Por Diógenes Brandão
Digamos que em um exercício futurista, um eleitor de Belém tente prever a noite do próximo domingo, 29, quando por volta das 19:30h, já devemos ter o resultado das eleições e a consagração do prefeito eleito na capital paraense. Imaginemos então como estarão os candidatos - o vencedor e o derrotado.
Se o vitorioso for Edmilson, Eguchi e seus aliados terão muito a avaliar. Uma das dúvidas que deverão ser consideradas é se foi bom ter recebido o apoio do prefeito Zenaldo Coutinho, do vereador Mauro Freitas e de tantos outros tucanos, depois do candidato do Patriota fazer uma campanha que tentou se espelhar no purismo dos outsiders e assim negar a chamada "velha política".
Ademais, restarão dúvidas para sanar em relação às declarações polêmicas sobre cobrança de pedágio, a preferência por empresários, em detrimento dos trabalhadores e diversas outras falas que foram amplamente exploradas por seus adversários, como aquela onde ele aparece chamando de vagabundos aqueles que recebem auxílios do governo.
Agora, se Eguchi estiver certo de que já está, e, realmente, for eleito, a esquerda paraense e parte da direita que o apoiou, sobretudo da que está na base de Helder Barbalho, terão muito a se explicar e entender, haja vista que o governador criou problemas até com seus aliados - como no PROS e entre evangélicos - para tentar ajudar Edmilson ampliar o seu leque de apoio. Helder precisará de todos eles para arriscar a reeleição, caso não seja afastado do cargo e quem sabe até preso, antes de 2022.
No intuito de não deixar Thiago Araújo ir para o 2° turno, a família Barbalho ajudou Eguchi com as pesquisas encomendas, que colocavam Priante em segundo lugar. O temor de sua vitória, por parte do eleitor, acabou trapalhando o primo.
Para piorar, deixou Edmilson, que tem o vice indicado pelo PT, partido da sua base aliada, com grandes possibilidades ter sua terceira derrota consecutiva e assim ganhar o direito de pedir música no fantástico e desistir de retornar à prefeitura.
Isso obrigaria os velhacos da esquerda começarem a pensar em novos nomes, como os das vereadores eleitas no primeiro turno, tanto no PSOL, quanto no PT.
Além disso, uma derrota do Edmilson fará o PSOL repensar a postura política de se omitir em grandes temas em relação ao governo do Estado, pois para sua sobrevivência, deverá passar a responder porque não critica e enfrenta o governo de Helder Barbalho.
Tal mudança será fundamental para ocupar o lugar que o PT deixou, ao aceitar alguns cargos e se calar diante tantas atrocidades contra servidores públicos e os negros e pobres que são jogados diariamente no sistema penal, que a OAB-PA chamou de fascista.
Sabendo disso e pensando na contagem regressiva para 2022, onde Edmilson terá que lutar por sua reeleição como deputado, não há outra saída para o PSOL, se não romper o acordo velado que tem com a família barbalho e enfrentar os grandes debates sobre políticas públicas que Helder insiste em deixar nas mãos de evangélicos, policiais e outros segmentos que a esquerda considera conservadores e reacionários.
Mas com a derrota de Edmilson, um dos primeiros questionamentos que a militância e dirigentes minoritários do PSOL farão entre si é se o erro principal da cúpula partidária foi ter aceitado a imposição do PT, de indicar o vice de Edmilson para poder se coligar e, assim, entrar na negociação com o tempo na rádio e sobretudo na TV, que o PSOL não tinha o suficiente para a propaganda eleitoral e que toda equipe de marketing considera vital para a disputa dos votos das massas.
Setores do PSOL lembrarão que a cúpula do partido não aceitou realizar um processo de consulta democrática e acabou aceitando fechar acordo com os caciques do PT, principalmente com Beto Faro, que já foi até preso, acusado por desvios e grilagem de terras no INCRA, e hoje é deputado federal e presidente do partido no Pará.
Esses psolistas se perguntarão entre quatro paredes, ou talvez haja quem tenha coragem de usar as redes sociais, para debater, se não foi um erro aceitar o vice do PT, na chapa de Edmilson - já que as pesquisas indicavam a forte rejeição ao partido e que por isso, desde que surgiu, o PSOL em Belém sempre se recusou a compor alianças com o PT, do qual boa parte deles já haviam deixado, com fortes críticas às alianças com partidos do centro e até da direita, assim como diversas denúncias de corrupção e até de desvios ideológicos.
Bom, não será fácil pra nenhum dos dois candidatos, mas ambos têm seus salários "razoáveis" e não passarão dificuldades, diferente de muitos que levantaram suas bandeiras nos semáforos e esquina de Belém
No entanto, a partir de janeiro de 2021, um novo recorte político estará se formatando nas entranhas do poder e, mesmo sabendo que não teremos as principais promessas de campanha realizadas logo nos primeiros meses, certamente veremos um novo comportamento na Câmara Municipal de Belém e em alguns sindicatos, que deverão ou apoiar o novo gestor ou pressioná-lo através de postagens nas redes sociais, já que poucas manifestações hoje em dia são vistas nas ruas, desses que já foram bem mais atuantes, do que agora.
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