terça-feira, junho 28, 2016

Sim, hoje nós sabemos



Por Agnaldo Rosas*

Sérgio Machado assumiu a Transpetro no ano de 2003, patrocinado pelos padrinhos políticos Renan Calheiros, Romero Jucá, Edison Lobão, Jader Barbalho e José Sarney, todos do PMDB.

Desavisado, qualquer um poderia supor que, com todo esse apadrinhamento de peso, a permanência de Machado na estatal, por longos 12 anos, estaria mais que justificada.

Aconteceu que, pego pela Lava Jato, Machado revelou como e porque permaneceu no posto durante todo aquele período: rateava entre os padrinhos as propinas cobradas dos fornecedores da Transpetro.

A divisão, ao que parece, era proporcional ao “prestigio” do padrinho junto ao governo federal, posto que Machado revela que Lobão, ao assumir o Ministério das Minas e Energia, no ano de 2008, lhe disse que, tendo a Transpetro sob sua jurisdição, ganharia direito a maior bolada.

Deleta machado que Calheiros levou 32 milhões de reais, Lobão 24 milhões, Jucá 21 milhões, Sarney 18,5 milhões e Jader, 3 milhões. A parte que lhe cabia era depositada num trust na Suiça, que, em 2012, somava quase 73 milhões de reais.
Não bastasse, Sérgio Machado diz que acertou com Michael Temer, também, doação ilegal para campanhas do PMDB em 2012.

A estratégia adotada por quase todos os supostos beneficiários de propinas provenientes dos contratos escusos envolvendo a Transpetro é a de que o delator se apropriou de todo o dinheiro que recolheu. Gravações e outras provas, já de posse do Ministério Público, desmentem com facilidade estas versões.

Na transcrição de uma das conversas, José Sarney pergunta ao delator: “Mas alguém sabe que você me ajudou?”. Machado responde: “ninguém sabe, presidente”.

Hoje, todos nós sabemos como e porque os senhores do PMDB buscam querer se perpetuarem no poder. Talvez por isso, outro correligionário e também propineiro, Eduardo Cunha, ao anunciar seu voto pelo impeachment de Dilma Roussef invocou a Deus para que tivesse misericórdia dessa nação.

*Agnaldo Rosas é advogado em Altamira-PA.

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