Por Diógenes Brandão
O Diretório Municipal do PT Belém dispensou a sua indicada para ser a vice-prefeita na chapa de Edmilson Rodrigues (PSOL) faltando apenas cinco dias para o prazo final das convenções partidárias, onde se define as candidaturas para as eleições municipais deste ano.
Trata-se de Ivanise Gasparim, ex-vereadora de Belém, ligada ao grupo do senador Paulo Rocha e dos deputados Beto Faro (federal) e Carlos Bordalo (estadual). A troca de Ivanise Gasparim foi justificada por ela em nota publicada em suas redes sociais, onde disse o seguinte:
"Em junho deste ano, assumi a tarefa de ser pré-candidata a vice prefeita em Belém, indicada pelo PT na chapa com Edmilson Rodrigues (PSOL). Participei de dezenas de lives, plenárias, debates, encontros com a militância e juntos abrimos caminhos para construir a Belém que sonhamos e sabemos como concretizar, devido a experiência que adquirimos quando governamos a cidade. Mas comunico a todos que, por motivos de saúde, infelizmente não poderei disputar esta eleição", escreveu Ivanise Gasparim.
Mas segundo uma matéria do portal Roma News, os motivos seriam outros: "Por responder a processos judiciais por conta do escândalo da suposta fraude em kits escolares durante o governo da Ana Júlia, em 2009, não será mais a candidata do PT", afirma a notícia.
Pelo que o blog apurou no tribunal de Justiça do Estado do Pará, Ivanise responde como ré em 3 processos, que não estão sob segredo de justiça. Ela foi Secretária de Trabalho, Emprego e Renda no governo de Ana Júlia e hoje é tesoureira do PT estadual, onde o problema de saúde não lhe impede de continuar no cargo.
Com o avanço das discussões internas no PSOL, o qual lidera a chapa com Edmilson Rodrigues, o partido pressionou pela troca de Ivanise para evitar maiores desgastes quando a campanha começar a revelar a ficha dos candidatos na TV e nas redes sociais.
O ex-petista Cláudio Paty, hoje no PSOL, teria sido o principal articulador da pressão para a troca de Ivanise, e operou com sucesso, a indicação de Edilson Moura, seu companheiro de tendência no PT, o qual é professor de História e foi secretário de Cultura do governo de Ana Júlia. Integrante do grupo político da governadora, junto com Puty, Edilson conseguiu se eleger deputado estadual em 2010, mas com Ana Júlia fora do poder, ele não conseguiu a reeleição em 2014.
Enquanto foi deputado estadual, Edilson Moura fez fortes amizades na ALEPA, entre elas com o ex-deputado estadual Márcio Miranda (DEM), que segundo dizem pelos corredores do parlamento estadual, lhe ajudou bastante após o petista ter perdido seu mandato.
Regina Barata já foi deputada, vereadora e concorreu nas últimas eleições à prefeitura de Belém pelo PT.
O resultado de sua votação em 2016 foi o pior da história do partido: Apenas 13.332 votos, o que correspondeu a 1,71% do total de votos válidos (de mais de um milhão de eleitores aptos) no primeiro turno.
Seu marketeiro naquela campanha, o também petista Patrick Paraense usou as redes sociais, após as eleições, para denunciar que não havia recebido o valor de seu trabalho, nesta campanha que teve o pior resultado eleitoral na história do Partido dos Trabalhadores na capital paraense, quiçá nas capitais brasileiras, durante os 40 anos de história da legenda.
Já a novata nessa disputa era Telma Batista. Artista, produtora e ativista cultural, tendo se candidatado ao cargo de deputada estadual pelo PT em 2018 e já disputado outros cargos internos no PT, sem nunca ter sido eleita, Telma aposta na renovação dos nomes que se revezam no comando do partido, mas suas chances, junto com Regina já eram consideradas mínimas e Edilson Moura foi eleito como pré-candidato a vice na chapa de Edmilson Rodrigues, na tarde deste sábado, 12.
Em uma reunião às portas fechadas, com 13 membros da executiva municipal do PT, Edilson Moura foi eleito com 8 votos, sendo que Regina recebeu 1 e Telma também 1. 3 abstenções foram registradas e encerrou-se o processo "democrático" do PT Belém.
No entanto, a pergunta que não quer calar é: por que PT e PSOL deixaram de debater internamente com seus filiados, de forma ampla e democrática, quem seria o candidato a prefeito e vice-prefeito de Belém?
É importante lembrar que o PSOL já lançou Edmilson como candidato duas vezes e nas duas vezes foi derrotado, por coincidência, nas duas últimas eleições consecutivas e este negava a aliança com o PT. Agora a quis de qualquer jeito e sem consulta às bases dos partidos de esquerda, que antes se vangloriam de não terem donos e nem patrões e hoje estão com seus feudos, onde filhos, esposas e familiares se revezam nas candidaturas dos caciques que comandam estes que hoje são considerados a ex-querda paraense.
A convenção multi-partidária que confirmará os nomes para a disputa pela chapa formada pelos partidos de esquerda está marcada para a próxima quarta-feira, 16, onde será lançada a chapa de Edmilson Rodrigues para sua quinta eleição para a prefeitura de Belém, agora com o apoio do PT, Rede, UP, PCB, PCdoB e PDT, além do seu próprio partido, o PSOL, onde alguns setores se ressentem pela reaproximação com o PT e demais partidos que militantes do PSOL acusam de aliados da burguesia e de carreia de transmissão das elites e dos empresários corruptos de Belém e do Pará.
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