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Manoel Dias afirmou que a pauta de interesse dos trabalhadores está sendo negociada no governo Força Sindical. |
Praia Grande (SP) – A Força Sindical abriu na tarde de hoje (24)
seu sétimo congresso nacional em ambiente hostil ao governo. Ao lembrar
que representava a presidenta Dilma Rousseff, a quem chamou de
"companheira", o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, teve de
ouvir dois minutos de vaias, apenas interrompidas a pedido do presidente
da central, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).
"Que bom que vocês estão protestando, companheiros. Quando era jovem, eu
não podia protestar", reagiu o ministro, defendendo um "pacto" em
defesa da democracia. "Nós tivemos avanços, mas essas conquistas
precisam aumentar. Temos de resgatar os que estão à margem do
desenvolvimento."
Na saída, Dias afirmou que a pauta trabalhista
está sendo negociada. "O diálogo é uma maneira moderna de avançar no
debate. Estamos agora discutindo terceirização. Está se avançando bem
nessa discussão", avaliou, referindo-se à comissão quadripartite formada
para discutir o Projeto de Lei 4.330, de 2004, criticado pelos
sindicalistas. "A terceirização é uma coisa real, mas a realidade não
pode subtrair direitos." Ele também citou outro item reivindicado pelas
centrais, o fim do fator previdenciário. "Está na mesa de negociação. E
vamos avançar, creio." Ele também destacou o fato de o país continuar
criando empregos, em meio a uma crise mundial. De volta de reuniões da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e do G-20, Dias afirmou que
"o único país que pôde dizer que está criando empregos é o Brasil".
Quando
desceu do palco, o ministro foi levado para tirar fotos com delegados
no plenário. Mas teve de ouvir um coro de "151" vindo de uma
representação de servidores, em alusão à Convenção 151 da OIT, sobre
negociação coletiva e direito de greve no setor público.
Na
primeira fileira do plenário e em alguns pontos das arquibancadas do
ginásio que sediará o congresso até sexta-feira, havia vários cartazes
com os dizeres "Fora Dilma". O presidente da central confirmou que não
apoiará uma possível candidatura à reeleição. "Acho que a situação da
Dilma está muito ruim dentro da Força Sindical. Ela não atendeu nenhuma
das reivindicações, não há por que continuar apoiando", declarou pouco
antes da abertura.
O dirigente disse considerar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a
ex-ministra Marina Silva (Rede Sustentabilidade) como alternativas, mas
disse que a situação ainda está em aberto. E preferiu não comentar sua
ideia de criar um novo partido, que se chamaria Solidariedade. A central
chegou a anunciar a presença do governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), mas ele não foi à abertura. Também anunciado, o governador
paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), que estava com o papa em Aparecida,
foi representado pelo secretário-chefe da Casa Civil, Edson Aparecido.
Todas
as centrais participaram da mesa de abertura, que teve como "mestre de
cerimônias" o ex-ministro Antônio Rogério Magri, hoje assessor da Força.
E todos os dirigentes cobraram o atendimento da pauta sindical, com
alguns falando em greve geral em 30 de agosto.
Aproximadamente 4
mil delegados participam do evento, que deve reconduzir Paulinho à
presidência. Desde sua fundação, em 1991, a central teve dois
presidentes. O primeiro foi Luiz Antônio de Medeiros, atual
superintendente do Emprego e Relações do Trabalho em São Paulo.