Há 21 anos nas mãos do PSDB e do PMDB, Ananindeua coleciona índices vergonhosos em diversas áreas sociais. |
Por Diógenes Brandão
Com mais de meio milhão de habitantes, o município de Ananindeua completa nesta quarta-feira (03), 73 anos de fundação.
Sem ter um terminal rodoviário ou um Pronto Socorro Municipal para chamar de seu, a iniciativa privada é a única que lucra a cada ano, com sucessivos prefeitos que se revezam no poder, cada vez mais ricos e influentes.
São clínicas, escolas, faculdades, cursos de línguas, redes de supermercados, de farmácias, academias, petshops e até um shopping center, recentemente inaugurado em 2017, ano em que o governo federal viabilizou 4 milhões e meio para o prefeito terminar o estádio municipal de Ananindeua, que tem suas obras paradas desde 2011, sabe-se lá o motivo! O atual prefeito de Ananindeua, Manoel Pioneiro, diz que a obra é uma herança maldita. Veja aqui.
Quando saiu da Prefeitura de Ananindeua, em 2012, Helder Barbalho deixou quase R$ 6 milhões nos cofres municipais, para a conclusão do estádio, informou o jornal Diário Online. |
Os presentes para os moradores do 2º maior município do Pará não poderiam ser piores. Ananindeua é recordista em desgraças, em várias áreas. A cidade cresceu, mas por falta de bons gestores, os problemas cresceram muito mais.
Exemplo disso foi relatado pela imprensa que noticiou que os moradores do conjunto Guarajá 1, em Ananindeua, ficaram sem água no conjunto, o que gerou muitos transtornos no almoço de Natal. O caso revela o que o estudo do Instituto Trata Brasil informou em 2017: Ananindeua é o município com o pior saneamento do brasil.
A Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) informou que um funcionário do setor que abastece o bairro faltou plantão e o reservatório ficou desabastecido, criando revolta popular no dia em que se festeja o nascimento de Jesus Cristo.
No fim de Novembro, moradores da rua do Providência em Ananindeua realizaram protesto por não conseguirem deixar seus veículos estacionados em frente das suas casas, pois estão sujeitos a guinchos. Estes moradores residem ao lado do novo shopping, recentemente inaugurado.
Alguns dias depois, abaixo notícia deixou claro como andam as coisas em relação ao recolhimento de lixo na cidade:
"Os sacos de lixo estão pendurados nos postes de energia e nas casas. O comerciante Antônio Cardoso quer se livrar da sujeira e já não sabe o que fazer. “Eu fico até com vergonha dos clientes, pois eu vendo churrasco à noite e fica fedendo aqui”, diz. A reclamação é que há duas semanas o caminhão de coleta não passa no bairro do Curuçambá, em Ananindeua. “Dá bastante rato e mal cheiro”, diz uma das moradoras". Leia aqui.
Dividido ao meio pela maior rodovia federal no Pará e a principal via de acesso e saída de Belém, Ananindeua agoniza sem um Terminal Rodoviário. Cidades menores, como menos de 5% de sua população, possuem terminais, Ananindeua não.
Notícia divulgada no portal G1, mostra como os passageiros enfrentam a falta de dignidade em seu embarque nos ônibus que param em Ananindeua:
"O embarque é feito no meio da rua, na BR-316. O início das obras do tão esperado terminal rodoviário foi adiado mais uma vez. Enquanto isso, o que se vê é a dificuldade enfrentada pelos passageiros e a situação se agrava ainda mais no período de chuvas. Um vídeo mostra a dificuldade enfrentada por pessoas que tentavam ajudar um cadeirante a embarcar em um ônibus debaixo de chuva. O ônibus parou quase no meio da rua para pegar o passageiro". Veja o vídeo aqui.
Se quem via viajar não pode contar com segurança, imagina quem precisa atravessar a BR 316! A passarela localizada em frente à UNAMA é um exemplo de abandono e descaso por parte do poder público. Em Novembro do ano que acabou de terminar, um pedaço da estrutura metálica da passarela caiu, colocam em risco motoristas, passageiros e transuentes que por um golpe de sorte não foram atingidos pelos restos da obra que custou dinheiro público e cai aos pedaços sem nenhum órgão público dê mínima atenção. Leia aqui.
Em Junho a revista Exame, da editora Abril, publicou matéria com informações de estudos divulgados pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública com dados de 2015, que revelaram a posição de Ananindeua em 25º lugar no ranking das cidades mais violentas do Brasil. Leia aqui.
Como se não fosse pouco, Ananindeua lidera os casos de feminicídio no país, aponta estudo feito pelo Ministério da Saúde, que mapeou as cidades onde foram registrados alto índice de assassinatos de mulheres no Brasil, de 2005 a 2015.
Em 2015, estudo realizado pelo Observatório de Homicídios, revelou que das 50 cidades com as maiores taxas de homicídio do mundo, 22 são brasileiras e Ananindeua foi indicada como a cidade onde mais se mata no Brasil e a sexta no mundo, com 125 mortes a cada cem mil habitantes.
Para finalizar, a cidade de Ananindeua tem os piores índices de saneamento básico entre as 100 maiores cidades do Brasil. Os dados estão no ranking, divulgado pelo Instituto Trata Brasil e publicado pela Empresa Brasileira de Comunicação - EBC.
Leia trechos da matéria:
A classificação – com dados de 2015 – usa referências do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades.
"A cidade paraense apresenta dados preocupantes. No item que trata sobre o abastecimento de água, o município recebeu nota zero em relação às novas ligações de água necessárias para se atingir a universalização do serviço. Foram realizadas apenas 913 quando a demanda era de 99 mil.
Nota próxima a zero também sobre as novas ligações de esgoto. Das quase 118 mil necessárias, foram feitas apenas 2.500.
No ranking das 10 cidades com os piores índices aparecem outras cinco da Amazônia, sendo três capitais: Manaus, Macapá e Porto Velho; além de Santarém, no Pará; e Várzea Grande, no Mato Grosso."
Talvez quando alguém da alta sociedade paraense for prejudicado por esse "estado de coisas", algo seja feito e os moradores de Ananindeua tenham algo a comemorar. Por hoje, não há motivo algum para alegria, a não ser quem ganha dinheiro com a desgraça alheia.
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