Nos Estados Unidos, modelo de liberdade da direita brasileira, a esta hora, haveria um escândalo de dimensões incalculáveis.
Imaginem o The New York Times publicando que delegados do FBI envolvidos numa investigação sobre corrupção envolvendo ex-servidores públicos e parlamentares tornaram-se ativistas, nas redes sociais, de um partido político e de um candidato à Presidência?
Pois foi exatamente isso que aconteceu hoje, com a publicação do excelente trabalho da repórter Júlia Duailibi, no Estadão, que é claro, não agiu como faria o NYT e nem chamada de capa deu, colocando apenas em página interna.
“Delegados federais da Operação Lava Jato, força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás envolvendo empreiteiras e partidos, entre os quais o PT, usaram as redes sociais durante a campanha eleitoral deste ano para elogiar o senador Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto, e atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, que disputava a reeleição.”
Vários, inclusive aquele que é o responsável pela apuração dos vazamentos, Maurício Grillo, de supostos grampos colocados na cela do doleiro Alberto Yousseff.
Formam, com outras pessoas, grupos de conspiração – aliás, sem muitos cuidados, tamanha a certeza de impunidade que lhes deu uma direção pusilânime na Polícia Federal e no Ministério da Justiça – alimentados por noticiário do qual são eles próprios as fontes criminosas, vazando verdades ou mentiras de um inquérito presidido por um juiz que não se importa com a divulgação seletiva de verdades.
Não poderia dar em outra coisa uma temporada de desgoverno no Ministério da Justiça, com dândi que, vaidoso, só cuida de “ficar bem na fita” para alcançar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.
Meses atrás, um agente da PF surgiu nas redes sociais praticando tiro ao alvo com uma caricatura da Presidenta da República. Um rapaz que, do governo, do governo, ganhou licença para fazer cursos na Europa, ao lado de sua namorada, também agente da PF, viajou pelo Velho Mundo e lá se casou, com direito a lua de mel na paradisíaca Ilha de Santorini, tudo com fotos publicadas no Facebook, banhando-se em piscinas térmicas debruçadas sobre as montanhas e o Mar Egeu.
Temos o pior dos horrores à democracia no Brasil: uma polícia política, é essa a inevitável conclusão.
Paga pelo Estado para atuar preferencial e inescrupulosamente contra os governantes eleitos.
Não estamos falando do compadrio de um delegado de política do interior com um prefeito de alguma cidadezinha.
Estamos falando da República e das instituições de um país de 204 milhões de habitantes.
Como é que um juiz digno iria proceder diante de “investigações” que se desenvolvem sob a direção de militantes virtuais do PSDB?
Como é que um Ministro do Supremo vai decidir sobre “delação premiada” a partir de um chamado “conjunto de provas” com estas impressões digitais tucanas?
Já nem falo das providências que a direção da Polícia Federal e do Ministério da Justiça irão tomar.
Porque não irão tomar.
Talvez fosse melhor entregar logo a Polícia Federal ao delegado-deputado Marcelo Itagiba.
E transformar a Polícia Federal em departamento de serviços policiais do PSDB.
Leia aqui a matéria Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT na rede.
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