No mesmo dia -fraca, ainda sangrando-, consegui carona para levá-lo ao hospital de
Curionópolis. De lá, ele foi para Marabá.

O Francisco ficou internado um tempo, até que o hospital falou que tinha que ir para Belém, não ia ter jeito.

Arranjei dinheiro para pegar ônibus até Belém e deixei minha menina na casa da minha irmã. Vim com meu marido deitado nas minhas pernas, ainda consciente.

Ele foi para a Santa Casa e morreu no dia da operação. Era aniversário dele.

Depois disso, fui operada no pescoço, mas ainda sinto uma dor que fica queimando.

Quando voltei para a cidade, minha filha não estava mais na casa da minha irmã. Minha sobrinha tinha colocado a criança para se prostituir e se juntar com um cara.

A menina ficou com esse homem e depois engravidou. Desde então, já teve oito filhos, de três pais.

Há uns sete meses, fui para Belém, porque nosso advogado pediu a presença dos sobreviventes. Dois dias depois que voltei para a 17 de Abril, que era a fazenda Macaxeira, o namorado da minha filha levou nove vagabundos para a minha casa.

Eles queriam matar um dos meus netos, porque tinham rixa com ele, e falaram: "Vamos levar tudo o que ela tem". Achavam que eu tinha recebido indenização do massacre, mas não.

Nesse dia, resolvi ir para Tucuruí. Lá moram seis filhos meus, de outros casamentos. Vivo com dois netinhos. Recebo pensão de R$ 304 e Bolsa Família de R$ 40 para um neto.

Não tiro o massacre da cabeça. Ele acabou comigo. Eu era bem forte, não magricela assim. Meu marido era muito bom, não faltava nada.

Hoje, quando vejo policial, me dá ódio. Sei que não são todos assim, mas eles me lembram aqueles do massacre. Fica um trauma.

quarta-feira, abril 20, 2011

A vontade de extermínio

Excelente análise do http://www.nu-sol.org
Boletim eletrônico mensal
 do Nu-Sol - Núcleo de Sociabilidade Libertária
do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP
extra, abril de 2011.

No dia 7 de abril, um jovem de 23 anos entrou na escola onde cursara o ensino fundamental e metralhou crianças entre 9 e 14 anos, preferencialmente meninas.

Wellington Menezes de Oliveira foi interceptado por um policial e suicidou-se com um tiro na cabeça. Após a tragédia, começaram as incessantes buscas dramáticas pela descoberta dos motivos. Reviraram-se cartas, laudos médicos, sua história de vida, anotações pessoais, instant messengers, vídeos, opiniões de conhecidos, para tentarem chegar próximo a uma conclusão sobre o novo monstro.

O perdedor radical ensimesmado, emudecido e recluso, ruminou a espera da hora derradeira de agir. Extravasou seu ressentimento e vontade de morte, seu ódio pelas meninas, sua repugnância ao que não fosse o mundo de pureza e castidade que havia empreendido para si. Em nome desse mundinho, matou e se ofereceu em martírio. Deixou uma carta, incluindo instruções sobre seu embalsamento como homem santo que acreditava ser. Sabia que ela estaria publicada nos jornais, lida na televisão, compartilhada na internet. Construiu, cuidadosamente, seu momento de celebridade e vingança; atingiu seu objetivo, sua meta, e difundiu um momento de conversão e redenção.

Foram enumerados variados elementos explicativos para a morte destas crianças em uma escola no Rio de Janeiro: internet, pureza, Jesus, virgindade, escola, religião, armas ilegais, compras legais on line, videogames de guerra, televisão, solidão, desespero, ódio, bullying, expectativas e falta de expectativas, frustrações, édipos, irmandades, fundamentalismos... 

Wellignton, dizem que também conhecido como Al Qaeda, pagou duzentos e cinquenta reais por uma das armas, comprou o recarregador de pistolas por cinco dólares na internet, e gravou um vídeo para sua efêmera posteridade. Em sua cruzada pela pureza redentora, realizou a vontade de extermínio dos demais covardes dissimulados. Junto a outros perdedores radicais que já morreram e aos que virão, ele conforma e atualiza o inacabado programa desta irmandade de mártires

No necrotério, seu corpo aguarda, como futuro indigente, alguém para reclamá-lo.

Orquestra-se a algaravia com comoções e perplexidades, choros, heróis midiáticos, racionalizadas explicações, turbas de vingadores, e clamores por segurança. Estampa-se o medo ao próximo justiceiro invisível, o inimigo imprevisto e jamais antecipado.

Entretanto, permanece um vazio. Não há o criminoso para a polícia e o tribunal, nem para a moral que o criou e o despreza como bastardo. Não há nada para amenizar o teatro de horrores transformado em notícias de televisão, rádio e jornais, postagens eletrônicas, diagnósticos de especialistas sobre transtornos psiquiátricos, causas socioeconômicas, equipamentos de ponta, sociologia da violência, educação para o futuro, assunto para enfadonhos jantares familiares, ladainhas no facebook, orkuts e demais redes sociais digitais. 

Este criminoso não está vivo para ser esmiuçado pelos saberes da consciência. Sua morte escancara a disseminação do medo no interior das famílias, da escola, dos ambientes de jovens, ONGs e anuncia a etérea esperança em polícias, penalizações, monitoramentos, medicalizações, enfim no governo das condutas. 

Leia+

Cem dias do 5º ano de Simão Jatene Governador

Logomarca dos primeiros 100 dias, do 5º ano do governo de Simão Jatene, sem contar os outros 08 anos que o pescador e músico nas horas vagas, era secretário de Almir Gabriel, que hoje não quer vê-lo nem pintando de ouro.

Uma barreira de prédios fechará o acesso de Belém a baia de Guajará

No Blog do Zé Carlos do PV.


As construtoras que derrubam prédios e matam gentes, começaram a construir um barreira de prédios, fechando a visão, a ventilção da cidade de Belém para a baia do Guajará e colocando a vida de mais pessoas em risco, com a construção de uma prédio em terreno alagado.


Vejam até onde vai a ousadia destas empresas. Uma construtora resolveu inciar uma obra literalmente dentro da baia do Guajará. O novo edifício, se nada for feito, subirá ali na rua Nelson Ribeiro (coitado do Nelson Ribeiro) próximo a Travessa Manoel Evaristo, a poucos metros da Fundação Curro Velho. O local, antes proíbido, pois pelas nossas leis era totalmente vedado erguer prédios na orla da cidade, agora virará a nova “jóia da coroa”.


O espigão terá 30 andares e dará início a uma série de outros prédios que irão fechar de vez a ventilação da Cidade. Já não tínhamos visão da baia do Guajará, agora não teremos a brisa da maré. Segundo fui informado, outra construtora adquiriu uma área na orla, perto do Ver-o-rio.


As empresas que aplicam no mercado imobiliário não tem limites e não respeitam nada e a ninguém. Não respeitam as autoridades, não respeitam a história, não respeitam as leis urbanísticas e muito menos respeitam as leis da natureza. Usam os espaços urbanos como uma mercadoria para ser comercializada e virar lucro. 


Leia+

Frente Parlamentar das comunicações é criada na Câmara

 No site Observatório do Direito à Comunicação.

A Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular (Frentecom) lançada nesta terça-feira(19) tem o desafio de pautar no Congresso Nacional a reformulação no marco regulatório do setor. Quase 50 anos depois que o Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT) protagonizou embates políticos nacionais,em 1962, 190 deputados federais de dez partidos - até o momento - têm o apoio de mais de 70  entidades da sociedade civil para enfrentar a falta de cumprimento e regulamentação da Constituição de 1988 nos capítulos destinados à comunicação.

A pressão sob o Congresso se intensifica pelo fato de a legislação vigente estar defasada em um ambiente de convergência tecnológica. A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) explicou o processo de construção da Frente: "A ideia vem da necessidade de um novo marco regulatório, que acompanhe os avanços tecnológicos e as necessidades da sociedade". Para a deputada, escolhida coordenadora da Frente, esta é uma continuação do processo que se iniciou com a I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em 2009,.

A reativação do Conselho de Comunicação Social pelo Congresso foi pauta ratificada pelas entidades da sociedade civil presentes no auditório da Câmara dos Deputados. Rosane Bertotti, representante da Central dos Movimentos Sociais (CMS), reafirmou a necessidade da repercussão das atividades da Frente nos estados. "A luta pela democratização da comunicação começa no Congresso, mas deve iniciar a criação de frentes e conselhos regionais de comunicação", disse Rosane.

Já o deputado Emiliano José (PT-BA) ressaltou que os empresários foram convidados para participar da Frentecom, mas liderados pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), várias entidades do segmento não formalizaram seu ingresso na Frente. Do campo empresarial, somente a Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom) e Associação dos Jornais do Interior do Estado de São Paulo (Andijor-SP) integram a Frentecom.

O deputado Emiliano avaliou que a concentração abusiva da propriedade é marca do panorama do setor no país. "Existe expropriação do direito da sociedade se comunicar corretamente. Não podemos continuar com um grupo de famílias interpretando o Brasil sob sua lógica e ideologia", completou o parlamentar baiano.  

Outro assunto citado no lançamento foi o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) defendeu que o Fundo não deve ser usado nem por empresas privadas, nem para o superávit primário. Além disso, entidades da sociedade civil lembraram que a banda larga deve ser transformada em um serviço público com metas de universalização e não de massificação.

As atividades da Frentecom já começam no dia 27 de abril, quando a coordenação da frente se reunirá pela primeira vez. No dia 28 de abril, haverá uma audiência pública com o ministro das Coumunicações Paulo Bernardo.

terça-feira, abril 19, 2011

Comissão da Reforma Política fará audiência em 11 Estados

A Comissão Especial da Reforma Política da Câmara vai realizar audiências públicas em 11 capitais. 

Os debates públicos começam no próximo dia 29, em Goiânia. No dia 2 de maio, será em Porto Alegre. Depois, virão São Paulo (6), Belém (9), Aracaju (13), João Pessoa (16), Rio de Janeiro (20), Belo Horizonte, Curitiba (27), Salvador e Recife.

O presidente da comissão, deputado Almeida Lima (PMDB-SE), explica que o objetivo é levar a discussão até os estados: "Os atores diretos desse processo de proposta de reforma política não são apenas os senadores e deputados federais. Nós temos lá na base, nos estados e municípios, os vereadores, prefeitos e deputados estaduais e a sociedade como um todo. Portanto, é importante ouvi-los”, disse.

 Almeida Lima estima que o relatório final da comissão seja votado em junho. Depois disso, a proposta será enviada para o Plenário.

_________________________________________________________________

Recebi um email com outra agenda, que suponho seja mais atualizada, no entanto a audiência de Belém continua sendo dia 09/05, só não me pergunte onde, pois ainda não obtive esta resposta dos interlocutores que busquei, mas tão logo eu saiba, publicarei aqui, assim como no facebook e twitter.

No mais, enquanto seu lobo não vem, sugiro o cadastro de seu email e pesquisa no sítio da Plataforma pela Reforma do Sistema Político, formada desde 2005 por entidades da sociedade civil organizada, interessadas na participação e controle social, onde  promovem um debate muito interessante sobre o tema em questão.

Até lá, prepara-se pois a reforma política vai transformar o status quo da cena político-eleitoral brasileira e temos uma grande oportunidade para contribuir neste processo com ativismo político-social e conhecimento do que melhor se enquadra em nossas aspirações e projetos coletivos.

Agende-se!
  
Audiências:
 
29/04 – Sexta-feira – Audiência Pública em Goiás
02/05 – Segunda-feira – Audiência Pública no Rio Grande do Sul
06/05 – Sexta-feira – Audiência Pública em São Paulo
09/05 – Segunda-feira – Audiência Pública no Pará
13/05 – Sexta-feira – Audiência Pública em Sergipe
16/05 – Segunda-feira – Audiência Pública na Paraíba
20/05 – Sexta-feira – Audiência Pública no Rio de Janeiro
23/05 – Segunda-feira – Audiência Pública em Minas Gerais*
27/05 – Sexta-feira – Audiência Pública no Paraná
30/05 – Segunda-feira – Audiência Pública na Bahia*

No Pará, o Deputado Alexandre Von (PMDB) nos informa em seu sítio, o seguinte:


Por proposição de autoria do deputado estadual Alexandre Von (Requerimento No 111/2011, de 22/03/2011), a Assembleia Legislativa do Estado do Pará poderá formar uma Comissão Parlamentar de Representação Externa para interagir com a sociedade paraense através de sessões e audiências públicas, na busca de sugestões à Comissão de Reforma Política, cujo projeto está iniciando seu debate no Congresso Nacional. Para Von, “é um direito legítimo e um ato puro de cidadania garantir a manifestação dos partícipes diretos, tanto do processo político quanto do processo eleitoral que o antecede, para apresentarem as suas sugestões visando o aprimoramento, com os devidos e necessários ajustes, da legislação vigente”.

Dentre os principais objetivos da Comissão de Representação Externa da ALEPA proposta, está o de auscultar a sociedade paraense, através dos seus representantes nas Câmaras Municipais e/ou eleitores regularmente registrados, em audiências ou sessões públicas a serem realizadas nas principais cidades pólo do Pará, para colher sugestões visando subsidiar os trabalhos da Comissão Parlamentar encarregada da reforma política do País, já constituída no Congresso Nacional.

A matéria será apreciada em plenário para em seguida, caso aprovada, ser instituída a Comissão de Representação Externa por Ato da Mesa Executiva da ALEPA.

Resta-nos agora saber quando iniciará, se você souber comente na caixinha de comentários logo aqui em baixo e preste este serviço à democracia além de divulgar e participar deste e outros importantes debates da vida pública/política do Brasil.

 

segunda-feira, abril 18, 2011

Editora Abril quer Luciano Huck presidente do Brasil

No blog Futepoca

Depois de classificar os posicionamentos políticos de Chico Buarque como "molecagem", por apoiar Lula, Dilma Rousseff, Hugo Chávez, Evo Morales e Fidel Castro (entre outros inimigos eternamente demonizados pela mídia tucana), a revista "Alfa Homem" traz agora na capa o que considera o ideal "político" da Editora Abril. O (asqueroso) Luciano Huck aparece de terno, em foto com esmero de marketing eleitoral (reprodução à direita), e, sem meias palavras, a publicação pergunta ao leitor se ele não seria o "salvador da pátria" para "acabar com a pobreza" no país. À primeira vista, parece uma piada inconsequente - tanto quanto o programa que Huck apresenta na TV Globo. Mas é sério isso. Muito sério.

O apresentador de programas televisivos e empresário Luciano Huck, paulistano de origem judaica e muito abastada, é apresentado como o supra sumo de tudo o que a Abril considera "bom", "correto" e "confiável". Um novo "caçador de marajás": jovem, rico, ídolo televisivo e com ações sociais "beneméritas" e assistenciais. A revista "Alfa" lista os "atributos" para você votar nele (o grifo é nosso): "Tem helicóptero, alguns carros importados, está construindo uma mansão de 16 quartos com heliporto no Rio de Janeiro. Vive um casamento feliz, com dois fillhos perfeitos". Não contente, a publicação ameaça e aposta: "Porque, goste ou não de Luciano Huck, ele é uma presença obsessiva na vida nacional — e vai crescer ainda mais. Seus amigos mais próximos já se perguntam por que não o colocar de vez num cargo público".

E os nomes de alguns desses "amigos" do apresentador ajudam a entender o motivo de tanta festa por parte da editora da família Civita (mais um grifo nosso): "Bons contatos na política não faltam. José Serra é amigo da família e o mineiro Aécio Neves se mantém ainda mais próximo". Ou seja, Huck é, para a Editora Abril, um potencial "novo iluminado" entre os "iluminados" tucanos da capital de São Paulo, grupo que representa tudo o que há de mais arrogante, prepotente, preconceituoso, retrógrado, classista e conservador na política nacional. Não por acaso, a reportagem recorre ao empresário Alexandre Accioly, de estreitas relações com Aécio Neves (foto), para dizer que Huck será "o próximo Ronald Reagan" (cruz credo!). Pois é, até o dinheiro de campanha já está garantido...

Um peixe indigesto
Obviamente, fica explícito que "amigos" de Luciano Huck também são os próprios membros da família Civita, proprietária da Editora Abril. Digo explícito porque, antes, de forma implícita (mas nada discreta), a editora já havia "socorrido" o apresentador em uma recente "saia justa". Em dezembro de 2010, Huck comprou uma parte (especula-se que 5%) do site de compras coletivas Peixe Urbano. De imediato, usou o Twitter para impulsionar e tentar um novo recorde de venda de cupons de desconto do site. E a (mórbida) oportunidade viria no mês seguinte, quando milhares de pessoas morreram em deslizamentos provocados pelas fortes chuvas no Rio de Janeiro. Huck tuitou: "Quer ajudar, e muito, as vítimas da serra carioca [sic]. Via @PeixeUrbano, vc compra um cupom e a doação esta feita".

Acontece que a exploração da tragédia foi denunciada por Luís Nassif em seu blogue: "A compra dos cupons, segundo o site, reverterá em benefício de duas ONGs que estão ajudando as vítimas das enchentes. Parece bonito, mas não é. Primeiro, é necessário ir ao site do negócio de Luciano. Depois, é preciso se cadastrar no site. E então comprar um ou mais cupons de R$10,00. Ganha Luciano porque divulga o seu negócio (mais de 7.000 RTs até agora), cadastra milhares de novos usuários em todo o Brasil, familiariza esses usuários com os procedimentos do site, incentiva o retorno e aumenta absurdamente o número de cupons vendidos – alavancando o Peixe Urbano comercial, financeira e mercadologicamente. Além do ganho de imagem por estar fazendo um serviço público (li vários elogios nos RTs)". A "esperteza" repercutiu forte na internet e a imagem de Luciano Huck ficou bem arranhada.

Por isso, a Editora Abril não tardou em "salvá-lo". Com a sutileza de um elefante numa loja de cristais, lançou uma edição da Veja (aaarrghh...), no final de janeiro, com Huck e sua esposa Angélica na capa, sob a angelical manchete: "A reinvenção do bom-mocismo" (reprodução à direita). Isso, como bem observou o blogue "Somos andando", na mesma semana que uma revolução podia "mudar a cara do mundo islâmico" (assunto que a capa da revista deixou para terceiro plano). Agora, a "Alfa Homem" completa o serviço: "'Hoje, aos 39 anos, acho que estou cumprindo esse papel na televisão', diz Luciano, depois de pensar um pouco. Mas seria presidente do Brasil? 'Agora, não. Daqui a dez anos, talvez eu tenha mudado a resposta'".

Em dez anos, se outros (poderosos) meios de comunicação, além da Globo e da Abril, outras (poderosas) forças políticas, como Aécio e Serra, e econômicas, como Accioly, continuarem construindo e massificando a imagem desse playboyzinho yuppie e ganancioso como "salvador da Pátria", poderemos ter um grande problema e, na pior das hipóteses, retroagir nossa política aos tempos do não menos playboyzinho-yuppie-ganancioso Fernando Collor de Mello. Duvidam?

Com o grupo mais reacionário entre a (hiper) reacionária elite brasileira, não se brinca. Quando essa cobra põe a cabeça pra fora, é difícil matá-la à pauladas (não é mesmo, Leonel Brizola?). Por isso, volto a afirmar: isso é sério. Muito sério.

O Dia que durou 21 anos


Não é tolice apoiar e defender os 21 anos da ditadura militar. Isso é uma questão de caráter.

Tolice é apoiar e defender a ditadura militar ignorando porque foi instaurada, como foi implantada e quem realmente foram seus autores.

Com depoimentos de brasileiros e estrangeiros responsáveis pelos acontecimentos do dia em que os militares se tornaram os representantes do poder no país, além de documentos recentemente revelados pelos verdadeiros donos do Poder sobre o Brasil a partir daquele 1º de Abril  de 1964, este documentário da TV Brasil reproduzido pelo Blog do Mello é apenas uma aula de história.

Não se trata de concordar ou criticar aqueles que tenham esperança de que algum dia se repita o que deu início aos 21 anos da ditadura militar. Não se trata de discutir o caráter de ninguém. Mas este documento deve ser assistido pelos que defendem aquele regime. 

Afinal, quem concorda com um fato sem conhecer os atos que o provocaram, acreditando em qualquer mentira sem antes averiguar qual a veracidade do trote, esse sim, é um bobo. E para esses é que foi criado o dia do tolo.

Assista o documentário pela internet no endereço abaixo:

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...