Parte integrante do PTP, a I Conferência Estadual de Cultura está sendo muito comemorada e com certa razão, pois as gestões estaduais anteriores, nem de longe tiveram a disposição de ouvir sugestões para o planejamento e a gestão, tal como o governo Ana Júlia está fazendo.
Mas como falar de participação popular e controle social requer franqueza, não podemos omitir que a metodologia que cerca a elaboração deste planejamento não foi compartilhada com a sociedade e esta que possui diversas entidades representativas, tais como as centrais sindicais e o movimento popular [1], poderiam estar compondo as equipes que pensam os métodos de participação, mas para tal precisaríamos importar humildade para dentro do corpo político que integra o governo popular de Ana Júlia & cia.
Como não houve participação popular na elaboração da metodologia do PTP, pré-estabeleceu-se os temas a serem discutidos e através de cédulas, definiu-se as áreas e prioridades que foram apenas escolhidas e não indicadas pelos participantes das plenárias regionais.
É evidente que a gestão estadual está em disputa permanente, pois forças conservadoras dentro e fora do PT articulam-se para abocanhar cada vez mais espaço e poder e a Plenária Metropolitana do PTP, mês passado no Hangar, mostrou isso claramente, pois o poder financeiro das prefeituras levou dezenas de ônibus, com seus partidários devidamente uniformizados para votarem nas cédulas, as aspirações dos prefeitos e não nas demandas populares, como haveria de ser.
Tal como a plenária do PTP em Capanema, no nordeste paraense, os debates temáticos da conferência intermunicipal de cultura, ocorrido na última sexta-feira, no seminário São Pio X, em Ananindeua, ficaram limitados à uma hora e meia durante a tarde, demonstrando que ao invés de priorizar a locução dos anseios da sociedade, priorizam com maior parte do tempo, a fala dos representantes dos governos municipais e dos gestores estaduais que tomaram a manhã inteira, com seus discursos antecipando o pleito de 2008, em prejuízo ao debate formulador de uma gestão inovadora, como era esperado.
Outro exemplo de exclusão é a minguada participação dos movimentos culturais na comissão preparatória e na elaboração dos temas pré-concedibos para a I Conferência estadual de Cultura, que foi formada majoritariamente por órgãos estaduais da cultura, em detrimento da paridade tão reivindicada pela esquerda, quando na oposição às gestões dos partidos de direita, na reivindicação por democracia.
Não obstante, a escolha da delegação representativa da conferência metropolitana para a Conferência Estadual foi recheada de integrantes do governo estadual, dentro das 40 vagas dos movimentos sociais, uma afronta ao bom senso e a ética.
Como a realização da I Conferência Estadual de Cultura será realizada no Hangar de eventos, ainda teremos muita marmita para comer, mas que pelo menos lá, venham com os talheres, pois como aconteceu no mini-refeitório, improvisado no São Pio X, quando os participantes após uma fila de 20 minutos para buscar sua refeição, tiveram que cortar bife de carne e frango empanado com um frágil garfo de plástico apenas.
Oxalá que o novo rangar no Hangar não seja assim e que haja dignidade e respeito no ato alimentar para com os movimentos sociais, que esperam a prometida participação popular e o controle social efetivo, dentro do governo Ana Júlia.
[1] Os quais formaram diversas lideranças que hoje compõem o próprio governo estadual e que agora apartam da elaboração do esqueleto programático, lideranças que se mantém na retaguarda dos movimentos sociais.
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