Ex-presidente pretende se dedicar à candidatura ao Planalto. Foto: Michel Filho/Agência O Globo. |
Por Sérgio Roxo, em O Globo
Apesar da insistência de integrantes da corrente majoritária do partido, a CNB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou definitivamente, na noite desta quinta-feira, assumir a presidência do PT, a partir de junho. Com o ex-presidente fora do páreo, a disputa pelo comando da legenda deve ficar polarizada entre o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e um nome da CNB, que discute a indicação do ex-ministro Alexandre Padilha ou do atual tesoureiro Márcio Macedo.
Segundo aliados, Lula, que nesta sexta-feira participará de uma debate em São Paulo promovido pelo PT sobre os efeitos da Lava-Jato para o país, avaliou que deve concentrar esforços na consolidação de sua candidatura para voltar à Presidência da República em 2018. O petista planeja anunciar que vai concorrer novamente ao Planalto em abril.
A indicação de Lula para presidir o PT era vista como uma tentativa de unir o partido e evitar que ocorra uma disputa no momento em que a legenda enfrenta a maior crise de sua história, com risco de saída de quadros. Desde o final do ano passado, ex-presidente vinha hesitando em assumir a missão, apesar dos apelos. Dirigentes de seu instituto trabalharam para demovê-lo da ideia.
Em alguns momentos, Lula chegou a dar sinais de que aceitaria voltar ao comando do partido, posto que ocupou até os anos 1990. No começo do mês, ele se reuniu com o atual presidente da legenda, Rui Falcão, e com três representantes da corrente majoritária CNB para responder que não estava disposto a encarrar a tarefa. Mas diante dos apelos dos presentes, acabou aceitando que fosse feita uma consulta sobre a sua indicação às demais correntes.
Os integrantes do Movimento Muda PT, que reúne quatro correntes de esquerda da legenda, se manifestaram contra, com o argumento de que a prioridade de Lula deve ser a disputa presidencial. A posição do Muda PT contribuiu para a desistência do ex-presidente, que queria uma indicação por unanimidade.
Sem um outro nome de consenso, a CNB seguiu insistindo na tentativa de convencer Lula. Agora, a corrente majoritária vai discutir se o candidato será Márcio Macedo ou Alexandre Padilha. Apoiado pelo Muda PT e pela corrente Novo Rumo, do atual presidente Rui Falcão, Lindbergh manteve a sua campanha pelo Brasil, mesmo com a possibilidade Lula concorrer.
Reunida nesta quinta-feira, a Executiva do PT divulgou resolução em que diz que “permanecem na ordem do dia, cada vez com mais intensidade, a necessidade de denunciar os abusos cometidos pela Operação Lava Jato e sua natureza arbitrária, a solidariedade aos companheiros injustamente presos e a defesa do ex-presidente Lula contra tentativas de afastá-lo arbitrariamente da disputa eleitoral”. Afirma ainda que os militantes e parlamentares devem estar dedicados “para a organização da greve geral contra as reformas trabalhista e previdenciária”, se as centrais sindicais e os movimentos sociais decidirem por esse tipo de mobilização.
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