quarta-feira, maio 09, 2018

O medo social, o oportunismo eleitoral e o uso político da violência



Por Diógenes Brandão 

A violência urbana amedronta a sociedade de forma avassaladora. Ninguém se sente seguro nas ruas e a criminalidade chegou ao ápice de sua ousadia. 

O frequente e planejado assassinato de policiais, somado ao avanço do crime organizado, em todas as grandes capitais brasileiras e a existência de milícias que acabam ditando leis de um mercado paralelo - onde quem não obedece ou infrige as regras do jogo, tem sua pena de morte decretada - acabam por gerar mais medo e insegurança na população, que se sente impotente e completamente à mercê da bandidagem e de policiais corruptos.

Neste caldeirão de tormentos sociais, pesquisas revelam um fortalecimento da bancada da bala, que ao proteger Michel Temer das investigações pelo STF, andava com sua popularidade em baixa, mas pesquisas revelam que certos deputados oportunistas tem conseguido recuperar sua imagem diante da opinião pública.

As eleições ocorrem daqui há menos de 05 meses e por isso, o uso político da violência e do medo social tendem a aumentar, incitados por aqueles  que mirram o poder fazendo uso midiático de algo que requer muito mais que frases de efeito e soluções simplistas e que vão na contra-mão do Estado Democrático de Direito: Ou seja, o cumprimento das leis e a proteção da vida de todos.  

Enquanto apresentadores de TV e policiais se apresentam como candidatos, outros já são políticos e todos se aproveitam deste clima de medo generalizado, pregando o uso de mais violência para combater a violência. 

O antigo olho por olho, dente por dente.  

Por mais que não se possa negar o momento crítico que atravessamos, cabe aos cidadãos de bem (de verdade) se contrapor ao oportunismo dos abutres que se alimentam dos cadáveres que a violência produz.

Enquanto isso, a juventude que mora nos bolsões de miséria está sendo dizimada por traficantes e organizações criminosas, assim como pela polícia e milicianos.  

Os números são gritantes, mas sumariamente ignorados pelos grandes veículos de comunicação e os novos comentaristas de redes sociais: 92% dos homicídios é de negros e pobres. No Brasil, de 100 assassinatos, 71 são deste segmento social. No Pará, esse número aumenta para 93. 

Um verdadeiro genocídio racial e social.

Do Estado, espera-se a união de forças e competências das instituições públicas em todas as esferas, para execução de um plano emergencial de contenção desta barbárie, que já passou dos limites, mas ainda pode ser contida com fortes investimentos, inteligência, tecnologia, valorização dos profissionais da segurança pública e a urgente intervenção estatal com programas sociais nas periferias, para concorrer com o aliciamento ao crime, que recruta mais jovens que as escolas e os postos de trabalho.

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