A tão esperada reabertura do Pronto-Socorro Municipal (HPSM) Mário Pinotti - fechado há exatos 08 após um incêndio que colocou em risco a vida de pacientes - foi marcada por protestos e politicagem por parte do governador e do prefeito que negou que o incêndio foi uma tragédia anunciada.
No palanque, faltou povo, faltaram funcionários, os verdadeiros heróis que salvam vidas, muitas vezes colocando a sua em risco, tanto pelas falta de condições de trabalho, ou pela baixa remuneração, como vemos no PSM do Guamá, superlotado e em situação similar aos hospitais de guerra, com pacientes jogados em todos os cantos, com médicos em situação profissional irregular e demais servidores insatisfeitos com seus salários baixos.
O evento foi marcado pela presença de vereadores da base aliada, secretários da prefeitura e do governo do Estado, com seus DAS´s, assessores e seguranças. A proteção das autoridades presentes no evento ficou por conta de centenas de guardas municipais e PMs que faziam a segurança do prefeito Zenaldo Coutinho e do governador Simão Jatene, que já não podem aparecer em público sem serem vaiados e presenciarem protestos e manifestação de servidores públicos e populares.
Prefeito alega que por uma desinfectação, o PSM só poderá receber o público no mês de Março. Nas redes sociais, muitas críticas e sátiras, como a da internauta abaixo que disse no twitter: "Por pouco o PSM da 14 de Março, volta a atender só no dia 14 de março".
Funcionários denunciam que a prefeitura determinou a retirada de equipamentos do PSM do Guamá para que fossem feitas fotos e vídeos da entrega da reforma do PSM da 14. |
Médicos vão à polícia denunciar que não tem como atender as pessoas que estão morrendo em busca de atendimento no PSM do Guamá.
Em nota, o Sindicato dos Médicos do Estado do Pará revela como está o atendimento da população que precisa da rede pública de saúde municipal. Em resumo, se alguém não estiver morrendo, não procure a prefeitura, pois não será atendido.
Médicos fazem triagem no Guamá e Unidades de urgência.
Médicos da área de urgência e emergência de Belém concretizaram nesta quinta-feira o ato de protesto contra o caos instalado na saúde da cidade. Fazendo procedimento de triagem nos pacientes que chegavam ao Hospital do Guamá, eles só atenderam aqueles que realmente corriam risco de morte. A “triagem de advertência” foi uma reação à falta de providências por parte da gestão do município diante de reivindicações de médicos que vem sendo feitas desde o ano passado.
Idoso é encontrado morto no corredor do HPSM onde estava internado. |
No HPSM do Guamá o movimento foi grande e dois médicos atenderam na triagem, sendo que os demais plantonistas permaneceram no atendimento interno. Dos nove casos com indicação de cirurgia atendidos pela manhã nenhum pôde ser operado. O centro cirúrgico do hospital só dispõe de um carro de anestesia, que foi levado para o HPSM da 14 hoje e a sala de cuidados pós-cirúrgicos estava com os leitos totalmente ocupados. Enquanto isso, pacientes esperam atendimento em corredores lotados ou em áreas abertas, expostos à sol e chuva.
Na UPA de Icoaraci a morte de uma criança gerou tensão no atendimento no horário da manhã. Um menino de sete anos, provavelmente com quadro de meningite, faleceu por volta das 8h na UPA. Ele tinha sido atendido na véspera e liberado após a aplicação de medicamento antitérmico. Retornou à noite com febre alta e manchas no corpo. Foi feito hemograma e os médicos seguiram os procedimentos normais solicitando a internação do menino, mas a central de leitos não respondeu à solicitação da UPA. A “triagem de advertência do atendimento” deve durar ainda até amanhã de manhã, totalizando 24 horas de mobilização. O Samu também funcionou só para casos com risco de morte. Foi registrada uma remoção numa Unidade de Suporte Avançado, que requer o acompanhamento de profissional médico.
Idoso é encontrado morto no corredor do HPSM onde estava internado. |
A recomendação do Sindmepa é que os plantões sejam cumpridos normalmente, com a operação de triagem. “A triagem é um procedimento que deveria ser feito normalmente nas unidades e hospitais de urgência. Quem não for caso de emergência, deve ser encaminhado para a rede de unidades básicas, desafogando o atendimento nos hospitais, o que deveria ser feito rotineiramente”, explicou o diretor do Sindmepa, Waldir Cardoso.
Durante reunião com o prefeito de Belém, ontem, diretores do Sindmepa e médicos do Pronto Socorro do Guamá expuseram vários problemas vivenciados na área da urgência e emergência. Além da falta de estrutura, medicamentos e equipamentos, a Prefeitura não reajusta o valor dos plantões há 11 anos; os médicos não têm nenhum vínculo empregatício e o valor do salário base atualmente está abaixo do salário mínimo nacional.
Confira o vídeo que mostra pacientes que aguardam atendimento em um corredor ao ar livre tentando fugir da chuva.
Agora assista o vídeo institucional da prefeitura, onde tudo é bonito e maravilhoso e não mostra as manifestações de servidores públicos e populares, que vaiaram o prefeito Zenaldo Coutinho e o governador Simão Jatene, nem tão pouco as condições precárias do único Pronto Socorro Municipal (Guamá) que está atendendo toda a demanda dos que precisam de atendimento na rede de saúde pública em Belém.
Não é a toa que o prefeito Zenaldo Coutinho não ultrapassa os 2 dígitos nas pesquisas eleitorais, onde sua reeleição fica cada dia mais distante de acontecer.
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