sábado, setembro 19, 2020

O tirano Helder Barbalho e seus lacaios

 

(...) 

Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.

Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.

Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.

No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

(...)

In: COSTA, Eduardo Alves da. No caminho, com Maiakóvski. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. (Poesia brasileira). Poema integrante da série O Tocador de Atabaque.

Por Diógenes Brandão 

Passados dois dias das convenções partidárias que definiram os rumos das eleições municipais em Belém, o blog recebeu um áudio bombástico e cheio de detalhes, onde uma importante liderança política, aliada do governador explica como Helder Barbalho operou para que Eder Mauro e Jefferson Lima não fossem candidatos nestas eleições em Belém. O primeiro pelo PSD e o outro pelo PP, o certo é que ambos foram golpeados em seus próprios partidos e devem sair deles assim que houver uma janela. 

Após o ocorrido, a covardia da classe política e jornalística se justificava através de manifestações do tipo: "Eles mereceram!", "Não eram Santos" ou "Bem-feito". Tudo ao estilo que do que o senso-comum prega cotidianamente neste país adoecido: bandido bom é bandido morto. 

No entanto, as vítimas deste golpe não foram apenas os dois degolados por seus partidos através de uma intervenção imoral por parte de Helder Barbalho. A sociedade e a política paraense é que mais foram atingidas com tal falta de escrúpulos, que nem Maquiavel previu em seus escritos.

A história da política paraense registra um de seus momentos mais cabulosos e nefastos, onde a maioria da classe política se regozija e aplaude o feito antidemocrático e a promiscuidade entre partidos, que reproduzem a política do 'toma lá-dá cá', em plena luz do dia, sob os olhares de todos e quase ninguém diz absolutamente nada. 

Ao jornalismo paraense, estuprado e jogado na vala comum, fica os nossos pêsames pela morte abrupta imposta pela família barbalho, que o assassinou com golpes mortais e consentidos.

Aos demais partidos e líderes políticos, que se rendem e se vendem a um governador tirano e sem pudores, a nossa manifestação de nojo pelo estado de putrefação em que se encontram.

O áudio que recebi e me incentivou a escrever este artigo, não virá a público por mim, a pedido do autor. 

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