sexta-feira, maio 12, 2017

Silvinho Santos: Mais um defensor do Impeachment é preso por corrupção

Menos de um ano depois de bradar contra a corrupção, Silvinho Santos é preso pela segunda vez por extorsão.

Por Diógenes Brandão


"A chuva de hoje foi a lágrima do povo que chorou com a sua alma decepcionado com a roubalheira do PT e PMDB, FORA DILMA, FORA BARBALHOS, FORA POLÍTICOS CORRUPTOS DO INFERNO". Silvinho Santos, em sua página no Facebook, no dia 15 de Março de 2015, quando participou de uma entre as diversas manifestações pró-impeachment da presidente Dilma Roussef, realizadas em Belém do Pará. 

Aliado e defensor do governador, o radialista Silvinho Santos está preso desde a semana passada no quartel do Corpo de Bombeiros do Pará, onde conta com regalias especiais. Filho do governador Simão Jatene já ficou preso no mesmo local.

Pelas redes sociais, internautas se perguntam qual o motivo de haver um tratamento diferenciado aos presos que são ligados ao poder local.

Fique a matéria de Carolina Menezes, no jornal Diário do Pará, com o título Radialista Silvinho Santos é preso por extorsão.


Condenado pelo crime de extorsão, o radialista Silvio Carlos Baia Santos, o Silvinho Santos, está preso desde sexta-feira (5) no Quartel do Corpo de Bombeiros, em Belém. A sua prisão foi confirmada, na tarde de ontem, pela assessoria de comunicação social do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe). Segundo a assessoria, Silvinho se apresentou espontaneamente após trânsito em julgado do recurso que manteve a sentença condenatória de 5 anos e 4 meses no regime semiaberto, pelo crime de extorsão. 

Silvinho Santos é filho do ex-governador do Pará, Carlos Santos e desempenha a função de diretor na rádio Mix FM Belém e no Sistema Marajoara de Comunicação, veículos que são da família do radialista. No início de fevereiro deste ano, o juiz titular da 4ª Vara Penal do Juízo Singular da Capital, Altemar da Silva Paes, determinou a prisão do radialista, por tentar extorquir um empresário de Belém. O mandado de prisão é decorrente de uma sentença penal condenatória já transitada em julgado. 

“Inequivocamente, ficou comprovada a prática de extorsão, uma das expressões de criminalidade violenta das mais inquietantes e perturbadoras da ordem pública. A culpabilidade do acusado é patente, sendo demonstrada por todas as peças constantes dos autos, ressaltando-se o plano minuciosamente elaborado pelo acusado e seus comparsas”, relatou o juiz, em sua sentença. “A culpabilidade do réu restou evidenciada, eis que tinha consciência da ilegalidade praticada”, diz o magistrado em outro trecho. 

QUARTEL

De acordo com o advogado criminalista Antônio Graim Neto, 28, não há justificativa para a permanência de Silvinho no quartel por tanto tempo. Ele se entregou na sexta-feira (5) e, até ontem, permanecia no mesmo local. “Acredito que possa haver algum trâmite para requerer a vaga dele na Colônia Agrícola Heleno Fragoso, mas não demora tanto”, explica. Ele afirma ainda que, para outros presos na mesma situação, quando há necessidade de espera, ocorre no Centro de Triagem da Susipe. “O Estado vai precisar explicar o porquê disso”, diz. Ele lembra ainda que benefícios como cela especial para quem tem ensino superior só valem para presos provisórios. Não é o caso de Silvinho, que já foi condenado pela Justiça e o processo já transitou em julgado.

Beto Jatene no dia de sua prisão (Foto: Frame/RBATV)

Filho do governador Jatene já ficou preso no mesmo local

Alberto Jatene, filho do governador Simão Jatene (PSDB-PA), foi detido no dia 16 de dezembro de 2016, na Operação Timóteo, da Polícia Federal (PF), que investiga irregularidades nas cobranças judiciais de royalties da exploração mineral.

Foi liberado 2 dias depois. “Beto” ficou numa cela individual no quartel do Corpo de Bombeiros de Belém, com direito a micro-ondas, televisão e ar-condicionado. Além disso, recebeu visitas do pai em horários fora do padrão do sistema penitenciário do Estado, que vai das 8 às 18h.

Entenda o caso

- Silvinho Santos foi denunciado em maio de 2014 pelo Ministério Público do Estado (MPE). 

- Segundo a denúncia, em 2003, um empresário virou vítima do locutor e foi alvo de calúnias, que atingiram também sua família. 

- Um ano depois, o denunciante recebeu um telefonema de um desconhecido, que determinava que a vítima conseguisse R$ 50 mil para que as seguidas difamações de Silvinho chegassem ao fim. Logo depois, outra pessoa insistia em tirar do empresário os R$ 50 mil. As ligações eram do radialista Francisco Carlos Magno, que também trabalhava na rádio Marajoara, e era assessor do terceiro denunciado, Silvinho Santos.

- Segundo a acusação, dias depois Magno ligou para o empresário, baixando o valor para R$ 30 mil e disse que aceitaria um cheque de R$ 26 mil e o restante em dinheiro. 

- A vítima concordou e eles marcaram um lugar para fazer o pagamento, que ocorreu em um posto de combustível no bairro do Marco, no dia 2 de fevereiro de 2004. 

- A vítima acionou a Polícia Civil, que fez o flagrante da extorsão. Os acusados estavam no interior de um carro. Quando Carlos Magno pôs as mãos no cheque, os policiais deram voz de prisão a ele e a outras duas pessoas. Mércias dos Santos, Carlos Magno e Silvinho Santos foram presos em flagrante.

- Nada foi provado contra Mércias. Já Magno e Silvinho não conseguiram convencer o juiz de suas inocências.



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