No centro, rodeado por Jader Barbalho e Helder Barbalho, Luiz Otávio Campos é indicado para comando do governo Temer |
Por Diógenes Brandão
O blog do Bacana informou que o ex-senador paraense, Luiz Otávio Campos (Pepeca), foi indicado para assumir a Secretaria Nacional de Portos, (que estava sob o comando de Helder Barbalho, desde o início do segundo mandato de Dilma), que perdeu status ministerial, mas continua responsável pelo setor.
Para quem conhece a política paraense, não é difícil supor com grandes chances de acerto, de que a indicação é do hoje ministro da Integração Nacional, o também paraense Helder Barbalho (PMDB-PA), e seu pai, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA).
Antes de Dilma deixar o governo, por força do pedido de Impeachment, a mídia local e nacional "caiu matando" em cima do governo federal pelo fato de "Pepeca" ser indicado pelo PMDB para o comando da Agência Nacional de Transporte Aquaviário. No entanto, o indicado não foi nomeado.
Agora que está sendo elevado ao cargo de primeiro escalão do governo Temer, não se encontra nem uma linha sobre a história do apadrinhado do PMDB paraense, nas páginas da imprensa, portais de notícias, ou matéria de rádio e tv deste país, onde a opinião publicada é a que vale.
Há pouco mais de dois meses, quando Dilma ainda estava no Planalto, o blog do Barata, trouxe uma pitoresca postagem, com o seguinte resumo histórico:
Luiz Otávio de Oliveira Campos, o popular Pepeca, ser secretário executivo da Secretaria dos Portos, comandada por Helder Barbalho, soa a escárnio, diante da vida pregressa do apadrinhado político do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará e aliado do governo Dilma Rousseff. Torná-lo diretor-geral da Antaq, a Agência Nacional de Transporte Aquaviário, é emblemático da falência do decoro que medra com vigor no Palácio do Planalto, diante da ameaça de impeachment da presidente, à beira de um ataque de nervos, segundo revela a revista ISTOÉ.
Em sua mais recente edição, a revista Veja trata de resgatar os antecedentes de Luiz Otávio de Oliveira Campos, o Pepeca. Ex-vereador de Belém, ex-deputado estadual e ex-senador - eleito em 1998 pelo PRB, atual PP, sob o patrocínio do ex-governador tucano Almir Gabriel, já falecido -, em 2012 ele foi condenado pela Justiça Federal do Pará por suspeitas de desvio de recursos públicos da ordem de R$ 12 milhões, em valores corrigidos para os dias atuais.
“O caso investigado pelo Ministério Público Federal remete ao ano de 1992, quando Campos era coordenador do Grupo Rodomar. Segundo a denúncia da procuradoria, a empresa conseguiu um financiamento do BNDES, no Banco do Brasil, para construir treze balsas para o Estaleiros Bacia Amazônica (Ebal)”, recorda Veja. “O problema é que as embarcações nunca foram construídas e o dinheiro foi embolsado para pagar dívidas da companhia. O esquema teria contado com a participação de funcionários da Ebal e do Banco do Brasil, que também receberam uma porcentagem das fraudes.”
De acordo com as investigações, para driblar a fiscalização, os envolvidos chegaram ao ponto de mostrar aos fiscais balsas velhas pintadas como se fossem novas, recorda também Veja. “Luiz Otávio Campos foi apontado como um dos chefes do esquema. Funcionários da Rodomar, que eram réus também no processo, relataram, em depoimento, que cometeram as irregularidades a mando do ex-senador. Segundo inquérito, foi Campos quem assinou as treze escrituras públicas de construção, compra e venda das balsas, cuja ‘falsidade ele conhecia’”, assinala a reportagem, para então arrematar: “Campos foi condenado a 12 anos de prisão em regime fechado e a pagamento de multa. Em 2013, enquanto recorria da sentença em liberdade, a punição prescreveu e ele nunca chegou a pisar em uma penitenciária.”
O toque de ironia fica por conta da História. Quando assumiu o governo do Pará pela segunda vez, em 1991, Jader Barbalho esteve por traz da prisão de Luiz Otávio Campos, que foi inclusive algemado, sob a acusação de falcatruas em sua passagem pela Secretaria de Estado de Transportes, na administração do ex-governador Hélio Gueiros, na época rompido com o morubixaba do PMDB no Pará, com o qual se reconciliaria posteriormente. “Luiz Otávio não só foi algemado como colocado num camburão da Polícia Militar, quando se encontrava em roupas íntimas”, relatou o jornalista Antônio José Soares, em matéria veiculada pelo UOL, em 20 de fevereiro de 2002.
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