terça-feira, dezembro 21, 2010

Tecnomelody na Festa de Posse de Dilma

Há tempos que o Pará já deveria ser visualizado no restante do Brasil e no exterior por conta de sua diversidade cultural, potencial turístico e principalmente pela força de nossos costumes, musicalidade, cinema, artes plásticas, cênicas e tantas outras expressões e linguagens artísticas, que só são mantidas e rejuvenescidas pela resistência de grupos e indivíduos que chamam a atenção dos meios de comunicação e se afirmam como indústria cultural por sua grande dedicação e força própria.

Gaby a Diva do Tecnolomelody.

Da periferia de Belém, o Tecnobrega invadiu boates da high-society belenense e palcos de várias capitais do Brasil, tendo para isso que fazer “barulho” e impor com seu brilho próprio, com suas mais diversas manifestações entre elas  suas roupas exuberantes, letras sensuais e principalmente nas festas que arrastam multidões, com enormes aparelhagens de som, todo o santo dia pela capital do Pará, sem falar na chapante hegemonia nas rádios de todo o Estado.

Toda essa força que ignora, mas não é ignorada pelo olhar preconceituoso de uma decadente elite intelectual, começa a reverberar para além do Pará e mesmo sem contar com uma política cultural, nem se quer ajuda dos gestores culturais da casa, que ainda a observam como o axé e o funk paraense, ambos também discriminados na Bahia e Rio de Janeiro, respectivamente, são sistematicamente acusados de serem piegas, em sua composição e mensagens e pobre em musicalidade, bastando-se de equipamentos eletrônicos.

O Tecnobrega assim como o Axé e o Funk representam o que podemos chamar de Fenômeno Cultural de Massas e ponto final? Não!

Há muito debate que precisa ser feito, pois a ciência política e o vanguardismo acadêmico ainda não dão conta de revelar com precisão, as causas e efeitos de tamanha absorção das letras e dos ritmos que adentram nas cabeças e corpos que curtem a nova onda, balançando com suas batidas eletrônicas e melodias românticas.

O Filme Brega S/A dos cineastas Gustavo Godinho e Vladimir Cunha, rrevela o submundo do mercado informal com o contrabando e a força do comércio ilegal, que possibilitaram a submersão do Tecnobrega e do Tecnomelody, promovendo dialéticamente a democratização do consumo de obras audiovisuais através da pirataria dos DVD´s e CD´s de vários artistas paraenses, que tem os camelôs como seus principais aliados na divulgação de suas músicas. 

Gaby no programa Altas Horas (Globo) de Serginho Groisman, quando pôs todos os presentes para dançar, inclusive o apresentador.

Considerada como a diva do Tecnobrega, Gaby Amarantos, fundadora da Banda Tecnomelody é uma jovem nascida na periferia de Belém, que com sua banda obteve seu primeiro apoio financeiro do Banco do Povo, durante a gestão petista na capital do Pará, o que possibilitou a compra dos primeiros equipamentos da jovem artista. Sua carreira já acumula participação em programas nacionais das emissoras de rádio e TV e agora através de convite da assessoria da presidenta eleita Dilma Rousseff fará parte da festa de sua posse, no dia 1º de Janeiro em Brasília-DF.

Da minha parte, avalio que poderíamos ter grupos de Carimbó, Marujada, Pássaros, Bois-bumbás, Bicharada e tantas outras manifestações locais representando nossa cultura popular neste evento que será noticiado para o mundo inteiro, mas observo que a nova geração do brega, cativa, “arrasta povão” como dizem e encanta as massas de forma mais visceral, todos aqueles que o conhecem.

A motivação desta postagem foi uma pequena, mas contundente frase escrita por um dos principais diretores da Secretaria de Cultura do Pará, que através de um diálogo sobre a participação de Gaby Amarantos na festa de Dilma, com outras pessoas pelo Facebook, afirmou não gostar do ritmo. 

Ora, dizer simplesmente que não gosta disso ou daquilo não dá o direito a ninguém de reprovar ou descartar a importância cultural de uma expressão/linguagem artística, nem tão pouco ignorar sua afirmação cultural, principalmente quando se é gestor público estadual, como é o caso do Sr. Carlos Henrique.

Comentários desse tipo propagam práticas discriminatórias além de semear preconceitos e ajudar com que o ritmo ganhe cada vez mais adversários, como a advogada paraense Rejane Bastos, que sob o argumento de combater a poluição sonora promovida pelas festas de aparelhagem, incentiva um embate contra a cultura do brega em Belém. O ápice de sua investida contra o ritmo, aconteceu em maio deste ano, quando ao saber da tramitação do projeto de lei que visa transformar o Brega como Patrimônio Cultural Paraense estava em votação na Assembléia Legislativa do Pará, publicou na imprensa uma carta onde considerava “...um desrespeito ao povo paraense, em geral, ter sua imagem associada ao Tecnobrega, ritmo tão ruim quanto o funk e o axé".

Irei para a posse da nova presidenta e de onde estiver não esconderei o orgulho de ver no palco da apoteose do brega com nossa Gaby e seus dançarinos, ensurdecendo os ouvidos de todos que alí estiverem assistindo seu show.

6 comentários:

  1. Queris estar lá na posse... Mas antes de tudo, achei muito legal Gaby na posse. É tudo isso mesmo, é hora de quebrar o preconceito com o brega.


    http://quemgostadebregasoueu.blogspot.com/

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  2. Parabéns pelo texto. Gaby defente do tecnobrega enfrentando tudo e a todos com muita coragem. Só uma correção, a @GabyAmarantos fundou a Banda Tecno Show e não banda tecnomelody. Também ajudei muito o ritmo com o nosso site http://www.bregapop.com

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  3. Gaby Amarantos na posse da Dilma, eu vou!
    Urrú!

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  4. Prezado amigo Diógenes, amigos.
    Entendendo que foste tu, Diógenes, quem escreveu este artigo eu me manifesto:por um lado , se eu não estiver errado, sabendo da carência de ver os valores locais serem reconhecidos pela M.I (sigla da mídia Ignorante comandada pela rede Globo e suas imitadoras) e da fragilização que ocorre por causa disto, o que pode estar acontecendo contigo, eu até poderia amenizar o meu comentário.Sei muito bem do que estou falando pois sou um Maranhense, radicado em S.Paulo e presenciei, por muitas vezes a supremacia desta M.I. , DIABÓLICA que cria Fantasias e Ilusões nas cabeças feitas pela lavagem cerebral, advindas de jabás e outros mecanismos de Imbecilização...! Tudo o que sai do eixo Rio-S.Paulo é MAXIMIZADO em detrimento do Artista local e isto não ocorre só no Pará, mas em todo o Brasil, é uma questão cultural, uma colonização, digamos assim, uma Ignorância aceite!
    Fico triste que alguém que é de uma Pátria tão Rica de Valores Artísticos, como o Pará ainda se regogize, que ainda dê valor para um "sucesso" de algo que irá envergonhar esse Povo tão Belo!
    Poderia citar tantos amigos daí que fazem até a mim que não sou Paraense, sentir Orgulho, pelo Nível, pela Qualidade de seus Trabalhos!
    Prezado amigo Diógenes, numa época em que o Povo está começando a despertar de sua Letargia, onde a Globo está perdendo 40 % de audiência, onde o Governo está criando um marco regulatório na imprensa, como um todo, cuja vitória contra os lobbys criados pelos poderosos que fomentam a M.I irá criar espaços pra esses Artistas Paraenses poderem se mostrar, com a queda das Majores, é lamentável que tu venhas com apologia a Tecnobrega! Tecnobrega, é isso mesmo? Paciência, amigo Diógenes, Paciência! Tu falaste em importância cultural?Tecnobrega representando o Pará? Acho que estás brincando!
    Não conheço a posição, a manifestação completa do Secretário de Cultura do Pará, mas se foi a relatada por ti eu acho que ele foi muito mole, deveria ser mais contundente!
    Amigo Diógenes, faz uma reflexão sobre o que comentei, pega um toca Cds e ouve mais umas vezes os Trabalhos Belos que existem, daí, e não te preocupes com a quantidade, com o alcance de espaço dos teus compatriotas, sendo eles medíocres como os que fazem o Tecnobrega que correm atrás de um "sucesso" falso e ilusório projetando o que vocês tem de pior em suas raízes(aliás nem é de vocês).O que fica pra história são os Valores Reais com base na QUALIDADE , como um Waldemar Henrique, por exemplo!
    Te deixo a vontade para o contraditório, caso aches necessário e a minha manifestação é em nome do Belo, da Criatividade, da Justiça, esperando que entendas dessa forma.
    Abraços e felicidades!
    Ubiratan Sousa.

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  5. DJ jimy arrepia, não conheço o cara que "comentários" a respeito de nossa musicalidade paraense, e de nossa Gaby. Acredito pelo que li, só Hitler se achava o tal. Esse cara pelo seu argumento é discriminador, não sabe o que é música, dança e muito menos cultura, parece um etnocentrico.
    Abraços
    Ariosvaldo

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  6. Jimy,

    Quem é esse que não "tolera" nossas manifestações culturais, o tecno.
    O que ele entende por cultura, por gente, por musica enfim de que lado ele está.
    Abraços
    Ariosvaldo

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