Por Vito Giannotti, no jornal Brasil de Fato:
Hoje, ao falar em comunicação dos trabalhadores, logo aparece a pergunta
sobre o papel das redes sociais. Duas posições se confrontam como sendo
contrárias e excludentes. Uns desvalorizam a tradicional comunicação do
tio Gutemberg: livro, jornal, revista, cartilha e por aí vai e afirmam
que a onda é redes sociais: twitter, facebook, blog e os cambaus. A
incompreensão entre os dois blocos aumenta e os trabalhadores ficam a
ver navios. A antiga disputa de hegemonia continua a ser ganha pelos
inimigos do povo e nossa comunicação, a da classe trabalhadora, não
flui.
A discussão é truncada, pois esconde o fato que o nosso lado ainda está
longe de estar à altura da comunicação dos nossos inimigos de classe.
Ainda não chegamos à era do jornal. Se em 1990 havia no país seis
jornais sindicais diários, hoje só temos dois. O mesmo ou pior acontece
com o uso da mídia eletrônica. Muitos sindicatos e movimentos sociais
ainda estão na época da onça. Contentam-se com a tal home page, parada,
velha, desatualizada e feia que dói.
Sim, claro vamos invadir o twitter, o facebook, criar mil blogs, mas sem
ilusões. Sem esquecer que a burguesia usa todos os instrumentos da
mídia: do jornal ao blog. Os trabalhadores do Brasil ainda estão
esperando inutilmente um jornal diário de esquerda. Só temos um semanal
vendido em bancas, este Brasil de Fato. É muito pouco! E rádio, quantos
sindicatos e movimentos sociais o usam? Há várias rádios comunitárias
prontas para irradiar um programa de movimentos de trabalhadores. Não
usamos essa ferramenta por quê? E a TV Comunitária, embora de alcance
limitadíssimo, quem participa dela?
Nos últimos cinco ou seis anos apareceu um mar de possibilidades de usar
o mundo da comunicação eletrônica: orkut, twitter, facebook, blogs etc.
São ferramentas jovens, vivas, dinâmicas. Mas não são milagrosas. Se
queremos disputar a hegemonia com a outra classe é preciso construir o
“convencimento”, diria Gramsci. E convencimento é via comunicação. Toda.
Todos os meios. Não ou isso ou aquilo, mas isso mais aquilo.
É sonhar com dois, três, quatro jornais diários, usar todas as rádios
comunitárias possíveis, exigir via grandes mobilizações de massa que se
mude toda a legislação das comunicações de hoje que só serve ao capital.
E ao mesmo tempo investir no facebook, youtube, e em toda rede social
disponível. E assim, com o “convencimento” de milhões, caminhar para
construir a outra perna da hegemonia que podemos chamar de “força
organizada”.