No Espaço Aberto
O governador Wilson Witzel pode passar o resto da vida dizendo que, em vez de comemorar a morte do sequestrador de um ônibus, na manhã desta terça-feira (20), na ponte Rio-Niterói, comemorou a preservação de 37 vidas.
Pois eu devo passar os próximos 350 anos achando que não.
Acho que ele, em verdade, comemorou a morte do sequestrador, e não o fato de que os 37 reféns que estavam no ônibus saíram sãos e salvos.
Essas imagens aí, do governador do Rio, são ridículas.
São horríveis.
São tenebrosas.
São ridículas, horríveis e tenebrosas porque espera-se de um governante moderação, comedimento, racionalidade, sensatez e contenção de ânimos, sobretudo e principalmente em momentos extremos, como os que se viram durante as três horas em que o sequestrador manteve os passageiros reféns dentro do ônibus.
Estávamos diante de uma iminente tragédia, que ocorreria caso o homem, por exemplo, tocasse fogo no ônibus?
Sem dúvida que sim.
A polícia, tecnicamente, desincumbiu-se a contento de sua missão, acertando os tiros apenas no sequestrador?
Sim.
Desincumbiu-se.
Devemos todos, de fato, festejar o fato de que todos os passageiros no interior do ônibus tiveram sua integridade física absolutamente preservada?
Mas é evidente que sim.
A ação dos snipers foi decisiva para salvar essas 37 vidas?
É claro que sim.
Mas a atitude extrema (neutralizar, ou seja, matar o sequestrador), adotada naquele momento, era a recomendável?
Ninguém sabe.
Já haviam sido esgotadas todas, absolutamente todas as alternativas para que o homem se entregasse?
Não sei.
Ninguém sabe ainda.
Nem Wilson Witzel, esse que diz ter comemorado a preservação de 37 vidas.
Mas eu acho mesmo é que comemorou a morte do sequestrador.