Foto: Carolina de Oliveira. |
Por Fabrício Rocha
Acabou no incio da noite desta quarta, a convenção do PSOL que ratificou Edmilson Rodrigues e Edilson Moura (PT) como candidatos a prefeito e vice de Belém. Foram duas horas de evento dentro do Hotel Sagres. Edmilson mostrou que ainda é um dos maiores oradores da politica paraense. Falou por uma hora e seis minutos sem tomar um gole d'água, segurando tudo apenas com pausas dramáticas, saudando a unidade dos partidos da frente e apresentando a plataforma politica.
Nos primeiros momentos da fala de Edmilson, ele direcionou ao vice Edilson Moura para falar da luta contra o racismo e disse que depois do governo deles, a palavra "denegrir" passaria a ter um sentido positivo. Durante a fala, foi forte a ênfase no poder e participação popular. "O povo tem que ser protagonista do seu destino e o nosso programa sinaliza o quanto radical, em termos de democracia, nós vamos ser". Falou mais uma vez nas 8 subprefeituras, que foram vetadas na época que ele foi prefeito, mas fez questão chamar atenção de que tinham que ter representantes legítimos dos bairros.
Dialogando com o slogan da campanha, "Belém de novas idéias", o PSOL pela primeira vez, e até mesmo de forma surpreendente porque é um discurso que tem a marca do vale do silício, traz o tema de cidades inteligentes, falando de ciência, tecnologia, inovação urbana. Mas ao mesmo tempo, Edmilson demostra que entende essa Belém de inovações como uma cidade de direitos baseada "nessa ideia da esperança como liberdade, uma afirmação de um mundo novo" e que "pode ser um lugar de resistência e dar sua contribuição a produzir um território brasileiro de abrigo do nosso povo e não como mera fonte lucro para classes abastardas , uma burguesia pouco numerosa e muito rica, para grandes corporações e grandes bancos. Belém e o Brasil podem ser a casa, o abrigo, a segurança, a cidadania para o nosso povo"
Sobre a questão da gestão, foi a primeira vez que percebi uma ruptura clara com o modo petista de governar - "Para todos" -, avisou que vai cuidar bem do centro, porque o atual prefeito que representa a burguesia, nem isso estaria fazendo. Mas fez questão de enfatizar que "um governo que pretende transformar e melhorar a vida do povo tem que cuidar bem da nossa gente, particularmente os que mais precisam, daí os investimentos tem que ser direcionados, fundamentalmente, onde há mais carência de creches, escolas, infra-estrutura, unidades de saúde, programa da saúde da família e demais direitos do povo, a chamada inversão de prioridades e isso vai fazer a diferença."
Também falou em resgatar e modernizar ações dos seus governos anteriores como uma renda mínima - na época chamada de bolsa escola, de um salário minimo - , potencializar e dar condições para o empreendedorismo, com formação e financiamento de micro e pequenos negócios, startups, culinária e turismo. Mas não falou se seria uma experiência em rede, com moeda social ou com banco comunitário.
Outro ponto importante, foi o anuncio da implementação do sistema municipal de cultura e a lei Walmir Bispo, assim como um fundo de cultura e criação de uma secretaria municipal de cultura. A ideia é ter recursos além da lei Tó Teixeira. Citou uma bienal internacional de música. Continuou falando de politicas sociais para idosos, jovens, mulheres, negros, indígenas e politicas que viabilizem o direito a diferenças e falou que "belém pode ser a capital mundial do respeito" como luta contra as desigualdades e consciência ambiental.
Fez a exigência para que a Cosanpa tenha um plano de saneamento para Belém. Terminou falando sobre saúde básica e saúde da família falando numa meta de 75% de cobertura. Investir na parte hospitalar e UPA. Falou na dificuldade da construção de casas populares sem o minha casa minha vida, mas disse que o debate da regulação fundiária tem que ser feito. A valorização do serviço público também foi tema e foi duro com o Bolsonarismo nesse aspecto.
A grande ausência do apresentação foi o tema da mobilidade urbana, detalhes sobre saídas para o BRT, ciclovias, tarifa zero para desempregados e estudantes, mesmo assim foi uma das melhores falas programáticas do Edmilson até aqui na campanha. Vamos ver como isso vai se traduzir na tv, rádio e memes.
Em tempo, a melhor fala entre os sete partidos da frente, ficou por conta da Marinor Brito. Deixou claro que as diferenças existem,mas foi possível construir uma frente. Falou da luta antirracista,da luta das mulheres e do combate ao neofascismo. Homens, aprendam com essa mulher aguerrida.
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