Lideranças do Movimento GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais) entregarão amanhã, dia 15, as 10h00, na Câmara Municipal de Belém, um manifesto repudiando a atitude dos vereadores Paulo Queiroz (PSDB), Paulo Mardock (PMDB) e Raul Batista (PRB) da bancada evangélica que usaram termos homofóbicos durante sessão da câmara que aprovou por 12 votos a 7 uma sessão especial pelo Dia Municipal do Orgulho e da Consciência Gay.
De acordo com Roberto Paes, coordenador do Movimento GLBT, a comunidade homossexual exige retratação pelo discurso dos vereadores que utilizaram termos preconceituosos. "As entidades do movimento GLBT do Pará consideram inaceitável a postura dos vereadores e pretendem tomar uma série de medidas denunciando a homofobia e pedindo providências aos órgãos competentes. Para o movimento, a atitude foi extremamente preconceituosa, divulgando conceitos arcaicos, que incitam à discriminação. A homossexualidade não é distúrbio nem doença, segundo a Organização Mundial de Saúde e o Conselho Federal de Psicologia. Além disso, a Constituição Brasileira proíbe qualquer tipo de discriminação", explicou Roberto.
O Dia Municipal de Orgulho e da Consciência Gay foi criado pela Câmara Municipal de Belém e sancionado pelo então prefeito Edmilson Rodrigues em 1998.
Este ano, a sessão na Câmara que celebra a data será realizada no dia 26 de junho, a partir das 9 horas.
Polêmica
O fato que gerou polêmica ocorreu durante a sessão desta segunda-feira, 12, quando, apesar de aprovada a proposta do presidente da Casa, vereador Zeca Pirão (PP), de uma sessão especial pelo Dia Municipal de Orgulho e da Consciência Gay, recebeu muitas críticas da bancada evangélica.
O primeiro a falar de forma homofóbica foi o vereador Everaldo Moreira (PRTB). O parlamentar disse que votaria em favor da sessão, mas pediu que o autor retirasse do título da sessão a palavra orgulho alegado que "nenhum pai e nenhuma mãe tem orgulho de ter um filho gay", justificou.
O vereador Paulo Queiroz (PSDB) declarou que "Deus não criou o terceiro sexo (...) não se trata de discriminação, mas não façamos apologia desse tipo de comportamento nocivo à família", defendeu.
Paulo Mardock (PMDB) citou um trecho da Bíblia que, segundo ele, diz que "ficarão de fora os afeminados" e afirmou que não poderia contrariar a palavra de Deus. "Deus ama o efeminado, mas não ama o pecado e a promiscuidade que há nele", disse.
Estado Laico
De acordo com Roberto Paes o Movimento GLBT defende a existência de um Estado Laico onde as convicções religiosas devem ser encaradas como de caráter pessoal, de foro íntimo, e não podem influenciar na elaboração de políticas de governo, muito menos servir de anteparo para discriminar quem quer que seja. "O espaço público pertence a todos. Nenhum cidadão ou grupo de cidadãos deve impor as suas convicções aos outros. Garantir o Estado Laico não significa dizer que somos contra as religiões - que devem ter garantidos seus espaços de expressão. O que o Estado Laico deve se opor é quando as religiões preconizam discriminação ou tentam apropriar-se da totalidade ou de uma parte do espaço público, por isso vamos atrás dos nossos direitos exigir que os vereadores se retratem.
Voto Gay
Segundo Marcelo Carvalho, coordenador de comunicação do Movimento GLBT, este ano a Parada do Orgulho GLBT que correrá em agosto, terá como tema o voto. "Foi ótimo esse fato ter ocorrido agora pois durante o nosso evento que comporta mais de 400 mil pessoas iremos denunciar qualquer parlamentar que haja de forma homofóbica, vamos citar os nomes dos preconceituosos", denunciou.
Ainda de acordo com Marcelo Carvalho, na sexta-feira, dia 16 o movimento GLBT realizará, na Casa da Linguagem, uma programação em homenagem ao Dia Mundial de Luta contra Homofobia. "Estaremos reunidos e com certeza vamos rechaçar atitudes como estas dos vereadores homofóbicos e preconceituosos que querem impor sua opinião e ir contra nossa luta por respeito", afirmou.
Fonte: ASCOM - Assessoria de Comunicação do Movimento GLBT do Pará.
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