terça-feira, novembro 11, 2014

Acredite se quiser: Há unidade e paz interna do PT

Eleito Senador do Pará, Paulo Rocha unificou seu grupo e o PT com seu mandato de 8 anos, conquistado por todos.

Passada a ressaca, o PT Pará e seus diretórios municipais, começando pelo de Belém, começam a reunir seus membros para fazerem a avaliação das eleições de 2014, que desta vez segue harmônica e cheia de companheirismo entre as tendências.

A Unidade na Luta, da qual o senador Paulo Rocha foi eleito, é a mais unida e feliz.

Há quem diga até que o clima entre seus dirigentes é tamanho, que nem o fato de não terem reeleito o seu deputado federal Miriquinho Batista e nem Alfredo Costa e Zé Maria, ambos deputados estaduais, não trouxe nenhum problema para a unidade interna do grupo, pois há quem diga que a vaga ao senado compensou o esforço de todos e por isso, todos satisfeitos com o mandato de 8 anos do presidente de honra do PT-PA, o qual deve estar muito feliz também por ter finalmente trazido paz ao seu grupo, o qual deverá fazer uma confraternização de fim de ano pra ninguém botar defeito.

Quanto ao PMDB, não se sabe até que ponto o clima de união da aliança deste ano poderá ser mantido para 2016 e 2018. 

Alguns dizem que até 2º turno já é outra eleição, imagina outra eleição de fato!

segunda-feira, novembro 10, 2014

DOXA: O erro das pesquisas e o resultado eleitoral

Numa disputa acirrada, institutos de pesquisa divergiam quanto aos números da preferência do eleitorado.

Dornélio Silva é um dos cientistas políticos mais experientes em análises e pesquisas eleitorais do Estado Pará e também o responsável pela Doxa Comunicação, um dos quatro instituto de pesquisa que checaram a preferência do eleitorado local durante as eleições de 2014.

Mesmo tendo tido suas pesquisas para presidente e governador divulgadas pela Revista Época, Dornélio revela que foi prejudicado com a suspensão da divulgação de quatro pesquisas realizadas pelo seu instituto e duas semanas após o resultado das eleições 2014, destaca os principais elementos que interferiram no resultado eleitoral, entre eles, o erro do PT ao coligar-se com o PMDB e o fato de ter sido provocado a alterar o resultado de uma de suas pesquisas, o que ele rechaçou.

AS FALAS DA PÓLIS: Como você avalia a campanha 2014?

Dornélio Silva: Foi uma das campanhas mais acirradas e disputadas dos últimos pleitos da história do Pará. E é a primeira em que um político consegue um terceiro mandato no Pará. Também foi a primeira vez que Simão Jatene participa de uma campanha como candidato a reeleição. A primeira, quando ganhou, foi indicado e apoiado por Almir Gabriel (governador a época), depois de quatro anos quando defenderia seu mandato numa reeleição, não foi candidato, deu lugar a Almir Gabriel que foi derrotado por Ana Júlia; em 2010, Ana Júlia não consegue se reeleger e é derrotada por Jatene. Agora, sim, 2014 Jatene é candidato à reeleição. Ressalte-se que foi uma campanha atípica dentro de um Pará dividido (a primeira após o plebiscito que pretendeu dividir o Pará em três unidades federativas); além disso foi o confronto de dois grupos (econômico e de comunicação) que se debateram nesse processo. Os interesses eram grandiosos. Daí o acirramento intenso e o nível muito rasteiro da campanha.

AS FALAS DA PÓLIS: O PSDB até poucos meses das convenções estava, praticamente, sem candidato. Muito em função da indefinição do governador Simão Jatene em não sair. Isso pode ter beneficiado o avanço do candidato Helder Barbalho?

Dornélio Silva: Com certeza, só para exemplificar, em outubro de 2013 a Doxa fez uma pesquisa estadual em que Jatene estava 10 pontos a frente de Helder. De outubro até a decisão final de que Jatene, de fato, seria candidato à reeleição, aconteceu um vácuo de indecisão política no PSDB. “Jatene iria renunciar ao mandato pra disputar fora do cargo por que não concordava com o instituto da reeleição”; “Jatene não seria mais candidato”. Essa indefinição causou problemas internos ao PSDB e aliados, bem como entre apoiadores históricos ao PSDB. Nesse quadro nervoso, Helder Barbalho e seus aliados ocupam esse vácuo deixado pela indefinição tucana. E seu potencial de intenção de voto cresce. Helder e seus aliados começam a jogar sozinhos, sem concorrentes a altura. Quando as arestas internas do PSDB foram aparadas e Jatene define-se como candidato - o único que poderia enfrentar o avanço de Helder -, os aliados históricos, apoiadores de campanha Jatene animam-se, levantam-se e se preparam para luta eleitoral. O IBOPE apresenta sua primeira pesquisa estadual, indicando empate técnico entre os dois principais concorrentes (ligeira vantagem para Helder). Olhando o que a Doxa detectou em outubro/2013 significa dizer que Jatene estava recuperando o espaço perdido devido à sua indefinição, àquela altura, em ser ou não ser candidato. Já nas primeiras pesquisas do inicio da campanha na Região Metropolitana de Belém feitas pela Doxa já podíamos identificar essa recuperação de espaço. E já era possível perceber que o pleito seria, como foi, acirrado.

AS FALAS DA PÓLIS: Depois de 20 anos fora do poder,  pela primeira vez o PMDB lança um candidato competitivo, antes eram apenas coadjuvantes. Como você analisa essa trajetória do partido ou melhor a volta da oligarquia Barbalho do poder estadual?

Dornélio Silva: Ao longo de 16 anos, o PMDB transformou-se num partido estritamente parlamentar, isto é, fazer o maior número de deputados estaduais e federais para, depois, com quem tivesse no governo, ter o poder de barganha e negociar o poder: fazer parte do poder através de negociações de cargos no executivo. Aqui no Pará, após a derrota de Jader para Almir Gabriel em 1998 (primeira reeleição no Pará), o PMDB não lançou mais nenhum candidato competitivo,  apenas coadjuvantes, para cumprir tabela e ter espaço para os candidatos ao legislativo. Em 2002 disputam Jatene, Maria do Carmo e o PMDB lança Rubens Nazareth; em 2006 disputam Almir e Ana, e o PMDB lança José Priante; em 2010, reeleição de Ana Júlia, PMDB lança Domingos Juvenil. Na ALEPA, o PMDB era decisivo para a aprovação de projetos do executivo. Tinha que haver negociação, e essa negociação passava necessariamente pelo PMDB. É a questão da governabilidade. Nos governos de Ana Júlia e Jatene o PMDB obteve seus 30% de participação. Depois foram rompidos os acordos e o PMDB volta a oposição ferrenha. 

Dois anos antes da eleição para o executivo estadual, o PMDB lança um experimento: Helder Barbalho que, após sua saída da Prefeitura de Ananindeua, ficou fazendo exclusivamente política no Estado. No segundo semestre de 2013 avaliou-se que esse experimento poderia dar certo. A candidatura Helder tornou-se fato, ganhou envergadura competitiva. Agora não era mais nenhum coadjuvante do PMDB disputando uma eleição, era o filho de Jader Barbalho que não fez sombra para nenhuma das possíveis lideranças que se apresentaram durante esses anos todos. Portanto, se apresentava aos paraenses uma eleição disputadíssima, tanto que não tivemos nenhuma terceira candidatura competitiva que pudesse ser a alternativa àqueles eleitores que não queriam Helder Barbalho e nem Simão Jatene.

Apesar de ser um jovem de 35 anos, já com um bom currículo político, Helder carrega a marca Barbalho (para uns amado, para outros odiado). Em uma ampla pesquisa realizada em outubro/2013, uma das variáveis era a seguinte: “o fato de Helder ser filho de Jader Barbalho, isso aumenta, diminuiu ou não interfere na sua vontade de votar em Helder?” – 30% afirmaram que diminuía a vontade de votar. Essa era a rejeição de Helder enraizada no seio do eleitorado pelo fato de ser filho de Jader.

AS FALAS DA PÓLIS: Aliança PMDB/PT, como você avalia essa composição?

Dornélio Silva: Uma aliança um tanto quanto esdrúxula, isto é, incomum para o PT que já foi governo no Pará e que tinha uma presidente da República disputando uma reeleição. O PT como um partido de movimentos sociais e sindicais, com grandes lideranças políticas, aqui no Pará se acachapou muito às ordens palacianas. Poderia seguir o curso normal das regras do nosso sistema eleitoral, lançando candidato no primeiro turno, pensando na negociação do segundo. Se o PT, mesmo com o desgaste de Ana Júlia, tivesse lançado candidato próprio teria, em tese, seus 20% de voto no estado. E, possivelmente, poderia ser muito mais favorável a Helder do que os dois saírem abraçados desde o primeiro turno.

Além de se coligar com os Barbalhos, adversários históricos, o PT teve que engolir o DEM (Democratas) na aliança, descaracterizando por completo os ideais petistas. No entanto, o PT ganhou o senador, Paulo Rocha, que fazia parte do acordo eleger um senador, Helder e Dilma. Cumprido uma parte do acordo, no segundo turno houve uma retração petista, principalmente no oeste do Pará, onde houve campanha pelo voto nulo para governador. Essa aliança causou estragos no parlamento ao PT que diminuiu consideravelmente sua bancada em nível estadual e federal, bem como o quantitativo de votos em relação aos outros pleitos. Dos 8 deputados que o PT tinha na ALEPA, elegeu apenas 3; por outro lado, o PMDB que tinha 8 deputados, manteve o mesmo quantitativo. Na Câmara Federal, o PT que tinha 4 deputados caiu pra dois; o PMDB, tinha 4, perdeu o Wladimir para o SD e elegeu agora três. 

AS FALAS DA PÓLIS: A questão do Plebiscito que veio em pauta na campanha modificou algum cenário já estabelecido?

Dornélio Silva: Foi a primeira eleição pós-plebiscito para governador em que podemos ver as consequências do dia 11 de dezembro de 2011: Aconteceu uma eleição dentro de um Pará, na prática, dividido em três unidades federativas. Podemos afirmar que a eleição para governador foi plebiscitária. Evidente que esse tema viria a tona nessa campanha, não restava dúvida. Era a carta na manga de um e de outro lado. O eleitor paraense, especialmente do Oeste e Sul/sudeste, já sabiam do posicionamento de Jatene em relação ao plebiscito. 

Na campanha do plebiscito, o governador foi à TV defender a NÃO divisão. Então estava clara sua rejeição nas duas regiões emancipacionistas. E forte aceitação na região do Pará remanescente. Do lado do Helder não se tinha essa definição clara, parecia nublada. Para amenizar esse impacto negativo, os dois competidores principais buscaram seus vices nessas regiões: Helder buscou Lira Maia, líder separatista do Tapajós; e Jatene Zequinha Marinho, do Carajás. 

Para instigar a lembrança do plebiscito, panfletos contra Jatene foram divulgados nas duas regiões emancipacionistas; assim como filmes de TV foram divulgados às vésperas das eleições, mostrando Helder a favor da divisão. 

A DOXA fez uma pesquisa na Região Metropolitana em que buscava avaliar essa situação: 85% dos eleitores da RMB eram contra a divisão; e 42% consideravam o candidato Helder a favor da divisão; Jatene apenas 10% o consideravam a favor da divisão. Portanto, aqui tinha um ingrediente favorável ao marketing da campanha de Jatene: pré-disposição dos eleitores em acreditar que Helder era a favor da divisão. 

AS FALAS DA PÓLIS: No primeiro turno Helder saiu na frente com diferença de 50 mil votos. Não seria uma tendência de repetir os votos no segundo turno?

Dornélio Silva: Segundo turno é outra eleição. Alguns analistas afirmam que houve uma reversão de expectativa e que o instituto de Pesquisa que tendia a vitória de Helder não errou, porque houve essa reversão de expectativa. Se isso fosse verdade, os demais institutos de pesquisa que estavam realizando pesquisas de campo e publicando seguiriam essa mesma lógica, mas não, afirmavam a tendência de vitória de Jatene. O instituto que dava vitória pro Helder não soube fazer a fotografia correta da realidade naquele momento. Errou. 

O mais simples observador da arena política podia perceber que era uma eleição disputadíssima e que o ganhador tanto do primeiro, quanto do segundo turno ganharia com diferenças pequenas. 

Veja o seguinte: no primeiro turno, a diferença pró Helder foi de apenas de 1,4 pontos, o que significou em torno de 50 mil votos. Ora, a tendência normal era que esse acirramento continuasse no segundo turno. Mesmo porque não tivemos nenhuma terceira candidatura competitiva, ou mesmo, que tivesse em torno de 10 pontos percentuais, por exemplo, no primeiro turno. O que poderia demandar uma conquista dos votos dessa candidatura, mas não houve. Tivemos dois candidatos em polarização no primeiro turno, e esses dois candidatos passaram para o segundo turno. Portanto, a tendência era de continuar esse embate ferrenho, isto é, quem votou em Jatene continuar votando em Jatene; quem votou em Helder continuar votando em Helder. Para um ou outro crescer a luta tinha que ser campal: um tirando voto do outro, olho no olho. 

AS FALAS DA PÓLIS: Mas você não acha que o Governo usou a máquina para funcionar e por isso virou e ganhou a eleição?

Dornélio Silva: Em todas as eleições em que o incumbente (governador, prefeito ou presidente) defendem seu mandato numa reeleição, e que saem vitoriosos, o que perde no segundo turno, traz à arena de discussão o fato do uso da máquina pública, e que “forças ocultas” operaram durante a semana que antecedeu ao pleito. A máquina governamental não pára de funcionar, mesmo com a eleição. O governo tem que governar. Os atores políticos governamentais são o Governador, seus secretários, diretores, funcionários de baixo e alto escalão, todos entram no jogo, defendendo o interesse de quem está no poder, evidentemente. 

O voto desses milhares de funcionários que fazem a máquina funcionar é extremamente racional, isto é, estão defendendo, principalmente, os seus interesses. Então, vão fazer essa máquina funcionar a seu favor e de seus familiares, óbvio. É uma rede com capilaridade estrondosa que está espalhada em todo o estado em suas mais variadas formas. Em cada município tem a presença do estado.

O governador só perde uma reeleição se ele estiver muito mal avaliado, mesmo assim, este mal avaliado ainda passa pro segundo turno. Exemplo claro tivemos na eleição de 2010. Um ano antes da eleição fizemos uma pesquisa, detectamos que a avaliação negativa do governo de Ana Júlia ultrapassava aos 70%. Ali já detectávamos a dificuldade da reeleição de Ana. 

No entanto, a governadora disputou a eleição, passou para o segundo turno. E do primeiro para o segundo turno ela cresceu, ainda, 7 pontos percentuais. Mas não conseguiu votos suficientes para derrotar Jatene. Funciona de uma outra forma também: um gerente da Caixa em Belém, ao finalizar o atendimento de uma jovem que havia se inscrito no FIES, ao final falou: “torça para que a Dilma ganhe, ao contrário vocês vão perder esse financiamento”. A moça ficou apavorada, chegou em sua casa foi pedindo pra mãe, avó, irmãos, parentes e aderentes pra votarem em Dilma.

AS FALAS DA PÓLIS: Mas você não acha que os aliados da candidatura Helder não ajudaram a manter ou mesmo aumentar as intenções de voto em Belém e região metropolitana, especialmente Jeferson Lima?

Dornélio Silva: Veja uma coisa, nessa eleição rigidamente polarizada, os apoios não tiveram peso necessário que pudesse mudar o rumo do pleito. Os candidatos perdedores tiveram pouco menos de dois por cento dos votos, pouco significativo. 

Eram votos tão insignificantes que num segundo turno se diluiriam entre os demais. Os apoios são mais pra dar a impressão de que este candidato está recebendo apoio mais do que o outro, e ai é feita a espetacularização na TV, rádio, etc., mas isso não significa voto

Por que veja o seguinte: ninguém detém o poder de controle do voto do outro. O voto de cabresto não existe mais. Quando uma pessoa vota no primeiro turno, e seu candidato perde, essa pessoa já fez sua obrigação em votar naquele candidato, agora está livre e desimpedida pra votar em quem quiser. O mais significante apoio, em tese, foi de Jeferson Lima, candidato ao senado, que obteve mais de 700 mil votos. E sua maior votação foi na região metropolitana, especialmente Belém, onde Helder perdeu com uma diferença de 17% dos votos. 

AS FALAS DA PÓLIS: Essa era a aposta, isto é, Jeferson tentar transferir parte dessa votação a Helder pra diminuir ou suplantar a diferença do primeiro turno. 

Dornélio Silva: Acontece que o radialista já entrou queimado ao declarar apoio a Helder. Pela manhã estava na TV declarando apoio a Jatene, e a noite declarando apoio a Helder. O anti-político e pop star tupiniquim, com essa atitude, caiu na vala comum dos políticos, igualou-se à imagem ruim que tem os políticos de maneira geral. O diferente tornou-se comum. Passou a imagem de “vendido”, “traidor”, “sem confiança”.  

Ao invés de Jeferson somar votos a Helder, tirou-lhe votos. É só verificar a estatística da eleição em Belém. Enquanto a diferença no primeiro turno foi de 17%, no segundo turno essa diferença subiu para 26%.

AS FALAS DA PÓLIS: A DOXA foi muito perseguida tanto no primeiro, quanto no segundo turno, porque aconteceu isso? Como você explica e a quem atribuiu essa perseguição?

Dornélio Silva: É importante observarmos essa situação para entendermos a participação e o poder de alguns atores nesse campo jurídico: juízes auxiliares, advogados, promotores, isto é, o próprio TRE.

Tudo começou depois que a DOXA foi contatada através de um interlocutor para fazer uma pesquisa e publicar no jornal Diário do Pará. O resultado vindo de campo não foi favorável a Helder Barbalho. Em função disso, o interlocutor queria que a DOXA mudasse o resultado. O que obviamente não foi feito.

Na pesquisa, Simão Jatene ficou com 41% e Helder com 38%. Queriam "apenas" que a DOXA invertesse os resultados. Como não aceitamos, em hipótese alguma, tivemos um prejuízo de R$ 25.000,00. E como tínhamos uma pesquisa atualizada, resolvemos publicar no blog da DOXA e de alguns blogs amigos como do Diógenes Brandão, Hiroshi Bogéa, Jeso Carneiro e Manoel Dutra. Depois outros veículos pegaram e foram publicando, óbvio.

AS FALAS DA PÓLIS: A partir de então, a DOXA tornou-se persona non grata à coligação “Todos Pelo Pará”?

Dornélio Silva: Não conseguimos mais publicar nossas pesquisas. Parecia que havia um complô, algo combinado: quando registrávamos uma pesquisa, os advogados da coligação entravam com o pedido e só caia na mão de um juiz auxiliar, muita coincidência. Chegamos a ser manchete de capa do Diário do Pará, como se fossemos criminosos. O MPE, através do dr. Alan Mansur, depois de “investigado o crime eleitoral” mandou arquivar o processo. Mas até hoje o juiz não deu a sentença.

No segundo turno, conseguimos publicar uma pesquisa. Havia sido feito um acordo entre os advogados das duas coligações de que “ninguém impugna ninguém, deixa o mercado regulamentar”. Era a decisão mais sábia até então. Só que esse acordo não foi cumprido na última pesquisa DOXA. As 19:20hs do dia 24, sexta-feira, o juiz induzido pelas justificativas dos advogados da coligação "Todos Pelo Pará" acata e manda suspender a publicação da pesquisa.

Sabíamos que o Diário do Pará viria já na edição de sábado, com pesquisa com números alarmantes, querendo ficar sozinho no pleito, passando apenas sua verdade, passando ao eleitor como fato consumado, a eleição de Helder; e que essa mesma pesquisa viria repaginada no domingo, dia da eleição.

Diante dessa situação, o jornal O Liberal publica a pesquisa da DOXA, do domingo anterior, como forma de contrapor ao Diário, e dizer para o eleitor que ele merecia outra informação para tomar sua decisão no dia seguinte.

A pesquisa Doxa, finalizada na sexta-feira, antevéspera do segundo turno das eleições de 2014, deu 51,5% Jatene e 48,5% Helder (votos válidos).

O resultado das urnas foi de 51,92% para Jatene e 48,08% para Helder.

Ou seja, fomos o único instituto de pesquisa que acertou o resultado.

Essa era a verdade que o Diário do Pará não queria que a opinião pública soubesse.

AS FALAS DA PÓLIS: Como você explica essa tamanha disparidade entre os dados dos institutos de pesquisa nessa campanha?

Dornélio Silva: Se for observar bem, a disparidade era do nosso instituto para com os demais. O Jornal Diário do Pará publicava a pesquisa que dava sempre o Helder na frente e dizia que a metodologia da pesquisa era domiciliar. No entanto, analisando a metodologia e o questionário detectamos que os pesquisadores pegavam apenas o telefone do entrevistado.

Ora, se é domiciliar, obrigatoriamente tinha que constar no questionário endereço do entrevistado para que se pudesse checar com maior precisão. Sendo assim, deduzo que o método aplicado foi em fluxo (feiras, praças, pontos de maior movimentação nas cidades, etc). E quando a pesquisa é feita por esse método (fluxo) a amostra tem que ser, obrigatoriamente, grande. Caso contrário corre um risco de pegar bolsões de um candidato apenas. 

O Datafolha aplica essa metodologia de pesquisar em fluxo. Quando em nível de Brasil o Ibope pesquisa 3.000 pessoas (método domiciliar), o Datafolha entrevista 9.000. Outro fator que pode ser observado é que vivemos uma eleição atípica (pós plebiscito), onde tínhamos regiões, praticamente, fechadas com um ou outro candidato. Então, tínhamos que saber selecionar bem os municípios da amostra. E isso implicava em aumentar a amostra e o números de municípios para que pudéssemos obter a fotografia correta do pleito.

No segundo turno essa situação ficou bem clara para desenhar esse plano amostral, já que tínhamos a votação de cada candidato por município. Então, conseguimos fazer uma análise dos planos amostrais dos 4 principais institutos de pesquisa que estavam publicando no Pará: Ibope, Iveiga, DOXA, BMP.

O Ibope trabalhou com 43 municípios, BMP com 45, DOXA com 51 e Iveiga com 24. Comparamos os votos obtidos por Jatene e Helder em cada plano amostral de cada instituto e ao final, evidentemente, mostrava o resultado. Ibope, DOXA e BMP deram resultados iguais, 51% Jatene e 49% Helder. O único que deu diferente foi do Iveiga, dando vantagem a Helder Barbalho. Por essa análise já poderíamos detectar que a disputa seria voto a voto. Mas a vantagem que o estudo mostrou do Iveiga nunca foi de 12,5 pontos em favor de Helder.

A estratégia do Diário do Pará e todo o grupo de comunicação era passar a ideia de Helder como fato consumado, utilizando-se de pesquisa para induzir, manipular o eleitor. 

Qual é a expectativa para o novo governo Jatene?

Dornélio Silva: O grande desafio de Jatene nesse seu terceiro mandato vai ser: ter programas para governar, na prática, para três estados: Governar um Pará dividido. Passada a eleição, é hora de o governo governar e também é chegada a vez de a oposição fazer oposição. O sucesso do sistema político depende de governo e oposição. Neste momento, torcer pelo Pará é desejar que os dois lados, o vencedor e o derrotado de 2014, cumpram seus respectivos papéis, realizem o que deles se espera.

sexta-feira, novembro 07, 2014

Até onde vai a culpa e a omissão do governador em combater as milícias no Pará?

Em coletiva, Simão Jatene, ressaltou o rigor no trabalho de investigação feito pelo Sistema de Segurança Pública do Estado.

Depois da publicação Chacina em Belém mostra a necessidade da desmilitarização da PM e o fim das milícias, muitos amigos e leitores do blog me perguntaram o que eu achei da postura do governador do Estado do Pará, Simão Jatene, diante deste caso que ganhou repercussão nacional e até agora está sem solução.

Em primeiro lugar, gostaria de iniciar essa postagem, dizendo que diferente de outras entrevistas coletivas à imprensa, senti o governador desta vez abatido, falando de forma insegura, meio desconectado de um sentimento verdadeiro sobre o que dizia.

No entanto, vamos aos fatos.

Desde o momento em que soube daquilo que ficou conhecido como #ChacinaEmBelém, aguardava pela manifestação do governador Simão Jatene e só não pedi por ela, por saber que tão logo ele a faria. Afinal de contas, a morte de um policial e de mais 09 populares, praticamente todos muito jovens, não poderia passar batido pelo staff da inteligência tucana, sempre a postos para utilizar os veículos de comunicação e o marketing político-institucional para desmontar ou prevenir-se de ataques e problemas com a chamada opinião pública.

E como era esperado, Jatene reuniu alguns auxiliares que fazem parte do comando do Sistema de Segurança Pública – senti falta de uma pessoa chave para garantir a lisura e a transparência nas investigações desse porte, neste caso a ouvidora da SEGUP, Eliana Fonseca – e falou praticamente sozinho, repetindo aquilo que o Secretário de Segurança do Estado já tinha dito, sobre tudo que o governo está fazendo para investigar e chegar a elucidação dos fatos, mas não apresentou nenhum suspeito ou responsável pelas mortes que atormentaram Belém de terça para a quarta-feira.

Não me surpreendi quando o governador disse que não há nenhuma necessidade de se pedir apoio do sistema de segurança do governo federal. “Desde o primeiro momento que o sistema de segurança soube desses crimes, todo um efetivo foi acionado, e se mostrou suficientemente pronto para atender essa questão. Portanto, não existem razões para a intervenção da Guarda Nacional”, disse Simão Jatene.

No entanto, eu pergunto ao governador: Se desde o primeiro momento em que o sistema de segurança soube da morte e da convocação feita por policiais para irem até a área onde ele havia sido morto, como é que um grupo armado - de policiais ou de bandidos – consegue entrar e sair dos bairros onde houveram mortes, sem serem vistos ou interceptados pelas forças policiais que segundo Simão Jatene, estaval “prontos para atender essa questão”?

Disse mais: “Não podemos medir esforços para dar uma resposta, o mais rápido possível, à sociedade. Execução é algo que não pode ser aceito em nenhuma sociedade moderna”. Ora, quem conhece a polícia militar e a civil do Estado do Pará, estranha o fato de ninguém que esteve envolvido nos crimes, ainda não ter sido encontrado, já que mortes de policiais geralmente são rapidamente “resolvidas”, como seus supostos criminosos presos e muitas vezes mortos numa quase caça que é feita até que sejam encontrados.

Ainda segundo Simão Jatene, “Em outra linha de atuação, a Polícia Civil investiga a divulgação de informações nas redes sociais que tiveram a intenção de causar pânico na população”.

Concordo que tenha havido exageros, boatos e mentiras espalhadas nas redes sociais que de certa forma intensificaram o medo nas ruas de Belém, fazendo com que desde a noite de terça-feira, muitas pessoas não tenham saído de casas, temerosas pela onda de violência e informações desencontradas que surgiram pelas redes sociais e também pela imprensa.

No entanto, as primeiras manifestações nas redes sociais foram feitos por pessoas e perfis ligados à polícia e até agora, passados três (03) dias do ocorrido, ninguém foi afastado e nem há informações das medidas tomadas para punir os servidores públicos que expuseram ameaças e o comando para retaliações.




Tem mais, o governo diz que para auxiliar no monitoramento dos bairros, as polícias Civil e Militar contam com 187 câmeras, instaladas em pontos estratégicos da Região Metropolitana. As imagens são monitoradas 24 h, por uma equipe de 20 militares. Até agora não deu pra identificar e encontrar os carros e motos que rodaram por vários bairros atirando em populares?

O governador também disse: “Alguns crimes de grande repercussão que foram combatidos com êxito pelo Estado, como o assassinato do casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna (sudeste paraense); a chacina de Icoaraci (distrito de Belém), que vitimou seis adolescentes, e o esquartejamento do vigilante Joelson Souza, também na capital, que foram investigados e solucionados em um curto espaço de tempo. 

Sem dívida, todos os casos citados acima foram solucionados pelas investigações, mas nenhum envolvia um grupo de extermínio, como foi o caso desta terça-feira. A provável existência de uma milícia que age nas periferias, matando e praticando corrupção com traficantes, comerciantes e outros, pode ser um problema muito mais complexo e difícil de solucionar.

O possível envolvimento de gente graúda no “negócio”, pode fazer com que as investigações apontem apenas, como sempre, os peixes miúdos, protegendo os graúdos e deixando para debaixo do tapete, os verdadeiros e maiores mandates do crime e da máfia paraense.

Há exatamente seis meses atrás, no dia 04 de Abril deste ano, ocorreu o atentado contra a esposa do Delegado Eder Mauro, um ícone no combate à criminalidade, que tanto a polícia civil e militar, quanto à população em geral elogia e pede socorro para resolver problemas com a bandidagem. Inclusive, Eder Mauro foi eleito deputado federal nas últimas eleições.

Tendo seu carro perseguido e baleado por criminosos que fizeram uma emboscada na estrada da Alça Viára, alvejaram vinte tiros contra sua esposa que dirigia o automóvel e mais dois advogados, após voltarem de um julgamento no município de Abaetetuba. “E eles só não conseguiram realizar o objetivo deles porque o carro é todo blindado”, ressaltou o delegado, que assim como o governador Simão Jatene afirmou agora, também disse na época: “Cabe agora à polícia dar um resposta o mais rápido possível para isso e conseguir acabar com a quadrilha que cometeu esse crime”.


Resultado: Até hoje o caso está sem solução e as suspeitas de que os criminosos podem ter sido amigos de profissão do delegado, continuam sendo levantadas por gente ligada à própria polícia.

Por fim, a pergunta que não quer calar:

Será que daqui em diante, todas as famílias que foram vítimas da violência no Estado do Pará, contarão com a mesma atenção que o governo do Estado está dando às famílias atingidas pelo caso da #ChacinaEmBelém? 

Ou seria este o início de uma nova postura do 2º mantado do governador Simão Jatene para amenizar a dor e os problemas que a falta de segurança pública gera aos envolvidos, ou trata-se de mea-culpa pela responsabilidade do Estado nos crimes cometidos na última terça-feira em Belém?

*** 

Que tal me seguir no twitter? 

#ChacinaEmBelém: O medo de refletir




Essa semana a pauta em quase todas as conversas em Belém é a violência. Acompanhei todos os debates nas ruas, na tv, nos Jornais e nas redes sociais e, sinceramente, indaguei-me: qual a novidade?

Quem passou a infância e grande parte da sua vida na periferia de Belém como eu sabe que a contagem de corpos não é novidade. 

Lembro que quase 20 anos atrás, no bairro em que eu cresci, em uma semana, tivemos mais de 10 mortos. Lembro que faz quase 3 anos que novamente “acordamos chocados” com a chacina de 6 jovens em Icoaraci, e se você quiser ficar chocado leia os cadernos policiais dos jornais da semana passada, do mês passado ou de qualquer outro dia....

A guerra urbana em Belém não é novidade, a grande novidade aqui é o clima de “tensão solidaria” que tomou conta da cidade, alguns devem ter achado emocionante a sensação de cidade sitiada. Agora serão uma infinidade de reuniões, GT’S, declarações, indignações e daqui a pouco tudo volta a boa e velha invisibilidade útil nossa de cada dia.

No Pará o que vemos é a banalização das chacinas promovidas pelos grupos de extermínio que já não são por aqui uma novidade. As milícias agora avançam para um campo que lhes garantirá mais ainda o direito à invisibilidade, hoje os justiceiros deixaram apenas de sustentar políticos que lucravam com o sistema, agora a nossa milícia papa-xibé também tem poder político, os nossos Batmans-carimbó são 
aplaudidos nas mesmas periferias em que vão buscar sua gloria à bala.

Não é novidade para absolutamente nenhum morador da grande Belém os números de guerra que ostentamos, não digo que não acho válido o sentimento de indignação e as iniciativas que irão surgir por conta do ocorrido mais recente, mas o que realmente pode mudar alguma coisa por aqui é se toda reunião, declaração e indignação vier acompanhada de mobilização. Não falo apenas de irmos às ruas exigir políticas eficientes para alterar a realidade das nossas periferias, falo de mobilização de esforços e atitudes, coletivas e individuais. 

O Pará é um dos piores estados para a juventude viver ou tentar sobreviver, e a única solução viável para a violência é POLITICA PUBLICA. Chega da presença do Estado na periferia ser a ROTAM ou o IML, a nossa juventude deve ser tratada com respeito, a nossa segurança deve ser a segurança da cidadania e dos direitos. Precisamos de políticas públicas efetivas, precisamos de ações de deem oportunidade econômica, sem deixar de atender à necessidade que as juventudes da periferia têm de acesso à cultura, educação e mobilidade. 

Devemos elevar as nossas bandeiras, da inclusão à emancipação. O negro, o jovem e o pobre precisam sentir que têm o mesmo direito à cidade que os jovens da classe média, e ao Estado cabe a obrigação de garantir esse direito. Sem o pertencimento é impossível uma interação social saudável, já que para uns ficam as balas e para poucos a ilusão da segurança.

O fato é que a omissão coletiva contribuiu para esse triste quadro que hoje nos deparamos de forma assustada, como se essa exclusão social e política da nossa juventude da periferia não estivesse sendo construída há décadas, como se os valores consumistas que norteiam o nosso cotidiano capitalista não colaborassem para a criação de um exército de excluídos, como se a nossa conivência com a criminalização da pobreza por parte dos governos não tivesse contribuído para não vermos que os mandantes da Barbárie não estão nas áreas de ocupação e favelas, e sim nos gabinetes.

O Estado deve de entender que as engrenagens do crime organizado têm a pobreza como dente, mas não são os pobres o seu motor. Nenhuma morte é banal, a violência nunca será a solução para nenhum conflito, mas não podemos deixar buscar as causas e punir os responsáveis, além de refletir e agir, por mais que nessa reflexão todos nós encontrarmos um pouco a nossa responsabilidade.

Não podemos discutir segurança, se ela realmente não for pública, e não se faz segurança pública sem controle social. E, não podemos exercer o controle social sem mudanças de atitudes e valores.

Patrick Paraense – Membro do Diretório Estadual do PT-Pará.

quarta-feira, novembro 05, 2014

Belém já teve outra chacina

Chacina em Belém mostra a necessidade da desmilitarização da PM e o fim das milícias

Morte do cabo Figueiredo revoltou policiais militares, que ocuparam as ruas. A população - com medo - ficou dividida. (Foto: Reprodução/Facebook)

Tal como no filme “Tropa de Elite”, a Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam) da Polícia Militar do Pará, se compara ao Batalhão de Operação Especiais (BOPE) do RJ e há fortes indícios que este agrupamento protagonize atos de violência e extermínio no Estado.

Ontem a noite não foi diferente, foi pior. Após a morte de um de seus integrantes, o cabo Antônio Figueiredo, provavelmente executado por bandidos e suposto membro de uma milícia que age nas áreas periféricas da capital do Estado, vários assassinatos aconteceram próximo e em bairros da redondeza ao fato, promovendo um banho de sangue nas áreas periféricas de Belém do Pará, onde ainda não se sabe quem saiu caçando, julgando e matando jovens na noite desta terça-feira (05). 

Entre as nove vítimas (dez, incluindo o PM), oito já foram identificadas e seus corpos liberados pelo IML. Entre elas, há um cadeirante que estava visitando a namorada em Guamá, o jovem Eduardo Felipe Galucio Chaves de 16 anos, que voltava da escola e um homem com problemas mentais que saiu correndo durante o ataque promovido pela PM-PA. Ele tomou cinco tiros a queima roupa.

“Nenhum dos mortos tinha ligação com o assassinato do policial. Pode ser que até tivessem ligação com outros crimes, mas não com esse. Deram cinco tiros em um doente mental que ficou assustado com o barulho e correu. Covardia! Quem matou o cabo ainda não foi encontrado, mas disseram que vão abrir investigação”, disse o coordenador da Comissão de Justiça e Paz da Igreja Católica, Francisco Batista que é morador do bairro da Terra Firme, um dos mais violentos e onde houveram diversas mortes.

“O policial morto era conhecido pela atuação dele como miliciano, justiceiro nos bairros pobres de Belém. Depois da morte dele deu pra ouvir muitos fogos de artifício. Todo mundo ficou feliz com a notícia, pra você ter uma ideia de como ele agia na região”, conta Francisco.

A Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Pará (OAB), promoveu uma coletiva para tratar das execuções e contou com a presença de Ana Cláudia Lins, da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos (SDDH), que destacou que não está descartada a hipótese de represália de policiais por causa da morte do cabo Antonio Figueiredo, da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam).

Também participou da coletiva o sargento Rossicley Silva, da Polícia Militar, e presidente da associação de militares, que sustentou que a série de mortes teria ocorrido por confronto entre facções rivais dos bairros da Terra Firme e do Guamá.

A posição do militar, no entanto, foi refutada por membros dos órgãos de Direitos Humanos devido às características dos homicídios - mais próximas de uma execução ao invés de brigas e conflitos. Porém, Rossicley argumentou que seis pessoas foram mortas por um mesmo grupo, de uma única facção, sem a participação de policiais.

Sargento nega, mas entidade de Direitos Humanos e OAB irão investigar o envolvimento dele e demais policiais na chacina.

Em coletiva realizada na manhã desta quarta-feira (05), no Comando Geral da Polícia Militar, em Belém, o Secretário de Segurança do Estado do Pará disse que nenhum confronto entre policiais e bandidos foi registrado ao longo da noite - inclusive do cabo Figueiredo, visto que não estava em serviço.

Segundo Luis Fernandes, a população não precisa temer por novos atos de violência. "As pessoas podem sair de casa sem medo e ir a locais públicos. Estamos trabalhando para continuar garantindo a segurança", destacou.

Apesar do depoimento do secretário de Segurança, a direção da Universidade Federal do Pará (UFPA) teria liberado os alunos e suspendeu suas atividades, assim como várias escolas e empresas que também funcionam próximo de onde ocorreram os assassinatos.

O promotor de Jusiça Armando Brasil não concorda com a opinião do secretário Luis Fernandes e destacou o medo da população na capital paraense. “Temos que tratar toda esta situação com bastante cuidado, não sabemos o que pode ocorrer e não podemos descartar a hipótese de policiais estarem envolvidos nos crimes. Até mesmo postagens com possíveis ameaças e retaliações de criminosos não podem ser ignorados”, disse.

Armando Brasil lembrou que o cabo Figueiredo era combatente e temido pelos criminosos. Em 2007, foi considerado suspeito de executar uma pessoa e respondia a inquérito na Polícia Civil e na corregedoria da SEGUP.

Também esteve presente na coletiva Francisco Xavier, presidente da Associação de Cabos da Polícia Militar e Bombeiros do Estado do Pará. Segundo ele, a morte de "Pet", como era conhecido o cabo Figueiredo, confirma ainda mais a insegurança a que todos estão submetidos no estado.

“Pedimos providências para o governo. O pai de família sai pra trabalhar, para garantir a segurança da população, mas ele mesmo não tem segurança. Precisamos de medidas mais concretas”, desabafou o presidente, que não informou se alguma paralisação ou ato deve ser organizado para os próximas horas ou durante a semana.

Entidades e a Sociedade Civil esperam por investigações sérias e punição dos envolvidos.

A Anistia Internacional emitiu uma nota nesta quarta-feira (5) comentando sobre a série de execuções ocorridas na madrugada de hoje em pelo menos três bairros de Belém. O órgão classifica o acontecimento como uma “chacina” e pede a investigação imediata.

O texto da instituição afirma que “a chacina foi cometida supostamente por policias militares como vingança pela morte de um cabo membro da ROTAM”, se referindo a morte do cabo Antônio Figueiredo, e que “há indícios de que a ação foi convocada por meio de redes sociais”.

A Anistia ainda afirma que coletou relatos de moradores afirmando que “as entradas e saídas do bairro (da Terra Firme) foram fechadas durante a ação criminosa por veículos oficiais da Polícia Militar, impedindo que moradores retornassem às suas residências” e que “homens encapuzados portando armamento pesado em motos e carros não identificados invadiram casas e assassinaram diversas pessoas”.

A nota ainda afirma que “há suspeitas que o número de vítimas possa ser maior do que as reconhecidas oficialmente pelo governo do Estado” e pede que o  governo federal investigue o caso.

A suspeita da existência de um milicia formada por policiais militares, inclusive o PM morto, assim como fotos, vídeos e áudios espalharam-se nas redes sociais, logo após a morte e a ameaça explícita feita por uma página da ROTAM-PA.

A página não-oficina da ROTAM conclama para a vingança, algo típico quando acontece alguma morte de policial no Pará.

Nas redes sociais, as mensagens supostamente enviadas por policiais avisam aos moradores dos bairros de Guamá e Terra Firme sobre o ataque. No mais expressivo deles, um soldado convoca outros colegas para vingar a morte do cabo. “O nosso irmãozinho Pet (apelido do cabo Antônio Figueiredo) acabou de ser assassinado no Guamá. Estou indo (para o bairro) e espero contar com o máximo de amigos. Vamos dar a resposta”, publicou o sargento Rossicley Silva, da ROTAM, em seu perfil no Facebook. Em outro áudio, espalhado pelo serviço de mensagens por celular, WhatsApp, um suposto policial alerta para que ninguém se dirija ao bairro, pois será feita uma “limpeza na área”. “Ninguém segura ninguém, nem coronel das galáxias”, finaliza o homem.

Se houve realmente uma convocação geral, a polícia militar, a corregedoria da SEGUP, o Ministério Público, a OAB e demais instituições devem averiguar e tomar as devidas providências contra essa barbárie que toma conta das áreas periféricas, onde traficantes, milícias, policiais corruptos e bandidos em geral atormentam a vida e colocam as famílias reféns e acuadas em suas próprias casas.

O caso já sensibilizou a Secretaria Nacional de Direitos Humanos que estará enviando o ouvidor geral nesta madrugada para ajudar nas investigações sobre o caso. 

A ouvidora do Sistema de Segurança Pública do Estado do Pará, Eliana Fonseca, monitora as investigações e ações da polícia, assim como de toda a SEGUP e tem ouvido familiares e populares sobre os fatos ocorridos, sendo que em suas entrevistas, percebe-se claramente as suspeitas, de que há sim, uma milícia agindo em Belém e isso não pode ser colocado para debaixo do tapete, como tenta ser feito pelos representantes do governo do Estado.

O corpo do cabo Antonio Figueiredo, da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam) da Polícia Militar, foi velado na tarde de hoje, na igreja dos Capuchinhos, no bairro do Guamá, em Belém. 

O sepultamento acontecerá nesta quinta-feira (6), em um cemitério particular, no município de Marituba, região Metropolitana de Belém.

Existe ou não milícias formadas por policiais paraenses?

Em entrevista ao jornalismo da TV Record, o  promotor de Justiça Militar Armando Brasil Teixeira, lembrou que há menos de dois meses atrás ordenou a prisão dos 20 policiais militares denunciados em crimes de concussão, prevaricação, corrupção ativa e extorsão, segundo apurações da "Operação Katrina". 

Os policiais foram acusados de estarem envolvidos em atividades ilícitas como arrecadação de dinheiro proveniente de comércio ilegal de estrangeiros e rede de corrupção instalada no 2ª Batalhão da Polícia Militar.

O promotor de Justiça Armando Brasil requereu a prisão com base nas conclusões do inquérito policial militar. A corregedoria da Polícia Militar efetuou as prisões. O representante do MPPA também já pediu a abertura de procedimento para a expulsão dos envolvidos da corporação.

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@JimmyNight

terça-feira, novembro 04, 2014

Tucano é xingado por rechaçar manifestações golpistas

Radicais ficaram irados com a posição do tucano e o chamaram de Petralha, após ele criticar a manifestação que pediu impeachment e uma intervenção militar no Brasil."Por favor, deixem o PSDB. Vocês é que estão no lugar errado, não eu!"

Xico Graziano foi deputado federal e chefe de gabinete de FHC e deixou oficialmente a coordenação da campanha digital do senador Aécio Neves (MG), candidato do PSDB à Presidência da República ainda em julho deste ano, logo depois desta ter sido oficialmente lançada. 

Assessor de Fernando Henrique no iFHC e ex-coordenador da campanha presidencial de José Serra, Xico Graziano teria como missão dinamizar área de internet. Em 1995, Graziano foi capa da revista Veja, chamado de Corvo por envolvimento em grampos ilegais dentro do governo. Após a derrota de Serra em 2010, culpou falta de empenho de mineiros: "Perdemos feio em Minas. Por que será?"

Com Aécio sendo o candidato do PSDB em 2014, Graziano foi anunciado chefe da estratégia dos tucanos nas redes ainda na pré-campanha, mas perdeu protagonismo na área, passando a integrar a coordenação de "movimentos sociais" e da equipe que organizava a agenda de Aécio. 

Considerado um social democrata legítimo, manifestou-se por meio de seu perfil no Facebook, contrário aqueles que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff, fazendo a seguinte consideração:

"Só para esclarecer: achei absurda tal manifestação. Antidemocrática, não republicana. Ainda por cima, pedindo a volta dos militares, meu Deus, tô fora disso. Esconjuro".

Bastou isso para que o tucano venha desde então sendo duramente criticado. Algumas pessoas chegaram a chamá-lo de "petralha".

Um das comentárias lançou a seguinte queixa: "Absurdo é vc falar uma imbecilidade dessa. Mesmo que eu não queira a intervenção militar, - mesmo porque as forças armadas estão sucateadas - não respeitar a opinião de quem votou no PSDB é no mínimo ser ingrato."

"Quem concordar com as teses dessa turma aguerrida que vê o comunismo chegando, é contra os benefícios sociais, sonha com a ordem militar, por favor, deixem o PSDB", afirmou Xico.

Para o tucano, "existe no Brasil uma ideologia própria da direita que se encontra sem partido político"; o deputado Jair Bolsonaro e o ensaísta Olavo de Carvalho são seus expoentes, destaca em sua mais nova postagem, na rede social já citada.

Manifestação teria reunido 2,5 mil pessoas em SP e entre os pedidos dos participantes, impeachment e intervenção militar.


Mexi num vespeiro da política ao postar aqui, ontem, opinião contrária ao impeachment da Dilma. Julguei a causa antidemocrática, não republicana. Não gostei daqueles discursos irados, revanchistas e reacionários. Tomei um troco bravo. Recebi centenas de comentários, críticos a maioria, de baixo nível muitos deles. Vou aprofundar a polêmica. Sigam meu raciocínio.

Existe no Brasil uma ideologia própria da direita que se encontra desamparada do sistema 
representativo, quer dizer, sem partido político. Sua força se mostra na rede da internet. Essa corrente luta para destruir o PT, acusando-o de querer implantar o comunismo por aqui. Defendem as liberdades individuais, combatem tenazmente a corrupção organizada no poder, desprezam totalmente as lutas sociais, mostrando-se intolerante com o direito das minorias. O Deputado Bolsonaro e o ensaísta Olavo de Carvalho são seus expoentes.

Tudo bem. Acontece que, no período das eleições presidenciais, essa tendência se articula no seio do PSDB, trazendo para nosso partido suas causas. É normal existirem as alianças eleitorais, e para tal existe o segundo turno. O problema surge quando os militantes da direita exigem que nós, os sociais democratas, encampemos sua ideologia, o que seria um absurdo.

A intolerância mostrada em minha página do facebook reflete essa incompreensão. Criticam minha coerência, decepcionam-se com os meus valores imaginando que eu deveria assumir os deles. Pior, alguns tolamente me acusam de ser “petista infiltrado”. Dá até um pouco de dó.

Ora, nós, do PSDB, nascemos inspirados na socialdemocracia europeia, com viés da esquerda. Nossa origem reside no MDB autêntico, que foi decisivo na derrubada da ditadura militar. Nós fomos decisivos na Constituinte de 1988. Fomos nós, com FHC à frente, que criamos as bases socioeconômicas do Brasil atual, inclusive as políticas de transferência de renda e as cotas.

Na complexidade do mundo contemporâneo anda difícil rotular os partidos, e as pessoas, como de “direita” ou de “esquerda”, categorias válidas no século passado, mas ultrapassadas hoje em dia. De qualquer forma, quem concordar com as teses dessa turma aguerrida que vê o comunismo chegando, é contra os benefícios sociais, sonha com a ordem militar, por favor, deixem o PSDB. 

Vocês é que estão no lugar errado, não eu!

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Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...