Do Blog do Noblat
Que partido no Brasil foi o primeiro a realizar prévias para a escolha dos seus candidatos?
Resposta: o PT. E por isso também foi apontado na época como um partido inovador, democrático, radicalmente diferente dos outros.
Sempre que a escolha por consenso se revelava impossível, os militantes eram chamados para decidir a parada via voto direto.
Reunido, hoje, em Brasília, o Diretório Nacional do PT classificou de "inoportuna e inadequada" a realização de prévias para a definição de candidatos a governador e senador.
"Quanto menos tumulto, melhor. Quem resolver ir para a disputa interna terá de arcar com o custo político disso", advertiu, ameaçador, Fernando Ferro, líder do PT na Câmara dos
Deputados. "Houve traumas para o partido todas as vezes em que isso aconteceu".
O deputado estadual Alexandre Luís César (MT), membro do diretório nacional, acrescentou de cara limpa e "com o pescoço entalado num colarinho direito":
- Toda prévia tem um custo financeiro e político.
(O Conselheiro Acácio, personagem de Eça de Quieiroz, não teria dito melhor.)
O que aconteceu?
Imaginem só: há seções do partido, como as de Pernambuco, Mato Grosso e Rio de Janeiro, que pretendem apontar seus candidatos ao Senado por meio de prévias. Um absurdo!
A direção nacional do PT quer evitar o risco de ver escolhidos candidatos capazes de afetar arranjos feitos com outros partidos em torno da candidatura presidencial de Dilma. E quer se prevenir contra possíveis efeitos negativos da luta interna que possam respingar em Dilma.
O PT pouco importa - ou importa menos, decretou Lula ao optar pela frágil candidatura de Dilma. Ai de quem afirmar o contrário. O que importa é Dilma. Se vencer, ela compensará com cargos e outros mimos o sacrifício feito por tantos companheiros.
Vai, por exemplo, que o PT resolve disputar o Senado por Pernambuco com o ex-ministro da Saúde Humberto Costa.
Nem pensar.
O candidato de Lula ao governo de Pernambuco é Eduardo Campos, que deverá se reeleger com folga.
Eduardo é presidente do PSB.
Ciro Gomes, deputado pelo PSB do Ceará, insiste em ser candidato a presidente da República.
Lula conta com Eduardo para tirar Ciro do meio do caminho de Dilma.
Eduardo conta com Lula para que o candidato do PT ao Senado por Pernambuco seja o ex-prefeito do Recife João Paulo - o maior eleitor da região metropolitana do Recife.
Compreensível, pois não?
De resto, os demais partidos não procedem assim?
Cadê a prévia sugerida pelo governador Aécio Neves para que o PSDB elegesse seu candidato a sucessão de Lula? O gato comeu. prévia recusada pelo governador José Serra talvez tivesse parido a chapa puro sangue agora descartada por Aécio.
E a governadora Yeda Crucius (PSDB), do Rio Grande do Sul, hein?
Teima em ser candidata a um segundo mandato. Serra, ali, precisa do apoio do PMDB de José Fogaça, candidato à vaga de Yeda.
Se o PSDB gaúcho for consultado, preferirá Yeda a Fogaça.
Ocorre que Yeda está toda lanhada devido às denúncias de corrupção em seu governo. Comerá poeira correndo atrás de Fogaça e de Tarso Genro, candidato do PT ao governo.
O PT foi um - antes de subir a rampa do Palácio do Planalto acolitando Lula.
Para não ter que descê-la tão cedo, virou outro.
Nenhuma novidade.
Antes de se tornar conselheiro de Lula, o ex-deputado Delfim Neto, o todo poderoso ministro da Economia da ditatura militar de 1964, comentou com malícia que era indispensável deixar o PT chegar ao poder.
Uma vez lá instalado, ele ficaria igualzinho aos outros.
Ficou.
Delfim sabia das coisas. Continua sabendo.
Quanto ao povão da Bolsa Família ou da Bolsa Miami, esse está pouco se lixando para a mundança do PT. De todos os partidos, o PT é o mais querido.
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