A foto do ambulante que agradeceu por seu filho ter conseguido passar no curso de Educação Física da UFPA. |
Por Diógenes Brandão
Em um artigo contundente, o mestre em Ciência Política e ex-vendedor ambulante, Rubens Alves - também conhecido por Rubens Camelô - chama a atenção para a invisibilidade perante a sociedade, a marginalização da categoria pelo poder público e a falta de solidariedade e apoio, quando estes são retirados das ruas, por agentes públicos.
O texto é um tapa na cara de muitos que hoje usam as redes sociais para se dizerem emocionados, mas que no dia-a-dia ignoram a dignidade de diversos pais de família que labutam pelas ruas das cidades, em busca do pão nosso de cada dia e além das dificuldades, limitações, falta de direitos, planos de saúde e até de uma aposentadoria, ainda têm que enfrentar a polícia e a guarda municipal.
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O Feliz Incômodo – Por Rubens Alves
Já faz algumas horas que vejo com muita alegria, carinho e emoção essa foto. Memórias internas saltam aos meus olhos por meio de lágrimas!
O mérito é do aluno. O filho do ambulante que fez milhares de renúncias para acolher uma escolha única!
O mérito é do pai, da mãe e de outros familiares não citados, que provavelmente existam. Esses familiares também fizeram renúncias para dar total apoio a esse guerreiro, que venceu mais essa batalha!
O feliz Incômodo surge com a postura elogiosa isolada da sociedade!
O trabalhador do mercado informal da região metropolitana sofre com a “marginalização” imposta pela sociedade, sofre pelo descaso dos poderes executivo municipal, estadual e, até mesmo, federal.
Inclusive, o executivo se presta a ser aliado de primeira ordem aos CDL’s da vida em busca de base legal para “limpar” as calçadas das cidades. (Não estou me referindo a nenhum governo específico, Edmilson tem 100 dias, apenas!).
Então, você que curtiu e está fazendo sei lá o quê com essa foto e postagem, não deixe de lembrar dela.
Isso, caro leitor, não esqueça dessa foto do aluno (calouro da UFPA) de Educação Física, da sua postagem aí nas suas redes sociais (Facebook, Instagram e etc.), quando você ver outra postagem relatando o conflito entre os Camelôs (informais) e a prefeitura, beleza? (Porque sei que você vai se olhar no espelho e refletir o quanto poderia ter emitido sua opinião em defesa desses trabalhadores e não a fez ou fez?)
Engraçado que não vejo postagem na mesma proporção se (hipoteticamente) a foto fosse esse pai orgulhoso, do filho calouro, sendo retirado à força do seu lugar de trabalho!
Por que será?
Então, quando você tiver a oportunidade de ver um Camelô, Feirante, Ambulante, Flanelinha, Sinaleiro e os Camelôs DJ´s (profissionais que passam a atuar como camelôs em época de festas, como o natal, Círio e Dia das Mães), seja mais complacente com a situação.
Não estou te pedindo para brigar como o vereador de São Paulo Suplicy, não!
Mas seja mais solidário..
Reflita a possibilidade de manifestar sua sensibilidade humana, porque por trás dessas pessoas existem filhos, como esse rapaz que quero conhecer e ser amigo!
Assim como existem muitos outros a exemplo engenheiro civil filho do Sr. Paulo Relojoeiro; do Rildo que formou, dos filhos da Josyanne Madeira, que além de se formarem, são policiais do Estado; a fisioterapeuta, filha do Ray Moraes; a Socióloga, filha do Duarte; a Pedagoga Andreia filha da Dona Vera, etc..
Quer manifestar sua sensibilidade humana, sua fraqueza por cisco ou lágrimas e defender as cotas?
Faça isso sempre que ver nossos pais sendo impedidos de gerar renda, de exercer a dignidade humana, por meio do seu trabalho, de ter satisfação em dar prazer aos filhos, que ficaram em casa, na espera da garantia de subsistência trazida por esse e milhares de outros que você talvez tenha ignorado!