terça-feira, julho 10, 2012

O uso das redes sociais nas eleições de Belém


Fora de Belém há quase uma semana para participar de dois eventos nacionais sobre Internet, confesso que me mantive informado sobre os últimos acontecimentos políticos, culturais - e pra mim, de alguma relevância sobre nossa terra - graças às redes sociais, que vem cumprindo seu papel de formar e informar o cidadão contemporâneo, como nunca outro meio de comunicação conseguiu.

A geração Y diria que o fenômeno já é antigo: Programas de rádio e TV, matérias de jornais, revistas e até sites institucionais (empresas, partidos, ONGs, etc.) nem de longe conseguem oferecer a interatividade, a multiplicidade de opiniões e versões sobre um mesmo fato.

São unilaterais por natureza? Não, por pura vontade de seus controladores, dizem especialistas das áreas de TI, Ciências Sociais, Comunicação, Filosofia e intelectuais autodidatas que avaliam a chamada “Era da Informação” como uma época onde caem por terra paradigmas até antes tido como verdades absolutas.

Se por um lado, historicamente as duas maiores empresas de comunicação do Pará – ORM – Liberal e RBA – Diário do Pará - já possuem seus candidatos preferidos para a corrida eleitoral na capital, nas redes sociais percebemos que a conquista do voto será feita com muito amadorismo, debates inócuos e poluição visual – ainda bem que o Facebook não permite aqueles banners com áudio como víamos no Orkut, se não seria o começo do fim do mundo.

Se continuarem seguindo o ditado que diz que os de casa não fazem milagre, ironicamente, aqueles que conseguirem demandar estrutura financeira para contratação de profissionais de fora do Estado e/ou empresas locais montadas às vésperas do processo eleitoral, podem gastar muito e colherem frustração na mesma proporção do investimento ao constatarem o resultado das operações midiáticas no ambiente virtual.

Os pacotes de sucesso online não garantem nada, afirma quem já comprou e não levou.

Pessoas que não conhecem o terreno em que pisam pela primeira vez, podem afundar com o peso de sua ignorância ou por simplesmente não responderem a tempo, aquilo e na medida em que forem pautados, por exemplo, assuntos espinhosos de cunho político, mas também por assuntos de caráter pessoal e profissional, tanto por internautas, quanto pelos adversários. Todos estarão monitorado uns aos outros, em busca de erros e contradições para explorá-los ao máximo.

Não adiantará dizer que a vida pessoal não pode vir à tona, já que todo ser político é inexoravelmente um ser público, logo, o jogo já foi jogado com essa regra e não será agora que deixará de sê-lo.
Assim como as agências de publicidade e propaganda, os profissionais do Marketing Político e Eleitoral, ainda terão que comer muito feijão pra familiarizarem-se com o ambiente altamente interativo das redes sociais, onde afirmações caem por terra em questões de segundos, com informações sobre o histórico de seus candidatos, assim como na mesma velocidade uma foto, um vídeo ou até uma gravação de áudio feita em algum momento do passado, podem ruir a boa imagem dos contratantes (políticos) e os contratados (empresas/profissionais), pouco poderão fazer para corrigir a tempo o estrago feito com uma simples postagem na internet.

Sabemos que o pouco tempo que os partidos políticos tem na propaganda eleitoral gratuita fará com que muita coisa que veremos na internet não seja exibida na campanha de Rádio e TV. Mas não é só por isso não! Há coisas que não devem mesmo ir pra outro ambiente, que não seja a internet.

A campanha eleitoral feita através de material impresso, pouco a pouco vai se limitando a fixar cores, signos e números de candidatos em período de campanha eleitoral. Ninguém lê carta de compromisso, programa de governo ou histórico de candidatos com mais de 500 toques, não se iluda!
Será na internet onde os candidatos terão – o infinito – tempo, o direito à réplica, tréplica e a plena liberdade para manifestar suas proposições, seu trabalho, sua plataforma política e suas respostas aos ataques que receberão, mas inevitavelmente será onde a crítica, a contraposição e até os elogios serão enfatizados ao extremo.

Aqueles que deixaram para exercitar o uso da internet como plataforma de exposição de ideias apenas para a campanha eleitoral, protelando sua inserção nas redes sociais mais populares como o Facebook e o twitter, por exemplo, deverão fazê-lo por orientação de que todo mundo precisa estar nas redes. Alguns poderão postar considerações sobre políticas públicas necessárias à população e opinarão sobre os problemas e apresentando soluções, mas precisar saber que podem sofrer críticas de quem há tempos espera para revelar o oportunismo eleitoral de quem só usa a internet em campanha eleitoral e depois some, seja eleito ou não, vide o caso da campanha da presidente Dilma e do governador Simão Jatene.

O doce pode ficar amargado para quem acha que basta uma arte gráfica bem feita, a foto retocada no computador, um expert com equipe e salas climatizadas. A internet é uma seara onde só se aprende, convivendo e há nada que não possa ser contestado, nem mesmo seu uso para elevar e rebaixar o nível do debate durante este processo eleitoral.

Quem viver, verá!

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