segunda-feira, agosto 05, 2019

Partidos satélites, especulações e o jornalismo no Pará



Por Diógenes Brandão

O PMDB, que mudou de nome - adotando a sigla MDB depois dos inúmeros escândalos de corrupção, em que seus dirigentes e parlamentares sempre estiveram envolvidos diretamente e em grande número - tem no Pará diversos partidos que lhe servem como satélites. 

É o caso do PHS, dirigido por cerca de 09 anos, pelo ex-vereador e hoje deputado estadual Igor Normando, primo de Helder Barbalho, que antes de ser eleito governador, sucedeu o pai, Jader Barbalho e assumiu a presidência estadual do partido. Antes de ser esvaziado, pois não atingiu a cláusula de barreira, o PHS foi bastante usado em várias estratégias eleitorais e como linha auxiliar dos interesses da família barbalho, que no comando do MDB, dirigia o partido no Pará.

Temos também o exemplo de Mário Couto, que passou muitos anos no PSDB e tinha esposa e o filho no comando do PRTB, mas preferiu aceitar o convite e ingressar no PP, onde segundo ele, foi apunhalado pelos irmãos Beto e João Salame, quem acusou de terem fraudado a ata de homologação da sua chapa partidária, nas vésperas das eleições de 2018. 

A medida inviabilizou a candidatura de Mário Couto ao senado, em plena campanha, beneficiando os candidatos Jader Barbalho (MDB) e Zequinha Marinho (PSC), que acabaram eleitos ao Senado. 

Detalhe: Mário Couto liderava as pesquisas, em empate técnico com Jader Barbalho. O processo em que pede a anulação dos votos recebidos pelos dois concorrentes, tramita na Justiça Eleitoral em Brasília e um laudo da Polícia Federal provou que Mário Couto foi prejudicado pela fraude comprovada do documento (ata) apresentada pelos dirigentes do PP. 

Outro que age de forma semelhante é o deputado federal Delegado Eder Mauro (PSD) que colocou o filho, Hugo Rogério para presidir o PSL no Pará e de um mero desconhecido, até o começo deste ano, tornou-se o Secretário de Direitos Humanos no governo de Helder Barbalho. Logo ele, que tem o pai como membro da bancada da bala no Congresso.  

Como se vê, o imbróglio decorrente de uma especulação considerada como Fake News, sobre a saída de Celso Sabino do PSDB para o Solidariedade, pelo fato de ter seu chefe de gabinete na presidência do partido, não pode servir para confirmar nada, a não ser que esse tipo de relação política é comum no meio partidário e não significa que alguém tenha que sair de um partido, para ter influência em outros.   


Como se viu nos exemplos citados, ninguém precisou sair do seu partido para interferir em outro.  

Por que Celso Sabino sairia, como especulou-se em blogs e sites de notícias locais,  sem se darem ao trabalho de consultar o citado sobre essa possibilidade, como manda as regras do jornalismo?  

E se todos estes que possuem um pé lá e outro cá, em partidos distintos, resolverem sair nas vésperas do prazo para mudança de partido, seis meses antes das eleições municipais de 2020 para disputarem prefeituras pelo Pará? 

Será alguma surpresa? 

Afinal a lei não garante essa possibilidade?

O que o jornalismo paraense não pode adotar é a doutrina da especulação e do exercício ilegal da futurologia, sem antes fazer a devida consulta aos prováveis candidatos e players, pois isso abre espaços para inúmeras inferências e mentiras, que hoje correm soltas nas redes sociais, blogs e portais de notícias, muitos destes levados por interesses inconfessáveis, ou por alinhamento político com esse ou aquele grupo partidário,  atuam com a finalidade de confundir, ao invés de informar a sociedade, os leitores e eleitores.

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