Com o mesmo título no blog Comunicação Militante de Chico Cavalcante
No momento em que o governo federal lança o mais ambicioso programa habitacional em mais de cinco décadas em um país que enfrenta um deficit habitacional de 7 milhões de unidades e onde as populações empobrecidas se amontoam em favelas e áreas de risco de inundação e desabamento, provoca curiosidade saber como serão as casas construídas com incentivo público nessa primeira fase do projeto.
Em geral, moradia popular é sinônimo de arquitetura ausente, conforto de conteiner e engenharia de linha de produção.
Quanto a este último item, nada a contestar, especialmente porque a necessidade obriga a se empregar uma velocidade imensa para compensar a inoperância dos governos passados, ciosos em pagar juros da dívida externa e ociosos em resolver os problemas do povo brasileiro.
A iniciativa do chamado "PAC da moradia" é extraordinariamente positiva especialmente em um cenário internacional de crise que desmonta a economia, desestimula investimentos e mina a auto-estima de indivíduos e coletividades.
Diante do peso da iniciativa, me ocorre uma preocupação quase prosaica: mas e o desenho das casas populares do projeto? Por que não melhorar para dar ao povo não apenas moradia, mas conforto e, de quebra, uma estética que fuja da sucessão de casebres que parecem pequenos galinheiros perfilados na paisagem?
Pois a X-House (http://www.xhouse.se), uma pequena construtora sueca que projeta casas pré fabricadas, fez um modelo simples, barato e muito bem desenhado de uma unidade habitacional projetada de acordo com critérios de ergonomia, bom senso estético e simetria, com angulações no telhado que possibilitam assimilar à arquitetura conceitos sustentáveis como energia solar e aproveitamento de água da chuva, sem destoar do todo.
Vejam aqui o modelo Selma, com 60m². Mas a construtora disponibiliza até mesmo unidades com 15m² que conseguem manter o padrão.
Seria um bom desafio lançar um concurso nacional para arquitetos, designers e engenheiros para que as novas moradias populares permanecessem baratas, mas incorporassem estética e conforto como itens de qualidade de vida.
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