segunda-feira, junho 20, 2011

Governo Jatene é campeão em Mortes no Campo



No início do sexto mês, do segundo mandato do atual governador do Pará, Simão Jatene, depois do quarto assassinato de lideranças de trabalhadores rurais - o que obrigou inclusive o governo federal a enviar Ministros e tropas federais para intervir no Estado, afim de restabelecer a normalidade e solucionar os crimes que voltaram à ceifar vidas no campo - o PT-PA resolveu tomar uma medida para lembrar o modo tucano de governar e produziu um vídeo que foi exibido no horário de propaganda eleitoral gratuita, semana passada.

No enredo, as manchas de sangue escorrendo pela tela em referência simbólica ao que foi derramado em 17/04/1996, na chacina dos 19 trabalhadores rurais sem-terra, em Eldorado dos Carajás, no covarde assassinato de Irmã Dorothy em 12/02/2005, em Anapú e recentemente de José Cláudio e Maria do Espirito Santo em Nova Ipixuna do Pará, até agora impune, são o motivo da interrogação feita no final do vídeo que foi ao ar e gerou tanta indignação: coincidência ou insegurança?

Ao lembrar aos paraenses, das mortes emblemáticas de lideranças locais, decorrentes dos conflitos agrários ocorridos nos governos do PSDB. O PT incomodou os porta-vozes do tucanato, alojados em alguns veículos de comunicação que resolveram manifestar seu apoio da pior forma possível: Comparando e manipulando dados dos governos do PSDB como os do PT e pra isso, lançaram mão de informações truncadas dos dados sobre a violência no campo e as questões que envolvem o delicado tema da reforma agrária na Amazônia.

Não é nenhuma novidade que o PSDB, DEM e outros partidos reacionários, muitas vezes tem parte de suas campanhas eleitorais, financiadas com dinheiro de fazendeiros e empresários de diversas atividades econômicas, como o agronegócio e a exploração de madeira no Pará.

Os movimentos sociais por sua vez, clamam legitimamente por paz no campo, mas como diz a música de Marcelo Yuka, gravada pelo Rappa: “Paz sem voz não é paz é medo”. Por isso, as entidades e os movimentos sociais organizados e atuantes na luta pela reforma agrária no país, tem motivos de sobra para denunciar a violência histórica do Estado Brasileiro que durante as últimas décadas foi omisso e colaborou para os conflitos existentes nos quatro cantos do país, que só a partir do governo Lula em 2004 é que foram sendo combatidos e reduzidos, diante de uma política de inclusão social, paulatina reinserção do homem do campo em lotes regularizados e o forte investimento na agricultura familiar, para citar apenas algumas das mais importantes iniciativas do governo federal.

É necessário que as pessoas tenham a informação correta sobre os números reais disponibilizados pela Ouvidoria Agrária Nacional,entre os anos de 2003 à 2010.Em 2009, por exemplo, apenas uma pessoa morreu em decorrência de conflito agrário no Pará, isso durante o ano inteiro, enquanto que em 2003 foram 19.

Levando em consideração os dois últimos governos do PSDB de Jatene (2003/2007) e do PT de Ana Júlia (2007/2010) a diferença é grande.


Os dados da Ouvidoria Agrária Nacional* dizem que em 2004, ocorreram 09 mortes no campo, que a polícia civil ainda estava investigando as causas e em 2005 eram 11 as mortes sem investigação, ou seja, houveram durante o 1° governo de Simão Jatene mais 20 mortes de trabalhadores rurais que por não terem as investigações concluídas, sabe-se lá porque, não entraram nas estatísticas e este elevado número acabou não sendo contabilizado.
 


Por fim, considero que não há nada do que comemorar, pois mortes por conflitos agrários, num país com tanta terra e desigualdades sociais como o Brasil, nenhuma comparação entre gestões é boa e cada vida perdida é uma tragédia para as famílias, os movimentos sociais e a sociedade em geral, mas os dados não mentem e nossos esforços e a determinação política de enfrentar o problema de forma rápida, justa e legal, reduziram pela metade o índice de crimes contra aqueles que lutam por melhores condições de vida e pela defesa da floresta e seu uso sustentável, tendo que para isso enfrentar o poder e a ganância do latifúndio criminoso existente em nosso Estado, na Amazônia e no Brasil como um todo.
* A missão da Ouvidoria Agrária Nacional (OAN) é garantir os direitos humanos e sociais do homem no campo. Instituída pelo Decreto Federal 7.255, que trata da estrutura organizacional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Ouvidoria Agrária Nacional foi criada, nos termos do disposto no artigo 2º do anexo I, com o objetivo de prevenir e mediar os conflitos agrários na zona rural. Suas ações são desempenhadas de forma articulada com órgãos governamentais e não-governamentais, por meio de parcerias firmadas em todo o País e que resultaram na estruturação da rede de órgãos especializados em questões agrárias. A atuação tem por finalidade garantir os direitos humanos e sociais das pessoas envolvidas em conflitos agrários no campo.

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