No blog Opinião não se discute do Edyr Augusto Proença, sob o título DESAFINANDO O CÔRO DOS CONTENTES
Por favor, não me chamem de remista se critico o
Paysandu. Nem de petista se falo contra o Psdb ou Pmdb. Acontece muito numa
terra onde há muita bipolaridade. Ou é um ou outro. Mas é que sou contra o
Terruá Pará. Não gosto do nome, detesto a idéia, gosto muito dos artistas, mas
é tudo tão fora de lugar, tão deslocado, que é mais um tabefe na cara de quem
faz Cultura por aqui. É como voltar a realizar aquele Festival de Ópera que
consumia milhões, fazia a alegria de poucos, apenas por capricho, mas desta
vez, usando nossos artistas, grandes artistas, mas precisados de dinheiro,
fama, jogando em seus olhos a poeira de um projeto que não está amparado em
nada. Mais um capricho. Desde que o Psdb tomou o Poder, para contentar
apoiadores eleitorais, fatiou a área de Cultura, entregando-a a políticos ou
amadores, cada qual não entendendo a razão de estar ali, mas dispostos a
aparecer com farras e quermesses. Isso piorou com o Pt que conseguiu ser ainda
pior e agora chega ao ápice. Cada um faz a sua Cultura, do jeito que entende,
todos dão tiros e ninguém acerta o alvo, pelo contrário, é apenas gasto. Ao
invés de projetos estruturantes de mercado, trabalho lento, para chegar a todo
o Estado, inclusive Belém, já que a Prefeitura há muito mais tempo sumiu da
Cultura, todos querem fazer gol, correr para o abraço, câmeras, fotos.
Se vem um empresário e resolve investir em uma
atração, chamando-a de Terruá Pará, aluga teatro, serviços, geradores, paga cachês
ótimos para cantores e músicos, escolhidos segundo sua consciência, grava tudo
para ganhar na venda de dvds em embalagens luxuosas, leva para São Paulo certo
que a bilheteria será ótima, parabéns.
Mas quando é o Estado, com dinheiro público, é mais
complicado. Quando é uma Secretaria de Comunicação e não de Cultura, mais
ainda. Quando os artistas são escolhidos a bel prazer, ufa. E isso ocorre
quando, passados um ano e meio do governo atual, nada, absolutamente nada foi
feito para a Cultura paraense. Nada. No máximo, houve inscrições, análise e
divulgação de projetos de artistas que receberam aval para a Lei Rouanet. Os
teatros estão em obras, se é que estão, o Teatro da Paz cobra 3 mil reais por
noite. Será que Dona Onete seguraria três noites seguidas? Como podem querer
conquistar o País se ainda não conquistaram seu Estado? Sua aldeia, sua Belém.
Realizam sonhos. Gastam alguns milhões.
PARÁ NA MÍDIA NACIONAL
É verdade. Nos últimos tempos, em função de várias
razões, temos estado bem cotados no Rj e Sp. Fotógrafos como Luiz Braga,
pintores como Emanuel Nassar, artes plásticas e nossa música. Gaby Amarantos
foi vista bem antes do Terruá, por Herman Vianna (irmão de Herbert), Nelson
Motta e recomendada a uma galera que precisava vender uma novidade ao mercado.
Bancada pela Som Livre (Globo), teve a sorte e o talento de estar em todos os
programas da tv, jornais e revistas, arrebentando com música tema de novela.
Lia Sophia teve a sorte de botar, também, sua “Ai Menina”, que é uma delícia.
Tomara que a Gang do Eletro se dê bem. Felipe Cordeiro também havia sido visto.
Mas pergunto se, fora Gaby, alguém segura Teatro da Paz, quase mil lugares,
três dias seguidos. Será que todos do Terruá aguentariam? Afinal, os ingressos
foram de graça.
Assim é que é bom! De graça, até injeção na testa.
O jornalista Leonardo, de O Globo, a convite do Terruá, esteve em Belém e
corretamente, além de presenciar o espetáculo, aproveitou para entrevistar com
outros artistas locais. Muito bom.
A REALIDADE
É verdade que declarei que a realidade da Cultura,
aqui, não é a do Terruá. Quando acaba a festa e voltam para casa, vem a segunda
feira e os artistas se perguntam o que farão em seguida. A nossa realidade é o
excelente cantor Arthur Nogueira se mudando para o Rio, onde tentará a
carreira. É a ótima Jeanne Darwich, que acaba de voltar do sul onde foi
entrevistada em rádios, apresentou-se na Fnac e outros lugares, anunciar que
estará cantando no “palco móvel” da Estação das Docas, local mais que
humilhante para um artista com obra, com discos gravados, ali funcionando como
fundo musical, cantando Djavan e “parabéns pra você” para algum frequentador
dos restaurantes, ou na Praça de alimentação do Shopping Castanheira. Essa é a
realidade. Todo o dinheiro e energia envolvido no Terruá, toda a alegria das
esfuziantes estagiárias, cruzando daqui pra lá com suas pranchetas, toda a
certeza de estar fazendo a coisa certa, tudo isso deveria ser dirigido à
estruturação de um mercado, aí sim, com a Secretaria de Comunicação agindo
através da Funtelpa e adiante, reunindo os mais destacados, de alguma maneira
correta escolhidos, para sair em busca de outras áreas, levando cada vez mais
longe o nome do Pará. Mas isso demanda tempo, trabalho, conhecimento e a
ansiedade de fazer o gol, correr para o abraço, com a certeza de realizar um
grande momento, não pode esperar.
A querida colega Márcia Carvalho disse que os que
não gostaram do Terruá deviam ser ruins da cabeça ou doentes do pé. Sou um
desses.
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