domingo, junho 28, 2015

Esquerda se une contra onda conservadora e reacionária


Depois de muitos anos sendo proferido, o bordão: "A esquerda só se une na cadeia", parece que está com seus dias contatos. Pelo menos é essa a impressão que fica, após a matéria de Daniela Lima, "Negociação avança e frente de esquerda é batizada de 'Grupo Brasil'", publicada na Folha de São Paulo, deste sábado. 

As negociações pela criação de uma frente de esquerda avançaram neste sábado (27). Após uma longa reunião em São Paulo, dirigentes do PT, PSOL, PCdoB e movimentos sociais, fecharam uma pauta de eventos para divulgar as atividades e anseios do que agora será chamado de "Grupo Brasil", o embrião da coalizão.

Os cabeças do movimento marcaram um novo encontro para o dia 25 de julho, no qual vão discutir as diretrizes do grupo num encontro que contará com a participação de economistas que falarão sobre os problemas da economia e o ajuste fiscal promovido pelo governo da presidente Dilma Rousseff.

Dois nomes foram mencionados pelos integrantes da reunião de hoje para integrarem o próximo encontro: Luiz Gonzaga Beluzzo e Márcio Pochmann. Ambos têm feito críticas à política econômica implementada no segundo mandato da presidente. Após essa segunda reunião, o grupo pretende lançar um documento apontando o que pensa sobre os rumos do país e da esquerda.

O "Grupo Brasil" também definiu que haverá uma primeira conferência nacional da frente, prevista para acontecer dia 5 ou 6 de setembro. A ideia é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vá a esse encontro.

A iniciativa é uma aposta para fortalecer os partidos de esquerda, em especial o PT, que atravessa a mais grave crise institucional de sua história. No encontro deste sábado, integrantes do grupo argumentaram que está em gestação um escalada do conservadorismo no Brasil, que não mira só o petismo, mas uma série de pautas progressistas, como os direitos LGBT.

Apesar de fortalecer alas e bandeiras históricas do PT, a formação do grupo pode contribuir para pressionar ainda mais o governo Dilma a mudar os rumos de suas decisões na economia e a condução das negociações com o Congresso Nacional.

RETOMADA

Militantes de esquerda que se afastaram do PT desde sua chegada ao poder, em 2003, aceitaram conversar sobre a construção da frente e participaram da reunião do grupo neste sábado. Ex-preso político e ex-deputado federal, Vladmir Palmeira, que rompeu com a sigla por discordar de sua política de alianças, por exemplo, participou do debate hoje.

O encontro foi convocado pelo líder do MST, João Pedro Stédile. Dirigentes do PT, como o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, e o secretário nacional de comunicação, deputado José Américo Dias (SP) também ajudaram a organizar a reunião.

O PCdoB foi representado pela deputada Jandira Feghali e o ex-presidente da legenda, Renato Rabelo. O deputado federal do PSOL de São Paulo, Ivan Valente, enviou um representante. O sociólogo Leo Lince, articulador da legenda no Rio de Janeiro, também participou das discussões.

O grupo que promover, logo após seu lançamento nacional, na conferência em setembro, um "grande ato de massas", com a presença de militantes das diversas siglas e integrantes dos movimentos sociais e sindicatos.

"A ideia é ter unidade popular mesmo, não é apenas uma questão eleitoral", disse Rui Falcão, ao deixar o encontro. 

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