Há
muito tempo, o movimento LGBT vem denunciando os ataques dos
fundamentalistas ao Estado Laico. Utilizando-se de argumentos
religiosos, um significativo número de deputados federais e senadores
impedem a consolidação igualitária de nossos direitos.
Apesar de
nossas manifestações, Paradas e protestos, muito pouco conquistamos.
Ainda somos considerados/as cidadãos e cidadãs de segunda
classe. A homofobia institucional, familiar, social e escolar não para
de destruir nossas vidas. Quem de nós não sofreu algum tipo de
agressão na vida?
Quantos de nós já não foi ridicularizado/a,
violentado/a, agredido/a, xingado/a ou ameaçado/a por ser quem somos?
Nessa batalha, temos pouquíssimos aliados. A maior parte dos
movimentos sociais, grupos políticos e sindicais ou parlamentares não
querem ter suas imagens associadas a um “bando de viados, sapas e
travestis”, contrários a lei de deus e da natureza.
Apesar disso, a
eleição de Marco Feliciano serviu para que em todo o país, nós nos
articulássemos a ponto de colocar em pauta, além de nossa existência,
nossas demandas. Pela primeira vez, nós fomos protagonistas de uma
intensa mobilização social, que está unindo artistas, entidades ligadas
aos Direitos Humanos, movimento negro e em defesa pelo Estado Laico.
Evidentemente era de se esperar que as reações daqueles que se opõem
aos nossos direitos, fossem cada vez mais violentas, criminosas e
sistemáticas. Nas ruas, na mídia e na internet são inúmeras as
declarações homofóbicas e as ameaças, vindas dos setores mais
conservadores e fundamentalistas da sociedade brasileira.
E se num
país, como a França, origem dos direitos humanos, vem assistindo a uma
escalada de violência contra a população sexodiversa após a aprovação do
casamento igualitário, imagine o que acontece Brasil afora, país onde a
democracia é tão frágil e que continua à mercê dos mesmos grupos que
sempre estiveram no poder e que farão de tudo para continuarem
defendendo seus privilégios, reclamando o direito de nos oprimir e nos
colocar numa de inferioridade.
Mas não podemos temer, companheiros e companheiras. Não podemos recuar!
Enfim, chegou a nossa vez de exigir TODOS os direitos que nos foram
negados. E claro, não conseguiremos isso sem lutar! Não conseguiremos
conquistar o que nos é de direito se nos acovardarmos, se recuarmos, se
permitirmos o retrocesso.
Querem, mais uma vez nos exterminar.
Querem estabelecer programas de cura da homossexualidade.
Querem
continuar dizendo que somos aberrações, contrários a família e aos
valores morais.
E a nossa resposta virá das ruas e da nossa
capacidade de resistir. Por isso, é preciso, entre outras coisas, que
transformemos nossas Paradas em grandes manifestações contra os
discursos de ódio, proferidos nos púlpitos, nos parlamentos e na TV.
Enquanto batemos o cabelo, muitos de nós, são assassinados/as. Enquanto
fazemos das Paradas, grandes micaretas, nossos poucos direitos estão
cada vez mais ameaçados. É preciso, pois, convencer nossos amigos e
amigas, nossas famílias, nossos/as colegas de trabalho a se juntarem a
nós.
Façamos de 2013 o ano da virada! O ano em que os gays, as lésbicas e transgêneros brasileiros tomaram as ruas.
Não mais nos calarão! À luta! Até a vitória!