No site da Câmara dos Deputados
Segundo Alexania Rossato, casos de estupro aumentaram 208% com o início das obras das usinas de Jirau e Santo Antônio.
A representante do Movimento dos Atingidos por Barragens,
Alexania Rossato, disse que as localidades ao redor dessas obras, por
apresentarem problemas de infraestrutura, deixam crianças e adolescentes mais
expostos a sofrerem crimes sexuais. Ela participou, nesta terça-feira (19), de
audiência pública da CPI que investiga a exploração sexual de meninos e
meninas.
Alexania (E): os prostíbulos circulam pelos locais de construção de barragens.
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Alexania destacou o caso da barragem de Barra Grande, na divisa entre
o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde, segundo ela, 20 casas de
prostituição próximas ao canteiro de obras foram construídas pela
concessionária do empreendimento. "Hoje, a barragem já está construída,
mas os prostíbulos vão circulando pelo País em outros locais de
construção de barragens. O grau de exploração sexual de crianças e
adolescentes nessas áreas, infelizmente, é uma realidade."
A entidade representada por Alexania acompanha de perto a situação
das pessoas que vivem próximas às construções de hidrelétricas. A
debatedora informou que, em Porto Velho (RO), que fica a 90 Km das
usinas de Jirau e Santo Antônio, houve um aumento de 208% nos casos de
estupro em 2008 (ano do início das obras). Além disso, ressaltou, os
partos de meninas entre 10 e 19 anos já representam 28% do total de
procedimentos na maternidade pública da capital de Rondônia.
Kokay: governo precisa fiscalizar canteiros de obras. |
No caso da usina de Belo Monte (PA), disse Alexania, foi verificado
um aumento de 18,5% no número de crimes sexuais nos 11 municípios
próximos ao empreendimento. Em Altamira, que é o município mais próximo e
mais atingido, o aumento foi de 75%. A população da cidade aumentou de
99 mil para 145 mil habitantes em dois anos (2010/2011). Atualmente, 20
mil operários trabalham na construção de Belo Monte.
Sugestão ao Executivo
A presidente da CPI, deputada Erika Kokay (PT-DF), que solicitou a audiência em conjunto com a deputada Carmen Zanotto (PPS-SC), informou que a comissão vai sugerir medidas ao Poder Executivo para combater a exploração sexual nessas áreas. O colegiado vai propor, por exemplo, que seja estabelecido um marco legal para que as grandes obras sejam fiscalizadas e as concessionárias sejam obrigadas a cumprirem padrões sociais do empreendimento, prática semelhante ao que acontece com a licença ambiental.
"Há cidades que recebem homens na sua grande maioria, que vem com a
remuneração e sem vínculo algum. Ou seja, chegam desgarrados de suas
relações familiares e comunitárias, o que cria condições para o
recrudescimento da violência sexual contra crianças e adolescentes",
declarou Kokay.
No próximo dia 2 de abril, a comissão vai ouvir os representantes das construtoras. No dia 3, será a vez dos representantes do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que são os financiadores dessas obras.
Reportagem – Karla Alessandra/Rádio Câmara
Edição – Marcelo Oliveira.
Edição – Marcelo Oliveira.
Nota do blog: Não é de hoje que Belo Monte traz enormes problemas para quem vive e trabalha na região atingida pela obra que vai ajudar o Brasil mas tantos prejuízos traz para as comunidades atingidas pela execução da mesma. O Movimento Xingu Vivo tem feito uma série de denúncias em parceria com outras ONGs, entidades de direitos humanos e ambientalistas.
Ano passado, o viablog já havia nos dito isso.
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