domingo, dezembro 06, 2015

Cresce a revolta popular: Cunha é alvo de protesto em show de Caetano e Gil


Um show de Caetano Veloso e Gilberto Gil, que iniciou na sexta-feira e entrou pela madrugada deste sábado, foi palco de um protesto diferente e extremamente voluntário e espontâneo, diferente das manifestações de rua convocadas pela grande mídia, através dos seus jornais, revistas, rádios e TVs.

O show realizado no Circo Voador, na cidade do Rio de Janeiro, seguida normalmente e quando Caetano cantou a música "Odeio Você", o público completou a letra com a palavra "Cunha" e depois gritaram "Fora Cunha", fazendo uma clara referência ao sentimento que vem sendo alimentado pelo presidente da Câmara dos Deputados, eleito pelo PMDB do RJ, Eduardo Cunha.


O protesto não acontece em vão naquela cidade, haja vista que Eduardo Cunha é carioca e o distinto público conhece não só as sérias denúncias e as mentiras que conta no presente, como seu passado tenebroso.

Indicado pelo ex-presidente Fernando Collor, no início dos anos 90, para presidir a Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro (Telerj) – chegou a ser acusado de integrar o esquema de corrupção de PC Farias.

Em Março do ano 2000, Leonel Brizola já alertava a astúcia de Cunha que fazia da presidência da Companhia Estadual de Habitação (Cehab), onde foi acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de, entre outras coisas, direcionar uma licitação para favorecer a Grande Piso, uma microempresa que se transformou em construtora e ganhou quatro contratos durante os seis meses em que Cunha esteve à frente da companhia. 

A Grande Piso pertencia ao empresário Roberto Sass, que foi do PRN do ex-presidente Fernando Collor na mesma época de Cunha, relata a matéria do jornal OGlobo, onde ficamos sabendo que o processo foi arquivado sem nem se quer ser julgado, alguns meses antes de assumir a presidência da Câmara dos Deputados, de onde pode ser cassado e encerrar sua carreira política em uma cela, mas com tanto dinheiro em contas no exterior, vai ver que consiga deixar seus processos nas gavetas da justiça por mais alguns anos e assim possa desfrutar de sua aposentadoria em liberdade e na tranquilidade que a impunidade confere aos milionários deste país.

Bandido bom é assim!

Outro a alertar sobre a coligação do PT com o PMDB e o passado do atual presidente da Câmara foi Ciro Gomes, ex-governador do Ceará e ex-ministro de Lula. Em entrevista a um programa do seu Estado natal logo após as eleições de 2014, ele não poupou críticas a Cunha, chamado por ele de “picareta-mor”.





Há 20 anos no governo de SP, PSDB tem a primeira derrota

Durante greve de 90 dias, professores denunciaram mazelas do ensino paulista, como a superlotação das classes.


Longe de significar o fim da reorganização da rede estadual de ensino reivindicada por alunos que ocupam escolas há 25 dias, a suspensão do projeto do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), anunciada hoje (4) em meio a protestos e repressão policial, parece apontar para a primeira derrota em mais de 20 anos de gestão tucana.

“O debate sobre a situação da educação paulista acabou sendo feito por vias tortas, em meio às manifestações. O governo tentou colocar na agenda a seu modo, mas foram os movimentos que acabaram agendando a educação”, disse a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira.

Segundo a dirigente, a desvalorização do trabalho docente e as classes superlotadas, que prejudicam a qualidade do ensino e que estão no centro do debate estudantil apoiado por pais, professores e movimentos sociais, são os mesmos pontos da pauta de reivindicações do movimento grevista dos professores que em 2015 durou três meses sem que o governo apresentasse uma proposta sequer. "Tivemos zero de correção salarial e estamos com uma série de pendências que serão transferidas pelo novo secretário da Educação", disse.

A suspensão do projeto que inclui o fechamento de mais de 90 escolas e a extinção do ensino médio, principalmente noturno, em muitas unidades, bem como a saída do secretário da Educação Herman Voorwald, foram recebidas como "necessárias".

"Era preciso voltar atrás. O bom senso dizia que não se pode impor com força policial aquilo que a sociedade não está aceitando", disse Bebel. "Estamos esperando que o próximo secretário tenha o perfil prometido pelo governador em 2011, de que teria disposição para o diálogo, mas que não aconteceu na prática". Ainda segundo a dirigente, a luta dos professores ganha força com o movimento dos alunos. "Mesmo assim, governo Alckmin deverá seguir com a tentativa de quebrar a Apeoesp".

A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas Ângela Meyer, avalia como importante e significativa a queda de Voorwald. "Sua gestão foi marcada pela falta de diálogo desde o princípio. É uma felicidade a saída dele". No entanto, conforme a líder estudantil, a luta não acabou. "A escola pública deve ter outro objetivo, os professores devem ser valorizados e o governo tem de cumprir sua obrigação com a educação".

Acertada, porém tardia

O diretório estadual da Rede Sustentabilidade se manifestou sobre o recuo do governo de Geraldo Alckmin. Em nota oficial, destacou que a decisão do governo de suspender o processo de reorganização escolar é acertada, porém tardia e claramente motivada pela queda na popularidade de Alckmin anunciada hoje.

"É preciso deixar claro que a decisão de suspender o fechamento das escolas não exime o estado da apuração acerca da conduta violenta por parte da Polícia Militar contra as manifestações", diz a nota oficial. "É grave notar que a declaração de guerra aos estudantes anunciada na semana passada pelo chefe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação tenha se concretizado em cenas de truculência contra os adolescentes, como assistimos mais uma vez na manhã desta sexta-feira, com o uso da tropa de choque e promoção de uma verdadeira “chuva de bombas”.

O partido cobra ainda transparência com abertura do diálogo com a sociedade, para a construção de alternativas para a educação no Estado de São Paulo e que as ações policiais estejam a serviço da proteção à comunidade e não contra ela.

O destino de Eduardo Cunha



Na Carta Capital, sob o título "A imolação de Cunha".

Ao tentar queimar Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, ainda em exercício, ateou fogo às suas vestes.


Não foi por qualquer razão de natureza técnica. Ao contrário. A decisão tomada por Eduardo Cunha, presidente da Câmara de Deputados, de acolher o pedido de impeachment de Dilma foi, acima de tudo, um ato de desespero.

Este é o fator preponderante de um movimento, muito além de mero jogo político, temperado pelo sentimento de vingança. Cunha jogou a toalha. Um gesto simbólico de desespero.

Ele confiava desconfiando no acordo com feitio de chantagem imposto por ele ao Partido dos Trabalhadores. Esperava contar com os votos de três angustiados deputados petistas, integrantes do Conselho de Ética.

Nota distribuída pelo presidente do PT, Rui Falcão, anunciou o afastamento de Cunha. O partido juntou os cacos e uniu-se contra a maldita aliança que provocava engulhos. Com isso, perdeu a maioria no Conselho de Ética. A suposta barganha foi para o espaço. Cunha reagiu.

Sem a maioria no Conselho de Ética, ele será empurrado em direção ao cadafalso na Câmara que preside. Vai responder à denúncia de ter mentido a seus pares quando garantiu não ter contas no exterior, conforme a denúncia contra ele encaminhada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Os argumentos apresentados por Cunha são frágeis. Risíveis até. Ele está sem saída.

Meses atrás, ao anunciar seu rompimento com Dilma, ele prometeu “incendiar” o governo. Isso porque julgava que Dilma pudesse interferir nas ações do Ministério Público Federal ou mesmo nas ações da Polícia Federal. Se quisesse, não deveria.

Cunha, no centro da crise política, foi mais longe. Com apoio da oposição, notadamente o PSDB, atrapalhou bastante, e ainda atrapalha, a administração de Dilma. Ele contribuiu efetivamente para a desmontagem da base do governo no Congresso. 

Ao perder o apoio envergonhado do PT, voltou ao ninho tucano. Estimulado, fez o que os adversários do governo pretendiam. Mas não terá o apoio necessário para evitar a reação interna. Para tentar queimar Dilma ateou fogo às vestes. Agora arde sozinho. Será que os tucanos vão blindá-lo?

O golpe, em formato de impeachment, dificilmente será bem-sucedido.

Os números governam o processo se ele seguir o curso. Uma comissão especial com 66 titulares, representação proporcional ao tamanho das bancadas. Se não cair nesta fase, será discutido e votado pelo plenário da Câmara. O processo de impeachment, para ser aberto, precisará alcançar dois terços da Câmara. Ou seja, 342 deputados.

No Senado a aprovação será ainda mais difícil. A maioria necessária para aprovação é de dois terços. Nesse caso, 54 senadores dos 81 existentes. A oposição, ciente disso, vai promover com os meios que tiver e a influência nos meios de comunicação os movimentos ditos “espontâneos”.  Essa é outra história.

Mas o curso do destino de Eduardo Cunha está traçado. Será desonroso. Voltará mais cedo para casa. Talvez antes passe pela cadeia.

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