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segunda-feira, março 29, 2021

Comando Vermelho divulga áudios e expõe negociações com o Estado

O tenente-coronel Vicente Neto, diretor de Operações da Seap teve reunião, por telefone, no presídio, com a “participação especial” do líder da organização criminosa, Leonardo, que estava foragido, para “ajustar procedimentos”.  


Que o governo do Pará, através da Secretaria de Administração Penitenciária, comandada pelo ex-presidente da OAB Jarbas Vasconcelos, negociava com o Comando Vermelho não era novidade para ninguém. O que não se sabia era a forma dessa negociação: reunião, por telefone, no presídio, com a “participação especial” do líder da organização criminosa, Leonardo, que estava foragido, para “ajustar procedimentos”. No telefone oficial estava ninguém mais do que o tenente-coronel Vicente Neto (foto), diretor de Operações da Seap.

Que inteligência!

Esse episódio, que explodiu nas redes sociais sábado, tem tudo para entrar para a história da Segurança Pública do Pará. Afinal, o Serviço de Inteligência do Pará parece ter sido “grampeado” pelo Comando Vermelho, a quem se atribuem os áudios divulgados e prontamente negados, em nota oficial, pela Seap, com um adendo: a Secretaria, atordoada, assaca contra o governo Simão Jatene para se isentar de culpa e de se explicar à sociedade.

Quem manda

O que a Secretaria não explica é a inércia contra o Comando Vermelho na atual gestão, que já resultou em três policiais penais assassinados em 2020 e mais cinco mortos nos primeiros nesses primeiros três meses de 2021, além de sete policiais feridos e 13 que sofreram ameaças. O que dizer de uma gestão que tem em seu currículo a maior chacina penitenciária do País em densidade carcerária – Candiru foi a maior em números absolutos – e maior da história do Pará, com 58 presos mortos? Não cabe uma CPI na Alepa? 

Conversas entre coronel da PM e facção criminosa CV vazam e agitam segurança do Pará. Ouça-as

Áudios de negociações entre o tenente-coronel Vicente Neto e líderes da facção Comando Vermelho, dentro de um presídio paraense gera indignação e medo. O militar alega que essas conversas são "técnicas de negociação, todos sabemos que não existe acordo".


No Ver-O-Fato

Conversas que circulam entre as autoridades da área de segurança pública, apontam suposta negociação entre o tenente-coronel Vicente Neto, da Polícia Militar e dirigentes do Comando de Operações Penitenciárias (COPE) com líderes da organização criminosa Comando Vermelho, presos no Complexo de Americano, em Santa Isabel e em Marituba.  

Nos diálogos, eles tratam sobre facilidades dentro das penitenciárias, como visitas íntimas, quatro refeições diárias, troca de colchões e monitoramento de tornozeleiras eletrônicas. E vêm à tona casos de supostas torturas que redundaram no afastamento de um diretor envolvido, exonerado pelo secretário de Administração Penitenciária, Jarbas Vasconcelos.  

Em um trecho de outro diálogo, um preso liga para a “inteligência” do CV, e fala com um certo “Tio”, dizendo estar reunido com lideranças “aqui no shopping, o CRP-P2, onde estão nove integrantes. Outros foram transferidos de cadeia em razão de operação prevista. Eles tratam sobre um tal de “salve” e pergunta ao outro criminoso, por celular, se tem como “segurar essa parada aí”.  

Resposta do “Tio” é de que a “luta foi constante e já vai entrar no segundo ano. Todo mundo sabe, inclusive o Núcleo de Inteligência, que o nosso intuito era esperar a intervenção federal ir embora e a gente ganhar o nosso espaço de visitas, alimentação, aguentando mais um pouco. Então, as nossas, estruturas se tornaram mais agressivas, onde nunca colocamos o nosso poder de organização nas ruas por respeito aos amigos que pediram pra nós segurar”.  

Durante a conversa no terceiro áudio, a voz que aparece é do homem conhecido por Ringo Alex, falando com o coronel Vicente. Um detento ligado ao CV passa o telefone ao militar e eles conversam. As gravações foram interceptadas pela área de inteligência da segurança, mas analistas ouvidos pelo Ver-o-Fato dizem que é preciso saber e investigar se as conversas do coronel Vicente Neto violariam os protocolos de crise estabelecidos pelo Sistema Penitenciário Nacional em parceira com o Ministério Público.  

Explicações do coronel  

Quando o Ver-o-Fato elaborava esta matéria, chegaram declarações atribuídas ao coronel Vicente, afirmando o seguinte, sobre a conversas dele com o CV: “senhores, com relação a esses áudios, isso são técnicas de negociação, todos sabemos que não existe acordo… o crime perdeu o poder e os privilégios que tinha e estão revidando pro estado ceder, assim como tem técnicas e táticas no gerenciamento de crises.  

Eu não afrouxei ou foi permitido tais regalias, os presos foram todos para presídios federais. Agora usar um áudio de maneira equivocada e querer deturpar é fácil, minha postura sempre foi e será seria. Foi determinado fim do procedimento? Foi autorizado visita íntima? Colchões, alimentação e banho de sol é regalias ou previsão na LEP (Lei de Execução Penal, não é para cumprir a lei? Apurar tais atos de abuso ou torturas, não é para fazer? Mandar o preso monitorado na CIME, para verificar o dispositivo não pode?”  

O Ver-o-Fato entrou em contato com o procurador-geral de Justiça e chefe do Ministério Público do Pará, Gilberto Valente Martins. Ele informou que irá remeter as gravações para distribuição entre promotorias militares, também para o Grupo de Combate à Corrupção e Crime Organizado (Gaeco), além do Controle Externo do MP, áreas com a competência de apuração.  

O secretário da Seap, Jarbas Vasconcelos, foi procurado pelo Ver-o-Fato, mas ainda não retornou a ligação telefônica. O espaço está aberto à manifestação.



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