Mostrando postagens com marcador Homossexuais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Homossexuais. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, março 18, 2019

Major do Exército viraliza ao responder a ataques homofóbicos: 'Inconformados com a felicidade alheia'



Via OGlobo

Quando postou em seu Instagram, no início deste mês, uma foto abraçado com seu marido para comemorar os seis anos de relacionamento, o major do Exército Emerson Cordeiro queria compartilhar sua felicidade. Mas, além das 110 curtidas que a imagem recebeu, ela foi usada para iniciar uma campanha homofóbica on-line.

Cordeiro, que vive em Campo Grande (MS), relatou o caso em seu Facebook, e seu depoimento viralizou — já ganhou 68 mil curtidas. Nele, conta que a imagem foi reproduzida em grupos on-line, inclusive de colegas de farda, com o intuito de ofendê-lo e de "disseminar o ódio".  

Casado desde 2018, o major diz ter informado seus superiores no mesmo dia em que assinou os papéis no cartório. O anúncio, à época, "foi tratado naturalmente, sem alarde", diz ele.  A publicação da foto, no entanto, não foi recebida com a mesma naturalidade.  

"Postei em meu perfil privado do Instagram, pois estava num momento de muita felicidade e realização e achei por bem externar essa felicidade. Em rede social nada é privado, e poucos momentos depois um dos então 'amigos' do Exército Brasileiro que estava em minha rede deu um print da postagem privada e divulgou em um grupo de mensagens e daí em diante viralizou a imagem por outros grupos, formados na maioria por militares", escreveu no Facebook.

Cordeiro conta que, em seguida, começou uma repercussão entre militares que "jamais imaginavam que um oficial de carreira do Exército pudesse assumir sua homossexualidade, ser feliz e realizado no trabalho". O post segue:

"Isso foi um soco no estômago dos porcos homofóbicos que nos rodeiam e nos sondam muitas vezes anonimamente, inconformados com a felicidade alheia".  Na publicação, o major afirma seu amor pelo Exército Brasileiro, diz que é uma instituição de "pessoas honradas" e que vem evoluindo em sua aceitação aos integrantes gays. Pondera, no entanto, que ainda há militares que não se conformam com a mudança de pensamento atual e os acusa de ter "medo de despertar para seus desejos proibidos".  

Procurado pela reportagem, o major não retornou até a conclusão deste texto. A assessoria de imprensa do Exército não enviou comentários sobre o caso.  

No Brasil, os homossexuais são formalmente aceitos nas Forças Armadas e há casos de militares gays e lésbicas que tiveram os cônjuges oficialmente reconhecidos como dependentes. O preconceito que os cerca, no entanto, nunca deixou de existir.  

'Muitos sofrem calados' Membro do 9º Batalhão de Comunicações e Guerra Eletrônica, o major também criticou a perseguição anônima que vem sofrendo, atribuindo-a a colegas de Exército. "Nem parece que passamos pela mesma honrosa Academia Militar das Agulhas Negras, onde esconder-se no anonimato era um dos atos mais vergonhosos".  

Ele também agradece aos que estão compartilhando a imagem, "por mostrarem as outras pessoas o seu desejo reprimido, sua inveja magoada por minha felicidade e toda a sua pobreza de espírito".

quinta-feira, dezembro 31, 2015

Homofobia e agressões na rua, TV e mídias sociais gera revolta e protesto


Por Diógenes Brandão

Dois dias após a tradicional festa da Marujada de Bragança, onde cerca de 300 mil pessoas participam da procissão em homenagem a São Benedito, padroeiro da cidade localizada no nordeste do Pará, uma denúncia de um caso de homofobia revoltou a população LGBT do município e sensibilizou diversas pessoas que passaram a comentar e postar nas redes sociais, suas opiniões a respeito do episódio.

Estudante do 3º ano, no curso de Biologia da UFRA, o jovem homossexual Hiago Lima, (20), procurou a delegacia de polícia na noite da última segunda-feira (28), para denunciar que foi agredido de forma brutal pelo empresário Gleidson Veras (32), que possui uma empresa de segurança patrimonial na cidade. No entanto, o delegado que estava de plantão com uma escrivã alegou que só estava atendendo "emergências" e o orientou a voltar no dia seguinte para registrar sua ocorrência, mas que antes procurasse o IML para fazer o exame de corpo delito, onde foi logo em seguida, mas também não conseguiu atendimento pela ausência da médica plantonista. Tudo ficou para o outro dia.

Em sua versão, Hiago disse ao blog AS FALAS DA PÓLIS, que estava retornando da festa de aniversário de um amigo, quando percebeu que poderia ser assaltado por um estranho que vinha em sua direção. Assustado, pulou para dentro de um prédio abandonado, procurando se esconder. Ao adentrar o local, percebeu logo em seguida a chegada de outra pessoa com uma lanterna e ao sair, deparou-se com seu agressor que vestido com roupas de sua empresa de segurança, o interrogou, assim como o outro homem que foi liberado ao alegar que estava ali para fazer um programa sexual com o jovem estudante, o que foi negado por ele, mas mesmo assim não o impediu de ser revistado por Gleidson que teria lhe obrigado à deitar-se no chão, onde levou golpes de cassetetes, ao mesmo tempo que era agredido verbalmente com termo como "viadinho" e sob a acusação de estar fazendo programa em uma área que seria vigiada pela empresa do acusado da agressão.

A notícia propagada pela TV e as mídias sociais levou as entidades estudantis e de LGBTs, como o Levante Popular da Juventude e o Movimento Juntos, a emitirem manifestos públicos e organizarem uma manifestação denominada: "Bragança contra a homofobia", na noite desta quarta-feira (30), quando cerca de 50 pessoas tomaram as ruas da cidade e foram para a frente da “TV Mania”, afiliada à Rede Record, onde até ontem trabalhava o repórter Jorge Silva, mais conhecido como "foca".

Foca teria sido demitido pela emissora de tv, logo após a direção da empresa ter tomado conhecimento das acusações de sua participação na abordagem violenta e discriminatória, mas mais ainda pelo fato de ter sido acusado de gravar o ocorrido e divulgado na emissora local, uma matéria que favorecia o agressor e culpava a vítima. Segundo o agredido, "Foca" e Gleidson são sempre vistos juntos, no veículo da empresa de segurança, já que o repórter não tem automóvel para fazer suas matérias. Uma das suspeitas é que a parceria se deva pela relação empresarial e de propaganda da empresa de segurança, somada à uma possível promoção política do empresário.

Para Hiago, o papel de "foca" teria sido de gravar a agressão promovida e tentar jogar a opinião pública contra ele, contando com o apoio de outro funcionário da TV, o editor de imagens Jairo Reis, que fez comentários em um grupo de uma mídia social, acusando o homossexual de estar realmente praticando sexo com um suposto pescador, no interior do prédio abandonado e isso justificaria que levasse uma surra de cacete. Até o fechamento desta matéria, Jairo ainda não havia sido demito da emissora, tal como aconteceu com seu colega, o "Foca".



Assim como os funcionários da tv local, o acusado de ter sido autor das agressões contra Hiago é também apontado como difusor de conteúdos homofóbicos nas mídias sociais e de agredir verbalmente outros homossexuais em seus momentos de lazer ou de trabalho. Segundo se pode apurar, em seu perfil de uma rede social, Gleidson sempre publica e compartilha postagens com declarações políticas de apoio ao delegado Eder Mauro, deputado federal pelo Pará que integra a chamada bancada BBB (do boi, da bala e da bíblia), a qual condena de forma sistemática muitos dos comportamentos de minorias, como os homossexuais e pregam uma pauta conservadora e reacionária contra esse público no Congresso Nacional. 



A OUTRA VERSÃO

Através de contato telefônico, feito na manhã desta quinta-feira (31), o blog ouviu a versão do empresário Gleidson Veras, que disse que está sendo acusado de uma mentira contada de forma injusta e caluniosa, estando portanto preparando sua defesa para cobrar reparação de danos pela divulgação de seu nome e de sua empresa, no fato que alega ter sido totalmente ao contrário do que foi divulgado, após o relato da suposta vítima de agressão.

Segundo Gleidson, na noite  do ocorrido, ao sair para a verificação de uma área coberta pela segurança de sua empresa, deu carona para o repórter da "TV Mania", afiliada da Rede Record em Bragança e notou um movimento suspeito em um prédio em construção. Ao abordar um homem que teria alegado ser pescador e que estava ali para fazer um programa sexual com Hiago Lima, que surgiu logo depois constrangido com a presença de um repórter, com sua câmera nas mãos gravando a abordagem. A partir disso, o jovem passou a dizer em tom de ameaça que não deveria ser filmado e que, caso o repórter o gravasse, "as coisas não iriam ficar assim". A conclusão do empresário é de que o jovem estudante não queria ser exposto e por isso, segundo ele, "criou todo esse circo". 

Ao falar sobre as diversas postagens "printadas" de suas redes sociais, Gleidson diz que é uma perseguição que se dá por ele apenas ter reproduzido fatos de abrangência nacional, negando a autoria e se colocando apenas como alguém que compartilhou o conteúdo de outrem. O acusado diz também, que tanto ele, quanto seu amigo na TV possuem muitos amigos gays e até alguns funcionários e por isso as acusações de que são homofóbicos não se justifica. Além disso, o empresário nega qualquer tipo de agressão e disse que só estava cumprindo seu papel na segurança dos locais onde é contratado para monitorar.

O QUE É A HOMOFOBIA?

Segundo Maria Berenice Dias, Presidenta da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB, a homofobia compreende qualquer ato ou manifestação de ódio ou rejeição a homossexuais, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. Apesar de a palavra homofobia albergar todos esses segmentos, novas expressões, como lésbofobia, bifobia e transfobia, surgem para dar ainda mais visibilidade à intolerância em todos os seus matizes. Mesmo que sejam termos novos, definem velhas posturas, pois se chega a invocar a Bíblia na tentativa de absolver atitudes discriminatórias. Nada mais do que a busca de justificativas para o injustificável: preservar o “direito” de externar ódio contra alguém sem correr o risco de ser punido. 

terça-feira, setembro 30, 2014

Por que Levy Fidelix fala o que quer e nada acontece

Levy Fidelix (PRTB) gera indignação e processos contra si após defender a homofobia no debate presidencial na Record.

Por Jean Wyllys, na Carta Capital.

O "combate contra essa minoria" que o candidato Levy Fidelix propôs ontem na TV Record já começou a dar frutos: num comentário publicado na web da Folha de São Paulo, um sujeito chamado Alan Whitney (esse é o nome que ele usa na rede social, não sei se é verdadeiro ou um alias) me ameaça de morte: "Temos que destruir isso na raíz e matar Jean Wyllys", ele disse, fazendo referência à apelação de Fidelix. Não é a primeira vez que eu sou ameaçado e já teve um caso de um criminoso fascista e homofóbico com um plano para me matar que foi desarticulado pela Polícia Federal, que o apreendeu.

Mas agora eu peço a vocês que fechem os olhos e imaginem a seguinte cena: durante o debate presidencial, ao vivo, um dos candidatos diz, referindo-se aos judeus: "Nós somos a maioria e vamos combater essa minoria". Ou então, referindo-se aos negros, alude ao excremento: "Aparato excretor não reproduz". Em rede nacional! Qual teria sido a reação do moderador do debate? E a dos outros candidatos? A platéia teria rido, como riu ontem quando o candidato Levy Fidelix usou essas expressões para se referir aos homossexuais, como se fosse engraçado? Qual seria a manchete dos jornais de hoje? O Ministério Público teria feito alguma coisa? E a justiça eleitoral? Ele seria convidado ao próximo debate?

A história tem exemplos práticos que mostram as consequências dessa prédica. Adolf Hitler também achava que os judeus eram uma minoria nojenta que devia ser "combatida" e isso custou uma guerra mundial e mais de seis milhões de mortos — tanto judeus quanto homossexuais, ciganos, comunistas, deficientes e outros grupos que o nazismo escolheu como inimigos públicos do povo alemão. Não aprendemos nada?

A naturalização do discurso de ódio e da incitação à violência contra a população LGBT é assustadora. E ainda tem gente que acha que tudo isso é liberdade de expressão ou opinião. Enquanto isso, assistimos ao recrudescimento da violência letal contra gays, lésbicas, travestis e transexuais. Nas últimas semanas, foram vários casos. Um candidato gay do PSOL do Amapá recebeu ameaças homofóbicas e, dias depois, uma pedrada na cabeça, e acabou no hospital. Um menino gay de 19 anos foi sequestrado, torturado e queimado vivo durante um "ritual de purificação" em Betim, Belo Horizonte. Sobreviveu, foi socorrido por amigos que o levaram ao hospital e acharam ao lado dele, que estava inconsciente, uma nota que dizia que o grupo que o atacou faria "uma limpeza em Betim (para) trazer o fogo da purificação a cada um que andar nas ruas declarando seu ‘amor’ bestial". Outro jovem gay de 19 anos, em Interlagos, São Paulo, foi espancado e sofreu uma tentativa de estupro.“Você quer ser mulher? Então agora vai apanhar como mulher”, falaram para ele. Tudo isso em uma semana.

O "combate" que Levy Fidelix propôs durante o debate presidencial não é, como ele diz, da "maioria heterossexual" contra a "minoria homossexual", porque a maioria dos heterossexuais não tem o pensamento doentio desse canalha. Quem agride, espanca, mata e espalha ódio é uma minoria fundamentalista e fascista — minoria, felizmente, mas altamente perigosa — que se sente legitimada pelo discurso de ódio de pessoas como Levy, Feliciano, Bolsonaro, Malafaia e outras figuras caricatas como eles.

O problema não é a estupidez deles, mas a omissão daqueles que deveriam reagir desde o governo, o parlamento e a justiça. Se o discurso de Levy Fidelix  consegue ser pronunciado em rede nacional sem causar as reações que deveria numa sociedade civilizada, é porque o Brasil não tem políticas públicas de promoção da igualdade, afirmação dos direitos civis da população LGBT e combate ao preconceito que se abate sobre ela.

É porque o governo federal cancelou o programa "Escola sem homofobia", é porque o Congresso ainda se omite da sua responsabilidade na aprovação das leis de casamento igualitário e identidade de gênero (ambos os projetos de minha autoria junto com a deputada Érika Kokay), é porque a candidata Marina jogou no lixo o programa que seu partido tinha elaborado com excelentes propostas para a comunidade LGBT, é porque o candidato Aécio não se posiciona diante dos escandalosos projetos homofóbicos de deputados do PSDB, como o projeto de "cura gay" de João Campos, é porque os grandes partidos fazem alianças com os fundamentalistas em troca de apoio eleitoral, palanques e tempo de TV. A maioria da classe política brasileira não tem coragem de enfrentar o discurso de ódio e continua refém da chantagem dos vendilhões do templo.

Com relação a Levy Fidelix, meu mandato vai entrar na justiça, junto com a candidata Luciana Genro, para que seja punido de acordo com a legislação eleitoral. A prédica de ódio não cabe na democracia. Mas não podemos reduzir o problema a esa figura caricata e estúpida. Toda a dirigência política democrática do Brasil deveria fazer já, agora mesmo, um pacto nacional contra o preconceito e a favor da cidadania da população LGBT, com uma agenda positiva de afirmação de direitos e políticas públicas que comprometa o próximo governo e a próxima legislatura, independentemente de quem resultar vencedor das eleições de 5 de outubro. É urgente e não dá mais para tolerar a omissão de quem tem responsabilidades e poder para acabar com esta loucura.

Veja aqui a declaração homofóbica de Levy Fidelix no debate da Record.

Crise: Edmilson Rodrigues perde seu braço esquerdo no PSOL

Luiz Araújo deixou o PT para fundar o PSOL, onde viveu até então organizando a corrente interna "Primavera Socialista" e supostame...