domingo, setembro 08, 2019

Tourinho, Maneschy e Fiúza: da academia para a política partidária

Esquerda, direita e centro disputam a UFPA de olho nas eleições de 2022.


Por Diógenes Brandão

O sucesso do ex-reitor Nilson Pinto na política, com mandato federal a quase trinta anos, parece que tem servido de inspiração para outros inquilinos da reitoria da UFPA. Carlos Maneschy, que renunciou ao mandato de reitor em 2016 para disputar a prefeitura de Belém e hoje ocupa uma secretaria de estado no governo do MDB, tem boas perspectiva de futuro na política, haja vista sua grande visibilidade pública neste início de mandato de Helder Barbalho. Alex Fiuza de Mello, após dois mandatos de reitor, ocupou secretaria de estado em dois mandatos consecutivos do ex-governador Simão Jatene e, neste momento, começa a se movimentar no sentido de vir a ocupar espaço na política paraense. Emmanuel Tourinho, em véspera de concluir seu primeiro mandato como reitor, também dá sinais claros de que pretende alçar voos maiores na política. O confronto com o governo Temer e, agora, Bolsonaro sinaliza nesta direção.

Alex Fiuza de Mello neste momento acena abertamente na direção do governo federal de Jair Bolsonaro em textos articulados de apoio a políticas do governo brasileiro de extrema direita. Em seu texto mais recente, denominado “O dia da vergonha na republiqueta das bananas”, Fiuza defende como ato jurídico perfeito a transferência de Lula para a penitenciária de Tremembé em São Paulo. Ele dá sinais óbvios e ululantes de que busca uma “ponte” com o governo Bolsonaro, utilizando como meio o elogio à Operação Lava Jato. Alex Fiuza quer se constituir como uma liderança política no Pará. Neste caminho, ele deverá buscar aproximação com partidos como o “Novo”, PSC, PSL ou assemelhados e formar grupos políticos, sendo a UFPA um espaço importante nesta estratégia.

As eleições para a reitoria da UFPA se aproximam. O atual reitor está governando a universidade em claro confronto com as políticas do governo Bolsonaro, desagradando numerosos grupos de pesquisadores de direita localizados principalmente nos institutos da saúde, de exatas, biológicas e tecnológico. Desses pesquisadores, que gozam de respeito e prestígio na universidade e na sociedade, pode florescer uma alternativa antipetista para disputar a reitoria.

O atual reitor sabe que a probabilidade de ser nomeado pelo presidente Bolsonaro é próximo de zero. Tourinho vem agregando apoiadores na UFPA com posições públicas em defesa da liberdade de Lula e um forte discurso contra as políticas do governo Bolsonaro. Para tentar ampliar a chance de ser nomeado, Tourinho está tentado a acabar com as eleições diretas na UFPA e montar a lista tríplice com duas damas de companhia no Conselho Superior Universitário. Para isso, precisará convencer os conselheiros a quebrarem a tradição democrática da instituição e promoverem eleições indiretas no conselho, bem como anular eventuais reações das entidades sindicais e estudantis da UFPA.

Ainda que o reitor obtenha sucesso nessa estratégia, ele sabe da grande possibilidade de ser nomeado um nome de fora da lista tríplice pelo governo Bolsonaro. Mesmo sabendo disso, Tourinho aposta no caos e no confronto que viria a ser gerado pela nomeação de um “interventor” na UFPA, transformando-se em um mártir vivo e se credenciando a disputar as eleições de 2022 e 2024 pelo PT.

Os primeiros passos de Tourinho nesse sentido foram dados recentemente com a troca do comando do complexo hospitalar da UFPA, varrendo da direção dos hospitais universitários pessoas indicadas pelo ex-reitor Carlos Maneschy e abrindo espaço para contemplar os novos aliados petistas. Tourinho também já teria negociado a troca imediata de membros da administração superior para incorporar outros grupos petistas e do Psol em sua base de apoio.

Como revés, apesar de Carlos Maneschy e seu grupo apoiarem fortemente Tourinho, o ex-reitor tem um grupo estável na UFPA que poderá, neste processo de “esquerdização” da reitoria, buscar alianças em torno de uma candidatura mais ao centro político para suceder Tourinho.
Fiúza, Maneschy e Tourinho são estrelas de primeira grandeza da UFPA e que ensaiam movimentos em direção à grande política paraense. São nomes com estatura para construir novas alternativas políticas para o estado do Pará. Mas, antes disso, devem medir força nas próximas eleições para a reitoria da UFPA. 

Quem sairá vitorioso? 

Façam suas apostas!

2 comentários:

  1. Boa análise, vamos aguardar e observar o comportamento individual de cada um dentro do cenário estadual e nas próximas eleições municipais.

    ResponderExcluir
  2. quem sairá vitorioso?
    O bozo.
    Ele vai passar por cima de fiuza (que se insinua bozolista), por cima de maneschy (centrão) e do tourinho que pesse a ter apoios, estes serão inservíveis pois o bozo colocará seu candidato do APB, com pouquíssimo apoio
    (quase nulo) como reitor. Este reitor provera cada instituto com pessoal do próprio APB (até sem ser de dentro da universidade) para fornecer o viés ideológico sagrado.

    ResponderExcluir

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...