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terça-feira, maio 14, 2019

LOCAIS DE CONCENTRAÇÃO PARA A GREVE GERAL NO PARÁ

Por Diógenes Brandão

A Frente Brasil Popular Pará publicou a agenda de eventos da Greve Geral da Educação, que terá mais de 40 atividades em todo o Estado.

Os atos previstos para esse dia 15 foram articulados e mobilizados primeiramente pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e ganhou o país com uma agenda de resistência aos sucessivos cortes nas políticas educacionais (ensino superior e educação básica) e a ameaça de acabar com a vinculação constitucional que assegura recursos para a educação (Fundeb e outras políticas). Diversas entidades já declararam apoio à mobilização. 


A pauta de reivindicações desta Greve Geral também inclui o fim do patrulhamento ideológico nas universidades, da ofensiva Lei da Mordaça e de uma série de políticas que impõem retrocessos civilizatórios. 

Mais que um dia de jornada de luta, a Greve Geral de hoje é um esquenta para a Greve Geral contra a reforma da Previdência. 

As manifestações do dia 15 que vão acontecer nos 27 estados brasileiros incorporam o combate aos cortes que o governo Bolsonaro está impondo para o conjunto da educação, desde a educação básica ao ensino superior. 

A mobilização será um grande protesto contra a proposta de reforma da previdência altamente prejudicial para os mais pobres, para o magistério e trabalhadores/as rurais; e contra os sucessivos cortes nas políticas educacionais (ensino superior e educação básica) e a ameaça de acabar com a vinculação constitucional que assegura recursos para a educação (Fundeb e outras políticas). Diversas entidades já declararam apoio à mobilização.  

A pauta de reivindicações também inclui o fim do patrulhamento ideológico nas universidades, da ofensiva Lei da Mordaça e de uma série de políticas que impõem retrocessos civilizatórios.

quinta-feira, julho 27, 2017

Outras Palavras: Por que já não basta eleger o presidente

Cada vez mais claro que, para superar maré conservadora, será preciso enfrentar Congresso, mídia e Judiciário. Isso exige intensa mobilização popular e uma Constituinte exclusiva.
   
Por Mauri Cruz, no Outras Palavras 

O golpe parlamentar-judiciário-midiático acertou em cheio a estratégia que as esquerdas vinham desenvolvendo com certo sucesso nas últimas décadas no Brasil. Ninguém esperava que a direita e a centro-direita iriam promover a ruptura com o estado democrático de direito até porque este “estado de direito” seguia nos limites do estado burguês e também porque os governos de esquerda não implementaram uma agenda de mudanças estruturais. 

Por motivos nacionais, talvez a direita seguisse convivendo com governos populares. O que incidiu para a ruptura do pacto, certamente, foram os interesses internacionais. Apesar disto, ainda hoje há setores da esquerda que acreditam que é possível recompor uma aliança com a burguesia brasileira. 

Me parece uma leitura equivocada e um aliança improvável. Ao final a conclusão sobre uma reflexão da conjuntura é bastante triste: o fim da conciliação só ocorreu por decisão da direita, caso contrário, parte da esquerda seguiria no mesmo barco até sabe-se lá quando e a que custos.  

Bem, agora o importante é que nos demos conta que o golpe encerrou um ciclo na história brasileira. E que outro ciclo se abriu com desfecho ainda imprevisível, porque a sociedade que elegeu Lula e Dilma ainda está aí e aquela que defende os privilégios perdeu a vergonha de dizer o que realmente pensa. 

O país está polarizado. É preciso reconhecer que o que mudou foi a possibilidade de seguir com uma estratégia de pacto com setores do sistema capitalista visando a inclusão produtiva e no consumo de milhares de pessoas sem, no entanto, alterar as estruturas que perpetuam as desigualdades no país. 

A síntese pobres menos pobres e ricos mais ricos foi a tônica deste período que se encerra e traduz muito bem as escolhas que foram feitas pela maioria do campo democrático popular nos últimos anos.  

E, frente a este novo ciclo, temos diferenças de leitura sobre qual a profundidade da crise e qual deve ser a postura estratégica do campo democrático e popular. Por isso mesmo, temos propostas distintas de alternativas para a superação da crise. 

Para ajudar na reflexão, recorro a uma frase que circunda nosso universo teórico que diz ser a política a arte do possível. Num primeiro momento, isso nos induz a ideia de que sempre se pode compor com outras forças para conquistar certos resultados. 

Por outro lado, penso que a arte do possível também pode orientar propostas de radicalização de rupturas com o sistema. O que define qual das estratégias devem ser adotadas é, por um lado, a crença do que realmente é o possível e por outro o horizonte temporal com o qual se está definindo as políticas.  

Só para citar um exemplo que é de conhecimento de todas e todos, em 1985, quando da derrota da Campanha das Diretas Já, o PT decidiu não participar do Colégio Eleitoral, embora houvessem em disputa um candidato identificado com a ditadura militar, Paulo Maluf do PDS e outro identificado com a abertura política, Tancredo Neves do PMDB. 

Se olhar para o momento imediato, ou seja, a possibilidade real da eleição do PDS, a escolha correta seria votar em Tancredo do PMDB. Por outro lado, mirando um projeto de sociedade onde o povo é quem deve escolher seu próprio destino, não participar das eleições indiretas representou uma sinalização para a sociedade brasileira da radicalidade do compromisso do PT com a democracia. 

A diferença das leituras, naquela época, foi o horizonte temporal. O PT de 1985 apostou no médio prazo e, como sabemos, acertou.

Em 7 de junho, foi lançada a Frente Ampla Nacional por Diretas Já com um amplo espectro político onde estão praticamente todas as forças políticas democráticas e populares do Brasil. Couberam, nesta Frente Ampla, desde os setores progressistas do PSB e PDT, passando pelos movimentos sociais nacionais, as centrais sindicais, a CNBB, o CONIC, o PCdoB, o PT e PSOL e os setores mais radicalizados dos movimentos sociais.

Historicamente, foi um momento importante porque selou a unidade que vimos construindo ao longo destes últimos dozes meses na luta contra o golpe, contra a retirada de direitos e todos os retrocessos.  

No debate, no entanto, a unidade foi possível nos limites das Diretas Já. Isto porque, embora a maioria dos movimentos sociais vejam no Congresso o espaço onde está ancorado o golpe e a agenda de retirada de direitos, há setores, em especial aqueles compostos pelos partidos, que identificam o golpe apenas pela destituição da presidenta Dilma. Ignoram que, este Congresso foi eleito com pesados investimentos das grandes empresas que capturaram a democracia tomando de assalto as instituições democráticas. Por isso, não há espaço para saídas verdadeiramente democráticas fora da devolução do poder de decisão ao povo brasileiro.  

Senão vejamos: o “Volta Dilma” é uma bandeira correta, por outro lado, o retorno da presidente dentro do contexto de composição do Congresso e do Poder Judiciário não nos indica que represente mudanças estruturais. Os longos meses de luta contra o impedimento e que, como sabemos, não foram capazes de revertê-lo, indicam que Dilma novamente no Palácio do Planalto não representaria uma retomada das agendas sociais e, provavelmente, não iria além de uma desforra moral com os golpistas.  

Da mesma forma, a bandeira da antecipação das eleições diretas, embora igualmente correta por ser um antídoto contra os acordos entorno das eleições indiretas no Congresso, na prática não indica para mudanças estruturais, isto porque, elegendo um ou uma nova presidência sem mexer no Congresso, novamente retornamos ao mesmo ponto onde, a pessoa eleita terá que compor com as bancadas da Odebrecht, da JBS, do Banco Itaú, dos usineiros, da Bancada da bala, da bíblia e do boi, etc., composições estas que somente ocorrerão nos marcos dos interesses destes poderosos grupos econômicos.  

Neste sentido, mudança real somente podem ocorrer com eleições gerais e para uma Constituinte exclusiva, no sentido de que todo poder emana do povo que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos da Constituição Brasileira. 

Desta forma, está expresso nos princípios constitucionais que o poder popular é uma delegação aos representantes que pode ser revogada. A saída portanto, é devolver a decisão para que o ao povo decida sobre o desfecho da crise institucional, econômica, política e social que estamos inseridos. 

Se esta proposta tem ou não capacidade de ser efetivada, só o tempo dirá. O que não parece correto é abortar as possibilidades históricas tentando compor uma aliança com aqueles que historicamente impõe uma agenda de retrocessos.  

Como dito no inicio deste texto, a campanha das Diretas Já de 1984 não foi taticamente vitoriosa, mas demonstrou-se uma potente referência política que nos acompanha até os dias de hoje. Já nas mobilizações de 2013, parte importante da população brasileira, em especial da juventude, foi às ruas pedir mudanças. 

Muitos daqueles jovens reivindicavam maior espaço de participação e a ampliação do controle popular sobre políticas públicas como os transportes, a educação, a saúde e os espaços coletivos. Infelizmente, por motivos que não cabem aqui aprofundar, aquelas manifestações rapidamente se tornaram contra o governo e foram capturadas pela direita.  

Em relação as mobilizações o que nos interessa é que aquele sentimento de mudanças ainda está latente na base social brasileira. Neste sentido, defender uma proposta mais radical talvez não garanta as possibilidade de uma vitória no curto prazo; no entanto, certamente sinaliza para a classe trabalhadora um horizonte estratégico que, se concretizado, terá resultados melhores e mais duradouros na luta por direitos.  

E qual a sinalização que estaremos fazendo. Ora, de que sem mudanças estruturais os mecanismos que geram e aprofundam as desigualdades irão continuar gerando seus efeitos. 

E, para que hajam mudanças reais, é preciso primeiro uma reforma política e, na continuidade, a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma do sistema judiciário, a democratização dos meios de comunicação e a reforma do sistema tributário.  Por isso que nossa bandeira, neste momento de crise, poderia ser por eleições gerais, com uma Constituinte exclusiva, as únicas formas de realmente manter e conquistar nossos direitos e ampliar a democracia.

terça-feira, maio 03, 2016

Fascistas de Direita provocam confronto e violência e são expulsos de ato pelo Dia do Trabalhador em Belém

Homem de chapéu e camisa preta deu um soco na esposa do manifestante de camisa laranja. O casal havia ido para a atividade político-cultural pelo Dia do Trabalhador e acabou envolvido em uma briga, na praça da República, na manhã deste domingo, em Belém do Pará. Foto: Paulo Castro/DOL.

Por Diógenes Brandão 

Imagens registradas neste domingo (1º), tanto por manifestantes, quanto por veículos de imprensa, na praça da República em Belém do Pará, mostram um confronto entre manifestantes que participavam do ato convocado pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo e um grupo de fascista que chegaram ao local com provocações e entoando palavras de ordem, exaltando o nome do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).

Ato político-cultural pelo Dia do Trabalhador contou com uma grande faixa Foto: Glauce Monteiro/G1)
Segundo informações apuradas in loco, se não fosse a rápida intervenção da Polícia Militar, o confronto poderia ter colocado muitas vidas em risco. Mesmo não conseguindo evitar troca de socos, cuspidas e chutes entre os grupos antagonistas mais exaltados, a polícia isolou os grupos antagonistas e o evento seguiu normalmente, e segundo a coordenação, o ato reuniu cerca de duas mil pessoas e unificou três centrais sindicais, além de militantes do PT, PCdoB e PSOL. Além de um café da manhã servido pela CUT e CTB, em frente ao Teatro da Paz, diversos artistas participaram da atividade, revezando-se no microfone de um trio elétrico, na avenida presidente Vargas, onde também havia uma exposição fotográfica do PT, com imagens de uma caravana que saiu do Pará para participar do dia do julgamento do impeachment, na câmara dos deputados, no mês passado.

Após o confronto, a PM isolou os dois grupos e o ato prosseguiu normalmente, finalizando com o "beijaço" em favor da democracia e contra o golpe. Foto: Frente Brasil Popular-PA.

O ato terminou por volta das 14h com um "beijaço", proposto em resposta às agressões e a violência trazida pelas provocações do fã clube paraense de Jair Bolsonaro, convocado através da internet, como pela página Direita Paraense, na qual um convite para 2100 pessoas, teve a confirmação de 229, mas sendo segundo a página da CUT-PA no Facebook, "Descaracterizados,eles primeiro tentaram se inscrever para falar no carro-som. Depois, postaram-se na frente de uma câmera da TV Liberal e começaram a hostilizar um grupo de jovens do movimento "Mulheres Pela Democracia". Formou-se uma confusão e eles foram expulsos. Houve denúncias de que dois integrantes do grupo estavam armados, mas a polícia militar fez a revista e nada encontrou. Acompanhem as fotos da confusão", conclui a postagem da central sindical, uma das coordenadoras do evento.



Assista o vídeo e as fotos de Paulo Castro, publicadas pelo portal Diário On Line.

























segunda-feira, abril 18, 2016

Pretenso governo Temer será combatido nas ruas, dizem frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo



Via Sul21

A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo divulgaram nota oficial, na noite de domingo (17) afirmando que não aceitarão o golpe contra a democracia e os direitos dos trabalhadores, articulado na Câmara dos Deputados por Eduardo Cunha, Michel Temer e seus aliados. 

As duas organizações, que reúnem movimentos sociais, entidades sindicais, partidos de esquerda e movimentos populares antecipam que não reconhecerão legitimidade em um pretenso governo Temer, fruto de um golpe institucional e que ele será combatido nas ruas. As mobilizações de rua, informa ainda a note, continuará com paralisações, atos e ocupações já nas próximas semanas, e com a realização de uma grande Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora, no próximo dia 1º de Maio, Dia do Trabalhador. 

Segue a íntegra da nota:

“Não aceitamos o golpe contra a democracia e nossos direitos. Vamos derrotar o golpe nas ruas”.

“Este 17 de abril, data que lembramos o massacre de Eldorado dos Carajás, entrará mais uma vez para a história da nação brasileira como o dia da vergonha. Isso porque uma maioria circunstancial de uma Câmara de Deputados manchada pela corrupção ousou autorizar o impeachment fraudulento de uma presidente da República contra a qual não pesa qualquer crime de responsabilidade.

As forças econômicas, políticas conservadoras e reacionárias que alimentaram essa farsa têm o objetivo de liquidar direitos trabalhistas e sociais do povo brasileiro. São as entidades empresariais, políticos como Eduardo Cunha, réu no STF por crime de corrupção, partidos derrotados nas urnas como o PSDB, forças exteriores ao Brasil interessadas em pilhar nossas riquezas e privatizar empresas estatais como a Petrobras e entregar o Pré-sal às multinacionais. E fazem isso com a ajuda de uma mídia golpista, que tem como o centro de propaganda ideológica golpista a Rede Globo, e com a cobertura de uma operação jurídico-policial voltada para atacar determinados partidos e lideranças e não outros.

Por isso, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo conclamam os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, e as forças democráticas e progressistas, juristas, advogados, artistas, religiosos a não saírem das ruas e continuar o combate contra o golpe através de todas as formas de mobilização dentro e fora do País.

Faremos pressão agora sobre o Senado, instância que julgará o impeachment da presidente Dilma sob a condução do ministro Lewandowski do STF. A luta continua contra o golpe em defesa da democracia e nossos direitos arrancados na luta, em nome de um falso combate à corrupção e de um impeachment sem crime de responsabilidade.

A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo desde já afirmam que não reconhecerá legitimidade de um pretenso governo Temer, fruto de um golpe institucional, como pretende a maioria da Câmara ao aprovar a admissibilidade do impeachment golpista. Não reconhecerão e lutarão contra tal governo ilegítimo, combaterá cada uma das medidas que dele vier a adotar contra nossos empregos e salários, programas sociais, direitos trabalhistas duramente conquistados e em defesa da democracia, da soberania nacional.

Não nos deixaremos intimidar pelo voto majoritário de uma Câmara recheada de corruptos comprovados, cujo chefe, Eduardo Cunha, é réu no STF e ainda assim comandou a farsa do impeachment de Dilma. Continuaremos na luta para reverter o golpe, agora em curso no Senado Federal e avançar à plena democracia em nosso País, o que passa por uma profunda reforma do sistema político atual, verdadeira forma de combater efetivamente a corrupção.

Na história na República, em vários confrontos as forças do povo e da democracia sofreram revezes, mas logo em seguida, alcançaram a vitória. O mesmo se dará agora: venceremos o golpismo nas ruas! Portanto, a nossa luta continuará com paralisações, atos, ocupações já nas próximas semanas e a realização de uma grande Assembleia Nacional da Classe Trabalhadora, no próximo 1º de maio.

A luta continua! Não ao retrocesso! Viva a democracia!”


Greve geral contra o golpe. Já!



Por Altamiro Borges, em seu blog

Numa sessão deprimente, que entrará para a história como um dos momentos mais tristes da frágil democracia brasileira, a Câmara dos Deputados aprovou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Um “consórcio de bandidos”, liderado pelo correntista suíço Eduardo Cunha – com muitos deles falando de forma leviana “em nome de Deus” –, assaltou 54,5 milhões de votos e deu o primeiro passo para a formação do ilegítimo governo de Michel Temer, o Judas que não conta com 1% de credibilidade na sociedade. O golpe, porém, teve o seu contraponto. Neste domingo (17), milhares de pessoas saíram às ruas em defesa da democracia e dos direitos sociais. Os protestos revelam que estão sendo criadas as condições para a decretação de uma greve geral no Brasil.

Nas últimas semanas, cresceu a consciência de que o golpe em curso não visava somente derrubar a presidenta reeleita democraticamente em 2014. Do lado dos deputados venais que aprovaram o impeachment estão as principais entidades patronais, da cidade e do campo, os falcões dos EUA e a mídia privada. Os setores médios que gritaram “fora Dilma” são apenas massa de manobra desta elite. 

Ficou patente que o intento maior dos golpistas é destruir o pouco que foi conquistado nos últimos anos. Não é para menos que eles já ditam as primeiras medidas do governo Temer/Cunha: retirada dos direitos trabalhistas, com a imposição do negociado sobre o legislado; redução dos “gastos públicos”, com a diminuição das verbas para as áreas sociais; revogação da lei da partilha no pré-sal para favorecer as multinacionais do petróleo; entre vários outros pontos regressivos e destrutivos.

Com esta compreensão, várias categorias de trabalhadores já se mobilizaram nos últimos dias. Os sindicatos deixaram de lado seu corporativismo e jogaram pesado na mobilização contra o golpe, dando demonstração de maturidade politica. Os trabalhadores rurais bloquearam estradas e já anunciaram que irão intensificar a luta. Em defesa da democracia e dos direitos sociais, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que reúnem o grosso dos movimentos sociais brasileiros, tornaram-se referência na reação ao golpe.

Rompida a primeira linha de defesa da legalidade, com a aprovação do impeachment na Câmara Federal – haverá uma segunda refrega no Senado Federal –, é urgente discutir novas formas de resistência – inclusive a greve geral!

sábado, abril 02, 2016

Manifestantes tomam as ruas de Belém em defesa da democracia e contra o golpe



Por Antônio Alberto Pimentel, no Jornal Resistência Online

Ontem (31.03) cerca de 30 mil pessoas participaram em Belém da manifestação em defesa da democracia e contra a tentativa de golpe que vem sendo orquestrado pelas elites. A manifestação saiu da Praça Mártires de Abril em São Braz e seguiu até a Aldeia Cabana, onde encerrou com um show que reuniu diversos artistas paraenses. Com gritos de protestos contra a tentativa de golpe uma multidão caminhou pela av. Jose Bonifácio, depois Av. Duque de Caxias, seguindo por Trav. Mauriti e Av. Pedro Miranda. Não faltaram acenos e manifestações de apoio por parte dos moradores no trajeto. Esteve à frente desta manifestação a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. Mas que também contou com a mobilização da  articulação de juristas, advogados e intelectuais paraenses que tem se organizado para lutar em defesa da democracia e da legalidade.

Para os organizadores, realizar no 31 de março uma manifestação desta contra uma tentativa de Golpe das elites brasileiras é muito simbólico para demonstrar a resistência do povo à postura autoritária e fascista da direita, que não gosta da democracia e muito menos de ver o povo participando da política. Para os trabalhadores é um dia de lembrar o horror do golpe de 1964, manter ele vivo nas memórias para que nunca mais se repita. Por isso, uma das palavras de ordem do ato era GOLPE NUNCA MAIS.



Na avaliação dos movimentos e organizações sociais que participam da manifestação o que está em curso no Brasil é um golpe e não um legítimo processo de impeachment, já que o pedido que tramita no congresso não tem base jurídica para isso. Para o Cientista político e professor do mestrado em direito da UFPA, Jean-François Deluchey, não tem como caracterizar crime de responsabilidade sobre as contas da união que ainda nem foram apresentadas no congresso, não tendo nenhuma hipótese para um processo legítimo de impeachment. Para ele se o processo não é legitimo deve ser tratado como um golpe. Sobre acusação das pedaladas fiscais, Jean-François questiona o fato de se querer atribuir um crime de responsabilidade sobre um dado que o próprio congresso oficialmente desconhece. Outro aspecto que Jean-François destaca é que numa democracia não pode haver dois pesos e duas medidas. Se o congresso nos últimos 20 anos sempre teve situações de pedaladas fiscais acatadas, não pode apenas a presidenta [Dilma] ser julgada agora e os demais casos não  sejam processados pelo mesmo motivo ou mesmo fiquem impune. Para ele, não se pode admitir que um congresso tome uma ação ilegal contra um presidente, porque é negar o conceito de soberania popular e de democracia. Sobre a corrupção, ele destaca que todo caso deve ser apurado, mas não devemos tolerar ilegalidades por arte do judiciário. Para ele o problema é que o sistema político brasileiro é estruturalmente corrupto, a prova disso é que se alguém quiser se eleger apresentando apenas ideias e não tendo dinheiro, este não se elege nunca neste país, pois estamos diante de uma democracia corrompida que apenas elege quem é apoiado pelo poderio econômico, o que não constitui um regime democrático, mas sim um regime oligárquico. Diante disso, defende a importância de uma profunda reforma política para avançar a democracia em nosso país.




Para Ulisses Manaças, membro da Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), nós estamos vivendo um momento muito delicado da conjuntura brasileira, um momento de uma crise que é estrutural e internacional, que tem afetado diretamente Brasil, inclusive na área social e política. Neste cenário, as elites deste país encontraram um meio para tentar retomar a hegemonia política no Brasil. Este rearranjo foi exatamente uma tentativa de golpe, burlando a democracia e a legislação brasileira para construir um processo de impeachment e impedir a presidente Dilma de governar o Brasil. Coloca de forma enfática que o movimento estará na resistência para de fato pautar as grandes reformas que o país precisa. Ele entende que não é necessário o impeachment, mas que devemos avançar nas reformas estruturais, realizando uma grande reforma política que vai mudar o Brasil e democratizar amplamente a nação brasileira.

Já a presidenta da Central Única dos Trabalhadores-Pará, Elci Ana da Costa Gonçalves, declara que o atual projeto de sociedade defendida pelos trabalhadores encontra-se ameaçado e a democracia em risco. “Estamos em estado de alerta e ainda mais motivados para ir às ruas defender os nossos direitos, porque a classe trabalhadora depende deste projeto político, que tem possibilitado nos últimos anos ter acesso a direitos sociais e civis”, diz ela. Para Elci Ana a saída para os trabalhadores neste momento é as mobilizações nas ruas, organização de comitês populares articulados na defesa da classe trabalhadora, dialogar e exercitar a construção coletiva da defesa do projeto político, trabalhando o convencimento da população, reafirmar nossa simbologia a partir das cores e da arte na defesa da democracia, que continua em risco neste momento.



Marco Antonio Carrera Ferreira, diz que Frente Povo Sem Medo tem a definição de defender de forma intransigente a democracia. Para ele a democracia é o ambiente e o terreno fértil para o povo brasileiro construir as bases de um país verdadeiramente humano e fraterno. O povo não vai permiti golpe na democracia, pois esta permitiu muitos avanços aos direitos dos trabalhadores, com políticas de inclusão social, mesmo que ainda os grandes capitalistas estejam tenho autos lucros. Entende também que o impeachment não tem base legal, por isso é golpe. O problema da corrupção é sistêmico e esta enraizada em toda a sociedade e também no aparelho de estado, sendo este último indutor e reprodutor desta cultura de corrupção. O A frente é favorável a apuração de todos os indícios de corrupção e apropriação do patrimônio público, mas que seja feita com isenção e não seja feito de forma seletiva, como vem sendo feita. A corrupção do PSDB, inclusive do Jatene, do PMDB e outros também devem ser investigados.

Já Rogério Paulo Hör, do Movimento dos Atingidos por Barragens, chama a atenção dos interesses das elites que estão por trás do golpe. Para ele há uma ofensiva da burguesia nacional aliada do imperialismo norte americano pelo controle dos recursos naturais. Rogério dar destaque ao Brasil como um país detentor de grandes riquezas naturais no mundo e que os grandes capitalistas estão de olho diante desta situação de crise econômica mundial. Diaz que o MAB está nas ruas junto com as outras organizações para protestar contra o golpe, o ajuste fiscal e reforma da previdência e em defesa da democracia. Para ele a operação lava jato é um processo seletivo e questiona a ação do judiciário e da mídia a serviço dos grandes capitalistas. Destaca a importância da Frente Brasil Popular no processo de rearticulação da esquerda e na resistência contra o golpe.

José Marcos, Presidente da Central dos Trabalhadores do Brasil-Pará, também avalia que vivemos um momento crítico em nosso país, e coloca o desafio de se avançar na democracia ou teremos um grande retrocesso. Para ele há um golpe midiático e jurídico articulado por aqueles que perderam seguidas eleições. O impeachment é previsto na constituição federal, mas tem exigência, tem que haver crime de responsabilidade e não existe nenhum por parte da presidente. Explica que no caso do adiantamento de créditos, chamado de pedaladas fiscais, há lei que permite à presidente fazer este tipo de movimentação financeira. Para marcos, o que querem dar é um golpe.



Para Adima Monteiro, da Consulta Popular, coloca que os casos de corrupção no país devem ser investigados, mas de forma isenta e sem seletividade. Destaca que o problema maior é que a corrupção está na raiz do sistema político brasileiro que é controlado pelo empresariado que financia e elege seus candidatos. Prova disso é a representatividade que temos no congresso brasileiro atual. Explica ainda que, a crise política se aprofunda com crise social e econômica, que é internacional. As elites estão fazendo uso desta crise pra fazer o desgaste da presidente Dilma. Para ela a mídia, principalmente a Globo, de forma maniqueísta tenta associar a imagem da presidente à operação lava jato, porém não existe qualquer ligação da presidente aos escândalos de corrupção na Petrobrás. O pedido de impeachment tem como fundamentação a suposta pedalada fiscal e que não tem base jurídica consistente, o que evidencia a tentativa de um golpe articulado por parte do judiciário, que tem como principal figura o Juiz Sérgio Moro, articulado com a grande imprensa. Para Adima a saída nesta situação de crise é a luta e a organização do povo para assumir o protagonismo político em nosso país, já que as instituições estão falidas, e possam se mobilizar por uma nova constituinte popular e soberana da reforma política.

Anna Claudia Lins, advogada da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, diz que neste momento há duas razões principais para os advogados, juristas e entidades de direitos humanos tome parte na luta contra o golpe. A primeira é a defesa da democracia, que precisa ser aprofundada e não retroceder. A segunda é a seletividade do judiciário, que sempre existiu com os mais pobres, na criminalização dos movimentos sociais. “Nos dos direitos humanos já nos deparamos com muitos Moros por aí”, enfatiza.

MP pede quebra de sigilo bancário e fiscal do prefeito de Ananindeua

O blog recebeu o processo de número  0810605-68.2024.8.14.0000,  que tramita no Tribunal de Justiça do Esado do Pará e se encontra em sigilo...