... os índios meteram o facão outra vez na cara do homem branco, isso aconteceu no coração da amazônia, esse lugar sobre o qual muito se fala mas do qual pouco se conhece, os índios repetiram uma velha cena, disseram os mídias, através de seus (algozes) defensores, que consideraram um insulto tamanha demonstração de agressividade, ou incivilidade, sob signo linguístico branco, mas, tudo isto, visto pela tv, dos gabinetes com ar condicionado, de onde nascem, enquadrados, estes planos faraônicos amazônicos, estas ideias desenvolvimentistas de levar o progresso ao pulmão do mundo imundo, que, ao meu ver, já não mais merece sequer respirar, tamanho o sufoco que este pseudo mundo impõe ao índio e ao homem da floresta, que , há muito, deixaram de ser românticos, míticos, pois que são reais, na sua vivência, por enre fendas abertas pelos rios, igarapés, canais, ramais, igapós, mangues, índios e homens ribeirinhos sem condições mínimas de vida, com a sua fome, a enfrentar, com os seus facões, os perigos brancos, as suas doenças e as suas indiferenças, e isto com uma força secular, já que éramos tantos inquantificáveis índios (sem que nenhum censo ao certo tenha sido feito), quando hoje já são poucos, como poucas são as suas etnias e as suas línguas, o que só revela um genocídio silencioso e vergohoso contra estes povos, que, afinal de contas, são os nossos antepassados originais, são o que ainda resiste de guerreiro nesta selva midática e midiótica, em que os falares sobrepõem-se apenas do lugar institucional das vozes burgueses, e do capital, que não se coloca limite para destruir o que o ser humano tem de essencial, que é a sua vida, na sua pleniude, daí eu achar que os índios, com os seus facões, apenas dançaram a histórica dança da guerra, apenas ritualizaram a sua revolta contra este estado que só enxerga através do quadrado da tv, por onde emanam as odens palacianas e por onde os seus cúmplices-capachos vêem e enxergam a própria terra em que nasceram, como se nela não tivessem nascido, pois que a negaram desde o útero materno, colonizados na sua cultura, incapazes de romper com este hibridismo dominador branco, com esta cegueira, os índios, com os seus facões, enviam-nos sinais de que nem tudo está perdido na floresta, que ela ainda sobrevive, que ela, e só ela, é majestosa, pois que nos ensina com a sua dora, pois que reage, sempre, que não vai, jamais, se deixar devassar, finalmente, eu sei o quanto isto é difícil aos homens brancos, sei o quanto é insuportável para os acadêmicos, para estes elitizados que são meros reprodutores das formas através das quais eles próprios são dominados, sei que é quase impossível para uma mente fechada e monolítica admitir o direito dos povos indígenas à sua terra e à decisão de serem eles próprios os senhores do seu chão, compreendo bem esta reação em cadeia, oriunda das classes políticas e empresariais, dos gestores do capital brasileiro, dos generais e dessa classe méddia sufocada por si prória, sei, mas não lhes posso lamentar o desespero, ao contrário, estamos e sempre etivemos em guerra e eu sempre estive de um lado, dos meus antepassados, é guerra, é guerra, é guerra...
© Franisco Weyl
Carpinteiro de poesia e de cinema
Nenhum comentário:
Postar um comentário