Os sociopatas têm transtornos mentais? Não resta dúvida. No entanto, o demofóbico, por ser uma espécie de sociopata seletivo tem, também, desvio de caráter.
Façamos de uma vez por todas como o fez o grande Erasmo de Rotterdam, tratemos da loucura.
Há vários métodos utilizados para identificar a insanidade mental de um indivíduo, ou de um grupo deles, e há igualmente diversas formas de profilaxia.
Ou seja, dos loucos cada um trata à sua maneira - Doutor Pinel que nos diga - tratemos à nossa, portanto.
Sabemos que a inesquecível Nise da Silveira lutava contra a desumanização dos que sofriam de algum tipo de transtorno mental e preferia enxergar neles o que ninguém via, sua genialidade, suas vocações, suas ilimitadas potencialidades cognitivas.
Foi por ela que o sergipano Arthur Bispo do Rosário deixou de ser um mero alucinado para se converter em um dos artistas brasileiros mais geniais.
Já para Simão Bacamarte, o boticário de Itaguaí, louco é louco e deve ser encerrado em local em que ele não contamine os que ainda se encontram são, ou os que louco ainda não são.
Machado de Assis criou a Casa Verde e lá permitiu que Bacamarte internasse os que demonstravam sinais evidentes de loucura.
Quando eu era criança, era comum aos loucos se passarem por Napoleão. Hoje ninguém mais fala no velho Napô.
E quem os loucos querem ser hoje em dia? Bom, há loucos e loucos.
Lobão, por exemplo, meteu uma barba a lá Edir Macedo e anda a pregar messianicamente pelo deserto de ideias, como um Jim Jones tupiniquim.
Há pouco, lançou um livro intitulado Manifesto do Nada na Terra do Nunca, o que já seria suficiente para lançá-lo na Casa Verde.
Lobão é o mais perfeito midiota, porque é o fruto acabado de um processo midiático que se especializou em idiotizar os seus leitores.
Batizemos, portanto, essa lavagem cerebral como uma Lobãotomia, porque parece que o nosso Lobo é o produto final dessa engenharia cognitiva.
É o nosso freak Frankenstein.
O método utilizado nesse processo de lobãotomizar a sociedade é a maquinação do que Mccombs chamou de agendamento, a introdução dos temas quentes a serem debatidos nos botequins.
Agendar é a forma de incutir nos corações e mentes da Opinião Pública (Walter Lippmann) os temas e as opiniões publicadas na mídia familiar.
Para vocalizar o discurso do patrão, ou as aspirações conservadoras das famílias bilionárias que controlam a mídia brasileira, para fazer os tais temas serem diluídos nas mais diversas editorias, entram em cena as colunas dos ventríloquos: cineastas, filósofos, psicólogos, geógrafos e até jornalista imortalizado.
Daí sai uma profusão de ideias rasteiras e lugares comuns que serão repetidos nas ruas por um batalhão de midiotas descerebrados, os papagaios de ventríloquos.
E não é que no final de semana passado esses bípedes estavam todos na rua, fagueiros, lépidos e vociferantes.
Parecia que alguém havia destrancado o cadeado da Casa Verde de Itaguaí e os loucos estavam libertos.
Cartazes, dos mais diversos, denunciavam a oligofrenia da turba e a confusão metal criada por anos de leitura de publicações estragadas.
Lugares comuns, frases sem sentido, paradoxos e oxímoros dançavam nas mãos dos mani - festantes.
Um pedia a desmilitarização da PM, outro pedia a militarização do país, ambos iam de mãos dadas e com a camiseta da seleção brasileira.
A maioria bradava contra uma delirante ditadura implantada pelo PT. E contra a ditadura do PT pediam a volta da ditadura militar.
De mãos dadas e com a camisa da seleção.
Vai vendo.
Lá na frente, puxando o bloco demofóbico, estava o nosso indefectível Lobão, barba encanecida e longa como a de Edir.
O Templo de Lobão é a Paulista ou o Largo da Batata (Potato's Square), ali ele e o filho de Bolsonaro, com uma visível pistola na cinta, pediam a recontagem dos votos, o impeachment da Dilma, a prisão de Lula, a volta dos homens de farda e passagens mais baratas para Miami.
Outro, herdeiro do Estadão, xingava a Venezuela, como se a Venezuela fosse um cara ou uma garota.
A turma dos formadores de opinião, os nossos ventríloquos, ficaram em casa ou no ar condicionado da emissora, "fazendo a cobertura".
De lá eles não saem, têm pavor das ruas.
Agora encontraram um lunático para representá-los em palanques e carros de som: barbudo, encanecido e alucinado.
Pronto para entrar ao vivo a qualquer momento.
Lobão, o mais perfeito midiota.
Palavra da salvação.