Para tentar salvar filho das drogas, ela procurou projeto lançado com pompa pelo governo, mas ouviu que este “ainda não saiu do papel. |
“Esse projeto não existe. Fui até a sede para cadastrar o meu filho e simplesmente nos mandaram ir para o Creas (Centro de Referência Especializada em Assistência Social ) de Mosqueiro, que lá iriam recebê-lo. Mas, quando cheguei lá, a assistente social disse que era necessário fazer vários exames para comprovar que o meu filho é dependente químico, entre outras exigências”, afirmou a mãe de um dependente químico, viciado em drogas que rouba a família para comprar derivados de cocaína e está ameaçado de morte por traficantes, devido a dívidas contraídas em bocas de fumo. Com as pontas dos dedos queimadas devido ao uso excessivo de drogas, de braços cruzados e observando o desespero da mãe, JCR, de 22 anos, esperava sentado em um banco, na Seccional Urbana de São Braz, o que iria acontecer desta vez. Ele é dependente químico há mais de quatro anos e a família pedia ajuda para a polícia.
Na madrugada de ontem (18), o desespero da mãe dele, de 41 anos, que não quis se identificar, era porque, segundo ela, várias pessoas estão ameaçando seu filho de morte por conta de dívidas com o tráfico de drogas e objetos que ele furta de pessoas para comprar drogas. Segundo ela, o rapaz tem uma filha de um ano e sete meses e não trabalha.
“Ele já furtou várias bicicletas da família, de amigos e de conhecidos. Já furtou objetos de dentro da própria casa, no Icuí – Guajará e na Cremação, onde temos parentes. Tudo o que ele consegue de dinheiro ele troca por drogas em bocas de fumo. Não sei mais o que fazer porque ele não pode ficar sozinho que já quer pegar as coisas dos outros para trocar por droga”, disse.
De acordo com a denunciante, há duas semanas ela levou seu filho para buscar atendimento no projeto Pacto do Acolhimento “Belém pela Vida”, lançado recentemente pela Prefeitura de Belém - coordenado conjuntamente pela Funpapa, Secretaria Municipal de Administração (Semad) e Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem) - como política integrada para combate às drogas no município. Porém, ficou decepcionada.
“Esse projeto não existe. Fui até a sede para cadastrar o meu filho e simplesmente nos mandaram ir para o Creas (Centro de Referência Especializada em Assistência Social ) de Mosqueiro, que lá iriam recebê-lo. Mas, quando cheguei lá, a assistente social disse que era necessário fazer vários exames para comprovar que o meu filho é dependente químico, entre outras exigências”, afirmou.
O programa, que leva o grandioso nome de “Pacto do Acolhimento Belém pela Vida e Atenção ao Usuário Abusivo de Álcool, Crack e Outras Drogas”, foi concebido para atender pessoas que sofrem transtorno mental ou que sofram com o vício de entorpecentes.
De acordo com depoimento da mãe do rapaz, após retornar de Mosqueiro, ela buscou novamente orientação aos responsáveis pelo Pacto “Belém pela Vida”, mas na própria secretaria do programa ela foi informada por uma das pessoas responsáveis pelo programa que, “na verdade, o projeto ainda não saiu do papel e que as propagandas na mídia não devem ser levadas a sério, pois nada ainda foi assinado”.
Após esta resposta, há duas semanas ela ficou sem saber a quem recorrer e resolveu procurar a polícia, pois cada vez a situação do filho está ficando mais séria.
“Eu não sei mais o que fazer. O meu filho não pode ficar na rua ou em casa porque ele pode ser morto por algum traficante. O meu salário eu não vejo há mais de três meses. Todo tempo pago dívida que ele faz por aí, senão vão matá-lo. Além disso, ele furta objetos da nossa casa e dos parentes. Não sei mais o que fazer e resolvi procurar ajuda aqui na seccional, mas não conseguimos nada até agora porque ele não pode ficar preso”, falou.
O rapaz conversou com o DIÁRIO e contou que quer ajuda. “Eu queria me tratar. Já cheguei a ficar internado em um centro de reabilitação, mas não deu certo. Eu não consigo me controlar. Só hoje eu furtei três bicicletas para trocar por ‘pedra de óxi’. No total, só de bicicleta eu já furtei mais de vinte”, falou.
O Diário procurou a assessoria da Prefeitura de Belém, mas até o fechamento da edição não obteve resposta.
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