Estamos todos acompanhando com atenção a situação gravíssima no Espírito Santo. Mas enquanto a maioria das pessoas torcem para que tudo se resolva e o população tenha sua rotina reestabelecida, alguns têm aproveitado para distorcer os fatos e atacar aqueles favoráveis à desmilitarização das forças policiais.
Defender a desmilitarização não significa defender o fim da polícia mas sim sua reforma: reforma esta defendida por grande parte da própria polícia. Vale ressaltar que 73,7% dos policiais apoiam a desmilitarização, segundo pesquisa realizada em 2014 pela FGV e o Ministério da Justiça. Por que tantos policiais seriam a favor da desmilitarização se ela não visasse, justamente, protegê-los?
Pra quem não sabe, a proposta sugere que as polícias Civil e Militar se tornem uma só com formação civil e os policiais possam ter uma carreira única – tanto o trabalho ostensivo como o de investigação, além de um modelo nacional de segurança pública- como acontece na maior parte dos regimes democráticos. Desta forma, seriam priorizadas as vidas dos policiais e da população, o respeito aos direitos civis, o direito dos policiais de reivindicarem melhores condições de trabalho e salariais, já que eles não estariam mais submetidos à Justiça Militar, mas sim à Civil, como qualquer cidadão.
Assim, a desmilitarização visa apenas aproximar a polícia da sociedade e garantir aos policiais os seus direitos, e não, como alguns acreditam, limitar o seu trabalho, desarmá-los, impedi-los de fazer patrulhas e muito menos fazê-los desaparecer. Tanto é que, como vimos, a proposta conta com amplo apoio da própria policia militar.
A militarização da polícia não favorece nem aos servidores nem à população. A militarização da polícia atende apenas aos interesses daqueles que lucram com o atual modelo - a chamada banda podre - enquanto os direitos dos cidadãos – incluindo aí próprios policiais – são deixados de lado, como estamos assistindo de forma trágica no Espírito Santo.
Desejo aos capixabas que tudo se resolva o mais breve possível e que os policiais e suas famílias tenham não apenas seus direitos garantidos mas também condições melhores de trabalho e, por fim, que tenhamos um debate sobre um novo modelo de segurança pública mais eficiente, justo e seguro para todos.
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